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segunda-feira, dezembro 8, 2025

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Celso Barbosa diz que vai processar Revista de História

Celso de Castro Barbosa vai entrar com uma reclamação trabalhista contra a Sociedade de Amigos da Biblioteca Nacional (Sabin), seus ex-empregadores, e processá-la por danos morais devido à nota divulgada pela entidade na qual atribui ao jornalista a responsabilidade integral sobre a resenha do livro A privataria tucana, de Amaury Ribeiro Jr., publicada no site da Revista de História em 24 de janeiro deste ano. Poucos dias depois o texto foi retirado do ar e seu autor, demitido, assim como o editor-chefe Luciano Figueiredo. A resenha, elogiosa ao livro, provocou indignação na direção do PSDB, que ameaçou processar o autor e a publicação devido ao conteúdo. Sérgio Guerra, presidente do partido, enviou cartas à ministra Ana de Hollanda e a Figueiredo, ?repudiando as falsas acusações e insinuações? de Barbosa, segundo aspas reproduzidas pelo Globo em 2/2 (que também cita Marcos Sá Correa, jornalista responsável da revista e que está afastado de todas as atividades profissionais há meses em decorrência de problemas de saúde, como um dos destinatários do protesto de Guerra). A nota da Sabin pediu desculpas a eventuais ofendidos e afirmou que ?todos os textos do site e da revista são avaliados internamente pelos editores, o que não ocorreu? com o de Barbosa, e que ?o artigo é um posicionamento pessoal do repórter e contraria a linha editorial da Revista?. Ele negou que tenha sido o único responsável pela publicação. ?Meu texto foi, sim, lido e avaliado pelo editor do site, por minha chefe imediata e, ainda depois de publicado, pelo próprio Luciano Figueiredo?, afirmou Barbosa em carta endereçada à Sabin, anterior à ação. Vivi Fernandes de Lima, editora-assistente da revista, e Felipe Sáles, então editor do site, corroboram em depoimento ao Sindicato de Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro que leram o conteúdo antes da publicação. O Sindicato afirmou que vai auxiliar o profissional em sua luta jurídica, exigindo que a Sabin se retrate e publique a verdade sobre o caso, e por entender que a entidade ?contrata jornalistas sem carteira assinada e que trabalham nove horas por dia”. A Sabin reforçou, numa segunda nota publicada na última 6ª.feira (30/3), que não interfere no conteúdo editorial do veículo e que as demissões dos profissionais não têm relação entre si: Barbosa teria sido dispensado numa divergência com Figueiredo, esta sim sobre o conteúdo da resenha; e o editor foi afastado por questões administrativas. É importante destacar que a Sabin não tem vínculo com o Governo Federal, sendo uma instituição sem fins lucrativos ? com entidades privadas entre os sócios ?, que gere uma revista com operação comercial, cuja parte editorial é fundamentada nos livros, documentos, iconografia e outros arquivos da Biblioteca Nacional. 

Cláudio Humberto comandará edição de Brasília do Metro

O diário gratuito Metro, sociedade do Grupo Bandeirantes com a Metro International, chega ao mercado brasiliense entre o final de abril e o começo de maio e vai circular de 2ª a 6ª.feira. A festa de lançamento será realizada no Espaço Brasil 21. Além de Brasília, o jornal circula em São Paulo, Rio, Campinas, Santos, Curitiba, Santo André, São Bernardo do Campo e São Caetano. O comando do diário em Brasília será de Cláudio Humberto, que atualmente toca um programa na Rádio Bandeirantes e o site www.claudiohumberto.com.br, de análise de bastidores do poder, que ele pretende conciliar com a nova incumbência.

– Achava que teria um momento de descanso ao menos de madrugada, brinca, “mas este novo projeto é muito animador, principalmente por ter Lourenço Flores na garantia de qualidade do trabalho”. Lourenço desligou-se na última 6ª.feira (30/3) do Correio Braziliense, onde era subeditor de Mundo/Variedades, para ser o editor-executivo do Metro no DF.

