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terça-feira, julho 8, 2025

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Facebook lança treinamento gratuito para veículos sobre negócios e receitas

O Projeto Facebook para Jornalismo (FJP) lançou o Reader Revenue Series, treinamento online e gratuito para veículos de notícias, que oferece dicas sobre como expandir negócios por meio do modelo de receitas de leitores.

O projeto foi desenvolvido e é ministrado por Tim Griggs, diretor executivo do Acelerador de Notícias Locais do Facebook e consultor de mídia e ex-executivo do New York Times. O treinamento tem cinco episódios, nos quais Griggs fala sobre retenção de assinaturas, uso de anúncios para atrair novos assinantes, e os princípios básicos do modelo de receitas de leitores.

Confira o treinamento aqui.

Série, site e live com Fernando Rodrigues, Leão Serva, Sérgio Dávila e Washington Olivetto marcam a estreia de Media Talks by J&Cia

Plataforma será lançada nesta sexta-feira (11/9). A meta é acompanhar o estado da arte do jornalismo no mundo. E o objetivo, contribuir para o aprimoramento e a sustentabilidade da atividade jornalística no Brasil

Após quase seis meses de preparação e de um profundo mergulho na saga e evoluções do jornalismo mundial, sobretudo em decorrência da pandemia da Covid-19, nasce oficialmente nesta sexta-feira (11/9) a plataforma bilíngue (português e inglês) MediaTalks by J&Cia, integrada por série especial, site e uma live histórica. Esta reunirá, num debate sobre o futuro do jornalismo, na próxima terça-feira (15/9), das 11h às 12h30, três nomes do primeiro time da atividade no Brasil, Fernando Rodrigues, diretor de Redação do jornal digital Poder360; Leão Serva, diretor de Jornalismo da TV Cultura, de São Paulo; e Sérgio Dávila, diretor de Redação da Folha de S.Paulo; e o mais celebrado publicitário da história do País, Washington Olivetto, hoje vivendo no Reino Unido.

No Reino Unido também está a coordenação do projeto, sob a liderança de Luciana Gurgel, correspondente há dois anos deste J&Cia, e Aldo de Luca. A eles se associaram experientes jornalistas brasileiros que vivem e atuam no exterior para aportar ao MediaTalks um olhar local dos principais acontecimentos que impactaram o jornalismo em várias partes do mundo.

A live, gratuita, será na plataforma de lives do Comunique-se, com apresentação de Luciana e de Eduardo Ribeiro, publisher de J&Cia, Portal dos Jornalistas e MediaTalks, que se destina a compartilhar ideias, experiências e opiniões sobre o presente e o futuro do jornalismo sob uma ótica global, a partir de Londres e de São Paulo.

Fernando, Leão, Sérgio e Washington debaterão como a crise do novo coronavírus atingiu em cheio a indústria de mídia e a prática do jornalismo em todo o mundo, sem fazer distinção entre países mais ou menos desenvolvidos, organizações seculares ou nativas digitais, empresas grandes ou pequenas. E revolucionou a forma de trabalho dos profissionais.

Entre os tópicos em discussão estarão: a crise foi mesmo um “cataclisma” para o jornalismo, como alguns previram? Como manter os índices de confiança conquistados na crise? Como esse capital pode ser aproveitado para amenizar os impactos financeiros na indústria? Pode a Covid-19 ter ajudado a conscientizar sobre o flagelo das fake news? Qual o legado da crise e como ele contribuirá para um novo ciclo no jornalismo? Exatos seis meses depois que a pandemia foi decretada, o que se pode esperar para o futuro?

O lançamento de MediaTalks integra as comemorações pelo 25º aniversário da newsletter Jornalistas&Cia, constituindo-se também no primeiro produto internacional da Jornalistas Editora. Ele inclui o Capítulo 1 da série especial Efeitos da pandemia do novo coronavírus sobre o jornalismo – Uma visão global, com textos informativos e analíticos sobre a atuação da mídia, do jornalismo e dos jornalistas na cobertura da pandemia, nos cinco continentes. Eles foram produzidos com a colaboração de correspondentes, que dão a visão a partir de diferentes realidades.

