Depois de estrear no mercado editorial com História da imprensa paulista ? Jornalismo e poder de D. Pedro I a Dilma, de Oscar Pilagallo, e A perfeição não existe, coletânea de textos do ex-jogador Tostão, a Três Estrelas, editora recém-criada pelo Grupo Folha, dedicada a livros jornalísticos e ensaios polêmicos, está lançando Diário da Corte, obra que reúne alguns dos textos que fizeram de Paulo Francis um dos mais polêmicos jornalistas da história da imprensa brasileira. Publicados originalmente pela Folha de S.Paulo entre 1976 e 1990, os 76 artigos foram selecionados e organizados, entre 8 mil textos, pelo articulista Nelson de Sá, que chegou inclusive a atuar em 1987 como assistente de Francis, em Nova York. Com 408 páginas, capa de Flávia Castanheira e preço sugerido de R$ 59,90, a obra traz ainda as principais polêmicas de Francis, como os ataques ao diplomata e sociólogo José Guilherme Merquior, ao músico Caetano Veloso e inclusive ao primeiro ombudsman da Folha Caio Túlio Costa. Este é o segundo livro de Nelson, que na década de 90 já havia publicado a coletânea sobre teatro Divers/idade (Hucitec). Em entrevista ao Portal dos Jornalistas, Nelson fala sobre a experiência de organizar e selecionar os textos para Diário da Corte e de sua relação com Paulo Francis: Portal dos Jornalistas ? Quanto tempo levou para organizar o livro? Nelson de Sá ? A ideia do projeto surgiu há pelo menos dois anos, quando o Otávio Frias Filho [N. da R.: diretor de Redação da Folha de S.Paulo] me chamou e fez o convite para a elaboração do livro. Portal ? Que critérios você utilizou para selecionar as crônicas? Nelson ? Foram três: ser fiel às diferentes fases de Francis, sublinhar sua trajetória política, da esquerda para a direita, e reproduzir suas polêmicas. Portal ? Como foi o período em que você conviveu como assistente do Paulo Francis em Nova York? Nelson ? Eu era bastante jovem e para mim foi sensacional. Ele era uma pessoa muito afável, carinhosa e simpática, e adotava uma atitude profissional quase que paternal, nos levando às livrarias e indicando quais livros ler, por exemplo. Portal ? Mas e se as opiniões fossem divergentes? Nelson ? O Paulo era uma personagem pública no discurso, falava o que pensava, mas respeitava muito a opinião da gente. Foi assim comigo e acredito que com todos os demais assistentes que trabalharam com ele depois de mim.
Colunista do New York Times confirma presença em congresso da Abraji
O colunista do The New York Times David Carr é mais uma das presenças confirmadas no 7º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo, evento que será realizado pela Abraji, entre os dias 12 e 14/7, em São Paulo. Carr, que já passou pela Times e foi protagonista no premiado documentário Page One: Inside the New York Times, é também autor do livro The Night of the Gun, que retrata sua experiência passada como viciado em cocaína. Ele irá se apresentar ao lado de Rosental Calmon Alves, titular das cadeiras da Fundação Knight e da Unesco junto à Universidade do Texas. Também já estão confirmados entre os palestrantes nomes como José Paulo Kupfer, Eliane Brum, Juca Kfouri, Elvira Lobato, Míriam Leitão, Roberto Cabrini, Marcelo Tas, André Trigueiro, Fernando Mitre e Sérgio Dávila. Dentre os principais temas que serão discutidos durante o congresso estão a cobertura das eleições municipais, o direito de acesso a informações públicas e megaeventos esportivos, em especial Copa 2014 e Olimpíada 2016. No total, serão mais de 130 palestrantes, em cerca de 70 painéis e cursos práticos. Os valores das inscrições até 13/5 será de R$ 180 (profissional sócio), R$ 330 (profissional não-sócio), R$ 120 (estudante de graduação sócio) e R$ 215 (estudante de graduação não-sócio). As inscrições e a programação completa estão disponíveis no site da entidade onde cada participante poderá montar sua grade de programação.
