A história desta semana é novamente uma colaboração de Plínio Vicente da Silva (plinio.vsilva@hotmail.com), ex-Estadão, hoje vivendo em Roraima. A excomunhão Lá pelo final dos anos 50 do século passado, depois de um período internado no Pavilhão Fernandinho da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, voltei para a casa de meus pais. Na tranquilidade de uma pequena fazenda nas cercanias da vila de Guatapará, às margens do rio Mogi Guaçu, passei a me recuperar de algumas cirurgias ortopédicas para a correção de sequelas deixadas pela polio. Nessa quadra da minha vida, aproveitando o tempo de internação, já fizera a primeira comunhão. Então, junto com uma enorme esperança de voltar a andar, levei para casa o aprendizado do Catecismo católico, ensinado por padres e freiras, tempo em que ele era ainda ministrado quase todo em latim. Logo que me acomodei, minha mãe, já sabendo que eu tinha razoável conhecimento dos sacramentos católicos, me intimou a rezar uma novena para Nossa Senhora Aparecida. Estava em débito com a santa de sua devoção por ter recebido a graça de ver curado um panarício nos dedos das duas mãos. Mais tarde, bem mais tarde, quando o problema se repetiu e parecia não ter solução, veio a saber por um médico, que acabou por livrá-la da enfermidade, que tudo fora consequência do uso continuado de sabão em barra, caseiro, que dona Alice fabricava com sebo bovino e uma grande quantidade de soda cáustica. Minha mãe lavava todos os dias uma enorme quantidade de roupa das famílias mais remediadas da vila. O dinheiro não era lá grande coisa, mas esse era o jeito de ela ajudar na minguada renda doméstica, quase toda sustentada pelas mãos calejadas de um heroico e incansável roceiro caipira, meu pai. Essa incursão pelas novenas, puxando o terço e cantando o Kyrie eleison; Christe eleison; Kyrie eleison, acabou mudando minha vida. Não foi preciso mais que três noites de oração para eu ganhar o apelido de padre. De repente choviam convites para que minha mãe mandasse o filho beato para as casas das suas clientes a fim de ministrar a prática da fé católica. Foi quando deixei-me levar pelo inebriamento e a popularidade me empolgou, me subiu à cabeça, pois era algo incomum um moleque de 10 anos transformar-se assim de repente num líder religioso. A ebulição dos acontecimentos me levou de tal forma a uma posição de respeito e credibilidade que pouco tempo depois eu já comandava todas as novenas da vila. Requisitado diariamente para rezar o terço, atendia não só as famílias da área urbana como também aquelas que viviam nas fazendas. O sucesso foi tamanho que não me contive e fui além da mera função de rezador. Passei a ministrar os sacramentos do batismo, casamento, crisma e até extrema-unção! Eu era visto como um fenômeno, pois abusava das palavras em latim e enrolava todo mundo com frases como Gloria in excelsis Deo, dominus vobiscum, omnipotens, habeas misericordiam nobiscum, ignoscas nobis peccata nostra et conducas nos ad vitam aeternam… Terminada a construção da Igreja de Nossa Senhora do Carmo, o bispado de Ribeirão Preto mandou para Guatapará o padre Alfredo Cestari, seu primeiro pároco. Qual não foi seu espanto, que depois virou desespero, quando soube das minhas estripulias como falso padre. Não deu outra: teve reparar aos olhos da Igreja toda a m… que eu fizera. Certo dia ele apareceu lá em casa e comunicou a dona Alice a decisão de pedir ao bispo minha excomunhão, tamanha a gravidade dos atos que eu praticara. Minha mãe chorou, pediu perdão, disse que eu me emendara e que estava agora em Ribeirão Preto, trabalhando como jornaleiro e aprendiz de jornalista. E que uma excomunhão acabaria com qualquer chance de eu conseguir alguma coisa na vida. Padre Alfredo não arredou pé. Manteve sua decisão, que seria levada ao bispo em carta e no Crisma, marcado para três meses depois, certamente o chefe da diocese anunciaria o meu castigo: expulsão das fileiras da Igreja Católica Apostólica Romana. Num final de semana de folga fui visitar minha família e minha mãe. Fula e colérica, só faltou chicotear-me ao informar sobre a decisão do padre. Não levei muito a sério, cheguei mesmo a zoar com
Larissa Florêncio é nova editora do Carsale
Repórter no Carsale desde 2009, Larissa Florêncio (larissa.florencio@carsale.com.br e 11-99943-2774) foi promovida a editora do site. Ela assume no lugar de Carlos Guimarães, que deixou o portal em junho rumo à Car and Driver. Outra novidade por lá é o repórter Guilherme Silva (guilherme.silva@carsale.com.br), recém-contratado, com passagens pelas redações de iCarros e Terra. Continuam integrando a equipe Diego Oliveira (mídias digitais), Tiago Domingos (webmaster) e Salete Soares (gerente financeira). O repórter Leonardo Faria deixou o site. Mais informações em 11-3274-5904 / 5903 e editor@carsale.com.br.
