O senador Fabiano Contarato (Rede-ES) apresentou ao Senado um Projeto de Lei que altera o Código Penal Brasileiro no que se refere ao trabalho jornalístico. Segundo o texto, quaisquer atos que impeçam o trabalho de profissionais de imprensa serão criminalizados, com pena de detenção de um a seis meses, além de multa. Em caso de violência, a pena aumenta para detenção de três meses a um ano, e multa.
Em entrevista à Folha de S.Paulo, Contarato disse que “o Estado democrático de Direito não subsiste em um cenário no qual a hostilidade se transforma em arma para tentar silenciar opiniões, dados ou fatos que desagradem a um determinado grupo. Não há democracia e disseminação da informação sem uma imprensa livre e atuante, sem que veículos de comunicação consigam cumprir sua missão”.
Lotada de parlamentares, tecnocratas qualificados, jornalistas, autoridades, empresários em visita, Brasília oferece permanentes oportunidades de conversas inteligentes, mas em nenhum outro ambiente é tão garantida a ironia e a sutileza como entre os diplomatas. Não por acaso, o Itamaraty, a belíssima sede do Ministério das Relações Exteriores, é apelidado de “serpentário”. Com justiça. E, dizem os entendidos, nesse mister poucos se comparavam ao embaixador Araújo Castro.
Conhecido pelo pensamento avançado, foi o braço direito do chanceler San Thiago Dantas, e tornou-se seu sucessor precoce, ainda no governo Goulart. Veio o golpe de 1964. Com ele, o previsível: embora não enfrentasse qualquer acusação, Araújo Castro caiu literalmente no ostracismo. Deram-lhe a embaixada em Atenas, posto não desprezível por ser europeu, mas afastado demais dos polos de decisão para ser pouco atraente a um diplomata de primeira linha.
Naquela antiguidade em que não havia internet, o embaixador exilado comprazia-se em enviar cartas aos amigos, que eram muitos. Para simplificar, copiava todas, acrescentando a mão algumas notas pessoais. Na primeira dessas cartas, revelava que os novos governantes quiseram puni-lo ao mantê-lo afastado de todo poder decisório, mas acabaram por fazê-lo sentir-se em casa. Afinal, lembrava, ele era de família maranhense. E na Grécia todo mundo tinha nomes tipicamente maranhenses. Todos se chamavam Temístocles, Demóstenes e outros nomes comuns em sua São Luís. “Só não encontrei ainda nenhum José de Ribamar”, admitia.
Araújo Castro amargou uns quatro anos de postos menores, mas era grande demais para ser esquecido. Ainda no regime militar foi embaixador brasileiro nas Nações Unidas e, em seguida, embaixador em Washington, reconhecidamente o mais cobiçado da carreira diplomática. Como de praxe, comparecia com frequência ao Itamaraty e, nessas viagens periódicas, nunca deixava de procurar os amigos.
Um deles, Luiz Custódio de Lima Barbosa, era jornalista, mas parecia diplomata. Impecavelmente vestido, culto e arguto, em nada ficava a dever ao público nativo do serpentário que cobria para o Jornal do Brasil. Então genro do ex-governador e ex-senador Etelvino Lins, depois ministro do Tribunal de Contas da União, circulava entre políticos e diplomatas com absoluta competência. De quebra, gostava de oferecer recepções na sua mansão do Lago Sul, fronteira à Ponte Costa e Silva, ponto mais nobre da nova capital.
Entre seus amigos estava Araújo Castro, que Luizinho costumava aproximar dos colegas jornalistas. Como mantinha contatos permanentes com as equipes das sucursais, costumava chamar para essas conversas não apenas os colegas do dia a dia, mas também profissionais de passagem por Brasília, como editores dos jornalões do Rio de Janeiro e de São Paulo, meu caso na época. Quando Araújo Castro chegava, Luiz imediatamente marcava um papo, que era sempre sucesso.
O ex-chanceler tinha uma estrela especial que lhe permitia estar no lugar certo na hora certa para garantir uma história saborosa. Integrara a comitiva oficial do então vice-presidente João Goulart ao oriente – viagem que Jânio Quadros aproveitou para definir sua renúncia. Essa viagem proporcionou casos divertidos, como o de uma feérica recepção oficial que, tão logo se soube da resistência dos militares à posse de Goulart, foi interrompida pelos anfitriões, com direito a recolher os pratos e apagar as luzes aos poucos.
