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quarta-feira, dezembro 10, 2025

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Gabriel Marazzi deixa a Motor Quatro e lança revista digital

Após finalizar o conteúdo das últimas três edições da revista Motor Quatro, que não chegaram a ser impressas, o editor-chefe Gabriel Marazzi anuncia sua saída da publicação que ajudou a fundar três anos atrás ao lado de Sergio Quintanilha, e passa a publicar suas reportagens na nova revista digital Cultura do Automóvel. Curiosamente, ela nasce com o nº 4, pois todo o material produzido inicialmente para as três primeiras edições do ano da Motor Quatro foi editado e integrará as edições 1, 2 e 3 da nova publicação, ainda sem data para circular. “Apenas há alguns dias caiu a ficha e percebi que a Motor Quatro havia morrido. O Quinta estava fora oficialmente e apenas eu poderia editá-la. Juntei o material mais recente e criei a revista virtual, baseada no site que mantenho há 13 anos”, explica Marazzi. Questões financeiras já vinham dificultando a vida da revista, que em 22/11/2012  teve sua divisão anunciada. Na época, Sergio ficou com o site Motor 4, enquanto Arilo Alencar Júnior, proprietário da editora Art Plus, comprou os direitos da edição impressa. “O Sergio Quintanilha quis passar para mim, mas eu não quis. Sei fazer revista, não administrar”, diz Marazzi. “Muito me orgulho dessa publicação, que comecei há três anos com uma redação improvisada na minha casa, eu e o Quinta, no início quinzenal, batalhando e fazendo bonito com muito esforço”. Na Art Plus ainda não há uma definição sobre o futuro dela. “A falta de investimento das empresas, que só têm anunciado nas publicações mais tradicionais, deixa o nosso futuro incerto”, esclarece Arilo. Com 36 páginas em sua primeira (ou quarta) edição, a Cultura do Automóvel chega destacando o lançamento do Peugeot 208, e traz ainda os principais fatos que movimentaram o mercado em março, como os lançamentos do Chevrolet Prisma, da Pick Up Rely e da linha 2014 da Volkswagen. Sobre a nova empreitada, Gabriel afirma: “Fico muito à vontade em lançar a minha própria revista, mesmo que, inicialmente, sem qualquer suporte comercial. O maior impacto para mim é não ver o resultado final do meu trabalho impresso, levando uma revista amassada embaixo do braço e mostrando-a a todos”. Cultura do Automóvel continuará mantendo os moldes editoriais da Motor Quatro, com avaliação de veículos, apresentação de lançamentos e reportagens opinativas sobre automóveis e motocicletas; mas terá também, oportunamente, reportagens técnicas e sobre a história do automóveis e das marcas, assim como coberturas de eventos de antigomobilismo. O resultado desse novo trabalho já está disponível no www.marazzi.com.br. Sobre o fim da parceria com Sergio Quintanilha, Gabriel explica: “Já me perguntaram se eu havia me desentendido com ele, o que nunca aconteceu. Desde que começamos a trabalhar juntos, em 1993, na primeira edição da revista Carro, ficamos amigos e nos damos bem até hoje. A razão da separação foi única e exclusivamente ’falta de grana’”. Os novos contatos de Marazzi são 11-2579-4793, 99194-9374 e [email protected]; Sergio atende pelos 11-2925-9743, 98305-8643 e [email protected].