Gaúcho, iniciou a carreira no Grupo Sinos, depois foi para Zero Hora, em Porto Alegre, até vir para Brasília, ainda pela RBS, como chefe de Redação da sucursal de ZH. Trabalhou em Veja e estava no Correio Braziliense havia cinco anos, em sua segunda passagem por lá. Ele explica que a equipe que atuará em Brasília terá, além das notícias locais, duas vagas de repórter exclusivas para a cobertura de Nacional.

Outra característica que diferenciará a edição brasiliense das demais cidades será sua distribuição, pois ele chegará também a repartições públicas, empresas privadas e estabelecimentos comerciais. A sede do Metro funcionará no 15º andar do prédio da Bandeirantes (Edifício João Carlos Saad ? Setor Comercial Sul). Em fase de expansão, o Metro também chegará nas próximas semanas à Bahia.

O Povo lança Cenário, revista que cobre parte do NE

O Grupo O Povo lança a revista O Povo Cenário, publicação trimestral que pretende reunir a cada edição histórias sobre política, economia, cultura, gastronomia, comunicação e pessoas de Ceará, Piauí, Rio Grande do Norte, Bahia e Pernambuco. Sob o comando do editor-executivo Jocélio Leal e das editoras Ana Naddaf e Nathália Bernardo, todos integrantes do Grupo, conta com projeto gráfico de Andrea Araújo, design de André Cavalcanti, Eduardo Vasconcelos e Ícaro Guerra, fotos de Ethi Arcanjo, Edimar Soares, Fábio Lima, Fco Fontenelle e Roberto Kennedy, além de correspondentes nos cinco estados.  O Povo Cenário faz parte do Núcleo de Revistas, ligado ao comando editorial do jornal e integrado por Arlen Medina, Fátima Sudário e Erick Guimarães. O empresário cearense Ivens Dias Branco, dono de uma fortuna de US$ 3,8 bilhões e que está no ranking da Forbes, é a capa da edição de estreia, com textos de Ana Naddaf, Antônio Meira, Cláudio Ferreira Lima, Érico Firmo, Etiene Ramos, Fábio Campos, Felipe Araújo, Guálter George, Jáder Santana, João Pedro Pitombo, Jocélio Leal, Joelma Leal, Larissa Viegas, Luciana Azevedo, Marcos Sampaio, Moisés de Lima, Nathália Bernardo, Plínio Bortolotti, Rebecca Fontes e Sabryna Esmeraldo.

