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Seis meses de Trump: repressão à imprensa avança nos EUA e inspira o mundo

Seis meses de Trump: repressão à imprensa avança nos EUA e inspira o mundo

Por Luciana Gurgel

Luciana Gurgel

A organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF) observou uma intensificação dos ataques à imprensa nos primeiros seis meses do segundo mandato de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos, com repercussões além das fronteiras americanas.

Segundo a entidade, desde 20 de janeiro, quando retomou o controle da Casa Branca, Trump consolidou-se como figura central em um movimento global que compartilha táticas autoritárias para restringir a liberdade de imprensa.

A RSF alerta que essas práticas estão sendo adotadas por regimes com pouca tolerância à mídia crítica, que se inspiram nas ações da Casa Branca para justificar suas próprias repressões.

Entre os métodos identificados estão o uso abusivo do sistema judicial, tentativas de controle de veículos por aliados políticos, cortes no financiamento à mídia pública, censura de linguagem, violência contra jornalistas e acusações infundadas contra organizações independentes.

A organização afirma que, embora muitas dessas estratégias não sejam inéditas, Trump contribui para sua amplificação global, legitimando ações semelhantes em países como El Salvador, Hungria, Rússia, China, Sérvia, Turquia, Geórgia e Argentina.

A RSF aponta que a troca de ideias e discursos entre líderes com histórico autoritário criou um ciclo de retroalimentação que ameaça o jornalismo em escala internacional.

Leia a matéria completa em MediaTalks.


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Em entrevista exclusiva para a ABCPública, Maria Helena Weber fala sobre a sua indicação ao Prêmio Beth Brandão de Comunicação Pública

Maria Helena Weber (Crédito: TV Campus da Universidade Federal de Santa Maria/YouTube)

A pesquisadora e professora Maria Helena Weber foi indicada pela Associação Brasileira de Comunicação Pública (ABCPública) para receber o Prêmio Beth Brandão de Comunicação Pública. A solenidade de entrega do prêmio será em outubro de 2025, durante o III Congresso Brasileiro de Comunicação (III Compública). O prêmio é uma iniciativa da ABCPública para homenagear profissionais que se destacam pela pesquisa e/ou prática da comunicação pública em favor do fortalecimento da democracia brasileira.

Nessa conversa exclusiva com a ABCPública, Maria Helena Weber fala sobre e emoção de ser indicada ao prêmio, sobre sua trajetória na comunicação e também sobre questões atuais e desafios que estão postos aos comunicadores públicos na atualidade.

Professora, como a senhora recebeu a notícia da indicação ao Prêmio Beth Brandão de Comunicação Pública?

Fiquei surpresa porque é um prêmio muito importante e fiquei emocionada por saber que minhas reflexões, produção científica, minhas experiências e meu trabalho como professora forma reconhecidos e até premiados.

Que importância tem, para a senhora, o legado da Beth Brandão no campo da comunicação pública?

O legado de Elisabeth Brandão é um dos mais importantes no campo da comunicação pública com repercussões fundamentais para a comunicação política e governamental e, também, para a profissão de Relações Públicas. Ela promove o conceito, a partir de Pierre Zémor, quando o Brasil voltava a respirar democracia e a comunicação – imanente a este regime –  precisava extrapolar a dimensão persuasiva, funcional e autoritária executada pelo regime militar. Beth Brandão questiona e analisa a responsabilidade dos sistemas e profissionais na comunicação entre o estado brasileiro e a sociedade e, a partir deste movimento, ‘comunicação pública’ passa a ser um conceito em construção, instigante teoricamente como demonstram tantas abordagens da produção científica e, ainda, profissionalmente, desafiador.

O 3º Congresso Brasileiro de Comunicação Pública, em outubro deste ano em Sergipe, tem como tema comunicação pública e emergência climática. Qual deve ser o papel da CP na promoção do diálogo social em favor de avanços nesse tema?

São muitas as experiências que incidem sobre as temáticas “comunicação pública e emergência climática” e precisam ser analisadas, sob duas perspectivas. Na perspectiva epistêmica, o entendimento e as pesquisas sobre a relação entre informação, comunicação e meio ambiente são fundamentais na produção de novas linhas de pesquisa de caráter interdisciplinar como a recente produção científica vem demonstrando. Essa relação indica a perspectiva técnico-estratégica necessária para a compreensão e a prevenção dos desastres e tragédias climáticas. Essas perspectivas exigem a normatividade própria da comunicação pública sob a responsabilidade do estado, das instituições de ensino, da imprensa, das mídias sociais, do mercado e da sociedade.