Portal dos Jornalistas: rumo aos 5.000 perfis

Um ano e meio após o lançamento do Portal dos Jornalistas, já são mais de 4.400 profissionais com perfis, muitos deles ícones do jornalismo nacional. A essência do projeto é abrigar o histórico da carreira de cada jornalista que atue no Brasil, independentemente de origem, cargo ou tempo de profissão. “Temos jornalistas representando todos os Estados brasileiros. Isso mostra que abrimos nossas portas para todos os jornalistas”, conta Zeza Loureiro, responsável pelo conteúdo de perfis do Portal. “Já aconteceu de profissionais chegarem dizendo: ‘Poxa, mas eu sou uma cidade tão pequena… será que posso entrar para o Portal?´. Lógico que pode! O Portal dos Jornalistas só é o que é porque tem o seu perfil, o perfil de cada um que está aqui. O Portal está aberto para todos os jornalistas entrarem, inclusive recém-formados. Não temos nenhuma barreira. Pra nós, todo dia o jornalista é notícia e a ideia do Portal é valorizar o profissional. Todo dia é Dia do Jornalista”. As áreas em que jornalistas perfilados atuam são as mais diversas: das tradicionais Cultura, Educação, Economia a Loterias e Concursos. “Tem gente que só escreve sobre concursos, ensina como passar em concursos e o que fazer quando perder um concurso…”, diz Zeza. Vinícius Ribeiro, que a assiste na produção dessas minibiografias profissionais, conta que recentemente teve contato com o editor um site sobre loterias: “Fui pesquisar o site e fiquei surpreso com o conteúdo que, além de vasto, é sempre atualizado. O legal desse trabalho é poder compartilhar um pouco das histórias, ver a trajetória do profissional desde que começou a carreira. Com a diversidade de especialistas sobre os quais escrevemos, dá para aprender muita coisa!”. O início da carreira desses jornalistas é também, frequentemente, bastante curioso. Um começou como operador de áudio, outro como locutor de alto-falante no interior, um terceiro como digitador de título de eleitor no cartório eleitoral… Outro caso interessante é o de um criador de abelhas que começou a escrever sobre elas para jornais e revistas. Envolveu-se tanto com o jornalismo que acabou deixando as abelhas de lado e fundando um jornal. “Outra coisa que observamos em comum é o senso de oportunidade. O jornalista geralmente teve oportunidade na carreira porque um colega faltou e ele ficou no lugar ou foi cobrir férias de alguém… Tem essa virada na vida de todos eles. Ou por estar presente, involuntariamente, em determinado momento relevante e fazer a cobertura etc.. Todo mundo começou com dificuldade, todo mundo tem uma carreira de dedicação, porque é uma profissão que precisa disso”, afirma Zeza, que define as histórias como exemplos de vida. Função inicialmente não imaginada, o Portal dos Jornalistas passou a servir de fonte para empregadores. “Uma vez um repórter me ligou pedindo para alterar o perfil porque iria mudar de veículo. Disse que quando foi enviar o currículo para a empresa, os responsáveis informaram que não era necessário, pois tinham-no encontrado no Portal”, conta Zeza. Também pelos canais de contato dos leitores com a equipe do Portal chegam histórias das mais variadas, que vão desde denúncias até uma tentativa de “correio elegante”: ”A história mais engraçada foi a de uma mulher que mandou e-mail dizendo que determinado jornalista era muito bonito, perguntando se ele era solteiro, pois tinha interesse em conhecê-lo melhor”, conta Vinícius. “Houve também o caso de um consumidor que entrou em contato conosco porque comprou determinado carro e depois de um ano ele estava todo enferrujado. Ainda tentamos compreender o que as pessoas de fora do jornalismo entendem do Portal”. Zeza o aponta como uma vitrine não só do jornalista, e sim do jornalismo brasileiro: “Podemos acompanhar a evolução pelo número de especialistas – por exemplo, em Sustentabilidade, que hoje são mais de 200 no Portal – e assim observar os rumos que o jornalismo está tomando”. Na editoria de Esportes, o Portal foi reconhecido pela Aceesp como o espaço com maior número de currículos de jornalistas esportivos do País. Sobre os próximos passos do Portal dos Jornalistas, ela diz que a meta é chegar aos 5.000 perfis profissionais até setembro, número que corresponde a 10% dos jornalistas registrados em redações do País. Para isso, convida sindicatos de jornalistas e veículos a enviarem os currículos de seus profissionais: “É fundamental para nós que o jornalista mande o maior número de informações possível. Quanto mais ele colaborar, quanto mais informações enviar, melhor vai ficar o perfil. Cada um para nós vale ponto”, diz a coordenadora. Para fazer parte do Portal dos Jornalistas, o profissional deve preencher seus dados em Cadastre-se ou enviar um currículo profissional para [email protected].