Morre o criador do Prêmio Esso

Ney Peixoto do Valle morreu aos 83 anos, no domingo (1º/4), em Salvador, após um acidente vascular cerebral. Fluminense de Macaé, formado em Administração de Empresas, radicou-se no Rio e começou no Jornalismo no extinto Diário Carioca. No início da década de 1950, passou a trabalhar no Departamento de Relações com os Acionistas da Esso Brasileira de Petróleo, e ali, em 1955, convenceu a direção da empresa a criar um prêmio para jornalistas nos moldes do americano Pulitzer, o Prêmio Esso de Reportagem. O certame, com 56 edições ininterruptas e hoje chamado Prêmio Esso de Jornalismo, tornou-se o reconhecimento mais importante dos profissionais do setor no País. Depois de sair da Esso e de uma temporada como diretor comercial da LTB (Listas Telefônicas Brasileiras), Valle fundou, em meados da década de 1960, com Arides Visconti, a ACI ? Assessoria de Comunicação Integrada, uma das primeiras agências brasileiras que se propôs, entre outras atividades, a intermediar o relacionamento das empresas com a imprensa, com escritórios no Rio e em São Paulo. Nessa época, foi um dos fundadores da Associação Brasileira de Relações Públicas, que deu origem aos Conselhos Regionais da categoria, os Conrerps. Em sua gestão, estabeleceu princípios éticos e procedimentos que garantissem a confiabilidade do trabalho de RP, com base na conduta que impunha à ACI, e lutou pela regulamentação da profissão, o que veio a ocorrer em 1967. Nos anos 1980, a agência, então com 15 anos de funcionamento, associou-se à americana Hill&Knowlton. Três anos depois, foi vendida. Visconti, sócio por mais de 20 anos, diz dele: ?Profissionalmente, tinha enorme capacidade, uma visão muito acertada do trabalho da imprensa e da forma como conduzir a Comunicação. Pessoalmente, foi um dos meus melhores amigos; sinto sua falta. Perco um grande companheiro e a imprensa perde um grande profissional?. Após a venda da ACI, Valle abandonou a Comunicação, mudou-se para Nova Friburgo, no Estado do Rio, e montou uma bem sucedida fábrica de alimentos. Há oito anos, precisou fazer um tratamento de saúde e havia, em Salvador, um hospital de referência. Aclimatou-se, tinha um filho que já trabalhava lá, e não mais saiu da cidade. Vendeu seus bens no Estado do Rio e montou uma empresa de aquecimento solar. Incansável, fundou uma Associação de Moradores no bairro em que morava, a Pituba. Passou a presidência da entidade na véspera de sofrer o derrame. Foi casado por 34 anos com Sueli Groetzner, que conheceu quando ela trabalhava em editoração gráfica na ACI. ?Inteligente, criativo e, acima de tudo, íntegro?, lembra Sueli. Ney deixa também três filhos e seis netos. Da última fase, seu filho Alexandre comenta: ?Era intelectualmente inquieto, nunca se acomodou. Apesar de carinhoso, era rigoroso, procurava fazer tudo de forma correta. Mas a ida para Salvador desenvolveu seu lado mais humano, de interagir com o povo na rua. Arrematou a vida dele com essa pegada humana. Morreu serenamente ? ficou internado só um dia e meio ? com todos os filhos do lado?. A missa de 7º dia acontece nesta 2ª.feira (9/4), às 18h, na igreja de N.Sra. do Brasil (av. Portugal, 772), na Urca.

Jornal de Brasília e Band DF cortam perto de 20 profissionais

Jornal de Brasília e Band DF cortaram perto de 20 jornalistas na última 6ª.feira (30/3). No jornal, as informações dão conta de que saíram ao menos oito profissionais, entre eles Valdeci Rodrigues, editor de Brasil. O diário, a propósito, já há algum tempo vem tentando negociar com o Sindicato a regularização dos contratos de trabalho de grande parte de seus funcionários. Na Band, mais de dez funcionários teriam sido dispensados com a descontinuação dos programas Jogo Aberto, apresentado por Fábio Santos, com três assistentes na equipe; e Band Cidade 1, apresentado por Cláudia Toledo, que contava com o apoio de oito profissionais. Neste caso, o programa saiu do ar, segundo fontes da própria emissora, para que o Brasil Urgente pudesse ser ampliado, seguindo o sucesso de audiência alcançado nos últimos anos. Apresentado por José Luís Datena, passa a ser veiculado duas vezes ao dia: das 12h50 às 14h, e das 16h45 às 18 horas.

Veja BH começa a circular em 5 de maio

Está marcado para 5/5 o lançamento de Veja BH, que, como Veja São Paulo (lançada em 1985) e Veja Rio (1991), será uma revista semanal, encartada em Veja. Com tiragem de 70 mil exemplares distribuídos em Belo Horizonte e num raio de 200 km da capital mineira, abrangendo 66 municípios, seguirá a fórmula das outras duas Vejinhas: reportagens sobre o que a cidade oferece de melhor, seus assuntos mais relevantes e personagens de destaque, sem deixar de abordar problemas, com propostas de soluções; seções fixas, como As Boas Compras e outras equivalentes às de suas irmãs paulistana e carioca; além de colunas de serviço e crítica de bares, restaurantes, comidinhas, shows, teatro, cinema etc.. Ao contrário do que é feito em São Paulo e no Rio de Janeiro, as colunas de Bares e Restaurantes terão o mesmo tamanho, dada a grande importância dos bares e botecos na vida de Belo Horizonte.