O projeto, que conta com o apoio institucional de Associação Brasileira de Imprensa (ABI), Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), Associação Nacional dos Editores de Revistas (Aner) e Associação Nacional de Jornais (ANJ), já tem perfis ativos em InstagramTwitter e Facebook.

Revista brasileira celebra 25 anos de circulação nos Estados Unidos

Linha Aberta Magazine circula há 25 anos no sul da Flórida, nos Estados Unidos. A publicação, direcionada aos brasileiros que escolheram essa região para viver e trabalhar, traz notícias da comunidade local, mensalmente, em português. Circula por cerca de 450 mil brasileiros na Flórida, um contingente que se aproxima de uma cidade média no Brasil.

Laine Furtado

Comanda a revista a jornalista e empreendedora mineira Laine Furtado, formada em Jornalismo pela Universidade Federal de Juiz de Fora e que chegou à Flórida em 1991. Logo percebeu a quantidade de brasileiros que viviam na região e a carência em informações em português para esse público. A revista reúne notícias locais e artigos de fundo, com um projeto gráfico contemporâneo. Laine busca as pautas relevantes, que vão de comportamento a imigração, passando por cultura, política e economia, até turismo, moda e saúde, todas abordadas de maneira distinta.

A revista contou muitas histórias: “Passamos por governos favoráveis e contra a imigração nos EUA, enfrentamos crises como a queda das torres gêmeas em Nova York, a bolha do mercado imobiliário de 2007 e, agora, a pandemia do coronavírus. Em situações como essas, a comunidade brasileira imigrante é muito afetada, por ser minoria, e com isso, os negócios brasileiros nos Estados Unidos”, afirma Laine. Na comemoração dos 25 anos, Linha Aberta recebeuum prêmio da empresa local de produção de eventos Focus Brasil.

Últimos dias para votar no TOP Mega Brasil

Top Mega Brasil

Segundo turno da premiação vai até esta sexta (11/9)

Top Mega Brasil

O segundo turno de votação da edição 2020 do TOP Mega Brasil encerra-se nesta sexta-feira, 11 de setembro. Serão escolhidos os TOP 10 Brasil e os TOP 5 das regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sul e Sudeste, nas categorias Agências de Comunicação, Executivos de Comunicação Corporativa e, pela primeira vez, Comunicadores do Serviço Público.

Outra novidade da premiação é a votação aberta. Para participar basta cadastrar-se no site, sendo que quem já se cadastrou poderá votar usando a mesma senha do primeiro turno.

No segmento Agências de Comunicação, foram classificadas, em função do número de indicações recebidas, 50 empresas para os TOP 10 Brasil, dez para os TOP 5 Norte, 13 para os TOP 5 Nordeste, 18 para os TOP 5 Centro-Oeste, 25 para os TOP 5 Sudeste e 16 para os TOP 5 Sul.

No segmento Executivos de Comunicação Corporativa, 43 foram os profissionais que passaram para a segunda fase, disputando os TOP 10 Brasil, seis para os TOP 5 Norte, dez para os TOP 5 Nordeste, 13 para os TOP 5 Centro-Oeste, 28 para os TOP 5 Sudeste e 22 para os TOP 5 Sul.

No segmento Comunicadores do Serviço Público, 47 foram eleitos para disputar os TOP 10 Brasil, 12 para os TOP 5 Norte, 12 para os TOP 5 Nordeste, 20 para os TOP 5 Centro-Oeste, 23 para os TOP 5 Sudeste e 17 para os TOP 5 Sul.

A cerimônia de premiação será online, pelo canal da Mega Brasil no YouTube, em 24 de setembro, às 10 horas. E ali serão anunciados o pódio Brasil (1º, 2º e 3º colocados) e os campeões das cinco regiões.

Confira os finalistas. E para votar no segundo turno clique aqui.