Estadão anuncia nova reestruturação. Cortes devem passar de 20

O Estadão confirmou nesta 6ª.feira (5/4) o burburinho que já vinha circulando sobre uma profunda reestruturação editorial em sua operação. O comunicado oficial emitido pelo jornal explica apenas as alterações editoriais de seus cadernos, mas não cita demissões, que pelo se especula, deverá ser maior do que 20 e menor que 50 profissionais da redação. Dentre os nomes já confirmados pelo Portal dos Jornalistas está a editora de Economia do portal Claudia Ribeiro. Também deixam a editoria Marcelo Rehder, Lilian Cunha e Melina Costa, que já estava de saída para morar na Alemanha. Outros nomes já confirmados são os de Gilson Vilhena (Esporte), Isabel Silva (Caderno 2), José Fernando Barella (Vida& – editoria que será extinta), Décio Trujilo, que era remanescente do JT, ficou e agora está de saída, os ilustradores Carlinhos e Batistão, o editor Rinaldo Gama, além de quatro nomes em Cidades/Metrópole, entre eles já confirmado o de Valéria França. A sucursal do Rio também foi atingida pelos cortes. Por lá já foi confirmada a saída do repórter especial Fernando Dantas.

Jornais da rede Bom Dia centralizam fechamento em São Paulo

O Diário de S.Paulo e os jornais Bom Dia estarão mais conectados a partir de 21 de abril. Além de compartilharem conteúdo, o fechamento das edições de Jundiaí, Sorocaba, Bauru, São José do Rio Preto e ABCD será centralizado na sede do Diário, em São Paulo, sob o comando de Carlos Frey de Alencar, editor-chefe da rede Bom Dia. Com a participação de editores dos jornais do interior – liderados pelo editor-chefe dos jornais locais Edu Cerioni – será montado um núcleo na redação do Diário de S. Paulo para cuidar do fechamento, cabendo à equipe de jornalistas das praças a geração de conteúdo em cada cidade. A mudança também promete beneficiar a parte gráfica dos jornais Bom Dia, que passará a contar com a estrutura do Diário de S.Paulo para desenvolvimento de arte e tratamento de imagem. 

Troca de cadeiras na Economia de O Globo

A equipe de Economia de O Globo teve diversos remanejamentos. Nadja Sampaio, titular da Defesa do Consumidor, deixa em breve o jornal para se aposentar e será substituída por Luciana Casemiro, que era sua adjunta. A equipe, que conta também com Luíza Xavier e Daiane Costa, ganha o reforço de Andréa Freitas, até então redatora da Economia. Cássia Almeida foi promovida a repórter especial. Há 17 anos em O Globo, Cássia tem um Esso na bagagem. Essa vaga foi de Liana Melo, agora editora na revista Amanhã, suplemento do jornal. Janaína Lage, que era redatora de Mundo, entrou como sub de Finanças. Clarice Spitz, vinda da Economia online, vai reforçar a área de Macroeconomia. No lugar dela entra Sérgio Vieira do Nascimento, que estava temporariamente na coluna Negócios & Cia, de Flávia Oliveira. E também foram anunciados, na seção Digital&Mídia, Sérgio Maggi como subeditor e Sérgio Matsuura como repórter. Cláudia dos Santos, que era redatora da Economia, passou para a equipe de Gilberto Scofield, na editoria Rio.

