A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) divulgou os dados do relatório Silenciando o mensageiro: os impactos da violência política contra jornalistas no Brasil, que mostra como a radicalização do cenário político tem afetado a liberdade de imprensa e a atividade jornalística no Brasil.

Pela primeira vez desde o início do monitoramento, promovido desde 2019, o número de “Agressões e ataques” ultrapassou o de “Discursos estigmatizantes”.

De acordo com a pesquisa, as agressões graves a jornalistas cresceram 34,2% entre 1º de janeiro e 15 de maio de 2023, em comparação com o mesmo período do ano anterior. A invasão dos Três Poderes, em 8 de janeiro, foi diretamente responsável por esse agravamento, com 15,5% dos casos ocorrendo nesse único dia.

Ataques de 8 de janeiro ajudaram a impulsionar o número de agressões contra jornalistas em 2023 (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Os principais agressores foram cidadãos anônimos envolvidos em atos antidemocráticos e ataques online (48,6% dos casos) – outra grande diferença em relação a 2022, que teve agentes estatais como protagonistas das agressões contra trabalhadores da imprensa.

Mesmo em um contexto de mudanças, gênero continua sendo um ponto de atenção no monitoramento. Do início deste ano até 15 de maio foram registrados 40 casos de violência contra mulheres jornalistas, cis ou trans, e ataques explícitos de gênero contra pessoas comunicadoras. Isso representa 36,6% dos ataques de 2023. A violência online também seguiu como um dos focos da pesquisa: 33% das agressões estavam relacionadas à internet.

O relatório também traz um levantamento inédito do comportamento dos parlamentares do novo Congresso Nacional nas redes sociais. Além de compilar dados sobre as menções e ataques à imprensa em suas contas do Twitter, há uma análise inédita sobre quais são os principais agressores contra jornalistas na rede.

A publicação está disponível em português e espanhol.

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