Ao longo da sua trajetória, a senhora contribuiu para consolidar o conceito de comunicação pública como campo. Como ocorreu este processo?

A consolidação desse conceito ocorreu aos poucos. As experiências e a militância na política, desde a adolescência, e a minha formação em Comunicação me permitiram atuar em diferentes instituições na redemocratização do país (Ministério da Educação e Prefeitura Municipal de Porto Alegre) e foi essa combinação que me levou à comunicação pública. Entendia que meu ingresso na universidade como docente seria transitório, pois sempre disse que não queria ser professora. Mas foi este lugar que me permitiu refletir sobre política, poder, comunicação até chegar à comunicação pública. Na década de setenta (auge da ditadura brasileira) fui estudante e professora, na UNISINOS e depois na UFRGS, porque minha mestra Martha D’Azevedo me convenceu que eu sabia ensinar e … aqui estou até hoje. Aos poucos, a busca de conhecimento nos novos tempos democráticos me levaram para o mestrado (Sociologia UFRGS) e o doutorado (Comunicação UFRJ), com teses voltadas à ditadura e à comunicação política. No entanto, a participação no primeiro governo democrático da Prefeitura de Porto Alegre foi diferenciada e falávamos na comunicação pública, na comunicação e participação da sociedade. Essa experiência fantástica (enquanto dava aulas) gerou meu primeiro projeto como pesquisadora CNPq. Meu ingresso no PPGCOM/UFRGS, a sequência de orientações de teses e dissertações e o funcionamento do Núcleo de Pesquisa em Comunicação Pública e Política (NUCOP) e do Observatório da Comunicação Pública (OBCOMP) permitiram debates e produção coletiva que ampliaram o conceito ‘Comunicação Pública’ sustentado pelo interesse público, para além da comunicação estatal e governamental.

Como a senhora avalia a relação entre comunicação pública e processos democráticos no contexto atual?

A Comunicação Pública ocorre somente em regimes democráticos porque exige o debate público, a liberdade de expressão, a organização e participação da sociedade. O fortalecimento e a qualidade da democracia dependem, portanto, da comunicação pública (escrevemos recentemente sobre isso). Essa hipótese permite pesquisar, especialmente, dois aspectos. Primeiro, sobre o interesse público: de que maneira a informação, a publicidade, os discursos e eventos dos poderes legislativo, executivo e judiciário; das instituições públicas; das universidades; do mercado e da imprensa respondem ao interesse público, considerando o poder das mídias sociais, das mídias convencionais. O segundo aspecto está relacionado ao debate público sobre temas de interesse público e vitais à democracia – que deveria ser promovido pelos poderes do Estado, na tomada de decisões relacionadas a políticas públicas.

Em suas pesquisas, a senhora destaca o papel da escuta e da interlocução. Que dicas a senhora nos dá para avançar nesse quesito no Brasil?

Abordei a questão do debate público, essencial à democracia e, portanto, à comunicação pública, ou seja, a participação da sociedade – escuta e interlocução – são partes indissociáveis à qualidade das democracias. Não tenho dicas, porque este avanço depende de projetos políticos-ideológicos e de governança que privilegie o interesse público e crie espaços de participação.

Recentemente a senhora lançou o livro “A imagem pública tecida entre política, mídias e afetos”, que é uma reflexão da imagem pública num cenário de disputa de poder. Como a comunicação pública estratégica pode contribuir para fomentar mudanças nesse cenário? 

A obtenção de uma imagem pública favorável é o desejo de políticos, governantes e cidadãos em lugares de poder e domínio. Neste sentido, a imagem pública será sempre uma disputa permanente entre as informações e imagens veiculadas pelas mídias sociais, imprensa e aquelas produzidas pela própria organização. Em relação a isso não há mudanças nesse cenário e a história nos mostra isto. Os dispositivos de comunicação, propaganda, discursos visam mobilizar afetos (paixões e emoções) e atrair cada eleitor e cidadão para que formem a imagem desejada. Muitas são as variáveis que limitam esse processo sempre finalizado na opinião.

