Fernando Molica será o novo âncora do programa CBN Rio. A estreia está marcada para 16 de janeiro. Formado pela ECO-UFRJ, Molica trabalhou nas sucursais do Estadão e da Folha e foi chefe de Reportagem de O Globo. Ingressou em 1996 na TV Globo, como repórter especial do Fantástico e de telejornais, e aí esteve por 12 anos. Uma de suas reportagens ganhou o Prêmio Vladimir Herzog de Direitos Humanos. Em 2008, assumiu a coluna Informe do Dia, no jornal O Dia, e uma crônica semanal, até maio de 2016. É desta época o prêmio Orilaxé, da ONG AfroReggae, para a inclusão social. Coordenou o MBA em Jornalismo Investigativo e Realidade Brasileira da FGV. Foi diretor da Abraji. Como escritor, publicou quatro romances. Notícias do Mirandão e Bandeira negra, amor foram lançados também na Alemanha. Por duas vezes, foi finalista do Jabuti. Tem ainda na bagagem um infanto-juvenil e um livro-reportagem. Participou de quatro coletâneas e organizou, para a Abraji, três antologias de reportagens. O trabalho de Molica tem dois lados bem conhecidos: o jornalismo investigativo e o colunismo de política. J&Cia perguntou a ele qual desses iria prevalecer no programa, mas ele evitou a questão: “Estou chegando agora, muito feliz, muito animado. O programa não é meu, é da CBN. E tem uma cara: a do Rio de Janeiro. Estou começando a conversar, tudo o que eu falar seria especulação. Qualquer informação seria incorreta. Como sou repórter e prezo a informação correta, prefiro não falar”.
Quase 600 jornalistas perderam o emprego em São Paulo em 2016
Reportagem que Sidney Rezende publicou em seu site SRzd no dia 22/12 informa que 581 jornalistas perderam seus empregos sem justa causa em São Paulo neste ano e que os dados completos sobre as homologações realizadas no Sindicato dos Jornalistas de 2014 a 2016 comprovam que as demissões foram generalizadas. Segundo o levantamento, entre os principais veículos as demissões somaram, em ordem decrescente: Abril – 115, Folha –106, Grupo Globo – 85 (Editora Globo – 43 e TV Globo – 42), Record – 66, Grupo Estado – 53 e Band – 35. Entretanto, um grupo indicado pelo Sindicato como “outros” respondeu por 336 daquelas demissões sem justa causa. E as saídas a pedido foram 275. Sidney esclarece que a tabela publicada na reportagem aponta a realidade de sindicalizados ou não, pois inclui também o profissional que tiver trabalhado mais de um ano com registro, mesmo sem estar associado ao Sindicato, caso em que a homologação ocorre com o acompanhamento da entidade: “No entanto, a planilha não inclui os chamados ‘pejotizados’, que mantém relação de pessoa jurídica com os veículos empregadores. E não são poucos. Eles representam um grande número de profissionais que, infelizmente, sofrem demissões, mas, pela natureza desse tipo de relação de pessoas jurídicas, não há facilidade do Sindicato ter um dado oficial. A estimativa do Sindicato é que o número de demissões seja de 20% a 30% maior do que apontam as planilhas (até 22/12), pois os profissionais com menos de um ano de trabalho numa empresa não são homologados pela entidade”. Isso, segundo ele, elevaria para 1.200 os profissionais que perderam seus empregos no Estado em 2016. Confira a íntegra da reportagem. Eduardo Ribeiro, diretor deste Portal dos Jornalistas, diz que embora significativos, os números devem ser analisados com cautela: “Quase 32% são demissões a pedido, ou seja, provavelmente de gente que estava com outro emprego em vista ou cansada daquele trabalho. Também precisamos saber se tudo isso é pura e simplesmente corte de vagas. Há muitas dispensas que preveem substituição. Para um balanço completo precisaríamos ter também o número de contratações, informação hoje não disponível”.