Especial Dia do Jornalista: Um quase ídolo do futebol

Um quase ídolo do futebol O jogo avançava com o saldo de 3 X 0 para o time adversário até os dez minutos finais do segundo tempo. Tudo indicava que o placar estava definido, mas a equipe de Caco Barcellos arrancou um empate relâmpago e fulminante no campo do Clube Atlético São Paulo: 3 a 3. Não havia torcida na arquibancada, mas o clima era de final de Copa do Mundo. Eis que no limite do tempo regulamentar, Caco recebeu uma bola inacreditável na cara do gol. Era ele, o goleiro e a glória. Foi então que o cansaço e a noite mal dormida depois de mais uma longa viagem a trabalho falaram mais alto. “Foi a lesão mais grave da minha vida. Aquele chute estourou minha perna. E não foi gol”. Era o fim do dia de uma 4ª.feira na redação do programa Profissão: Repórter, na sede paulista da Globo, quando o criador da atração recebeu o Jornalistas&Cia em sua modesta mesa – sem paredes ou divisórias – localizada em um canto da sala. Enquanto conversávamos, um editor cuidava dos últimos detalhes do primeiro programa depois da entressafra, rumo à nova temporada. Pano rápido. Caco conta que fizera havia pouco mais uma sessão de fisioterapia. Aparenta estar exausto, mas não olha para o relógio em nenhum momento. Ele se mostra animado com a perspectiva de voltar aos gramados em breve, depois de meses longe do campo do clube SPAC. E com esse gancho conta meio sem querer que por pouco não foi jogador profissional de futebol. Poderia muito bem ter sido um ídolo e sonhava com isso. Entre os oito e os 15 anos, quando morava na Vila São José do Murialdo, na periferia de Porto Alegre, Cláudio Barcelos de Barcellos jogava em um time chamado Partenon, que era frequentado por olheiros dos grandes times do estado (leia-se Inter e Grêmio). O garoto, que jogava no ataque, era rápido e hábil, porém franzino demais para os padrões locais. “Os treinadores do Sul naquela época selecionavam mais pelo físico do que pelo talento”, conta. Ao lado do atacante Cláudio Barcelos no Partenon jogaram alguns nomes que fazem parte da história do futebol brasileiro. Entre outros, ele cita Flávio Minuano, que foi centroavante do Internacional de Porto Alegre, e Jorge Guaraci, que fez história na Portuguesa depois que deixou o Rio Grande do Sul. Já Caco acabou desistindo quando percebeu que só os grandalhões eram promovidos nas peneiras gaúchas. Bem mais tarde, percebeu que estava errado em sua avaliação ao acompanhar as carreiras de sucesso de Zico, Romário, Djalminha e Zinho, todos franzinos como ele. Anos depois de desistir da carreira nos gramados, Cláudio Barcelos de Barcellos virou apenas Caco Barcellos quando assinou sua primeira grande reportagem. Trabalhava então no jornal Folha da Manhã e se dividia entre a redação e um táxi que pilotava por Porto Alegre para pagar o curso de jornalismo na PUC-RS. “Era um fusca sem o banco da frente do passageiro e sem cinto de segurança, que não existia naquela época. Acabei pegando um cacoete que tenho até hoje: sempre que o carro freia, eu estico o braço”. Um belo dia foi “flagrado” dentro do veículo por um dos editores do jornal. Tinha a fantasia de que aquilo pegaria mal, já que redação era lugar de intelectual. Tanto que achou que perderia o emprego, mas estava enganado. Ao saber que um dos seus repórteres era taxista, o editor encomendou na hora uma reportagem especial sobre a rotina da profissão. O foca voltou à redação excitadíssimo, mas foi informado por colegas veteranos gaiatos de que não poderia usar uma máquina de escrever já que era estagiário. Não teve dúvida. Sacou as anotações do bolso, escreveu tudo a mão e levou o material para o secretário de Redação, que avisou sobre a pegadinha. Foi então apresentado à máquina de escrever, da qual só se separou quando surgiram os computadores. Ao saber que deveria assinar o texto, pegou a caneta e escreveu como se assinasse um cheque: “Cláudio Barcelos de Barcellos”. O editor então tratou de cortar o “Cláudio” e um dos “Barcelos”, reduzindo o nome para Caco Barcellos de modo que coubesse no pequeno espaço reservado ao crédito. “Essa matéria me abriu a cabeça para a importância de estar mergulhado em uma história antes de escrever”, conta. De Porto Alegre foi para São Paulo em 1976 e ajudou a criar o mitológico e alternativo jornal  Versus, então dirigido por Marcos Faerman. “Versus foi a única redação da qual fui demitido em minha vida”, lembra Caco, ao contar que a publicação funcionava como uma assembleia permanente. “Um dia chegamos e tinha uma turma querendo que nossas reportagens obedecessem à cartilha de um grupo que não lembro qual era. Achei que aquilo não fazia