Nesse cenário, cabe ressaltar, o grande problema da comunicação pública na relação entre imagem pública e instituição constituído pelo “paradoxo político-comunicacional”, (Weber, 2023) que é aparentemente indissolúvel. O conceito define a dependência e a decisão voluntária de associar o projeto político de um governante, por exemplo, à comunicação da instituição governada, ou seja o interesse público submetido a um projeto privado. A comunicação pública é o posto disso.

Quais os principais desafios que as instituições públicas enfrentam para efetivar a comunicação como direito e não como instrumento de marketing?

O instrumental e a estética do marketing estão consolidados pelo mercado e a tecnologia, as IAs e os dispositivos de conteúdo tornam cada vez mais fascinantes as propostas das agências às instituições públicas. O problema não é o marketing. O grande desafio reside na compreensão sobre a normatividade da comunicação pública e a capacitação de profissionais para que a tradução do projeto político seja feita a partir do interesse público, da visibilidade da instituição e do direito público de saber. Ou seja, a responsabilidade é da instituição e não do marketing. O próprio brieffing para campanhas depende da compreensão da instituição sobre suas funções e responsabilidades político-sociais. Também o uso qualificado do aparato de radiodifusão e das próprias mídias sociais depende de uma política de comunicação pública.

O que falta para que a comunicação pública seja uma diretriz efetiva nas políticas de Estado, e não apenas de governo?

A Comunicação Pública, em suas características definida pela Constituição e deveria se tornar uma política pública. No entanto, a comunicação é tradutora de políticas governamentais, então, dificilmente terá uma configuração que atenda a todos os governos democráticos. Mesmo assim é possível pensar que poderia haver diretrizes para a formulação de políticas de comunicação para cada governo e isso seria o papel do Poder Legislativo, mas este privilegia a comunicação privada. Esta questão é um debate e um desafio importante.

Como a senhora vê o futuro da comunicação pública em tempos de desinformação e ataques à esfera pública?

Vivemos na era de grandes transformações políticas, econômicas, sociais e pessoais desencadeadas pelo espectro da comunicação digital. A desinformação e a circulação de mentiras e maldades a partir de poderosas estruturas tecnológicas desafiam governos e leis. Em meio a isto, as instituições públicas passam a ter uma papel pedagógico que deve ser exercido através de políticas de Comunicação Pública que indiquem a apropriação da tecnologia digital a ser usada para esclarecimentos, para promover o debate público com o objetivo de diminuir a vulnerabilidade das pessoas e da sociedade.

Que experiências ou projetos institucionais mais a inspiram hoje no Brasil ou fora dele?

Os projetos mais interessantes e fundamentais à democracia são aqueles que promovem a pesquisa, o debate, a formação e a circulação da produção científica em torno de temas como comunicação e meio ambiente e comunicação e democracia. Muito dos editais do CNPq e de outras agências de pesquisa, por exemplo, tem feito essa chamada. São muitos os projetos institucionais voltados à qualificação da democracia no Brasil, mas citaria três com objetivo diferenciados na sua estrutura mas que abrangem a comunicação Pública: Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Democracia Digital (INCT-DD); Rede Nacional de Combate à Desinformação (RNCD) e a própria Associação Brasileira de Comunicação Pública (ABCPública).

Se pudesse resumir sua trajetória com uma palavra ou imagem, qual seria?

Comunicação (meu trabalho), política (minha utopia), poesia (minha literatura).

Que mensagem gostaria de deixar às pessoas que lutam diariamente por uma comunicação pública ética, democrática e inclusiva?

Creio que as instituições de ensino têm uma grande responsabilidade sobre a formação de profissionais de comunicação que possam estabelecer relações e fazer a crítica no campo da comunicação política, comunicação governamental e comunicação pública, especialmente, os graduandos em jornalismo, propaganda e relações públicas e a pós-graduação que promove a pesquisa. A competência de lidar com temas políticos inicia em aula e evolui para TCCs, teses e dissertações. Por isto creio que a disciplina comunicação e política deveria ser obrigatória. Os profissionais que trabalham com a comunicação pública precisam, ininterruptamente, pesquisar, refletir, debater e atuar junto às instituições públicas incorporando as facilidades dos dispositivos comunicacionais, mas lutando por estratégias de comunicação que atendam ao interesse público, promovam a ética e a democracia.

