Radicado há quase 30 anos em Boa Vista, Plínio Vicente da Silva (ex-Estadão) conta a história de admiração de um cidadão roraimense pelo falecido deputado Ulysses Guimarães. O dia em que Joãozinho conheceu o Dr. Ulysses Quando cheguei em Roraima, em fevereiro de 1984, o território federal tinha como governador o general Arídio Martins de Magalhães, indicado pelo Ministério do Interior e nomeado pelo presidente da Republica. A polarização política se dividia entre o PDS e o PMDB. O primeiro abrigava a elite ? políticos e empresários chapas-brancas e servidores públicos ?, toda ela aliada de primeira hora do regime militar; do outro lado estavam aqueles que, por alguma razão, não encontravam espaço no grupo situacionista. Esse grupo do contra tinha em seu meio, como principais patrocinadores, alguns empresários pequenos que não conseguiam vender para o governo. A eles se juntavam advogados independentes em busca de uma causa, qualquer que fosse, e políticos excluídos dos quadros pedessistas. Havia também um grupo de jovens extremistas e barulhentos, filhos de famílias mais abastadas, vários deles estudando em centros mais adiantados. Entre os que faziam oposição ao grupo do brigadeiro Ottomar de Sousa Pinto, e também ao general Arídio Martins de Magalhães, governador indicado por Mário Andreazza e nomeado por João Figueiredo, chamou-me a atenção um sujeito baixinho, cabecinha redonda, careca já bem dominante, cara de quem era acionista das cervejarias. Tinha uma prosa solta, falava com certo conhecimento sobre muitos assuntos, mas era ainda mais eloquente quando a conversa girava em torno do Flamengo, do PMDB e de seu grande ídolo, o dr. Ulysses Silveira Guimarães. Sim, era assim que ele fazia questão de chamá-lo, pronunciando nome e sobrenomes. Quase sempre vestido com uma camisa do Mengão, nas primeiras vezes em que conversamos confidenciou-me que todos os meses separava uma parte do seu salário de assistente administrativo e enfiava o dinheiro numa garrafa PET, uma espécie de conta-poupança. Quando o domingo de um Fla-Flu se aproximava, ligava para um primo no Rio, pedia a compra do ingresso, rasgava o cofrinho, pegava um jato da Cruzeiro do Sul no sábado à noite e amanhecia na Guanabara. Assistia ao jogo, passava a noite de domingo e toda a segunda-feira comemorando a vitória ou amargando a derrota e à noite viajava de volta. Assim que me instalei como correspondente do Estadão, Joãozinho passou a ser meu consultor para todo tipo de assunto. Filho de antiga família de fazendeiros roraimenses, mas já em estado de decadência financeira, conhecia todo mundo e cada palmo do território. Sabia os nomes de todas as aldeias indígenas, quando haviam sido criadas, seu tamanho e localização e quem eram os tuxauas de cada maloca. Foi assim, com a sua ajuda, que construí uma agenda na qual estavam as melhores fontes; e foi assim também que em pouco tempo consegui fazer grandes matérias, muitas delas furos de reportagem que deram manchetes no velho Estadão. Um dia, precisando de informações sobre um garimpeiro, contrabandista e traficante, que as suspeitas indicavam ser amigo de um delegado da Policia Federal, levei Joãozinho Melo para uma cervejada no bar da Mangueirinha, às margens do rio Branco, no centro histórico de Boa Vista. Certamente teria boas informações sobre o cara, pois já os vira juntos em algumas oportunidades. Quando chegou, meu amigo se desculpou pelo atraso e justificou: tivera que passar na loja de decorações para apanhar um pôster do dr. Ulysses, que mandara emoldurar. Presente de um deputado federal, era um desses que decoram gabinetes, no qual o sujeito faz pose de estadista. Durante nossa conversa Joãozinho dividia o olhar entre o copo de cerveja e o quadro. O que me contou valeu matéria que levou à prisão do garimpeiro, já condenado por crimes cometidos em Bauru, no interior de São Paulo, e que integrava a lista de procurados da Interpol. Por sua vez, o delegado acabou réu em processo administrativo, indiciado em inquérito pela PF e exonerado. Mais tarde, considerado culpado pela Justiça Federal, foi condenado a cumprir pena alternativa: prestar durante um ano defesa gratuita a réus primários. Depois disso foi embora de Roraima e nunca mais o vi. Um dia, conversando com o pessoal da sucursal de Brasília, soube que o dr. Ulysses viria a Boa Vista pela primeira vez. Estávamos