Rio+20 já é pauta
Desde o ano passado, a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, conhecida como Rio+20, que acontecerá em junho no Rio de Janeiro, tornou-se pauta frequente em vários veículos. Alguns jornais de grande circulação inclusive criaram sites especiais para acompanhamento das discussões sobre o tema e balanço desde a Rio 92, ocorrida há 20 anos, também no Rio. Nesse sentido, vale lembrar que o Prêmio Jornalistas&Cia/HSBC de Imprensa e Sustentabilidade criou especialmente para esta edição a categoria Rio+20, que vai dar ao trabalho vencedor R$ 10 mil líquidos. Regulamento e inscrições no http://www.premiojornalistasecia.com.br. Outras informações com Lena Miessva, no lena@jornalistasecia.com.br ou 11-2679-6994.
Carlos Cereijo começa na Car and Driver
Carlos Cereijo começou no final de abril na reportagem da revista e do site Car and Driver, na vaga de Rodrigo Leite, que deixou a empresa. É a segunda passagem dele por lá, onde esteve entre julho de 2008 e novembro de 2009. Cereijo também atuou em Carsale, Jornal do Carro e na Carro, que deixou há algumas semanas para pilotar um projeto de site/vídeo junto com Gerson Campos. Seus novos contatos são 11-3855-2258 e carloscereijo@escala.com.br.
Abertas inscrições para Congresso de Jornalismo Cultural
Estão abertas as inscrições para o 4º Congresso Internacional Cult de Jornalismo Cultural, evento que acontece entre os dias 28 e 31 de maio, no Teatro Tuca, em São Paulo. O evento, cujo tema central será A dialética do conhecimento, terá entre seus convidados, o escritor e quadrinista Art Spiegelman, autor de destaque no movimento underground dos quadrinhos nas décadas de 1960 e 1970, e que tem entre suas principais obras, o livro em quadrinhos Maus, que retrata a história de seu pai, um judeu polonês, tentando sobreviver ao holocausto. Dentre as atrações confirmadas, destaque também para nomes como, David Kessler (diretor de Redação da revista francesa Les Inrockuptibles), Alcino Leite Neto (Grupo Folha), Juan Barja (diretor do Círculo de Bellas Artes de Madrid), Nina Pauer (colaboradora da revista alemã Zeit), Francisco Bosco (O Globo), Claire Denis (cineasta francesa), Moritz Müller-Wirth (editor-chefe adjunto do jornal alemão Die Zeit), Paulo Werneck (Folha de S.Paulo), Anita Bay Bundegaard (editora de Opinião e Cultura do jornal dinamarquês Politiken), Marcos Augusto Gonçalves (Folha de S.Paulo), Marcos Flamínio (diretor de Redação de Cult) e Gay Talese, escritor norte-americano considerado um dos criadores do movimento batizado de Novo Jornalismo, na década de 60, e autor da biografia do cantor Frank Sinatra. Informações e inscrições estão disponíveis no site do congresso, ou pelo telefone 11-3032-8200.