Conquistar um espaço de poder nas instituições é também dominar, defender e explicar a normatividade do conceito Comunicação Pública, bem como as suas implicações para a democracia.

Grupo Kalunga e ESPN fecham parceria para o X-Sports, novo canal esportivo em TV aberta

Grupo Kalunga e ESPN fecham parceria para o X-Sports, novo canal esportivo em TV aberta

O Grupo Kalunga e a ESPN fecharam um contrato de sublicenciamento de eventos para o X-Sports, novo canal esportivo em TV aberta que deve estrear em agosto. Em São Paulo, vai usar o canal 32, frequência da extinta MTV Brasil. As informações são de Gabriel Vaquer, do F5 (Folha de S.Paulo).

A parceria entre Kalunga e ESPN não é de operação e sim de sublicenciamento de eventos. O X-Sports vai pagar para poder exibir eventos esportivos cujos direitos de transmissão pertencem ao Grupo Disney. Henrique Meira, executivo que trabalhou anteriormente na própria ESPN e na BandSports, é o principal responsável pela operação do X-Sports.

Entre os torneios que serão transmitidos no novo canal estão Premier League (Inglaterra), La Liga (Espanha), Serie A (Itália), Liga Portugal e a EFL Championship, segunda divisão do futebol inglês, além da Copa do Rei (Espanha) e a Copa da Alemanha. Segundo o F5, o X-Sports está negociando também a transmissão da Bundesliga, o campeonato alemão de futebol. A prioridade de escolha das partidas, porém, seguirá na ESPN. O X-Sports vai exibir partidas menos importantes dos torneios.

Além disso, segundo apurou o F5, a ESPN não terá nenhuma participação no conteúdo do novo canal, incluindo equipes de transmissão, narradores, comentaristas e repórteres, além de questões comerciais, como participação em vendas no mercado publicitário.

O Grupo Kalunga foi o responsável pelo canal Loading, voltado ao público geek, lançado em 2020, mas que saiu do ar cerca de seis meses após a estreia.

Prêmio SAE Brasil está de volta

Com o apoio da Toyota, o Prêmio SAE Brasil de Jornalismo retorna em 2025 depois de ter sua edição de 2024 cancelada. A iniciativa, que tem como objetivo reconhecer o trabalho de jornalistas e publicações sobre tecnologia da mobilidade, chega à sua 18ª edição premiando reportagens nas categorias Mídia Impressa, Internet e Vídeo.

Poderão concorrer reportagens veiculadas entre 1º de julho de 2024 e 1º de julho de 2025, sobre os avanços tecnológicos em diferentes modais – automotivo, aéreo, ferroviário e naval –, que abordem mobilidade urbana, veículos autônomos, sustentabilidade, soluções energéticas, mineração e aplicações no agronegócio.

A cerimônia de premiação será realizada durante o 32º Congresso e Mostra Internacionais de Tecnologia da Mobilidade SAE Brasil, nos dias 7 e 8 de outubro, em São Paulo.

Regulamento e inscrições em saebrasil.org.br/premios.

Aberje: Estudo traz orientações aos comunicadores em contextos de desastres climáticos

Aberje: Estudo traz orientações aos comunicadores em contextos de desastres climáticos
Crédito: Mike Erskine/Unsplash

A Aberje, por meio do seu Centro de Estudos e Análises Econômicas Aplicadas à Comunicação (Ceaec), lançou neste mês um Resumo Executivo inédito que orienta profissionais sobre a atuação da comunicação com colaboradores em contextos de desastres climáticos. A publicação baseia-se na experiência de empresas que responderam às enchentes no Rio Grande do Sul em 2024 e sistematiza caminhos possíveis, aprendizados e boas práticas adotadas durante o período.

Coordenado pela professora Cynthia Provedel e com foco em apoiar os profissionais da área diante de crises de natureza ambiental, o estudo, segundo informa a entidade, combina dados de pesquisa com lideranças empresariais, entrevistas, benchmarking e uma curadoria de experiências reais. Embora conteúdos como este sejam normalmente reservados aos associados da Aberje, o material foi disponibilizado ao público em razão de seu caráter de interesse coletivo.