Uma das histórias de Araújo Castro referia-se a rotundo senador que integrava a comitiva como observador parlamentar. Embora udenista e, portanto, adversário figadal de Goulart, aproximara-se do vice ao partilhar seu gosto por refeições copiosas e seguidas rodadas de uísque. Uma certa madrugada, após muitas doses no bar do hotel, o eufórico senador bateu nas costas do vice e anunciou que se filiaria a seu PTB. Nos tempos atuais, era como se Lindbergh Farias aderisse ao partido de Bolsonaro. Passado o porre e anunciado que os militares vetavam a posse do vice, um João Goulart gozador passou um papel ao senador e informou que se tratava da ficha de filiação. O volumoso parlamentar gaguejou uma desculpa qualquer e guardou a ficha, embora garantisse que, chegando ao Brasil, assinaria aquilo. Lógico, não se falou mais no assunto. Após o desembarque, veto contornado e Goulart devidamente empossado, lá veio o senador. Com a ficha assinada, na mão, feliz como um passarinho à espera de alpiste. Durante os dois anos e meio do governo Goulart, era dos mais assíduos aos palácios presidenciais.
Essa história era seguida, claro, de perguntas sobre o que fizera o senador após a derrubada do presidente. Araújo Castro ria muito e dizia que não acompanhara mais o caso. Sabia, claro. O senador preferiu renunciar ao mandato em troca de uma sinecura, após jurar apoio ao regime militar e votar no marechal Castelo Branco nas eleições indiretas para presidente. Mas não teve mais como se candidatar a coisa alguma.
As tiradas mais divertidas, claro, referiam-se às intrigas internas do Itamaraty. Já em Washington, Araújo Castro conseguiu compor uma equipe toda ligada a ele, que incluía dois futuros ghost writers presidenciais e ao menos dois futuros ministros. Estavam todos felizes quando desembarca um diplomata inesperado. Era uma incógnita completa. Não era carreirista, não brigava por postos, não participava das fofocas, não era gay, não caçava mordomias e, pior de tudo, também era extremamente competente. O serpentário foi à loucura com a presença do intruso, que se chamava Rubens Ricupero. Afinal, quem era ele? A dúvida durou semanas. Até que uma tarde Araújo Castro foi de sala em sala, dedos nos lábios em sinal de silêncio, chamando a equipe para se trancar em seu gabinete. Com todos lá, trancou a porta e sussurrou:
− Descobri! O Ricupero é janista!
Fica o registro de que Luiz Barbosa também era um excelente contador de histórias, à altura do serpentário que cobria. Um de seus casos referia-se ao seu primeiro salário, no Correio da Manhã. Os focas fizeram fila na tesouraria para receber o parco dinheirinho, pago em envelopes. No corredor, foi interceptado por um veterano, o já famoso Hermano Alves, que anos depois seria deputado federal e um dos pivôs da crise que deu pretexto para o AI-5. Hermano explicou-lhe que “nós, repórteres especiais, só vamos receber amanhã” e que diante disso pedia um empréstimo por 24 horas. A essa altura já havia arrebatado o envelope de Luiz Barbosa. Que, evidentemente, nunca mais viu o dinheiro.
Eduardo Brito
A história desta semana é novamente uma colaboração de Eduardo Brito (edubrito@senado.leg.br), ex-Estadão, Jornal do Brasil, Correio Braziliense e Jornal de Brasília.
Em painel do 15º Congresso da Abraji, nesta sexta-feira (11/9), o ministro do STF Alexandre de Moraes disse que Big Techs, empresas de tecnologia como Google e Facebook, deveriam ser classificadas como mídia e, portanto, responsabilizadas pelo conteúdo publicado por seus usuários.
O ministro citou o padrão e a curadoria que veículos de notícias fazem para classificar o conteúdo que será publicado. Para ele, as Big Techs também deveriam ter um padrão rígido para o que é compartilhado em suas plataformas.
Moraes disse que veículos de notícias, classificados como mídia, são responsabilizados pelo conteúdo que publicam justamente por causa desta curadoria que fazem, de modo a não abrir suas plataformas para qualquer tipo de informação, opinião e notícias falsas. “Por que elas (empresas de jornalismo) não podem e não são utilizadas para isso? Porque são responsabilizadas”, declarou. Já as empresas de tecnologia são classificadas como publicidade. Para o ministro, elas “não têm o mínimo compromisso com o que é divulgado”.