E como acontece com Veja Rio, a redação de Veja BH funcionará na própria cidade. Ela começou a trabalhar nesta 2ª.feira (2/4) e até a próxima semana fica provisoriamente no Hotel Mercure; em seguida, mudará para o edifício Melmor, no bairro de Savassi. A nova Vejinha integra o grupo Veja Cidades, dirigido por Carlos Maranhão, onde também estão Veja São Paulo, Veja Rio e as edições regionais de Comer & Beber. Veja BH terá como diretor de Redação Alessandro Duarte, que foi editor-chefe de Veja Cidades (responsável por 18 edições regionais de Comer & Beber e vários especiais) e, antes, de Veja São Paulo. Ele chefiará uma equipe inteiramente recrutada em Belo Horizonte.

A redação terá 22 pessoas, sendo 20 jornalistas (de texto e arte). Já estão contratados: Ivana Moreira, editora-chefe; André Nigri, editor do Roteiro; Paola Carvalho, Daniela Nahaas, João Renato Faria, Rafael Rocha, Raíssa Pena, Isabella Grossi, Cedê Silva e Luísa Brasil, repórteres; Anderson Almeida, editor de Arte; e Enio Costa e Júnior Reis, designers. A experiência com edições regionais fora do eixo Rio-São Paulo das Vejinhas não é inédita. Entre 1990 e 1992, a Abril chegou a editar nove títulos: seis semanais (entre eles BH), dois quinzenais e um mensal. Estavam à frente desses projetos o então editor-executivo Laurentino Gomes (hoje dedicando-se à literatura, com a trilogia 1808, 1822 e 1889 – ver pág. 10) e o editor Caco de Paula, que continua na Abril, atualmente na função de publisher.

Ficaram apenas Veja São Paulo e Veja Rio e as demais foram descontinuadas. A Abril, no entanto, seguiu acreditando no potencial de BH, tanto assim que desde 1997 publica anualmente a edição Comer & Beber em Belo Horizonte. Os testes definitivos de mercado foram dois especiais recentes: 113 motivos para amar Beagá (dezembro de 2010) e As glórias e as caras da cidade (dezembro de 2011), ambas um sucesso de publicidade.

Como se sabe, as Vejinhas vivem exclusivamente dessa receita, e, apesar dessa limitação, Veja São Paulo, por exemplo, é a segunda maior revista da Abril em faturamento e margem, ficando atrás apenas de sua mãe, a Vejona. Na semana passada, o projeto foi apresentado ao mercado local, durante um café da manhã em Belo Horizonte. Nesta 4ª.feira (4/4), será anunciado para o mercado paulista, com um jantar mineiro preparado pela chef Bel Coelho no restaurante do Terraço Abril.

Fernando Molica lança O inventário de Julio Reis no Rio

Fernando Molica (ex-Folha, Estadão e O Globo) autografa nesta 3ª.feira (10/4) O inventário de Julio Reis, biografia do compositor paulista que buscou o sucesso no Rio, então Capital Federal, no início do século passado, em meio a grandes mudanças no mundo da música. A história, agora recontada pelo bisneto do compositor, tem narrativa de ficção e recria o ambiente da época.

Na ocasião, o pianista João Bittencourt executará composições de Julio Reis. Molica também é autor de Notícias do Mirandão (2002), O homem que morreu três vezes (2003), O ponto da partida (2008) , todos publicados pela Editora Record e Bandeira negra, amor (Objetiva, 2005). Finalista do Prêmio Jabuti, também foi o organizador das obras 50 anos de crime (2007) e 10 reportagens que abalaram a ditadura (2005), também pela Record.

Mais informações sobre a obra do autor você confere em www.fernandomolica.com.br. SERVIÇO Lançamento de O inventário de Julio Reis, de Fernando Molica Data: 10/4 (3ª.feira) Horário: 19 horas Local: Livraria Saraiva do Shopping Rio Sul (rua Lauro Muller, 116, Rio de Janeiro)Editora: RecordPáginas: 192