CPJ aponta Brasil e México entre os mais mortíferos para jornalistas em 2016
Reportagem de Silvia Higuera para o Knight Center indica que, embora o número de assassinatos de jornalistas no mundo tenha diminuído de níveis recordes, dois países latino-americanos, Brasil e México, estiveram entre os mais mortíferos para os comunicadores em 2016, de acordo com o relatório do Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ). O México e o Brasil ocuparam no levantamento a oitava e a décima posições, respectivamente. Segundo o CPJ, dois jornalistas foram assassinados no México por razões confirmadas como sendo “em retaliação direta ao seu trabalho jornalístico”, enquanto o Brasil registrou um caso pelo mesmo motivo. A repórter do KC informa que, seguindo a tendência global, a região latino-americana registrou uma diminuição nos assassinatos seletivos de jornalistas: “No mesmo relatório para 2015, o CPJ assinalou que 12 assassinatos de jornalistas haviam sido registrados na América Latina devido à prática da profissão. Seis desses ocorreram no Brasil. No entanto, o CPJ salientou que a razão para esse declínio em nível mundial não está clara. Em seu relatório, a organização disse que poderia ser a combinação de vários fatores, incluindo o fato de que meios de comunicação e jornalistas têm decidido assumir menos riscos ao ponto de autocensura. Outros fatores incluem o aumento das campanhas globais de combate à impunidade ou o ‘uso de outros meios para silenciar jornalistas críticos’. Confira a íntegra da reportagem.
Ranking 2016 chega a 150 prêmios analisados
Com aprovação unânime do Conselho Consultivo, 14 novas premiações, todas ativas, passaram a fazer parte do banco de dados do Ranking dos +Premiados da Imprensa em 2016. Assim, o número de iniciativas analisadas chega a 150, sendo que 81 delas realizaram edição neste ano e premiaram jornalistas brasileiros. Somadas as premiações bienais, como Abraciclo e Fenacon, ou internacionais que não registraram brasileiros entre os vencedores neste ano, como o Wash Media Awards, o International Press Freedom e o Latinoamericano de Jornalismo Investigativo, são mais de 90 iniciativas em atividade, demonstrando assim a força da iniciativa no Brasil e mesmo internacionalmente. Dentre os incluídos nesta edição, destaque para o internacional Eset-LA em Segurança da Informação, que rendeu 65 pontos ao vencedor do Grande Prêmio e 45 aos das categorias regulares; e ao MPT, hoje um dos maiores do Brasil em valores, que tem três escalas de pontuação: 55 pontos para o Grande Prêmio, 25 para as categorias nacionais e 15 para as regionais. Além deles, passaram a fazer parte os nacionais Abvcap, Longevidade e Gilberto Velho, que renderam 25 pontos aos seus ganhadores; os regionais dos Ministérios Públicos do Rio Grande do Norte e de Rondônia; os paranaenses Fiep, Fecomércio-PR e Ocepar-PR; o gaúcho Asdep; o mineiro Chico Lins; o carioca Secovi-Rio; e o cearense Gandhi. Para as premiações regionais, a escala é de 15 pontos, sendo que os prêmios MP/RO, Sistema Fiep e Fecomércio-PR, por terem um Grande Prêmio, renderam 35 pontos aos vencedores dessa categoria. Confira a relação completa dos prêmios analisados. Esso e AMB são as principais baixas de 2016 Apesar do surgimento de novas premiações jornalísticas relevantes, o ano também registrou algumas baixas significativas. A principal, sem dúvida, foi a suspensão do Prêmio Esso, mais tradicional iniciativa brasileira, que completou 60 anos em 2016. Estima-se que, nesse período, mais de 33 mil matérias tenham sido avaliadas pelas comissões de julgamento, premiando mais de mil trabalhos gráficos, reportagens e fotografias. O retorno do concurso é incerto, ainda mais pela mudança na marca patrocinadora, que passou para Exxon Mobil, e da presença da empresa no Brasil, onde seus negócios têm passado por profundas transformações. Outra iniciativa descontinuada e que surpreendeu pelo modo como aconteceu foi o AMB de Jornalismo. Em sua 11ª edição, a premiação chegou a abrir inscrições, mas em novembro, quando deveriam ser anunciados os finalistas, uma divergência de agenda entre o fim da gestão da diretoria da entidade e a posse da nova acabou suspendendo o concurso por tempo indeterminado. Também tiveram suas atividades interrompidas em 2016 os prêmios Abrelpe, Embrapa, Sebrae, Onip, Cbic, Alexandre Adler/Sindhrio, Amrigs, Crosp e Tim Lopes (Disque Denúncia-RJ).
12º Congresso da Abraji tem data confirmada
A Abraji acertou com a Universidade Anhembi Morumbi e vai realizar em São Paulo seu 12º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo nos dias 29 e 30 de junho e 1º de julho de 2017.