Helle Alves lança autobiografia Eu vi
Helle Alves lançou no último sábado (10/11), em Santos, Eu vi, autobiografia em que rememora sua carreira nos Diários Associados. Entre outras coberturas, o livro aborda o furo de reportagem de Helle, hoje com 85 anos, sobre a morte de Che Guevara na Bolívia, em 9 de outubro de 1967. José Maria dos Santos, genro da autora, escreveu sobre ela e o livro a pedido de J&Cia: O assunto me diz respeito de perto, pois sou genro de Helle há 41 anos. Ao contrário do folclore em torno de sogras, das quais se diz cobras e lagartos, posso falar apenas em borboletas e joaninhas, uma vez que minhas relações com ela têm sido fáceis e amenas nesse período. Na época daquele episódio, nas minhas verdes duas décadas mal completadas de vida, eu era seu colega de redação dos Diários Associados, no célebre endereço da rua 7 de Abril, 230, 1º andar. Via-a partir alguns dias antes, em fins de setembro, na companhia do fotógrafo Antonio Moura e do cinegrafista Walter Gianello, da TV Tupi, na perua Rural-Willys pintada de amarelo-gema com o logotipo Diário da Noite estampado em vermelho, numa combinação de cores que lembrava a camisa do Jabaquara Atlético Clube. Guevara ainda não estava nos seus planos. A equipe ia por terra com a destino a Camiri, uma cidade de 25 mil habitantes do Departamento de Santa Cruz, a fim de cobrir o julgamento do filósofo francês Regis Debray, acusado pelo governo boliviano de fomentar a luta armada para derrubar o regime. A travessia seria, em principio, mais prática do que voar, pois o departamento faz fronteira com o Brasil. Era aquele pedaço que gira em torno de Santa Cruz de La Sierra e Cochabamba. Eis como era o contexto dos fatos. Regis Debray, com sua barba clara e o olhar alucinado dos sonhadores, parecia ser um daqueles jovens egressos das passeatas de Maio-68, caso o ano já tivesse começado. Ele se instalara na Bolívia para comprovar a tese do ?foquismo?, isto é, a criação de focos revolucionários armados para destroçar o Capitalismo, segundo apregoava nos seus escritos, resumida na expressão: um, dois, mil vietnãs. Por outro lado, cresciam os rumores de que Ernesto Guevara, comandante das colunas guerrilheiras que enfrentavam a do general René Barrientos, estava cercado na região. Até então, seu paradeiro era um mistério, desde que saíra de cena em Havana sem deixar vestígios, por volta de 1964. Tinha-se a impressão de que a profecia bíblica da batalha final de Armagedon, do Bem contra o Mal, iria ser travada nas selvas bolivianas. Instalada em Camiri com as antenas sempre ligadas, de acordo com seu feitio ? a propósito, foi uma das pioneiras no movimento de valorização pró-idosos no País ?, Helle decidiu verificar in loco os boatos sobre guerrilheiros aprisionados e mortos naquele sudoeste boliviano, enquanto os colegas jornalistas permaneciam postados na cidade de Santa Cruz de Sierra, aguardando a confirmação oficial das operações referidas. Acompanhou-a apenas outro repórter, José Stacchini, do Estadão. Enquanto os outros aguardavam, Helle despachava sua matéria pelos cabos da Western. A partir daqui, e descrição dos acontecimentos fica por conta do livro. Lembro-me de que Helle chegou à Redação por volta das quatro da tarde do dia 9 de outubro, desta vez de avião, enquanto os companheiros ficaram na Bolívia para prosseguir com Debray. Ela trazia os filmes ? tanto as fotos como as imagens para a televisão ? e este foi o enorme diferencial, pois Stacchini estava só na parada. De modo que, no dia 10 de outubro os Diários, como propunha a gíria da época, lavou a égua. Salvo engano, talvez tenha sido o momento em que os Diários Associados prepararam seu último suspiro em São Paulo, até chegar à insolvência nos anos 70.