Prêmio BNB de Jornalismo anuncia vencedores
Em solenidade realizada na última 4ª.feira (25/4), o Banco do Nordeste anunciou os vencedores da 9ª edição do Prêmio BNB de Jornalismo, que selecionou os melhores trabalhos jornalísticos sobre desenvolvimento regional e expansão de crédito para o Nordeste. Confira a lista dos vencedores: Nacional: Mídia ImpressaFoto: Gladyston Rodrigues, com Velho Chico ? Novos Rumos (Estado de Minas/MG);Texto: Sérgio de Sousa, com O semiárido que dá certo (Diário do Nordeste/CE). Mídia EletrônicaInternet: Roberta Soares, com As duas faces da nova BR 101 (JC Online/PE);Tevê: Wendell Rodrigues, Kátia Dumont, Sílvio Osias, Homero Baco, Anne Macêdo, Dichell Braz, Almicar Lima, Elmon Palmeira, Danilo Campos, Gilvan Fernandes, Davi Onofre, Flávio Melo, Wálter Júnior, Marcelo Xavier, e Biu Borges, com a série Faço diferente na Paraíba (TV Correio/PB);Rádio: Carla Farias Simões e Célio Santos, com Desenvolvimento regional através da agricultura familiar (Rádio Uesb-FM/BA). Regional I: Mídia ImpressaFoto: Eduardo Queiroz, com Retratos Sertanejos (Diario do Nordeste/CE);Texto: Maristela Crispim, Fernando Maia, Iracema Sales e Samira de Castro, com Retratos Sertanejos (Diário do Nordeste/CE). Mídia EletrônicaInternet: Ed Wanderley e Elian Balbino, com Dos bicos aos bytes (Diario de Pernambuco);Tevê: Mônica Cristina, Antônio Martins, Ingrid Farias, Josicarlos Lopes, Cícero Herculino Vieira, com O novo mundo do vinho (TV Jornal/PE);Rádio: Everson Teixeira, Júlio Neto e Marília Banholzer, com Formação sob demanda (Rádio Jornal/PE). Regional II Mídia ImpressaFoto: Junior Santos, com Os frutos do planalto do retiro (Tribuna do Norte/RN);Texto: Renata Moura e Andrielle Mendes, com a série Empreender (Tribuna do Norte/RN). Mídia EletrônicaInternet: Maria de Fátima Souza de Melo, com Balde cheio de esperança (CN Agitos/RN);Tevê: Rayssa de Sousa Alves, Edyjoel Rosa de Oliveira, Paulo Hernique da Silva, João Francisco Carvalho Júnior e Emanuel Pascoal Aquino Serejo, com Mãos do desenvolvimento regional (TV Cidade/MA);Rádio: Não houve premiação para a categoria Regional III: Mídia ImpressaFoto: Yvettte Moura, com A renda que vem da Lama (O Jornal/AL);Texto: Nide Lins, com Os novos vitalinos (O Jornal/AL). Mídia EletrônicaInternet: Franco Fiorot, com Pescando Esperança (Campo Vivo/ES);Tevê: Tiale Acrux, Adriadna Guimarães e Jackson Cabral (Piscicultura/SE);Rádio: Ceiça Dias, com Crescimento a partir de financiamento (Rádio Cultura/SE). Extrarregional: Mídia ImpressaFoto: Não houve premiação para a categoria;Texto: Paulo Henrique Lobato, com Velho Chico Novos Rumos (Estado de Minas/MG). Mídia EletrônicaInternet: Agnaldo Brito, com A revolução pernambucana (Folha.com/SP);Tevê: Não houve premiação para a categoria;Rádio: Não houve premiação para categoria.
Vaivém das redações!
Confira o resumo das mudanças que movimentaram nos últimos dias as redações de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Ceará. São Paulo: Chegam à redação da Agência Estado as repórteres Bianca Ribeiro Costa, vinda do site Economia & Negócios do Estadão, e Gabriela Lara dos Santos, vinda da agência Efe do Rio; além de quatro reforços de dentro do próprio Grupo, formados no curso Foca Econômico 2011: Beatriz Bulla, Gabriela Azevedo Forlin, Guilherme Fujimoto Amorim e José Roberto Gomes Júnior, todos na reportagem. Também foi contratada a editora Letícia Sorg, que era repórter especial de Época. João Caminoto, editor-chefe, informa que também chegaram Patrícia Büll (saída da Reuters) e Guilherme Waltenberg (ex-Jornal da Tarde). A editoria de Agronegócios do Valor Econômico tem duas novas repórteres desde o início de abril: Mariana Caetano e Fernanda Pressinott. Embora escrevam matérias tanto para o jornal quanto para o portal, elas dedicam-se principalmente ao serviço de informação em tempo real, que vem crescendo desde o ano passado. A equipe comandada pelo editor Fernando Lopes conta hoje com nove profissionais. Outras que chegaram