Klester Cavalcanti volta à Editora Três

Klester Cavalcanti, que deixou em fevereiro o portal do Estadão, está de volta à Editora Três, de onde saíra há dois anos justamente em direção do Grupo Estado, para assumir a editoria de Variedades do Jornal da Tarde. Ele começou como editor-executivo de IstoÉ Gente, na equipe da diretora de Redação Gisele Vitória. Também volta, assim, a trabalhar com jornalismo de celebridades, área em que havia atuado sob a direção de Edson Rossi, na redação de Contigo, da Abril. Klester teve passagens, entre outras redações, por Veja, Vip, Domingo (JB), Fut/A+ (Lance) e IstoÉ. Seus novos contatos são [email protected] e 11-3618-4319. Ele também assinou contrato para transformar em filme seu livro O nome da morte (2º lugar no Jabuti de 2007), que conta a história real de Júlio Santana, matador de aluguel com quase 500 mortes nas costas, mas que continua em liberdade. Segundo Klester, o filme, que deve estar pronto em 2013, será dirigido por Henrique Goldman, diretor de Jean Charles, que teve Selton Melo como protagonista. Klester também é autor de outros dois livros: Direto da Selva, uma reportagem sobre a Amazônia, e Viúvas da Terra (Jabuti de 2005), em que denuncia o extermínio de trabalhadores rurais no Brasil.

Pioneiro faz caderno especial sobre o futuro da educação

O Pioneiro, de Caxias do Sul, publicou em sua edição conjunta de 31/3 e 1º/4 um caderno de oito páginas sobre educação. A reportagem foi a cinco países de três continentes para mostrar como vem sendo projetado o futuro da educação pública. Foram comparadas as realidades de crianças entre oito e dez anos em cidades com média de 500 mil habitantes: Nice (França), Málaga (Espanha), Fort Worth (Estados Unidos), Valparaíso (Chile) e Caxias do Sul (Brasil). No final, professores projetaram em cartas como será a educação daqui a 20 anos, quando essas crianças estarão no mercado de trabalho. Elas ficarão em uma cápsula do tempo enterrada em Caxias do Sul e serão abertas daqui a duas décadas. No www.pioneiro.com, o internauta pode acessar os cinco vídeos das escolas e outros cinco com mensagens dos professores, além de galerias de fotos sobre as cidades visitadas.

Economia, de mãe para filha

Desde criança desenhava em laudas e brincava com máquinas de escrever de Gazeta Mercantil e Jornal do Brasil, enquanto sua mãe, jornalista, se esforçava na efervescente cobertura econômica da época, com o lançamento do Plano Cruzado. Com esse cenário, seria até difícil imaginar que Mariana Durão, repórter de Economia da Agência Estado, com passagens por Gazeta Mercantil, Jornal do Commercio (RJ), Exame e O Globo, não seguisse os passos de sua mãe no jornalismo.

Filha de Vera Saavedra Durão, repórter especial do Valor Econômico e que também atuou nas redações de O Globo e Jornal do Brasil, e sucursais fluminenses de Gazeta Mercantil e Folha de S.Paulo, Mariana bem que tentou outra carreira apesar de todo o envolvimento desde cedo com as redações. Formada em Direito pela Uerj, chegou inclusive a trabalhar na Procuradoria do Município do Rio de Janeiro, não sem antes ter tido sua primeira experiência no jornalismo. Pedi para conhecer o Fernando Horácio da Matta (falecido em 2003), que escrevia crônicas esportivas na Gazeta Mercantil, onde minha mãe trabalhava.

Ele era uma figura ímpar e foi logo me dando a missão de entrevistar ex-jogadores de basquete da seleção. Eu não tinha muita noção do que estava fazendo, mas entreguei um texto e ele publicou assinado. Daquele dia em diante virei estagiária da Gazeta?, conta Mariana. Sua mãe foi militante da clandestina VAR-Palmares, guerrilha política brasileira de extrema esquerda que combatia o regime militar, tendo chegado inclusive a ser presa no começo da década de 1970. Vera começou no jornalismo Econômico quase que por acidente, e pela necessidade de quem recém havia saído da prisão: “Fui ajudada na época pela Sueli Caldas, cujo marido estava preso junto com o meu, aqui no Rio.