Iara Lemos denuncia em livro religiosos pedófilos no Haiti

Iara Lemos

Iara Lemos, atualmente na Folha de S.Paulo em Brasília, lança seu primeiro livro, A Cruz Haitiana − Como a Igreja Católica usou de seu poder para esconder religiosos pedófilos no Haiti, que sai pela Tagore Editora e chega às livrarias em 18 de setembro. Já em pré-venda, o livro-reportagem trata da violência sofrida por crianças haitianas, vítimas de religiosos da Igreja Católica que atuam ou atuaram no país. Foram mais de dez anos de pesquisas, em três países, nos quais Iara contou inclusive com o apoio de Mitchell Garabedian, celebridade mundial quando o assunto envolve denúncias de abusos ligados ao catolicismo, no resgate de documentos do Vaticano e das cortes canadenses e americanas. Ele é o advogado responsável pelas ações que fortaleceram a investigação do caso Spotlight, no início dos anos 2002, que descortinou as violações consumadas por padres na região de Boston, com a conivência, ao longo de 20 anos, do cardeal Bernard Francis Law.

Iara traz, na obra, entrevistas com vítimas e jornalistas do Haiti, como Cyrus Sibert. Para ele, como a escravidão, a exploração sexual de crianças e sua escravidão (restavek,em crioulo) são práticas inaceitáveis: “Neste livro, Iara conta a história das vítimas e dos fracos. Permite que pessoas ‘sem voz’ contem sua história, sua dor. Tive o privilégio de compartilhar com ela minhas experiências, meu testemunho e minhas opiniões sobre uma realidade complexa, às vezes impensável, mas que causa muito sofrimento”. Sibert corajosamente expôs o americano Douglas Perlitz (condenado a quase 20 anos de prisão por ter abusado sexualmente de crianças no Haiti) em seus blogs e ex-programa de rádio em Cap-Haitien.

Apesar de ser um livro que apresenta realidades duríssimas, Iara consegue costurar a narrativa sem perder o olhar nas coisas boas do país, mostrando equilíbrio e amor pelo povo e pela brava forma como convive com suas mazelas. “É um livro indispensável!”, ressalta na contracapa Ricardo Seitenfus, doutor em Relações Internacionais pelo Instituto de Altos Estudos Internacionais da Universidade de Genebra, ex-representante da OEA no Haiti. Matheus Leitão Netto assina o prefácio. O lançamento, em 18/9, será com uma live no Instagram (@iarablemos), às 19h, quando Iara será entrevistada por Marcos Linhares, seu assessor de imprensa e agente literário.

Gaúcha de Alegrete radicada em Brasília, Iara é graduada pela UFSM e especialista em História Política. Com mais de 18 anos de experiência em TV, impresso, internet e rádio, atuou ainda em assessorias de imprensa, com foco em gerenciamento de crise. Atualmente, é repórter de Política na Folha de S.Paulo na Capital Federal. Foi editora-chefe do jornal Destak no Brasil, repórter do G1 e do Grupo RBS. Ganhou, entre outros, o Esso, categoria Interior, e menção honrosa no Prêmio Direitos Humanos de Jornalismo.

Ela conversou sobre o livro com Kátia Morais, editora de J&Cia em Brasília:

Jornalistas&Cia − Que tipo de violência sofriam as crianças haitianas? Elas também envolviam freiras brasileiras? E desde quando ocorriam?

Iara Lemos − Eram de abuso sexual, em troca de cuidados básicos como comida, banho e remédios. Datam desde os anos 1990, segundo documentos a que tive acesso, mas é possível que haja casos antes disso. Mas jamais envolveram religiosas brasileiras. Elas desenvolvem um trabalho social de proporção incrível, que serve de base para as crianças haitianas atendidas. 

J&Cia − Como foi a reação da Igreja Católica diante das denúncias?