recentemente são Carine Ferreira, egressa do canal Terra Viva, e Janice Kiss, saída da revista Globo Rural. Ana Muniz (ana.muniz27@gmail.com), que foi subeditora da Revista Hola Brasil até esta fechar suas portas no País em dezembro último, mantém-se disponível para trabalho fixo ou free-lance. Ana já teve passagens pela reportagem das Revistas RSVP (Caras) e Contigo, entre outras. Sheila Bastos, que até a semana passada era locutora de rede da Nova Brasil FM, passou a apresentadora do programa Radar, ao lado de Marcio Cruz, atração que mescla informação e música na faixa das 17h às 19 horas. Anteriormente à rádio, onde está há dois anos, Sheila passou pelo Portal Ogalileo e pela Iguatemi AM. Ela troca de cadeira com Adriana Rosa, que deixa o Radar e vai para a locução no estúdio de rede, transmitindo a programação musical paras as praças de Campinas, Recife, Brasília e Salvador. Rio de Janeiro: Embora a TV Globo ainda não tenha divulgado qualquer detalhe sobre o novo programa de Fátima Bernardes, vários profissionais da equipe vêm sendo confirmados. Chiara Luzzati, saída da Band Rio, é a nova aquisição. Também estarão no time os diretores Maurício Farias e Fabricio Mamberti; Ana Paula Brasil, deslocada da produção do Jornal Nacional; e Carlos Jardim, que era chefe de Redação da regional Rio. Em sua coluna na Folha de S.Paulo da última 3ª.feira (24/4), Keila Jimenez informou que a Globo já trabalha com o nome provisório Se Liga na Fátima, sem descartar ideias como Fátima, Bom Dia; Ligados em Você; Demais e Ligados na Fátima. A estreia é prevista para 9 de julho. Nilo Junior, que havia sido contratado como editor de Rio do R7, deixou o portal no início de abril. Minas Gerais: Com a aquisição de parte dos ativos da Revista Encontro pelos Diários Associados, estão previstas algumas transferências de jornalistas entre as redações das duas empresas. O primeiro a fazer a troca é Alysson Lisboa Neves, que deixa o Estado de Minas para assumir novo projeto da Encontro. Rodrigo Freitas passou a apresentar o BandNews Minas 2ª Edição ao lado de Maria Amélia Ávila, ex-apresentadora do Palavra Cruzada, da Rede Minas. Ana Cecília Nogueira começou como produtora no Jornal Minas, da Rede Minas. Nádia de Assis e Christian Catão chegaram à reportagem do Diário do Comércio. Ceará: O repórter Thiago Cafardo deixou o jornal O Povo após oito anos e voltou para São Paulo.
Memórias da Redação – O dia em que Joãozinho conheceu Dr. Ulysses
Radicado há quase 30 anos em Boa Vista, Plínio Vicente da Silva (ex-Estadão) conta a história de admiração de um cidadão roraimense pelo falecido deputado Ulysses Guimarães. O dia em que Joãozinho conheceu o Dr. Ulysses Quando cheguei em Roraima, em fevereiro de 1984, o território federal tinha como governador o general Arídio Martins de Magalhães, indicado pelo Ministério do Interior e nomeado pelo presidente da Republica. A polarização política se dividia entre o PDS e o PMDB. O primeiro abrigava a elite ? políticos e empresários chapas-brancas e servidores públicos ?, toda ela aliada de primeira hora do regime militar; do outro lado estavam aqueles que, por alguma razão, não encontravam espaço no grupo situacionista. Esse grupo do contra tinha em seu meio, como principais patrocinadores, alguns empresários pequenos que não conseguiam vender para o governo. A eles se juntavam advogados independentes em busca de uma causa, qualquer que fosse, e políticos excluídos dos quadros pedessistas. Havia também um grupo de jovens extremistas e barulhentos, filhos de famílias mais abastadas, vários deles estudando em centros mais adiantados. Entre os que faziam oposição ao grupo do brigadeiro Ottomar de Sousa Pinto, e também ao general Arídio Martins de Magalhães, governador indicado por Mário Andreazza e nomeado por João Figueiredo, chamou-me a atenção um sujeito baixinho, cabecinha redonda, careca já bem dominante, cara de quem era acionista das cervejarias. Tinha uma prosa solta, falava com certo conhecimento sobre muitos