às vésperas das eleições de 1986 e empurrado pelo Plano Cruzado o PMDB de José Sarney estava surrando o PDS em quase todos os Estados. Tanto é que elegeu 22 governadores contra apenas um pedessista, o de Sergipe, Antonio Carlos Valadares (Nessa época não havia eleições diretas em Brasília e nos territórios federais e o Tocantins só nasceria com a promulgação da Constituição de 1988). Em Roraima a elite ainda era alinhada com os militares, daí os apelos para que ele viesse fortalecer o partido na capital macuxi. Foi assim que garantiu pelo menos uma das quatro vagas para deputado federal a que o território tinha direito no Congresso Nacional. Eu já conhecia Ulysses e não por conta da minha profissão. Quando do nosso primeiro encontro eu era empregado da Cia. Paulista. Meu falecido sogro, Sálvio de Campos, também ferroviário, fora amigo dele na juventude em Rio Claro. Sempre que coincidia o fato de ambos estarem na cidade, eles e mais um grupo de amigos da mesma época acabavam se encontrando. Numa dessas ocasiões fui a Rio Claro com minha noiva, Maria Salete, e mais a família dela para uma visita a parentes. Foi então que passei cerca de duas horas no encontro dos velhos amigos. Mais tarde, já jornalista, encontrei-o duas vezes, ambas em Brasília. Quando dei a notícia a Joãozinho Melo os olhinhos dele arregalaram, acompanhados de um sorriso franco de felicidade, seguidos de uma expressão de ansiedade: será que ele conseguiria um encontro com seu ídolo? No dia da chegada levei meu amigo ao hotel em que o dr. Ulysses se hospedou. Quando ele desceu do apartamento já no final da tarde e entrou no lobby, fiz questão de cumprimentá-lo. A segurança ia me barrando quando seus olhos claros fixaram-se em mim. Ele abriu um sorriso, veio ao meu encontro, me deu um abraço e perguntou: ?E o meu amigo Sálvio, como ele está??. Lamentou e contou que foram muito amigos, o que deu à nossa conversa a oportunidade que esperava. Antes que seus assessores o levassem, pedi-lhe um favor: fazer uma foto dele com um dos seus maiores fãs. Apresentei-lhe Joãozinho, cuja cabeça batia na barriga do então presidente da Câmara dos Deputados. Disparei minha velha Yashica três vezes e mais não fiz porque ele desapareceu no meio das centenas de pessoas que o aguardavam na porta do hotel. Mas o meu amigo não, ficou ali, arriado no sofá, olhando para a mão que cumprimentara o dr. Ulysses. À noite, no discurso que fez na avenida Venezuela, numa área entre os bairros Messejana e Liberdade, dois vultos se destacavam no palanque pela enorme diferença de tamanho: Ulysses Guimarães e João Melo. No dia seguinte chamei Joãozinho para uma cervejada no bar da Mangueirainha e entreguei a um sujeito ainda emocionado as fotos e os negativos. Não muito tempo depois ele me apresentou o novo pôster, aquele do dia em que ele conheceu o dr. Ulysses. E que ficou na parede da sala de sua casa até o dia em que, atacado por uma grave cirrose hepática, morreu, em 9 de dezembro de 1989.
Sai edição portuguesa de Boa Ventura!, de Lucas Figueiredo
Saiu na última semana a edição portuguesa de Boa Ventura!, quinta obra de Lucas Figueiredo, reportagem histórica em que ele mostra como a ganância e a procura de riquezas ajudou a moldar o Brasil como nós o conhecemos. Em Portugal, onde está sendo editado pela Marcador, com tiragem de 15 mil exemplares, o livro leva o título de A última pepita ? Os portugueses e a corrida ao ouro do Brasil. Por aqui, diz Lucas, está na 4ª edição, com 30 mil exemplares vendidos ? seu título original é Boa Ventura! ? A corrida do ouro no Brasil (1697-1810) ? A cobiça que forjou um país, sustentou Portugal e inflamou o mundo (Record). Ex-Folha de S.Paulo e Estado de Minas (em duas ocasiões), Lucas atuou como assessor do ex-ministro Hélio Costa em sua campanha ao governo de Minas nas últimas eleições e hoje se dedica exclusivamente a projetos autorais em livro e cinema. Ganhador, entre outros, de três Prêmios Esso e um Embratel, mantém um blog e é autor dos livros-reportagem Morcegos Negros ? PC Farias, Collor, máfias e a história que o Brasil não conheceu (2000), Ministério do Silêncio ? A história do serviço secreto de Washington Luís a Lula (2005), O operador ? Como (e a mando de quem) Marcos Valério irrigou os cofres do PSDB e do PT (2006) e Olho por olho ? Os livros secretos da ditadura (2009), todos pela Record.