Iara − A Igreja Católica tem uma sistemática de esconder religiosos pedófilos. Um dos casos, de Douglas Perlitz, teve inclusive o apoio de um padre para que os crimes fossem cometidos. Ele jamais foi punido. Dos casos que relato no livro, em apenas um há documentos no Vaticano sobre os crimes cometidos pelo ex-núncio da Igreja para Haiti, República Dominicana e Porto Rico. Mesmo assim, ele não foi punido. Morreu sob a guarda do Vaticano, depois de ter fugido da região caribenha. O padre Bruno Eugener, que violentou meninas na escola que ele coordenava no interior do Haiti, jamais foi punido, assim como os demais. Uma de suas vítimas narrou-me ter sido violentada sob a ameaça de uma arma. Ela tem uma filha dele e vive sob ameaça. Cyrus Sibert, jornalista haitiano que muito me auxiliou nas pesquisas, precisou retirar sua família do Haiti depois de ser ameaçado de morte. É, sem dúvida, uma rede proteção aos crimes que precisa ser rompida.

J&Cia − O que mais a impressionou nessa pesquisa, além das tristes constatações, é claro…

Iara − É difícil chegar a essa resposta, mas creio que a inércia do sistema jurídico, atrelado à imensa teia de proteção criada pela Igreja Católica ao longo dos anos, é algo que impressiona. No caso do estado haitiano, ambas se unem em uma engrenagem azeitada pelas dores de suas vítimas. As crianças entravam nas escolas em busca de educação, alimentos e até mesmo a possibilidade de um banho, e eram violentadas. Era cobrado delas o sigilo, sob pena de perderem o pouco que já tinham. É difícil para as vítimas romperem a barreira do silêncio e buscarem apoio. Foi difícil para mim ouvir tantos relatos, descobrir formas de violência contra crianças que deveriam ser protegidas. Eu agradeço a cada um dos que confiaram em mim suas dores na esperança de que possamos, um dia, mudar essa realidade de dor e violência.

J&Cia − Como o povo haitiano reage diante de tais barbaridades?

Iara −A maior parte do povo haitiano vive na pobreza. O Estado depende da Igreja para suprir responsabilidades que eles não têm estrutura para manter, como saúde e educação. A relação estabelecida entre a Igreja Católica e o Estado haitiano é tão grande que o Vodu chegou a ser considerado crime pelo código penal haitiano. Isso só foi revertido em 2004. A Igreja Católica comanda mais de um quarto das escolas que atendem no Haiti. É um trabalho de suma importância dentro de um território extremamente debilitado, e é por isso que não se pode deixar que crimes como os que narro no livro destruam trabalhos que podem resultar em um futuro melhor para a sociedade local. O Haiti precisa dos trabalhos sociais.

J&Cia − Você pretende lançar o livro também nos EUA e no próprio Haiti?  

Iara − Estamos em conversa fora do Brasil, e também já há contatos para que o trabalho se estenda ao Haiti. Lá, contudo, algumas editoras já negaram a publicação devido ao fato de trabalharem com livros da Igreja Católica. Sem dúvida, temos um longo trabalho pela frente. Creio que as conversas nos EUA avancem de forma mais rápida, ainda mais porque contei com o apoio do advogado Garabedian, referência quando se trata de crimes de pedofilia cometidos pela Igreja, que auxiliou também os colegas que revelaram as denúncias no interior dos EUA, conhecido como caso Spotlight. Por meio dele, consegui acesso a documentos da Justiça norte-americana que resultaram em punição de religiosos. Parte das vítimas haitianas, inclusive, já recebeu indenizações pelos crimes de que foram alvo. 

Protesto por pouca cobertura sobre mudança climática impede circulação de jornais

Imprensa reagiu furiosamente ao bloqueio

Por Luciana Gurgel, especial para o J&Cia

Luciana Gurgel

Uma tradição britânica foi quebrada no sábado (5/9). Muitos assinantes do The Times e do Daily Telegraph não receberam seu exemplar em casa. Alguns dos que mantém o hábito de sair para comprar jornal também não o encontraram à venda. O motivo: um protesto do grupo Extinction Rebellion bloqueou o acesso às gráficas onde esses e outros jornais são impressos.

