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quinta-feira, abril 18, 2024

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Brasil perdeu 76 jornalistas e radialistas na pandemia

* Por Carmen Munari

Jornalista é aquele que nem sempre pode trabalhar em casa. Mesmo durante uma pandemia, e por vezes em função dela, é preciso ir ao encontro da notícia, relatar, fotografar, filmar. Essa exposição deve ter contribuído para a morte de muitos profissionais da imprensa por complicações da Covid-19. E não surpreende que, por atuarem nesta profissão, alguns deixaram mensagens pouco antes de morrer.

Desde a chegada da pandemia, em março de 2020, até terça-feira (26/1), pelo menos 76 colegas perderam a vida no País com idades entre 28 e 88 anos. O grande número (34) estava na faixa entre 60 e 70 anos, muitos em plena atividade de trabalho, o que levou a reações de comoção a familiares, instituições e público refletidas nas notícias publicadas sobre esses profissionais, a base deste levantamento. Vários tinham comorbidades, como problemas cardíacos, obesidade e câncer.

A maioria dos jornalistas e radialistas mortos vivia nas cidades de São Paulo (8), Rio de Janeiro (7) e Manaus (7) – esta atingida por situação crítica em relação ao vírus. Os demais se espalharam pelo Brasil. As capitais e outras cidades em que foram registrados ao menos dois casos são Belém, Brasília, Campina Grande (PB), Campos (RJ), Florianópolis, João Pessoa, Porto Alegre, Porto Velho e São Luís.

Orlando Duarte. Jornalista faleceu na pandemia.
Orlando Duarte foi o mais idoso jornalista brasileiro vitimado pela Covid-19

Do total, a Covid-19 atingiu oito mulheres e 68 homens − seguindo a tendência da sobrevivência menor do sexo masculino para esta doença. O levantamento mostrou também que um grande número de profissionais se dedicava ao jornalismo esportivo − são dez nesta lista. Neste grupo estão Orlando Duarte e Rodrigo Rodrigues. Duarte, o mais idoso nos registros, que se foi em 15 de dezembro de 2020 aos 88 anos, em São Paulo, cobriu dez edições da Copa do Mundo, com passagens pelas rádios Jovem Pan e Bandeirantes e pelas TVs Globo, SBT, Band e Cultura. Rodrigo Rodrigues, um dos mais jovens entre os profissionais mortos, trabalhava desde janeiro de 2019 na TV Globo. Iniciou a carreira em 1995, na Rede Vida, ingressou na área de esporte em 2011. Morreu aos 45 anos, em 28 de julho de 2020, no Rio.

No rádio paulistano, José Paulo de Andrade, que morreu aos 78 anos, em 17 de julho de 2020, fez história ao apresentar desde 1973 o programa O Pulo do Gato, na Bandeirantes. Duas peculiaridades: foi vigiado durante a ditadura miliar e, na TV Bandeirantes, interpretou Don Diego/Zorro em As Aventuras do Zorro, em 1969.

Deixar uma mensagem de despedida para o caso de não resistir ao vírus foi o que fez do jovem jornalista Israel Pinheiro, que faleceu aos 38 anos, em Manaus. Antes de ser intubado, o então assessor de imprensa redigiu o texto que depois foi postado em seu perfil no Facebook, onde tinha 300 seguidores: “Combati o bom combate. Guardei a fé, terminei bem a corrida que me foi proposta… Amo muito todos vocês e estou aguardando alegremente poder encontrar todos vocês por aqui. O Paraíso de Deus é real e é tudo muito lindo. NÃO É UM TCHAU, É UM ATÉ LOGO!”.

Em atitude similar, Normando Sóracles, radialista e político de Juazeiro do Norte (CE), gravou um vídeo antes de partir, em 25 de dezembro de 2020, em que fez um alerta sobre a gravidade da doença.

O coronavírus levou também, em 30 de novembro de 2020, aos 83 anos, em São Paulo, o fotógrafo Sergio Jorge, um dos destaques da fotografia brasileira. Registrou o milésimo gol do Pelé, a inauguração de Brasília, as primeiras corridas no Autódromo de Interlagos, a demarcação territorial brasileira no Polo Sul, a construção da rodovia Belém-Brasília.

Renan Antunes de Oliveira. Jornalista faleceu na pandemia.
Renan Antunes de Oliveira chegou a ser preso no Irã no exercício da profissão

Também se foi Renan Antunes de Oliveira, jornalista gaúcho ganhador de um Prêmio Esso. Trabalhou em várias publicações, como Veja e IstoÉ e no Diário Catarinense e realizou coberturas internacionais. Chegou a ser preso no Irã, em 2001. Relatou que foi levado para uma cadeia, encapuzado e interrogado durante 30 horas. Na época correspondente do jornal Gazeta do Povo, contou que estava sendo bem tratado e, bem-humorado, relatou. “Me serviram pão, arroz e lentilhas. Preciso mesmo de uma dieta”, segundo o Zero Hora. Morreu em 19 de abril 2020, aos 71 anos, em Florianópolis, onde vivia.

Vírus também atingiu profissional negacionista

E a relação traz ainda um representante do bolsonarismo e do negacionismo da pandemia: Stanley Gusman, apresentador que comandava o programa Alterosa Alerta, de apelo popular, na TV Alterosa, afiliada SBT em Belo Horizonte. Ele se colocava contra as medidas de isolamento e chegou a criticar no ar medidas do prefeito de BH, Alexandre Kalil. Nas redes sociais veiculou vídeo do ideólogo Olavo de Carvalho e chamava os ministros do STF de “urubus”. Morreu em 10 de janeiro de 2021, aos 49 anos.

Em todo o mundo há registro de 712 mortes de jornalistas decorrentes da Covid-19 até 25 de janeiro deste ano. O Brasil ocupa o terceiro lugar, atrás do Peru e do México nesta lista. Os dados mundiais são da Press Emblem Campaign (PEC), ONG com sede em Genebra.

E aqui, quantos terão partido em decorrência do desgoverno Bolsonaro…?

(Com informações de diversos sites, principalmente do G1.)

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