Novamente, o encontro será campus Vila Olímpia da universidade (rua Casa do Ator, 275). As inscrições serão abertas em abril, exclusivamente pela internet. Segundo a entidade, como já é tradicional, a programação incluirá painéis de debates e oficinas práticas paralelamente – ou seja, a cada horário haverá mais de uma atividade.
O participante deverá escolher o painel a que quer assistir em cada horário. Haverá também sessões especiais exclusivas. Os valores e outras informações serão divulgados em breve no site e nas redes sociais da Abraji.
TPM muda sua periodicidade

A Editora Trip decidiu alterar a periodicidade da revista TPM para trimestral e privilegiar sua plataforma digital a partir de 2017.
“Estamos há bastante tempo estudando as adaptações necessárias diante da força enorme do digital”, disse o editor Paulo Lima a Jornalistas&Cia. “E, claro, de toda a revolução em curso na forma de produzir comunicação. Decidimos por diminuir a energia investida no impresso e fazer novos e importantes investimentos em frentes de eficácia e alcance muito grandes onde já estamos tendo bons resultados”.
Segundo Lima, a revista Tpm impressa passará das 11 edições anuais para quatro trimestrais. Já a plataforma que ela integra ganhará novos projetos. “Acho que será uma fase de alcance maior para um projeto do qual nos orgulhamos muito”.
“Há 15 anos a marca Tpm inaugurou um novo olhar para a mulher no Brasil. Nossa missão era, desde o próprio nome, provocar para transformar a maneira como a mulher era tratada no Brasil. Dá orgulho ver que, depois de todos esses anos, o cenário mudou para melhor. Ainda tem muito para avançar, muito mesmo, mas é inegável que discussão e políticas de gênero subiram de patamar no Brasil. Gostamos de pensar que a Tpm teve um papel importante nessa evolução. Agora que muitas das causas antes defendidas exclusivamente pela Tpm finalmente se difundiram, ainda que de forma muitas vezes superficial e incompleta, chegou o momento de ampliar nossa atuação. Queremos mergulhar mais fundo nas questões femininas”.
Esta semana a revista circula com sua tradicional edição dupla, dezembro e janeiro. Depois, serão quatro edições por ano, cada uma dedicada a um tema, num formato editorial diferente – “mas sempre a serviço dos mesmos valores que a marca Tpm defende há 15 anos. O impresso continua sendo central na nossa plataforma, agora dividindo mais do que nunca seu protagonismo com eventos, digital, pesquisa e vídeo”.
Ele lista os principais: Eventos – Além do happening anual, a Casa Tpm, serão outros três eventos ao longo do ano, sempre unindo reflexão e diversão em torno das questões femininas. Digital boost – As plataformas digitais ganharão mais interações, vídeos, conversas e grau de interatividade.
“Em vez de apenas contar histórias, vamos fazer histórias. Em vez de apenas falar, vamos ouvir mais e estimular nossa base a conversar, criando uma grande e poderosa rede de satélites”.Deep Dive Pesquisa – “Vamos produzir duas grandes pesquisas anuais que investiguem as questões essenciais da mulher brasileira. Além disso, lançaremos dois filmes-manifestos por ano, resumindo e divulgando os principais achados das pesquisas”.
Novas campanhas – “Reforçaremos as campanhas que fizemos ao longo desses primeiros 15 anos de Tpm, como Manifesto Tpm e Precisamos falar sobre aborto. Junto com as redes digitais e as pesquisas, vamos identificar novas causas para defender on e off-line, sempre com leveza, consistência e abordagens inteligentes e cheias de humor”.