assuntos, mas era ainda mais eloquente quando a conversa girava em torno do Flamengo, do PMDB e de seu grande ídolo, o dr. Ulysses Silveira Guimarães. Sim, era assim que ele fazia questão de chamá-lo, pronunciando nome e sobrenomes. Quase sempre vestido com uma camisa do Mengão, nas primeiras vezes em que conversamos confidenciou-me que todos os meses separava uma parte do seu salário de assistente administrativo e enfiava o dinheiro numa garrafa PET, uma espécie de conta-poupança. Quando o domingo de um Fla-Flu se aproximava, ligava para um primo no Rio, pedia a compra do ingresso, rasgava o cofrinho, pegava um jato da Cruzeiro do Sul no sábado à noite e amanhecia na Guanabara. Assistia ao jogo, passava a noite de domingo e toda a segunda-feira comemorando a vitória ou amargando a derrota e à noite viajava de volta. Assim que me instalei como correspondente do Estadão, Joãozinho passou a ser meu consultor para todo tipo de assunto. Filho de antiga família de fazendeiros roraimenses, mas já em estado de decadência financeira, conhecia todo mundo e cada palmo do território. Sabia os nomes de todas as aldeias indígenas, quando haviam sido criadas, seu tamanho e localização e quem eram os tuxauas de cada maloca. Foi assim, com a sua ajuda, que construí uma agenda na qual estavam as melhores fontes; e foi assim também que em pouco tempo consegui fazer grandes matérias, muitas delas furos de reportagem que deram manchetes no velho Estadão. Um dia, precisando de informações sobre um garimpeiro, contrabandista e traficante, que as suspeitas indicavam ser amigo de um delegado da Policia Federal, levei Joãozinho Melo para uma cervejada no bar da Mangueirinha, às margens do rio Branco, no centro histórico de Boa Vista. Certamente teria boas informações sobre o cara, pois já os vira juntos em algumas oportunidades. Quando chegou, meu amigo se desculpou pelo atraso e justificou: tivera que passar na loja de decorações para apanhar um pôster do dr. Ulysses, que mandara emoldurar. Presente de um deputado federal, era um desses que decoram gabinetes, no qual o sujeito faz pose de estadista. Durante nossa conversa Joãozinho dividia o olhar entre o copo de cerveja e o quadro. O que me contou valeu matéria que levou à prisão do garimpeiro, já condenado por crimes cometidos em Bauru, no interior de São Paulo, e que integrava a lista de procurados da Interpol. Por sua vez, o delegado acabou réu em processo administrativo, indiciado em inquérito pela PF e exonerado. Mais tarde, considerado culpado pela Justiça Federal, foi condenado a cumprir pena alternativa: prestar durante um ano defesa gratuita a réus primários. Depois disso foi embora de Roraima e nunca mais o vi. Um dia, conversando com o pessoal da sucursal de Brasília, soube que o dr. Ulysses viria a Boa Vista pela primeira vez. Estávamos às vésperas das eleições de 1986 e empurrado pelo Plano Cruzado o PMDB de José Sarney estava surrando o PDS em quase todos os Estados. Tanto é que elegeu 22 governadores contra apenas um pedessista, o de Sergipe, Antonio Carlos Valadares (Nessa época não havia eleições diretas em Brasília e nos territórios federais e o Tocantins só nasceria com a promulgação da Constituição de 1988). Em Roraima a elite ainda era alinhada com os militares, daí os apelos para que ele viesse fortalecer o partido na capital macuxi. Foi assim que garantiu pelo menos uma das quatro vagas para deputado federal a que o território tinha direito no Congresso Nacional. Eu já conhecia Ulysses e não por conta da minha profissão. Quando do nosso primeiro encontro eu era empregado da Cia. Paulista. Meu falecido sogro, Sálvio de Campos, também ferroviário, fora amigo dele na juventude em Rio Claro. Sempre que coincidia o fato de ambos estarem na cidade, eles e mais um grupo de amigos da mesma época acabavam se encontrando. Numa dessas ocasiões fui a Rio Claro com minha noiva, Maria Salete, e mais a família dela para uma visita a parentes. Foi então que passei cerca de duas horas no encontro