A ação do grupo ambientalista radical, que em 2019 travou o centro de Londres por dez dias, com ativistas acorrentados a prédios públicos e colados ao asfalto de ruas principais, teve desta vez a imprensa como alvo. O XR acusa os meios de comunicação de não darem a devida atenção à mudança climática.

Mas o grupo também voltou-se contra o domínio da imprensa por grandes conglomerados, particularmente a News Corporation, controlada pelo empresário Ruppert Murdoch, notório por posições controversas sobre meio ambiente. Ao ponto de seu filho mais novo, James, ter deixado a organização em janeiro por discordar do pai.

Sobrou ainda para o controlador do Daily Mail, o nobre Lord Rothermere, IV Visconde de Rothermere. Com 52 anos, ele é o herdeiro do império jornalístico da família. Apesar de bem conceituado no meio − durante a  pandemia ofereceu ações aos funcionários como forma de compensar a redução de salários e evitar demissões −, entrou na linha de tiro por representar a aristocracia que domina a imprensa britânica.

A ação do XR aconteceu no décimo dia da nova série de protestos do grupo. Os manifestantes surpreenderam ao se concentrarem de madrugada nas gráficas principais que rodam o The Times, The Sun, The Daily Telegraph e Daily Mail, entre outros. Com varas de bambu, bloquearam ruas que dão acesso aos prédios.

A reação da grande imprensa foi furiosa, denunciando o ataque à liberdade de expressão. E clamando que a mudança climática tem ocupado espaços generosos, embora reduzidos no auge da pandemia.

O Brasil é prova disso. Matérias sobre questões ambientais do País aparecem na imprensa britânica com regularidade, muitas vezes envolvendo produção sofisticada. Para o Extinction Rebellion ainda é pouco.

Políticos e autoridades também condenaram o ato. Mas telhado de vidro é perigoso. O tweet do primeiro-ministro Boris Johnson motivou reações, já que seu Governo mantém relação turbulenta com os veteranos que cobrem política. Pippa Crerar, editora de política do Daily Mirror, alfinetou Jonhson na rede social lembrando suas recentes ações para bloquear o acesso de jornalistas.

Pippa Crerar alfineta Johnson

Queimando pontes ou conquistando aliados? − O XR não é uma unanimidade. Muitos contestam seus métodos, que prejudicam o cotidiano até mesmo dos que defendem a causa ambiental. Há críticas quanto ao caráter elitista do movimento, com baixa penetração fora de Londres e pouco envolvimento de minorias.

Ao criar confronto com a imprensa, o grupo perde um apoio importante para a causa, que depende da mobilização do público e da pressão sobre políticos e empresários para alcançar resultados. E troca o espaço que poderia ser usado para discutir temas ambientais por uma avalanche de matérias questionando seus métodos e buscando desqualificar os líderes do grupo.

Mas essa aparente insanidade bem pode ser uma estratégia para engajar jovens, mais inclinados a contestar estruturas tradicionais − uma aposta no crescimento futuro da base de apoiadores.

O ataque à imprensa, misturando a questão ambiental com a da concentração em mãos de poderosos, é uma boa isca para encantar gente de uma faixa etária que não se sente representada por veículos seculares.

Embora a imprensa tradicional tenha reconquistado audiência durante a pandemia, e as redes sociais tenham perdido credibilidade como fonte de informação (tema que exploramos no MediaTalks, a nova plataforma do J&Cia que entra no ar na sexta-feira, 11/9), pesquisas recentes mostram o desinteresse das novas gerações pelo jornalismo praticado por grandes veículos.

Não se trata apenas uma questão geracional relacionada ao acesso. No Reino Unido, os principais meios − TVs, jornais, rádios, revistas − estão avançados na digitalização. A BBC tem investido em programas moderninhos no IPlayer, voltados para jovens, sem muito sucesso, o que chegou a ser formalmente apontado pelo Ofcom, órgão regulador de telecomunicações.