“Este material nasce da urgência em repensar o papel da comunicação organizacional frente à crise climática. Acreditamos que o profissional de comunicação, além de estratégico, precisa estar preparado emocional e tecnicamente para lidar com cenários extremos. Compartilhar esses aprendizados é parte do compromisso da Aberje com a construção de organizações mais humanas, ágeis e conscientes”, afirma Hamilton dos Santos, diretor-executivo da Aberje.

Confira aqui a íntegra do estudo.

IA ganha espaço no jornalismo em meio à ausência de regras claras

ChatGPT exemplifica o uso crescente de inteligência artificial no jornalismo

Por Ana Laura Ayub

O uso da inteligência artificial no jornalismo tem avançado em ritmo acelerado, ao passo que ainda faltam regulamentações específicas para orientar essa transformação no Brasil. Ferramentas como ChatGPT e Gemini já impactam diretamente a produção e a distribuição de conteúdo, levantando preocupações sobre direitos autorais, remuneração de veículos e o papel das big techs na circulação de notícias.

O assunto virou pauta na 20ª edição do Congresso da Abraji. Compondo a mesa estavam Katia Brembatti, presidente da Abraji, Camila Marques, editora de audiência da Folha de S. Paulo, Claudia Croitor, editora-chefe do G1, Eurípedes Alcântara, diretor de jornalismo no Grupo Estado, e Luiza Baptista, editora executiva de estratégia digital de O Globo. Os jornalistas levaram ao público os medos e incertezas relacionados à Inteligência Artificial e como um bom profissional pode superar esse desafio.

Claudia Croitor, Luiza Baptista, Katia Brembatti, Camila Marques e Eurípedes Alcântara na palestra sobre a condução do jornalismo com IA (Foto: Ana Laura Ayub)

O jornalismo brasileiro ainda não possui regulação específica para a IA. Na palestra, foram citados os gastos milionários que jornais como The New York Times acumulam contra big techs sobre o uso indevido de reportagens, e ressaltaram que todo esse processo pode ajudar a ditar as regras no Brasil. Camila Marques reforçou que o jornalismo necessita de regulamentações; “Precisa de políticas claras, precisa de política de remuneração, seja em contratos individuais, seja pelo meio jornalístico.”

Além disso, plataformas de inteligência artificial, como ChatGPT e Gemini, usam conteúdos exclusivos para assinantes para o treinamento de seus sistemas. Isso leva a que sites e plataformas criem conteúdos a partir das redações, usando a IA para reescrevê-los. Os jornalistas afirmaram que diversos sites fazem a cópia de seus veículos, e comentaram que podem gerar até mais “cliques” que o original.

Outra preocupação está na relação entre SEO e o Google diante da priorização crescente da inteligência artificial pela plataforma. Com a nova atualização, resumos automáticos de notícias são gerados por IA, permitindo que os usuários acessem informações de forma rápida e objetiva, sem precisarem entrar nos sites originais. Essa dinâmica acaba reduzindo o tráfego direto para os veículos jornalísticos e compromete seus indicadores de desempenho.

Apesar de tantos alertas, os profissionais concordaram de forma unânime que fazem o uso da inteligência artificial nas redações para facilitar um trabalho que antes levaria dias para ser feito ou para simplesmente corrigir erros gramaticais. “Todo mundo está incentivado a experimentar, mas o resultado final não pode ser. Toda matéria, todo gráfico, toda fonte do Estadão tem um autor com CPF e RG”, disse Eurípedes. Camila foi a mais ativa no debate e acrescentou; “A IA tem que ser usada como meio, nunca como fim. A nossa visão é que tem que ser inadmissível um profissional da casa não usar IA. Não faz sentido não usar.”

A jornalista também diz que o grande trabalho agora é treinar as pessoas quando e como usar; “Existe um adendo no manual de redação, existe uma regra muito clara. Então a palavra-chave é empoderar as pessoas para que saibam como e quando usar. Achamos que tem algo de errado quando uma pessoa na redação que diz que não usa IA, algo não está funcionando.”

