A Federação Nacional de Jornalistas (Fenaj) e o Sindicato dos Jornalistas de Santa Catarina (SJSC) repudiaram declaração do governador de Santa Catarina Carlos Moisés da Silva, que, em 8/5, em transmissão via redes sociais, sugeriu a empresários que pressionassem os veículos de comunicação a praticarem um “jornalismo decente”.
O governador afirmou que “o governo foi execrado por pagar adiantado, eles (os jornalistas) fizeram tudo errado. Eu vi jornalistas aqui de Santa Catarina induzindo nas suas entrevistas, como se fosse uma autoridade policial ou um promotor, que estes sim têm que fazer suas oitivas, tem que indagar. Ele (jornalista) fez a persecução criminal, a persecução criminal, na frente das câmeras. Acho que nós precisamos renovar esse conceito”.
Moisés reagia à cobertura da imprensa sobre a compra de 200 respiradores para o combate ao coronavírus, com pagamento antecipado, por cerca de R$ 33 milhões. Até então, nenhum equipamento havia sido entregue à Secretaria de Estado da Saúde.
Em nota conjunta, a Fenaj e o SJSC declaram que “se, porventura, algum veículo ou profissional cometeu ou vier a cometer qualquer erro na cobertura jornalística relativamente a este fato, cabe ao Governo do Estado de Santa Catarina tomar as medidas legais para a reparação do erro ou para assegurar o direito ao contraditório. No entanto, estimular e/ou promover o cerceamento à liberdade de imprensa por meio da pressão econômica de anunciantes é um erro grosseiro, autoritário e um ataque inaceitável. Cumprindo seu papel de garantir e defender a Liberdade de Imprensa, o Jornalismo e os jornalistas não vão se calar”.
A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) escreveu que “fiscalizar o uso de recursos públicos é uma das principais funções do jornalismo. Em sua fala a empresários, o governador demonstra ignorância sobre o conceito de liberdade de imprensa. Como, infelizmente, está se tornando comum entre autoridades brasileiras, prefere atacar o mensageiro a prestar contas à sociedade catarinense”.