E é inegável que os atos espetaculares do XR dão visibilidade à causa ambiental. Mas o da última semana tem o potencial de contribuir para a diminuição do valor do jornalismo aos olhos das novas gerações. Isso não é bom para a sociedade. Os fins podem não justificar os meios.

Jornal Micuim mistura política e humor

O Brasil de Fato RS lançou em 1º/9 o jornal Micuim, que mistura temas como política e costumes com humor. A publicação, mensal, abre espaço para entrevistas, charges, quadrinhos, caricaturas, piadas e participação de humoristas para incentivar o pensamento sobre assuntos relevantes da sociedade, de forma crítica, mas também com humor.

José Guaraci Fraga, editor do novo jornal, explica que “o Micuim é um bichinho minúsculo, não é nem carrapato. Sua mordida causa uma ardência incômoda, e o jornal quer justamente ser incômodo. Contra poderosos, canalhas, corruptos, e a lista é longa”. O slogan do jornal é “a gente procura sarna pra se divertir!”.

Micuim reúne chargistas, cartunistas, quadrinistas e caricaturistas de Porto Alegre, Curitiba, São Paulo e Rio de Janeiro. A primeira edição traz uma entrevista com o humorista Gregório Duvivier. Leia na íntegra.

CIDH fará audiência sobre violações ao direito à informação no Brasil

Em atenção ao pedido de 12 organizações da sociedade civil, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) fará em 6/10 uma audiência pública virtual para analisar violações ao direito à informação no Brasil.

O documento enviado à CIDH destaca diversos ataques sofridos por profissionais de imprensa, além do uso político dos sistemas de comunicação, e temas como falta de transparência, acesso a informações públicas durante a pandemia e esvaziamento dos espaços de participação social.

Para exemplificar o tema, o relatório cita o apagão de dados no site do Ministério da Saúde, o déficit de informação sobre a contaminação de grupos marginalizados e as demissões na pasta da Saúde. O documento inclui ainda o levantamento da Abraji que registrou cerca de 150 ataques a comunicadores no primeiro semestre de 2020. (Veja+)

João Bosco Tureta morre por complicações do coronavírus

João Bosco Tureta

Morreu em 6/9 João Bosco Tureta, aos 80 anos, vítima da Covid-19. Ele morava na Flórida, Estados Unidos, e estava sendo tratado no hospital Boca Ratón. A morte foi informada nas redes sociais pela filha Josi.

Tureta trabalhou em Record, Jovem Pan, Bandeirantes e Rádio Capital. Nos Estados Unidos, atuou na extinta emissora de TV PSN, especializada em esportes americanos. Foi também comentarista de NBA no Space e treinador de futebol. Em 2008, lançou o livro Corinthians – O Time da Fiel, em parceria com Orlando Duarte.  

Com informações do UOL.

No final da tarde, eufórico, diretor do Estadão vendia jornais no meio da rua

Luiz Carlos Mesquita (Crédito: Estadão)

Por Luiz Roberto de Souza Queiroz

Numa memorável tarde de domingo em 1964 ou 1965, não me lembro bem, Luiz Carlos Mesquita, o Carlão, experimentou a profissão de jornaleiro. Na praça Jules Rimet, na frente do Pacaembu, ele vendeu algumas dúzias de exemplares do Estadão e complicou-se com o troco. É que, neófito na profissão, não tinha previsto que precisaria de um estoque de moedas para atender à clientela.

A lembrança me vem à mente agora, no cinquentenário da morte do Carlão, um diretor do jornal tão afável que era mais um companheiro que patrão. E a história com o lide acima começou na redação da Edição de Esportes, efêmera publicação que foi uma espécie de avant première do que viria a ser o Jornal da Tarde, lançado logo depois e que absorveu a Edição de Esportes.

Naquela tarde era decidido um título importante no Pacaembu e quando o jogo mostrou-se decidido, Carlão desafiou a redação a colocar a Edição de Esportes na rua ao mesmo tempo em que a partida se encerrava. Era preciso fazer apenas a primeira página, pois o restante do jornal estava pronto, inclusive a parte de noticiário geral, não esportivo, da qual eu era o editor.