Por fim, Camila ressalta que as pessoas não vão ser substituídas pela IA; “Eu tenho certeza que continuamos sendo fundamentais para o jornalismo. Vai substituir coisas que a gente perdia tempo. Então, a pessoa que não souber usar, ou que desistir de pensar, não vai se adaptar. Eu acho que não vai ser substituído, e que as mentes brilhantes vão brigar ainda mais.”

Karla Mendes é primeira brasileira vencedora do Prêmio Oakes de Jornalismo Ambiental da Universidade de Columbia

Karla Mendes é primeira brasileira vencedora do Prêmio Oakes de Jornalismo Ambiental da Universidade de Columbia

Karla Mendes, repórter investigativa da Mongabay no Brasil, acaba de se tornar a primeira brasileira vencedora do prêmio John B. Oakes de Excelência em Jornalismo Ambiental, da Universidade de Columbia, EUA. Karla venceu com uma investigação que revelou a explosão de gado ilegal e crimes ambientais na Terra Indígena Arariboia, no Maranhão, em meio a um número recorde de assassinatos de indígenas Guajajara.

“A reportagem de Mendes é um feito extraordinário de documentação, multimídia, jornalismo de dados, mapeamento e análises”, escreveram os jurados do prêmio, anunciado em 23 de julho pela Universidade de Columbia, em Nova York. “Mendes arriscou sua vida várias vezes para fazer a reportagem em campo, passando por áreas dominadas pelos criadores de gado para chegar à Arariboia, uma das áreas mais perigosas do mundo”.

Criado em 1994, o Oakes é considerado um dos prêmios mais importantes do jornalismo, reconhecendo contribuições excepcionais para a compreensão do público sobre questões ambientais. Geralmente, esse prêmio é concedido a repórteres de grandes veículos, como New York Times, Reuters e Pro Publica.

Os jurados concederam o prêmio a Karla Mendes pelas “provas rigorosamente coletadas que desencadearam uma série inovadora de ações” por Governo Federal, Ministério Público e organizações não-governamentais. Publicada em português, inglês e espanhol, a série foi usada pelo Governo Federal para remover milhares de cabeças de gado da Arariboia. A investigação faz parte da série A madeira do sangue Guajajara, que teve financiamento e apoio editorial da Rainforest Investigations Network do Pulitzer Center.

O fio condutor da investigação foi o assassinato do guardião da floresta Paulo Paulino Guajajara em novembro de 2019, em uma emboscada de madeireiros na Arariboia. Karla entrevistou Paulo nove meses antes de sua morte para um documentário que codirigiu e que ganhou quatro prêmios internacionais. O Ministério Público Federal usará a série como prova no julgamento do assassinato de Paulo.

A série de reportagens, que também recebeu menção honrosa no Prêmio ARI/Banrisul de Jornalismo, foi destacada em uma série da CBC sobre riscos para fazer reportagens na Amazônia. Também foi citada no livro What Will Your Legacy Be?: Conversations With Global Game Changers About the Climate Crisis (Qual o seu legado? Conversas com lideranças sobre a crise climática), de Sangeeta Waldron, que dedicou um capítulo do livro à investigação e à trajetória profissional de Mendes.

1º turno da eleição dos 100 +Admirados Jornalistas Brasileiros termina nesta quinta-feira (24/7)

Termina nesta quinta-feira (24/7) o primeiro turno do prêmio Os 100 +Admirados Jornalistas Brasileiros. Nesta fase, o colégio eleitoral formado por jornalistas e profissionais de comunicação poderá indicar livremente até dez nomes de sua admiração, de qualquer veículo, plataforma e região do País.

Os nomes mais citados serão classificados para o segundo turno, que terá início na próxima semana, onde os eleitores poderão escolher os cinco profissionais de sua preferência, do 1º ao 5 º colocado.

“Mais do que uma premiação, o 100 +Admirados é um gesto coletivo de reconhecimento a quem honra diariamente a missão de informar com ética, coragem e profundidade”, destaca Eduardo Ribeiro, diretor deste Jornalistas&Cia e idealizador do projeto, que retorna em 2025 para celebrar os 30 anos da newsletter. “Num momento em que o jornalismo enfrenta ataques, descrédito e transformações profundas, celebrar os profissionais mais admirados do País é também afirmar, com todas as letras, que sem imprensa livre não há democracia possível”.