Foi engraçado, pois ela trabalhava na pesquisa do JB e me arrumou um free-lancer sobre Trade Company. Eu, militante de esquerda, recém-saída da prisão, nem tinha ideia do que podia ser uma Trade Company, mas fiz o trabalho e ganhei na época o correspondente hoje a R$ 50”, afirma. Economia também não era a primeira opção de Mariana que, mesmo cursando Direito e estagiando num jornal especializado no assunto, sempre se identificou mais com Esportes, editoria para qual escrevia inicialmente na Gazeta. Porém, com o conhecimento adquirido na faculdade, sua mudança para cobrir segmentos ligados à legislação brasileira foi automática e natural. Após um convite do então editor do caderno de Legislação Gilberto Pauletti, caminhos de mãe e filha no jornalismo econômico finalmente se encontravam.

Em entrevista ao Portal dos Jornalistas, elas contam sobre essa relação no dia-a-dia da cobertura econômica, a troca de informações, os furos, os bate-papos nos momentos de folga e o convívio familiar.

Portal dos Jornalistas – Até que ponto a carreira bem sucedida da mãe no jornalismo econômico pesou nas decisões profissionais da filha?

Vera Saavedra Durão – Quando Mariana era pequena eu sempre a levava nos meus plantões e assim ela teve o primeiro contato com as redações. Com isso, ela conhecia também meus amigos jornalistas e acredito que sempre teve uma certa curiosidade em relação a esta profissão, já que frequentemente me ouvia falar das entrevistas que fazia, das viagens, dos fatos que tinha que cobrir, acho que isso a influenciou. Quando adolescente, era comum ela ler minhas matérias, e mesmo antes de se formar em direito apaixonou-se pelo jornalismo e começou a fazer algumas matérias esportivas lá na GZM. Ainda assim fiz questão de que ela terminasse o Direito antes de fazer Jornalismo. Mas sempre a adverti de que esta era uma profissão de “maluquete”, e ela me respondia: “Melhor maluquetes do que os chatos do Direito”. Tentei dar o alerta, mas não adiantou. O DNA falou mais alto.

Mariana Durão -” A culpa é toda dela, mas o fato de minha mãe ter uma carreira bem sucedida na área, apesar de alguma influência, não foi determinante para a minha escolha. Eu sempre achei o jornalismo uma profissão, apesar de sacrificante, também muito interessante. Minha mãe trabalhava muito e chegava tarde todos os dias. Ela é uma excelente repórter, perspicaz, com faro para a notícia, uma disposição invejável (é workaholic mesmo) e atenta ao que se passa no mundo. Apesar de todos os sacrifícios pessoais sempre a vi como uma pessoa realizada na carreira e com uma missão muito importante. Mas, na verdade, nunca me senti advogada e sempre fiquei mais à vontade no jornalismo, livre do “terno e gravata”.

PJ – Como é o dia a dia e a relação profissional entre vocês?

Vera – É muito legal a gente ter um filho que segue a nossa carreira, mas também dá um certo estresse, pois você torce para ele ser tão bem sucedido quanto você. Felizmente, a Mariana é muito competente e tem recebido bons convites. Eu até gostaria que ela trabalhasse comigo no Valor, mas infelizmente isto é impossível, porque o jornal não emprega parentes. Mas no começo era bastante engraçado, a Mariana me solicitava muito, mas não gostava que eu falasse para as fontes que ela era minha filha. Coincidência ou não, elas sempre lhe faziam essa pergunta e ela ficava “tiririca”. Achava que isso a obrigava a ser como eu, uma jornalista sênior.

Mariana – No início da carreira eu me sentia um pouco intimidada com o peso de ser filha da Vera Durão. Era um pouco estranho quando nos encontrávamos na rua durante as coberturas. Aos poucos fomos acertando a mão e acho que a relação hoje é bem tranquila. Considero um privilégio trocar ideias com ela sobre o que está acontecendo e aprender com a sua experiência nas coberturas, sempre dentro dos limites profissionais. Hoje já não temos mais tanto contato, pois trabalhamos em locais diferentes, mas até há pouco tempo nos encontrávamos no bandejão do prédio do Globo (onde fica o Valor também) e era engraçado.

Vera – Quando ela estava aqui no Globo eu ia visitá-la na redação e todo mundo ficava olhando. Eu brincava com os coleguinhas : “Vim lamber a cria”.