Roseli Loturco acerta com a Você S/A
Roseli Loturco foi oficializada como editora de Finanças de Você S/A. Ela vinha colaborando no fechamento desde a saída, em fevereiro, de Chrystiane Silva, que foi para o Brasil Econômico como repórter especial de Brasil. Roseli esteve anteriormente na Coordenação de Comunicação da Ernst &Young até novembro passado e desde então vinha atuando como free-lancer para publicações como Exame, Valor Econômico, Época e Época Negócios. Ao longo da carreira, atuou em Estadão, Agência Estado, Veja, DCI e Invest News (da Gazeta Mercantil) ? sempre na cobertura e edição de Finanças e Macroeconomia. Também trabalhou como diretora de atendimento da CDI. Como fã de Chico Buarque de Holanda, não esconde o orgulho de ter feito parte da equipe que produziu o primeiro portal do cantor.
De papo pro ar ? Entusiasmo real
Por Assis Ângelo, jornalista, estudioso da cultura popular e presidente do Instituto Memória Brasil. Num dia qualquer dos anos de 1980, o cantor capixaba Roberto Carlos convidou à sua casa os poetas repentistas pernambucanos Oliveira de Panelas e Otacílio Batista. Entre outros convidados, estava o jurista Saulo Ramos. Os repentistas cantaram e cantaram ao som de suas violas. Lá pras tantas, o jurista quis saber a opinião de Roberto sobre os cantadores. Entusiasmadíssimo, sorrindo de canto a canto, o famoso cantor revelou em voz alta: ? Bicho! Se eu morresse sem ouvir esses artistas, eu morreria sem saber o que é arte.
Extra terá novo projeto gráfico
O Extra chega às bancas no próximo domingo (29/4) com novo projeto gráfico, desenvolvido nos últimos meses pela consultoria espanhola Cases. A notícia em primeira mão, com som e imagem, terá presença imediata no ambiente digital e, no impresso, uma leitura mais crítica dos fatos da véspera, buscando extrair o que será relevante para o leitor no dia seguinte. No atual formato, prepondera a apresentação dos fatos, o que agora será substituído pela repercussão da notícia ? ideia que orientou o trabalho do escritório de design. Boa parte das manchetes do Extra fala de economia popular, de esclarecimento das demandas do público, e mantém a irreverência típica desta audiência. “O Extra, com isso, aprofunda seu caráter utilitário, destacando os impactos da notícia na vida do leitor”, diz Octavio Guedes, diretor de Redação do jornal. Houve seminários com a equipe para discutir as mudanças propostas, pois não se trata apenas de mudar o visual, mas ajustar o impresso à veiculação atual do conteúdo multiplataforma. Este é o terceiro projeto do Extra: o primeiro foi feito em 1998 para o lançamento; houve uma reforma para ajustar os formatos quando o jornal completou cinco anos; e esta. “Uma das premissas de todo o trabalho foi desenvolver o produto com base na sua história de sucesso, preservando sua essência e seus diferenciais, e não customizar um projeto de um escritório de design e torná-lo semelhante a tantos outros que renovaram sua aparência”, diz Bruno Thys, diretor da Unidade de Produtos Populares da Infoglobo.
Solange Azevedo e André Julião deixam IstoÉ
Solange Azevedo despediu-se de IstoÉ depois de dois anos e meio como editora, mas na função de repórter especial. Antes, foi repórter em Época durante uma década. Também graduada em Letras, ganhou 12 prêmios na carreira, entre eles Excelência Jornalística em Direitos Humanos e Serviços à Sociedade (SIP, 2009), Esso de Informação Científica, Tecnológica e Ecológica (2008) e Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos (2006). A reportagem Eles mataram, que fez com Edna Dantas em 2003 para Época, foi publicada no livro Lo Mejor del periodismo de América Latina, obra organizada pela FNPI, entidade criada e presidida por Gabriel García Márquez. Solange já deu aulas de jornalismo investigativo, participou de intercâmbios na Alemanha e nos Estados Unidos e, em 2006, de programa de quatro meses coordenado pelo World Press Institute (WPI). Seus contatos são [email protected] e 11-8334-8670. Outro que deixou IstoÉ foi o repórter André Julião ([email protected] e 11-8365 9992), que cobria Ciência, Tecnologia e Ambiente também havia dois anos e meio. Vai tocar projetos pessoais e frilas. Pretende voltar à África, onde esteve entre março e abril de 2011 participando do projeto Ameaçados ? Lugares em risco no século 21, do fotógrafo Érico Hiller, que registrou em livro as mudanças em curso no vale do rio Omo, no sul da Etiópia. E já tem encomenda de uma reportagem sobre a Ilha da Queimada Grande, a 33 km da costa de Itanhaém, que deve ser publicada com fotos de João Marcos Rosa na edição de maio da National Geographic Brasil.