dos velhos amigos. Mais tarde, já jornalista, encontrei-o duas vezes, ambas em Brasília. Quando dei a notícia a Joãozinho Melo os olhinhos dele arregalaram, acompanhados de um sorriso franco de felicidade, seguidos de uma expressão de ansiedade: será que ele conseguiria um encontro com seu ídolo? No dia da chegada levei meu amigo ao hotel em que o dr. Ulysses se hospedou. Quando ele desceu do apartamento já no final da tarde e entrou no lobby, fiz questão de cumprimentá-lo. A segurança ia me barrando quando seus olhos claros fixaram-se em mim. Ele abriu um sorriso, veio ao meu encontro, me deu um abraço e perguntou: ?E o meu amigo Sálvio, como ele está??. Lamentou e contou que foram muito amigos, o que deu à nossa conversa a oportunidade que esperava. Antes que seus assessores o levassem, pedi-lhe um favor: fazer uma foto dele com um dos seus maiores fãs. Apresentei-lhe Joãozinho, cuja cabeça batia na barriga do então presidente da Câmara dos Deputados. Disparei minha velha Yashica três vezes e mais não fiz porque ele desapareceu no meio das centenas de pessoas que o aguardavam na porta do hotel. Mas o meu amigo não, ficou ali, arriado no sofá, olhando para a mão que cumprimentara o dr. Ulysses. À noite, no discurso que fez na avenida Venezuela, numa área entre os bairros Messejana e Liberdade, dois vultos se destacavam no palanque pela enorme diferença de tamanho: Ulysses Guimarães e João Melo. No dia seguinte chamei Joãozinho para uma cervejada no bar da Mangueirainha e entreguei a um sujeito ainda emocionado as fotos e os negativos. Não muito tempo depois ele me apresentou o novo pôster, aquele do dia em que ele conheceu o dr. Ulysses. E que ficou na parede da sala de sua casa até o dia em que, atacado por uma grave cirrose hepática, morreu, em 9 de dezembro de 1989.
Sai edição portuguesa de Boa Ventura!, de Lucas Figueiredo
Saiu na última semana a edição portuguesa de Boa Ventura!, quinta obra de Lucas Figueiredo, reportagem histórica em que ele mostra como a ganância e a procura de riquezas ajudou a moldar o Brasil como nós o conhecemos. Em Portugal, onde está sendo editado pela Marcador, com tiragem de 15 mil exemplares, o livro leva o título de A última pepita ? Os portugueses e a corrida ao ouro do Brasil. Por aqui, diz Lucas, está na 4ª edição, com 30 mil exemplares vendidos ? seu título original é Boa Ventura! ? A corrida do ouro no Brasil (1697-1810) ? A cobiça que forjou um país, sustentou Portugal e inflamou o mundo (Record). Ex-Folha de S.Paulo e Estado de Minas (em duas ocasiões), Lucas atuou como assessor do ex-ministro Hélio Costa em sua campanha ao governo de Minas nas últimas eleições e hoje se dedica exclusivamente a projetos autorais em livro e cinema. Ganhador, entre outros, de três Prêmios Esso e um Embratel, mantém um blog e é autor dos livros-reportagem Morcegos Negros ? PC Farias, Collor, máfias e a história que o Brasil não conheceu (2000), Ministério do Silêncio ? A história do serviço secreto de Washington Luís a Lula (2005), O operador ? Como (e a mando de quem) Marcos Valério irrigou os cofres do PSDB e do PT (2006) e Olho por olho ? Os livros secretos da ditadura (2009), todos pela Record.
Roseli Loturco acerta com a Você S/A
Roseli Loturco foi oficializada como editora de Finanças de Você S/A. Ela vinha colaborando no fechamento desde a saída, em fevereiro, de Chrystiane Silva, que foi para o Brasil Econômico como repórter especial de Brasil. Roseli esteve anteriormente na Coordenação de Comunicação da Ernst &Young até novembro passado e desde então vinha atuando como free-lancer para publicações como Exame, Valor Econômico, Época e Época Negócios. Ao longo da carreira, atuou em Estadão, Agência Estado, Veja, DCI e Invest News (da Gazeta Mercantil) ? sempre na cobertura e edição de Finanças e Macroeconomia. Também trabalhou como diretora de atendimento da CDI. Como fã de Chico Buarque de Holanda, não esconde o orgulho de ter feito parte da equipe que produziu o primeiro portal do cantor.