sentido, mas disseram que precisávamos ter compromisso com a causa operária. Votaram e nos demitiram. Naquela redação ninguém trabalhava. Passavam o tempo todo fazendo assembleia”. De São Paulo, Caco caiu literalmente no mundo. Foi perambular pela América Latina quase sem dinheiro no bolso. Desembarcava onde estava a notícia e tratava de negociar suas histórias por telefone com as redações da grande imprensa e/ou dos veículos alternativos. “Cheguei à Nicarágua completamente duro. Tinha 200 dólares. Isso não dava para uma diária do hotel onde estavam os jornalistas. O que pagavam pelas matérias era ridículo, não cobria meu custo”. Caco começou sua carreira em televisão em 1981, na Rede Globo, depois de passar por IstoÉ e Veja. E já foi direto para o Jornal Nacional. Chegou com a cabeça de repórter de revista e teve dificuldade em se adaptar ao novo formato: “Não entendiam minha preocupação com o texto. Eu ficava dez horas numa frase. Diziam que texto é texto. Tinha vergonha de usar palavras inadequadas. Queria a palavra exata, mas fui me acostumando. Eu queria explicar as coisas e não contar o que todo mundo estava vendo”. Antes de entrar de vez no time do Jornal Nacional, porém, foi submetido a um “teste”: acompanhar a equipe do também jovem repórter Ernesto Paglia: “Era uma passeata do Lula. O pau quebrou, como sempre. Tinha pedra para todo o lado e eu lá no meio gravando”. Trinta e cinco anos depois de começar na Rede Globo, em 2006 Caco Barcellos tomou coragem e apresentou à cúpula da emissora o projeto de um programa, o Profissão: Repórter: “Todos os anos a Globo recebe no mínimo 50 projetos novos. A grade é muito disputada, mas a emissora é aberta. Aliás, é um dos lugares mais abertos do mundo. Entrei nessa barca”. Profissão: Repórter começou como um quadro do Fantástico, até ganhar vida própria, em 2008. O desafio é contar a história de uma reportagem em todos os ângulos e com a produção de jovens repórteres. Ao incluir na edição os momentos difíceis, os dilemas e os bastidores da notícia, o programa caiu nas graças do público. Numa reportagem sobre a reintegração de posse de uma ocupação do movimento Sem-Teto, uma repórter ficou abalada durante a madrugada. Caco estava com a tropa de choque da PM, outro repórter com a imprensa e ela com o grupo dentro do prédio. “No momento decisivo, ela entrou em crise ao ver as crianças no colo das mães. Achou que haveria um ato de extrema violência e começamos uma discussão maravilhosa. A convencemos de que precisava estar ali e que a única coisa que podíamos fazer era uma boa reportagem”. Pai de dois filhos e uma filha, Caco frustra o entrevistador ao dizer que não cultiva hábitos excêntricos fora da redação. Depois de afirmar que divide seu escasso tempo livre com os três filhos (dois ainda moram com ele no apartamento de Higienópolis), livros e o futebol (hoje joga como ala), define sua vida pessoal como “um tédio” e diz – modesto – que sua história particular jamais renderia um filme. Mas um livro, quem sabe…? Apesar da rotina alucinante do Profissão: Repórter – que exige manter a mala sempre pronta –, revela que está “muito lentamente” escrevendo um romance de não-ficção, onde pretende contar um pouco da carreira: “Será sobre um repórter alinhavando histórias, mas ainda falta muita apuração, especialmente no Rio Grande do Sul e em países europeus. Não sei dizer quando isso vai ficar pronto. Estou muito tomado pelo Profissão: Repórter”. O jeito, afirma, será usar as horas ociosas em aviões e hotéis para consolidar o material. Mas se confessa um consumidor voraz de livros de não-ficção. Está lendo atualmente John dos Passos – Brasil em movimento, obra do romancista que veio ao Brasil fazer matérias para a revista Life e que narra as incursões dele pelo País entre 1958 e 1962. Antes, leu 1961, o golpe derrotado – Luzes e sombras do Movimento da Legalidade, de Flávio Tavares. Ele não gosta de fazer balanços de carreira. Diz apenas que sempre foi ao limite, embora muitas vezes este fosse curto e imposto pelas circunstâncias: “Nunca planejei literalmente nada do que fiz. Não sei o que vou fazer amanhã. Aliás, nem agora, aqui, eu sei o que vou fazer. Estou na entressafra (do programa). Produzimos muito de janeiro até aqui e agora estamos editando”. Sua agenda, porém, conta há dois anos com um espaço cativo dedicado à fisioterapia, processo que começou depois da fatídica lesão relatada no começo deste texto. “E cuido da alimentação religiosamente. Estou treinando os músculos para continuar jogando.” Na hora da despedida, voltamos ao tema de sua não-carreira no futebol. “O futebol mundial perdeu um ídolo”, diz, antes de cair na risada.