Caderno Brasília do Hoje em Dia é descontinuado
Saiu no final de março a última edição do Caderno Brasília, suplemento do mineiro Hoje em Dia, descontinuado depois de oito anos de circulação semanal no Distrito Federal. Segundo apurou Jornalistas&Cia, a edição foi cancelada por determinação da matriz, por razões econômicas. Os primeiros indícios de que as coisas não iam bem surgiram com a decisão anterior de reduzir o caderno, de 32 para 16 páginas, diminuir a equipe e transferir o restante da redação para outro endereço, sem custo para a empresa. Ainda lá estavam e agora saíram o diretor Marcel De Brot, o editor Rafael Paixão e os repórteres Hédio Ferreira Júnior, Bianca Moura, Tiago Fernandes e Luciana Barbo, esta a caminho do Sebrae Nacional, para editar a página da Agência Sebrae de Notícias. Foram mantidos o fotógrafo Ivaldo Cavalcante e o repórter Telmo Fadul, para a cobertura diária do Congresso e outras pautas para o Hoje em Dia.
Sebrae divulga vencedores da etapa paulista de seu Prêmio
Sebrae-SP anunciou nesta 3ª.feira (23/4), em cerimônia no Renaissance, os vencedores da etapa paulista de seu Prêmio de Jornalismo, que teve 308 reportagens inscritas em quatro categorias.Disputarão a etapa regional com Espírito Santo, Minas Gerais e Rio de Janeiro Sérgio Tauhata e Thiago Cid (PEGN), com Startups (na categoria Impresso); Wellington Carvalho (Estadão/ESPN), com Pescadores de Oportunidades (Radiojornalismo); Vico Iasi, Francisco Maffezoli Júnior, Fernando Rodrigues, Ivan Belmiro, Talis Maurício e Fernando César (TV Globo), com Os miseráveis do Brasil rural ? problemas, ações e soluções (Telejornalismo); e Ligia Aguilhar, Roberta Cardoso e Carolina Dall´Olio (site Estadão PME), com No dia da pequena empresa, inspire-se com histórias de sucesso (Webjornalismo). A premiação nacional acontecerá em junho, em Brasília, quando serão distribuídos mais de R$ 90 mil (em valores brutos) aos vencedores. A lista dos três primeiros colocados em cada categoria você confere aqui.
Suzana Singer será ombudsman da Folha por mais um ano
Suzana Singer, ombudsman da Folha de S.Paulo desde 2010, renovou por mais um ano e segue para seu terceiro mandato. Ela está no jornal desde 1987 e era secretária de Redação antes da atual posição.
A Folha também anunciou uma ampliação de mandatos de um mesmo ombudsman de três para quatro anos. Permanece o regulamento que proíbe a demissão do cargo durante o mandato e que garante o contrato do profissional com a Folha por no mínimo seis meses após seu afastamento como ombudsman.
R7 monta redação em Brasília
Brasília ganhou em 21/4, dia em que completou 52 anos, o R7 DF, site dedicado a notícias da região. É a segunda página regional implantada pela Record (a primeira foi no Rio, em operação desde outubro de 2010). Além de se dedicar à cobertura nacional de política, a equipe vai focar em reportagens do dia a dia da região.
Para a local, chegam as redatoras-executivas Milena Lopes Gomes e Roberta Luiza Eduardo, respectivamente ex-subeditoras de Política e de Cidades do Jornal de Brasília, e os redatores Gustavo Frasão Caldas (ex-assessor do site Pró-Cursos), Francisco Rafael Monteiro de Rezende (ex-assessor da Procuradoria Geral da República), Thalita Borges Xavier Junqueira (ex-Senado Federal e portal do Jornal de Brasília) e Paulo Mondego (ex-produtor da Record em Brasília), além das estagiárias Jussara Santos Rodrigues e Isabella Tonhá Reis Brandão.
A redação é chefiada pela editora Mariana Londres (ex-Jornal da Tarde, em SP), que entrou no R7 em novembro de 2009 e coordenava a sucursal de Brasília desde 2010. Também integram a equipe, desde dezembro último, as repórteres de cobertura nacional Adriana Caitano Ribeiro (ex-Veja Online em São Paulo) e Marina Marquez (ex-Jornal de Brasília).
Ainda está em seleção um 12º profissional para vaga em reportagem. Além da produção própria, o canal também reúne textos e vídeo produzidos pelos telejornais da Record Brasília. Alguns dos apresentadores vão ser blogueiros oficiais do R7 DF.