Realizada nos anos de 2014 e 2015, a eleição consagrou nessas duas edições Ricardo Boechat como o +Admirado Jornalista do Ano. Apesar do hiato de dez anos, ela deu origem nessa última década a sete premiações segmentadas: +Admirados da Imprensa Automotiva; Imprensa de Economia, Negócios e Finanças; Imprensa de Tecnologia; Imprensa Esportiva; Imprensa do Agronegócio; Imprensa de Saúde, Ciência e Bem Estar (com patrocínio exclusivo do Hospital Israelita Albert Einstein); e Jornalistas Negros e Negras da Imprensa Brasileira (em parceria com os sites 1 Papo Reto e Neomondo e a Rede de Jornalistas Pretos pela Diversidade na Comunicação).

Participe, dê seu voto e seu apoio ao Prêmio Os 100+ Admirados Jornalistas Brasileiros. Vote aqui!

Assaí também associa sua marca ao prêmio

O Assaí, rede brasileira de atacarejo, é a quinta empresa a confirmar participação na homenagem aos +Admirados Jornalistas Brasileiros. Com esse novo reforço, a iniciativa passa a contar com os patrocínios de Syngenta e Uber, e colaborações de Assaí, Cogna e JTI. Empresas interessadas em associar suas marcas à premiação e à cerimônia de entrega dos certificados e troféus, marcada para setembro, podem obter mais informações com Vinicius Ribeiro ([email protected]).

Prêmio CNT de Jornalismo 2025 abre inscrições

Estão abertas até 12 de agosto as inscrições para o Prêmio CNT de Jornalismo 2025, que premia e valoriza trabalhos jornalísticos sobre o desenvolvimento do transporte brasileiro. A principal novidade deste ano é a inclusão de duas novas categorias: Texto e Multiplataforma.

A categoria Texto vai premiar reportagens em texto publicadas em veículos impressos ou eletrônicos; e Multiplataforma vai reconhecer trabalhos que combinam, de forma integrada, pelo menos dois formatos jornalísticos. Essas duas se juntam às já tradicionais categorias Áudio, Fotojornalismo, Meio Ambiente e Transporte, Vídeo e Comunicação Setorial, totalizando sete categorias.

Podem ser inscritos trabalhos veiculados entre 6 de agosto de 2024 e 12 de agosto de 2025. Os vencedores de cada categoria receberão R$ 35 mil e disputarão o Grande Prêmio CNT, que premiará o melhor trabalho entre os vencedores com a quantia de R$ 60 mil. Entre os critérios de avaliação dos trabalhos estão: impacto no setor de transporte e para os transportadores; excelência editorial; importância social; criatividade e originalidade; e pertinência atual.

Os vencedores serão anunciados em novembro.

Confira o regulamento completo e inscreva-se aqui.

Documentário brasileiro sobre Cuidados Paliativos está disponível no Globoplay

Documentário brasileiro sobre Cuidados Paliativos está disponível no Globoplay
Crédito: National Cancer Institute/Unsplash

Está disponível no catálogo do Globoplay, pela grade do Canal Futura, o filme Uma Boa Notícia – o conforto sob a tempestade, que aborda os Cuidados Paliativos no Brasil e a rotina dos profissionais de saúde e pacientes que enfrentam doenças graves e progressivas. É o primeiro documentário brasileiro sobre o tema que está disponível nas plataformas de streaming.

A equipe do documentário foi até o maior câncer center de Cuidados Paliativos do País para mostrar o dia a dia e as estratégias de atendimento dos profissionais de saúde. O filme mostra a atuação desses profissionais e o benefício da abordagem deles com pacientes e familiares impactados por doenças ameaçadoras, que inspiram um olhar mais humano dentro e fora dos hospitais. “Cuidados Paliativos não são o fim, são apenas o começo”, diz a sinopse do filme.

O documentário é uma realização de Instituto Ana Michelle Soares e A.C.Camargo Cancer Center. A direção é de Flávio Vieira, que também assina o roteiro, ao lado de Tom Almeida e Juliana Dantas, esta última jornalista especializada em Cuidados Paliativos, morte e luto, e que comandou por muitos anos o podcast Finitude, ao lado de Renan Sukevicius.

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