Em levantamento, a Repórteres Sem Fronteiras (RSF) e o Instituto Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro (ITS-Rio) registraram cerca de meio milhão de tuítes contendo hashtags com ataques à imprensa entre março e junho deste ano. Aproximadamente 20% das postagens foram publicadas em contas com alta probabilidade de estarem agindo sob sistema automatizado.

A pesquisa mostra que os tuítes com maior engajamento são aqueles que defendem o governo federal, bem como aqueles que direcionam ataques a grandes grupos de comunicação críticos ao governo, além de jornalistas, em especial, mulheres. Ao menos 498 mil posts mencionavam as hashtags #imprensalixo, #extreamaimprensa, #globolixo, #cnnlixo e/ou #estadaofake.

O dia com o maior número de postagens foi 10 de maio (quase 37 mil tuítes), após a publicação de uma reportagem do Estadão sobre um esquema de orçamento paralelo utilizado para liberar verbas para emendas parlamentares. “Ao analisar os períodos de maior engajamento com as hashtags monitoradas, fica evidente um movimento amplo de reação a informações reveladas pela imprensa que expõem negativamente o governo”, escreveu a RSF.

O levantamento detectou diversos ataques a perfis de jornalistas, como Maju Coutinho (Globo), após defender medidas de isolamento; Daniela Lima (CNN Brasil), que comentou sobre a operação policial na favela do Jacarezinho e a situação do desemprego no País; Pedro Duran (CNN Brasil), que foi expulso de uma manifestação bolsonarista em 22 de maio; Mariliz Pereira Jorge (Folha de S. Paulo), atacada após a publicação de um artigo crítico ao presidente Jair Bolsonaro; e Rodrigo Menegat (DW News), acusado sem provas de ter hackeado um aplicativo do governo federal que deveria orientar pessoas infectadas pela Covid-19.

A pesquisa detectou também os termos mais usuais direcionados a esses profissionais, bem como o comportamento automatizado e o posicionamento ideológico dos autores das postagens.

Confira o levantamento na íntegra aqui.

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