Questionado sobre o fato de que as Big Techs sempre dizem que não podem fazer curadoria porque isso seria censura prévia, Moraes disse: “Quando querem interferir no conteúdo, tiram milhares de postagens de ar”. Para ele, da mesma forma que veículos de mídia tradicionais são responsabilizados pelo conteúdo publicado, as empresas e tecnologia deveriam ser enquadradas na lei e também serem responsabilizadas.
O debate, complexo, envolve também o negócio das empresas de tecnologia, que estaria em risco se elas precisassem ler todas as bilhões de postagens publicadas diariamente por seus usuários. Sobre isso, o ministro disse que é preciso “enxugar gelo”, tentando perseguir apenas determinados perfis de fake news.
Morreu em 10/9 em São Paulo Francisco Gracioso, ex-presidente da ESPM, aos 90 anos. Ele estava internado no Hospital Albert Einstein por causa de um acidente doméstico, e teve complicações no quadro de saúde. Com mais de 40 anos em cargos de liderança, ele comandou a ESPM por 26 anos.
Nascido em São Paulo, formou-se na Escola de Propaganda do Museu de Arte de São Paulo. Posteriormente, José Kfouri, chefe de Redação da J. Walter Thompson na época, convidou-o para trabalhar na agência como redator. Atuou por muito tempo na McCann Erickson em São Paulo nos cargos de chefe de Redação, atendimento e conquista de contas, e Gerência-Geral.
Fundou a agência Tempo, que foi vendida para a FCB alguns anos depois. Foi eleito presidente do Conselho da ESPM e depois assumiu a Presidência da escola.
Em nota, a ESPM escreveu que Gracioso foi “um dos maiores responsáveis pelo reconhecimento conquistado pela instituição e pelo orgulho que dela sentem alunos, professores e colaboradores. Seu legado permanece como inspiração para todos nós”.
A Bandeirantes fez mudanças em seu Jornalismo nos últimos dias. Segundo Flávio Ricco (R7), a apresentadora Glenda Kozlowski assinou com a emissora nesta sexta-feira (11/9), para reforçar a equipe de Esportes. Ela estará à frente do Show do Esporte, criado no início dos anos 1980 por Luciano do Valle, e que voltará em 20/9, de forma renovada, das 10h às 18h30.
Contratada em dezembro de 2019 pelo SBT para apresentar um reality show de futebol, Glenda deixou o canal em junho, após o programa ser adiado por causa da pandemia de coronavírus.
Ainda na Band, a repórter Michelle Trombelli e o produtor Henrique Pereira, ambos do Jornal da Band, foram dispensados. Os dois tinham vários anos de casa.
Está marcada para a próxima segunda-feira (14/9) a cerimônia de premiação dos +Admirados da Imprensa Automotiva. O evento, online, com início às 19h, terá transmissão pelo canal do Portal dos Jornalistas no YouTube.
Além de destacar os vencedores das categorias temáticas e os 25 jornalistas mais votados na eleição promovida por J&Cia Auto, a cerimônia, que terá apresentação de Anelisa Lopes (Estadão e Webmotors), divulgará os cinco primeiros colocados entre os +Admirados da Imprensa Automotiva. “Será uma cerimônia bastante dinâmica, mas sem deixar de destacar o excelente trabalho de todos os profissionais e publicações homenageadas”, explica o editor do J&Cia Auto Fernando Soares.
A eleição dos +Admirados da Imprensa Automotiva conta com patrocínios de BMW, General Motors e Scania, e apoios de Bosch, Honda e Volkswagen. A produção audiovisual da cerimônia, que foi gravada nos estúdios da Imagem Corporativa, em São Paulo, está a cargo da Ali Produções.
Mariana Godoy apresentará um programa de entrevistas em formato talk show na Band. A atração, que ainda não tem nome, quadros ou data de estreia definidos, irá ao ar às segundas-feiras. As informações são de Ricardo Feltrin (UOL).
Segundo o colunista, Mariana, contratada pela Band em junho, seria âncora de um novo programa matinal que substituiria o Aqui na Band, mas a emissora optou por cancelar a estreia por não conseguir um patrocínio master para bancar o programa diário.
A Associação Brasileira de Comunicação Empresarial (Aberje), em parceria com o Valor Econômico, realiza a primeira edição do Fórum Aberje Valor Econômico de Comunicação Corporativa, evento online que discutirá as novas tendências e estratégias de negócios durante a pandemia. A inscrição é gratuita, e associados da Aberje têm prioridade no acesso ao evento.
O Fórum terá ao todo quatro sessões, que reunirão especialistas, CEOs, diretores e vice-presidentes de Comunicação das maiores empresas do Brasil para debater o assunto.