As eternas escravas é a +Premiada Reportagem do Ano
Quando anunciou em 1º de julho o fim do programa Repórter Record Investigação, a emissora paulista se despedia ali da atração que nos últimos dois anos havia sido a grande responsável pelos principais prêmios de jornalismo conquistados pela casa. Com uma equipe consagrada e experiente, sob o comando de Domingos Meirelles, o programa exibiu nesse período reportagens aprofundadas dos mais variados temas, dos brasileiros condenados à morte na Indonésia aos casos de escravidão ainda encontrados no Brasil. E foi justamente sobre esse tema que o programa exibiu em 2015 o trabalho que viria a ser a +Premiada Reportagem de 2016. Em As eternas escravas, o Repórter Record Investigação revelou casos de escravidão de crianças negras e pobres no Estado de Goiás. Durantes dois meses, os repórteres Lúcio Sturm, Gustavo Costa e Marcelo Magalhães levantaram documentos e investigaram crimes bárbaros, em que meninas eram amarradas, torturadas e transformadas em servas domésticas e sexuais. As vítimas tinham entre nove e 14 anos de idade e foram abusadas de todas as formas por famílias brancas que deveriam protegê-las. As denúncias incluem também leilões de menores virgens por 100 reais. Os acusados são políticos e pessoas ricas de Cavalcante, uma cidade vizinha ao quilombo Kalunga, onde vivem essas crianças. Com quase 50 minutos de duração, o programa mostrou ainda uma entrevista exclusiva com um homem condenado por violentar uma criança quilombola de apenas nove anos. Depois da reportagem, foi aberta uma CPI na Assembleia Legislativa do Estado de Goiás para apurar os casos. Além disso, a Secretária de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República cobrou da Justiça daquele Estado providências imediatas para punição dos culpados. Pelo trabalho, ainda em 2015 a equipe conquistou os prêmios Esso de Telejornalismo e Direitos Humanos de Televisão, somando à época 110 pontos, e terminando o ano como a quarta reportagem +Premiada. Neste ano, o trabalho conquistou mais três prêmios, somando assim 135 pontos: Iberoamericano de Jornalismo Rei da Espanha, Anamatra de Direitos Humanos e Petrobras de Jornalismo, todos na categoria Televisão. “Em 50 anos de carreira, uma coisa que muito me impressionou em relação ao programa e suas reportagens é que eu nunca trabalhei em lugar que, em tão curto espaço de tempo, tantos prêmios foram conquistados. Foram 19 no total”, destaca Domingos. “Conseguimos atingir bem o nosso público analisando a planilha do Ibope e conhecendo bem quem está do outro lado. A volta do programa ainda é indefinida, mas espero que aconteça o quanto antes, porque o que conquistamos nesse período não sei se alguma outra publicação ou atração atingiu no mesmo tempo”.
Observatório da Imprensa presta contas da campanha de arrecadação
Instituição ficará com menos da metade do que foi arrecadado O Observatório da Imprensa publicou em 19/12 a prestação de contas sobre a arrecadação da campanha O Observatório precisa de você, hospedada pelo site Kickante de agosto a novembro. E os números divulgados dão conta de que, descontados todos os encargos, comissões e prêmios oferecidos, o total efetivo que ficará para a instituição é menos da metade. Mensagem divulgada pelo OI informa que “em termos de receita, recebemos 1.314 doações, arrecadando o total bruto de R$ 102.808,00. Desse montante, pagamos uma comissão líquida de 16% ao site Kickante. O total de custos, que inclui a compra, preparo e envio de recompensas como camisetas, livros e DVDs e a divulgação da campanha no Facebook atingiu R$ 47.668,70. O saldo é de R$ 55.139,30. Desse total, deduziremos os impostos a serem calculados e pagos em janeiro. Esclarecemos que, apesar de sermos uma associação sem fins lucrativos, somos enquadrados pela Receita Federal no regime de lucro presumido. Assim que os impostos forem recolhidos, voltaremos a prestar contas. Todos os comprovantes da campanha estão à disposição do público”. Confira a prestação de contas completa.
Extinção da Fundação Piratini vai tirar do ar TVE e Rádio Cultura
A decisão da Assembleia Legislativa do RS, na madrugada desta quarta-feira (21/12), de extinguir oito fundações estaduais, entre elas a Piratini, vai tirar do ar a TVE e a FM Cultura.
Os deputados gaúchos aprovaram a medida proposta pelo governo do estado como parte do pacote de cortes para tentar reduzir a crise financeira que se abate sobre o RS. Se não houver reversão ou recurso, ela deverá ser implementada em até 180 dias.
Já prevendo a decisão, a direção da Fundação Piratini decidiu na segunda-feira (19/12) fechar as portas da TVE e da FM Cultura até segunda ordem. A TVE está retransmitindo a programação da TV Cultura e da TV Brasil, enquanto a FM Cultura está tocando apenas playlists de música pré-programadas. Nenhum funcionário, nem servidores em cargos de confiança, têm acesso ao prédio.