De papo pro ar ? Malemolência baiana

Não é todo mundo que sabe, mas o baiano Dorival Caymmi exerceu, entre outras profissões, as de pintor e jornalista. Sua obra foi traduzida em muitas línguas, até hebraica. Ele nasceu em Salvador, morou em São Paulo, onde compôs Maracangalha, e morreu no Rio de Janeiro. Ficou famoso por suas canções praieiras e por não entrar na onda da correria, comum nas grandes cidades. Por isso o chamavam de preguiçoso. Uma vez lhe perguntei se isso era verdade e a razão de ele não mais compor ou gravar discos, como antes. Com a voz arrastada e depois de dizer que gostava de caminhar na praia, respondeu: – Pois é, ninguém me convida mais pra nada…

Michele Oliveira deixa a Folha de S.Paulo

Michele Oliveira deixou a Folha de S.Paulo nesta 3ª.feira (2/4), após quase dois anos como editora da revista sãopaulo, que circula aos domingos com o jornal, e já na próxima 2ª (8/4) assume o cargo de editora da revista Bamboo (Editora Turquesa), reportando-se à diretora de Redação Clarissa Schneider. A revista, que aborda arquitetura, arte e decoração, está completando dois anos neste mês.  Essa foi a segunda passagem de Michele pela Folha, onde entrou pela primeira vez em 2002, tendo atuado em Brasil (atual Poder) e na Folha Corrida. Na revista sãopaulo, onde integrava desde 2011 a equipe de Cleusa Turra, Michele ajudou no processo de consolidação editorial e comercial da publicação, criada em 2010 para substituir a Revista da Folha. 

Heloísa Sobral estreia programa de sustentabilidade

Heloísa Sobral ([email protected] e 11-5056-1111) apresenta a série Minuto Sustentável, levada ao ar desde a semana passada pela TV Osasco (canal 6 da NET Osasco) e nas emissoras vinculadas à Associação dos Canais Comunitários de São Paulo (Acesp), que alcança outros 30 municípios. São 15 programetes, com 16 veiculações de cada um ao longo do mês, perfazendo 240 inserções rotativas de um minuto. Todos ficam também armazenados no youtube. A série é uma idealização da Muda Práticas (www.mudapraticas.com.br), empresa que ela dirige e que tem o marido Marcos Mauro como parceiro. Em formato inclusivo (usa linguagem de sinais para o público com deficiência auditiva), a série aborda temas como consumo responsável, mobilidade urbana, permacultura urbana, preservação ambiental, redução e destinação de resíduos, cidadania e equidade social, e sustentabilidade como fonte de renda e de economia. Heloísa, que foi por 13 anos da Abril, conta como começou a se interessar pelo tema: “Nos anos 1980, na Abril, tive o privilégio de participar da equipe da primeira publicação que tratava de sustentabilidade (embora na época não existisse o termo). Foi a Vivavida, dirigida pelo Alberto Dines, com a Judith Patarra como redatora-chefe. Fui editora-executiva dessa belíssima publicação que questionava e propunha novas reflexões sobre hábitos de alimentação, locomoção, moradia etc. Infelizmente, durou apenas um ano e meio, por falta de anunciantes. Foi participando e discutindo essa revista que despertei para essa tal de sustentabilidade. O Dines, mestre visionário, há 30 anos já trazia essa reflexão para o público em geral. Imagine nos anos 80 a gente falando de reduzir o uso do carro, de preferir legumes e frutas de época e sem agrotóxicos, de ter horta em casa (que é hoje a permacultura urbana) etc. e tal…”. Dois exemplos do Minuto Sustentável podem ser conferidos em http://migre.me/dWgpP e http://migre.me/dWgw1.