A sessão de abertura será na próxima quinta-feira (17/9), com o tema Comunicação da empresa com a sociedade. O evento tem curadoria de Paulo Nassar, diretor-presidente da Aberje, e Tania Nogueira, editora de revistas do Valor Econômico.
As sessões serão transmitidas ao vivo pelos perfis da Aberje em YouTube, LinkedIn e Facebook. O Valor Econômico também transmitirá o evento em suas redes.
O Projeto Facebook para Jornalismo (FJP) lançou o Reader Revenue Series, treinamento online e gratuito para veículos de notícias, que oferece dicas sobre como expandir negócios por meio do modelo de receitas de leitores.
O projeto foi desenvolvido e é ministrado por Tim Griggs, diretor executivo do Acelerador de Notícias Locais do Facebook e consultor de mídia e ex-executivo do New York Times. O treinamento tem cinco episódios, nos quais Griggs fala sobre retenção de assinaturas, uso de anúncios para atrair novos assinantes, e os princípios básicos do modelo de receitas de leitores.
Plataforma será lançada nesta sexta-feira (11/9). A meta é acompanhar o estado da arte do jornalismo no mundo. E o objetivo, contribuir para o aprimoramento e a sustentabilidade da atividade jornalística no Brasil
Após quase seis meses de preparação e de um profundo mergulho na saga e evoluções do jornalismo mundial, sobretudo em decorrência da pandemia da Covid-19, nasce oficialmente nesta sexta-feira (11/9) a plataforma bilíngue (português e inglês) MediaTalks by J&Cia, integrada por série especial, site e uma live histórica. Esta reunirá, num debate sobre o futuro do jornalismo, na próxima terça-feira (15/9), das 11h às 12h30, três nomes do primeiro time da atividade no Brasil, Fernando Rodrigues, diretor de Redação do jornal digital Poder360; Leão Serva, diretor de Jornalismo da TV Cultura, de São Paulo; e Sérgio Dávila, diretor de Redação da Folha de S.Paulo; e o mais celebrado publicitário da história do País, Washington Olivetto, hoje vivendo no Reino Unido.
No Reino Unido também está a coordenação do projeto, sob a liderança de Luciana Gurgel, correspondente há dois anos deste J&Cia, e Aldo de Luca. A eles se associaram experientes jornalistas brasileiros que vivem e atuam no exterior para aportar ao MediaTalks um olhar local dos principais acontecimentos que impactaram o jornalismo em várias partes do mundo.
A live, gratuita, será na plataforma de lives do Comunique-se, com apresentação de Luciana e de Eduardo Ribeiro, publisher de J&Cia, Portal dos Jornalistas e MediaTalks, que se destina a compartilhar ideias, experiências e opiniões sobre o presente e o futuro do jornalismo sob uma ótica global, a partir de Londres e de São Paulo.
Fernando, Leão, Sérgio e Washington debaterão como a crise do novo coronavírus atingiu em cheio a indústria de mídia e a prática do jornalismo em todo o mundo, sem fazer distinção entre países mais ou menos desenvolvidos, organizações seculares ou nativas digitais, empresas grandes ou pequenas. E revolucionou a forma de trabalho dos profissionais.
Entre os tópicos em discussão estarão: a crise foi mesmo um “cataclisma” para o jornalismo, como alguns previram? Como manter os índices de confiança conquistados na crise? Como esse capital pode ser aproveitado para amenizar os impactos financeiros na indústria? Pode a Covid-19 ter ajudado a conscientizar sobre o flagelo das fake news? Qual o legado da crise e como ele contribuirá para um novo ciclo no jornalismo? Exatos seis meses depois que a pandemia foi decretada, o que se pode esperar para o futuro?
O lançamento de MediaTalks integra as comemorações pelo 25º aniversário da newsletter Jornalistas&Cia, constituindo-se também no primeiro produto internacional da Jornalistas Editora. Ele inclui o Capítulo 1 da série especial Efeitos da pandemia do novo coronavírus sobre o jornalismo – Uma visão global, com textos informativos e analíticos sobre a atuação da mídia, do jornalismo e dos jornalistas na cobertura da pandemia, nos cinco continentes. Eles foram produzidos com a colaboração de correspondentes, que dão a visão a partir de diferentes realidades.
O projeto, que conta com o apoio institucional de Associação Brasileira de Imprensa (ABI), Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), Associação Nacional dos Editores de Revistas (Aner) e Associação Nacional de Jornais (ANJ), já tem perfis ativos em Instagram, Twitter e Facebook.