Eliane Brum e Natalia Viana são as +Premiadas Jornalistas de 2016
Rosental Calmon Alves, do Centro Knight da Universidade do Texas, completa o pódio na terceira posição
Pela segunda edição consecutiva o Ranking dos +Premiados Jornalistas do Ano termina com um empate na primeira colocação. Se em 2015 o feito coube aos repórteres fotográficos Domingos Peixoto (O Globo) e Dida Sampaio (Estadão), neste ano duas mulheres terminam na liderança: Eliane Brum (El País) e Natalia Viana (Agência Pública).
Ambas somaram 137,5 pontos, referentes a três prêmios. Curiosamente, houve uma semelhança muito grande no perfil das conquistas, com cada uma ganhando um prêmio de votação direta, um nacional em equipe e um internacional.
Além do Mulher Imprensa de Jornalista de Mídias Sociais (30 pontos), Eliane venceu no começo de dezembro como Hours Concours do Direitos Humanos de Jornalismo/MJDH (22,5), com Vítimas de uma guerra amazônica, reportagem sobre os impactos da usina hidrelétrica de Belo Monte, no Pará, pela trajetória de dois moradores locais.
Já em A mais maldita das heranças do PT, atuando como colunista do El País, texto que faturou o SIP na categoria Opinião (85), Eliane analisou o dia seguinte às grandes manifestações contra Dilma Rousseff, em março de 2015: “Nele busquei analisar as razões pelas quais o PT perde as ruas – e os significados disso para pelo menos duas gerações de esquerda. Porém, mais do que isso, o que movia as parcelas da população que não se situavam em nenhum dos pólos”.
Natália venceu o Comunique-se de Repórter Mídia Escrita (30), e com o Especial 100 levou o Vladimir Herzog – Internet (22,5). Sem informações a respeito das desocupações resultantes das obras para os Jogos Olímpicos Rio 2016, a equipe da Pública, em parceria com a ESPM Rio, entrevistou 100 famílias desalojadas no Rio de Janeiro, e montou a base de dados mais completa do mundo sobre remoções ligadas às Olimpíadas.
Também explorando a região Amazônica, ela produziu São Gabriel e seus demônios. O especial faturou o Prêmio Gabriel Garcia Márquez de Melhor Texto (85), e para sua produção ela foi até o Alto Rio Negro, no noroeste do Amazonas, em busca de entender por que o município mais indígena do Brasil é também o que tem o maior índice de suicídios. “É um assunto difícil de conversar, e ainda mais difícil de entender, processar, e transformar em texto. Acho que o resultado, uma longuíssima reportagem, conseguiu reunir elementos que contam uma história profunda: a história das diversas violências enfrentadas por esses povos indígenas em nome da construção do Brasil”.
Na terceira posição, o levantamento trouxe um dos principais acadêmicos brasileiros do jornalismo. Diretor do Centro Knight para o Jornalismo nas Américas, da Universidade do Texas, Rosental Calmon Alves alcançou o posto devido à conquista de uma das mais importantes e antigas condecorações do Jornalismo no mundo, o Maria Moors Cabot, que lhe rendeu 100 pontos no Ranking.
“O Cabot é o prêmio de jornalismo internacional mais antigo do mundo e foi criado, em 1938, para premiar pessoas que, pelo jornalismo, contribuíram de forma significativa para o entendimento interamericano”, destaca Rosental. “O júri avaliou não apenas meu trabalho de uma década como correspondente internacional neste hemisfério, mas também o trabalho que venho exercendo na Universidade do Texas, onde criei até hoje dirijo o Centro Knight para o Jornalismo nas Américas. Daqui temos ajudado milhares de jornalistas, principalmente da América Latina, com vários programas, inclusive cursos online e conferências. Além disso, publicamos o blog trilíngue Jornalismo nas Américas, que cobre temas relacionados com a imprensa na América Latina e no Caribe. O Prêmio Maria Moors Cabot foi um dos mais importantes reconhecimentos que recebi na minha carreira. Fiquei muito emocionado e o recebi com humildade e gratidão”.
O curioso é que, por nove anos, Rosental integrou o júri do prêmio: “Durante anos, indiquei outros colegas para o prêmio. Acho que escrevi tantas cartas de recomendação que na Universidade de Columbia eles acabaram notando que eu existia. Mas, em vez do prêmio, na época me deram um lugar no Cabot Board, o júri que escolhe os ganhadores do prêmio”, brinca.