Especial Dia do Jornalista: Um tempo para chamar de meu

Uma das jornalistas mais premiadas do País no ranking do Jornalistas&Cia e do Instituto Corda, Eliane Brum, conhecida entre os colegas como a nossa grande historiadora do cotidiano, tirou um tempo para chamar de seu. De duas a três vezes por semana, passa do meio da tarde até a noite lendo na banheira. Chega a ficar cinco horas com metade do corpo submerso na água morna – é o tempo de começar e terminar um livro inteiro. O ritual inclui vinho e chocolate. “É um luxo a que eu me dou. Saio murcha, faceira e cheirosa. E este é meu único problema com os e-books: não dá pra levar pra banheira. Assim que inventarem – se é que já não existe – um jeito de levar computador pra banheira, nunca mais saio de lá”, brinca. Só em março ela leu Bel-Ami (Guy de Maupassant), Tudo o que mãe diz é sagrado (Paula Corrêa), As virgens suicidas (Jeffrey Eugenider), O professor do desejo (Philip Roth), A longa viagem de prazer (Juan José Morosoli), e Groucho e eu, uma autobiografia (Groucho Marx). “Estou lendo Oblómov, de Ivan Goncharov. É uma edição primorosa da Cosac Naify. Mas como é emprestada, não posso levar pra banheira, o que faz com que demore muito mais pra ler”. Essa doce rotina tornou-se possível quando ela deixou de dar expediente na redação da revista Época, onde estava desde 2000 como repórter especial. Hoje, Eliane segue no time da publicação da Editora Globo, mas agora com uma coluna semanal. Feita com a alma, a argúcia e o aguerrimento da repórter, que nunca deixou ou deixará de ser. A decisão de tirar o pé do acelerador foi tomada, porém, por motivos muito mais nobres do que simplesmente o cansaço ou o estresse: “Quando deixei de ter emprego, uma das ideias era poder ter tempo para as coisas do afeto, como o envelhecimento dos pais. Meu pai teve vários problemas de saúde em 2012 e eu tive o privilégio de poder ajudar a cuidar dele – ou só ficar por perto”. Nessa nova fase, Eliane está retomando projetos de trabalho interrompidos no meio do caminho: uma grande reportagem apurada no ano passado, o lançamento de um livro de colunas (que sai ainda neste semestre) e a escrita de outro livro inédito. “Ando sempre cheia de ideias, meu drama é que vai faltar vida para o tanto de coisas que eu quero experimentar. Mas acho que esse é drama de todo mundo, né?”. A rotina quando está em São Paulo é acordar cedo – por volta das 5h da manhã. Consegue a façanha de fazer isso sem usar despertador (ela também não tem telefone celular). Assim que sai da cama, começa a escrever. Como tem o hábito de “dormir com as galinhas”, sua vida social é praticamente nula. Por isso, fica a dica: nunca tente marcar nada com Eliane Brum no período da manhã. Três vezes por semana ela faz pilates e quando viaja dá um jeito de fazer alongamento. “Se não faço isso, minha coluna começa a me causar problemas. Quando vi as matérias sobre Ricardo III descobri – finalmente – que havia algo de nobre em mim: minha coluna é igual a dele”, diverte-se. E, por falar nisso (com o perdão do trocadilho infame), nunca faz nada às 2as.feiras, no período da tarde, porque está estropiada por causa da coluna que publica nesse dia no site de Época: “Quem lê não consegue imaginar o trabalho que ela dá. Em geral, passo todo o final de semana e cinco horas da 2ª.feira escrevendo e revisando. Aí, na 2ª de tarde, não volto a escrever meu livro ou