PJ – É comum o encontro entre vocês duas nas coberturas?

Vera – Acontecia bastante na época em que cobríamos o BNDES. Hoje é mais raro, pois ela está no Estadão cobrindo uma área diferente. Para mim é melhor. Quando ela me furava, em algumas coberturas de mineração e siderurgia, eu me sentia meio constrangida, apesar de orgulhosa. As fontes chegavam a brincar comigo quando isso acontecia. Quando ela levava um furo meu, também ficava nervosa, apesar de que sempre tirava de letra.

Mariana – Nessa época em que cobríamos BNDES também tivemos alguns episódios bem engraçados. Uma vez, lá no banco, pegamos o elevador com outros coleguinhas e sem querer, de repente eu soltei um “manhê!”. Foi aquele silêncio e em seguida a Cássia Almeida, de O Globo, perguntou: “Meu Deus! Quem está chamando a mãe aqui”.

Vera – Quando a Mariana falou ” sou eu” , todo mundo começou a rir.

PJ – Como funciona entre vocês a questão da troca de informações?

Vera – “Chinese Walls”, como dizem no mercado financeiro. Às vezes a gente troca algumas fontes, mas nada de informações. Cada uma apura sem falar para a outra o que está fazendo. Só comentamos depois de a matéria ter saído. É um acordo tácito entre nós.

Mariana – Trabalhamos para veículos concorrentes e atuamos na mesma área, então é preciso separar bem as coisas. É como diz o ditado “amigos, amigos, negócios à parte”. Lembro que no Jornal do Commercio estava apurando uma matéria e ela publicou dias antes. Na hora fui falar com a Jô Galazi, minha chefe na época: “Fui furada pela minha própria mãe!”.

PJ – E fora do expediente de trabalho, no convívio familiar, o assunto ,economia, é recorrente?

Vera – É inevitável quando a gente se encontra, mas tentamos não ser “chatas”, pois o meu marido logo nos adverte: “Reunião de pauta, aqui, não”. Mas. na verdade, ele também sempre entra na conversa conosco e gosta de sugerir algumas pautas, todas muito legais. Acho isso muito engraçado.

Mariana – É quase inevitável porque é um assunto que nos interessa, e é comum, mas não vai além do saudável. Economia é um tema como tantos outros na família: política, cinema, viagens. O que vale mesmo é o debate.

PJ – Vocês se espelham (ou espelharam) em alguém em suas carreiras?

Vera – Ninguém em especial. Tenho admiração pelo Alberto Dines, que foi meu chefe na Folha, Samuel Wainer, Matías Molina e Paulo Totti, que considero meu guru. Optei pelo jornalismo porque sempre gostei de escrever, desde pequenina. E não me arrependo. É uma profissão fascinante!

Mariana – A Vera Durão certamente é uma referência no jornalismo econômico. Também admiro a Flávia Oliveira, com quem trabalhei nos últimos anos e é uma profissional que enxerga bem além dos números da economia. A Ramona Ordonez, do Globo, sabe tudo de petróleo e não se furta a ensinar os “não iniciados” no setor. Também admirava muito o trabalho do José Meirelles Passos, repórter de O Globo que foi correspondente em Washington e faleceu no ano passado.

Em tempo , Além de Mariana, Vera também é mãe de Carolina Durão que, apesar de não ser jornalista, também seguiu na área de comunicação. Formada em Cinema pela Universidade Federal Fluminense, ela atuou como assistente de Direção dos filmes A Alegria (de Felipe Bragança e Marina Meliande), Sala de Espera (de Lucia Murat), Tatuagem (de Hilton Lacerda) e Agamenon (de Victor Lopes), que, coincidência ou não, conta a história de um jornalista, o personagem fictício Agamenon Mendes Pedreira, criado há mais de 20 anos pelos humoristas Marcelo Madureira e Hubert. Seu marido, tantas vezes citado na entrevista, é Jorge Eduardo Saavedra Durão, advogado que também não chegou a exercer a profissão. Com mestrado em antropologia, optou por trabalhar na área social e durante 25 anos foi diretor-executivo da ONG Fase.

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