O jornal ficou pronto em tempo e enquanto a torcida comemorava – se bem me lembro, foi uma vitória do Santos −, Carlão pegou-me pelo braço, passou na rampa de saída dos caminhões do jornal, jogou dois pacotes com 50 exemplares cada dentro do meu jipe mambembe, que tinha já quase dez anos bem rodados, e me mandou voar para o Pacaembu.

A torcida vencedora começava a sair do estádio, comemorando, mas Carlão comemorava mais, pois, como dizia, dera um banho na Gazeta Esportiva, que era o grande rival da Edição de Esportes do Estadão. E, entusiasmado, começou a gritar anunciando o jornal, que trazia na capa a incrível fotografia de um gol marcado menos de uma hora antes. Meio envergonhado, também acabei vendendo um ou outro exemplar, mas como jornaleiro eu não era páreo para o Carlão.

Bebemoramos o feito no bar do Hotel Jaraguá e a história devia acabar por aí, mas o Carlão queria porque queria vencer a Gazeta Esportiva, e todo domingo havia uma corrida com concorrente único, para que a Edição de Esportes saísse antes da Esportiva. É que eu sabia, pois na época estudava no QG do “inimigo”, a Cásper Líbero: a Esportiva tinha tanta tradição, tiragem tão grande, que não se tocava com a concorrência da Edição de Esportes.

Um mês depois, e com muito esforço, a Edição de Esportes ficou pronta mais cedo, nem me lembro por quê, e, entusiasmado, o Carlão entrou na redação, disse que a Esportiva ainda não tinha rodado e me pediu para leva-lo à sede da Gazeta.

Confesso que não me senti à vontade. Na São Paulo de então os jornaleiros amontoavam-se diante da doca seca, quase na esquina da avenida Cásper Líbero. Eles compravam pacotes de jornal que vendiam ao cair da noite na avenida Paulista, na Ipiranga e na rua Augusta.

Os jornaleiros estavam lá e enquanto eu ficava no jipe, motor ligado, para o caso de dar xabu, o Carlão avançou saltitante e fez um discurso para os jornaleiros, dizendo que estavam bobeando, que a Gazeta já era, que se queriam ganhar dinheiro deviam é ir à Major Quedinho, comprar a Edição de Esportes que já tinha rodado há muito tempo.

Os jornaleiros ouviram, mas não ligaram muito. Não conheciam o Carlão, não tinham ideia de quem era o propagandista da Edição de Esportes, alguns chegaram a falar com ele, mas não arredaram pé numa pose mais ou menos de “sou Esportiva e não abro”.

Meio desenxabido, Carlão voltou para o jipe resmungando algo que entendi como “esses bundões”, mas não cessou seu entusiasmo.

Meses depois a Edição de Esportes duplicou sua tiragem e ficou claro que São Paulo tinha espaço para uma edição vespertina. Começou então a nascer o que viria a ser o Jornal da Tarde, mas essa é outra história, para outro dia. Hoje é tempo de curtir a saudade do diretor de jornal que viveu a redação tão intensamente como cada um de nós.


Luiz Roberto de Souza Queiroz

Luiz Roberto de Souza Queiroz, o Bebeto, um dos mais assíduos colaboradores deste espaço, escreveu-nos para informar que o Estadão publicou em 28/8 uma página sobre o cinquentenário da morte, aos 40 anos, de Luiz Carlos Mesquita, o Carlão, e mandou uma história sobre ele.

Diretor da empresa da família, Carlão não gostava de usar o peso do sobrenome. Nas redações dos jornais O Estado de S. Paulo e Jornal da Tarde e da Rádio Eldorado, onde trabalhou, deixou imagem de “gente boa” entre as equipes de jornalistas e funcionários, amável, solidário com colegas e brincalhão.


Tem alguma história de redação interessante para contar? Mande para baroncelli@jornalistasecia.com.br.

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