outras coisas de que preciso”. Além disso, ainda cozinha, lava e limpa a casa, sempre em parceria com o marido João – ele também trabalha em casa. Quando percebe uma janela na agenda, corre para seu sofá azul para assistir a alguma série enlatada (de preferência Mad Men) ou vai para o cinema, que é, segundo ela, um vício. Sua lista de atores favoritos é extensa: Marlon Brando, Celia Johnson, Daniel Day-Lewis, Emmannuelle Riva, Joaquin Phoenix, Audrey Hepburn, Gregory Peck, Isabelle Huppert, Klaus Kinski, Fernanda Montenegro, Wagner Moura, Lázaro Ramos, Paulo Gracindo, Lima Duarte, Giulietta Masina, Meryl Streep, Melina Mercouri, Jacques Tati, Ricardo Darín. “Minha rotina não é de 2ª a 6ª, já que trabalho todo o final de semana. Nem é de horário comercial. Cada dia é diferente do outro. Quando viajo a trabalho, tento passar pelo menos mais um dia para conhecer o lugar”. Eliane diz que nunca pensou em trabalhar menos. Ela só queria ser dona do seu tempo e misturar as coisas. Sua relação com o tempo, diga-se, sempre foi especial. Sua primeira grande reportagem, publicada em 1989, quando era ainda foca, chamou a atenção da redação do jornal Zero Hora pelo enfoque completamente inusitado. A encomenda era fazer uma matéria nada promissora sobre a inauguração de uma loja do McDonald´s em Porto Alegre. Em vez de fazer o óbvio, ficou o tempo todo ao lado de um grupo de velhinhos que passavam os dias jogando xadrez no lugar. Acabou escrevendo um texto belíssimo sobre o tempo e a modernidade irreversível. Entrou no jornal gaúcho como estagiária em 1988, depois de cursar História e flertar com a Biologia e a Informática. Na redação, teve como “mestres” Marcelo Rech e Carlos Wagner. No Zero Hora, Eliane fez de tudo um muito e passou até pela editoria de Polícia. “Nessa época, Zero Hora tinha juntado as editorias de Polícia e Geral. Cobri alguns grandes crimes e ás vezes fazia o que se chama lá de ‘ronda’. Foi aí que descobri uma história daquelas tão absurdas que só existem na realidade. Na ficção soaria totalmente inverossímil”. Ela estava fazendo a ‘ronda’ quando ligou para uma delegacia de Sapucaia do Sul. Um policial do plantão atendeu dizendo que a coisa estava tão calma que tinha até uma galinha presa. “Como assim?”, retrucou a repórter. Ao chegar à delegacia com o fotógrafo, ela descobriu que a galinha presa tinha sido encontrada de madrugada ao lado de um galo morto e de um homem abraçado a uma garrafa de cachaça. A polícia havia liberado o homem e prendido a galinha. O boletim de ocorrência do animal dizia: “detida em atitude suspeita”. Pior: o homem liberado era suspeito de homicídio e estava foragido. “Mas por que a prisão da galinha vale uma reportagem? Porque a galinha fala sobre o ser humano. Vale porque fala da incompetência da polícia. É uma história engraçada, mas é uma denúncia. E a gente que é repórter tem tanta sorte que isso tudo aconteceu no Dia Internacional da Ave”. A tal galinha presa foi capa do jornal e rendeu uma polêmica. Esse pequeno “causo”, que foi contado pela repórter em uma palestra ilustra bem o tom das reportagens de Eliane Brum. Sua busca permanente é pelas preciosidades que estão presentes no dia a dia. Basta olhar direito para achá-las. “Tive sorte e nos 11 anos e meio que trabalhei no jornalismo diário, com duas, três pautas por dia, encontrei muitas”.

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