Curiosidades sobre o fim do JT
Confira alguns fatos interessantes que marcaram a semana que decretou o fim da circulação do Jornal da Tarde: Curiosidade I ? Ricardo Lombardi, diretor de Redação da Vip, publicou no facebook: “No mesmo mês em que o JT deixa de circular, Paulo Maluf foi condenado pela Justiça a devolver R$ 21 milhões aos cofres públicos por conta dos precatórios. A ação do Ministério Público que resultou na condenação foi baseada em operações financeiras com títulos públicos reveladas pelo JT em 1996 pelo repórter Rogério Pacheco Jordão, no início do caso dos precatórios. Taí um legado legal do jornal para a cidade!!” Curiosidade II ? No próprio dia 31, um dos concorrentes do JT, o Diário de S. Paulo, prestou-lhe uma homenagem em anúncio de página inteira, no qual aproveita ? claro! ? para avisar aos leitores que está ali. O título é As últimas palavras para um jornal que mudou a história do jornalismo: muito obrigado, e a íntegra: ?Não resta dúvida de que o Jornal da Tarde foi um jornal revolucionário. Imprimiu um novo ritmo na forma de fazer notícia. Inovou nos textos, nas fotografias, no design gráfico de suas páginas, nas capas que fizeram história no jornalismo. Cumpriu seu papel como fonte de informação e prestação de serviço para a sociedade de forma brilhante. Para o Diário de S. Paulo, sempre será fonte de inspiração na forma de se comunicar. E, para que os leitores do JT nunca se sintam órfãos do bom jornalismo, o Diário de S. Paulo vai trabalhar cada vez mais para gerar conteúdo útil e relevante. Todos os dias?. Almoço ? Vale lembrar que o 5º Encontro do JT está marcado para este sábado (10/11), na mesma churrascaria Ponteio do ano passado (av. Jaguaré, 1.600, próximo à Marginal Pinheiros), das 12h30 às 16h30. Até esta 3ª, havia 103 confirmados. Adesões com Mário Marinho, pelo mariomarinho@uol.com.br.
De papo pro ar ? Carmélia Alves partiu
Carmélia Alves, considerada a Rainha do baião, faleceu no último sábado (3/11), aos 89 anos, de falência de múltiplos órgãos, no Hospital Geral de Jacarepaguá, zona oeste do Rio de Janeiro, onde estava internada havia dias, em coma. A carioca filha de nordestinos foi uma cantora muito importante para a nossa música popular. Ela cantava tudo de bom, sem pieguice ou nacionalismo barato. Sempre atenta a tudo, simplesmente gostava do que era bom e agradável aos ouvidos humanos. No começo dos anos 1950, foi ela quem descobriu o talento do paraibano Sivuca, em Recife, quando estava cantando por lá. E logo o chamou para se apresentarem juntos no Rio; e do Rio, no Exterior. Um dia, com Humberto Teixeira, Sivuca compôs o baiãozinho Adeus Maria Fulô, que Miriam Makeba gravou, sem a coautoria. Ela ficou brava e Sivuca justificou dizendo que não fora culpa dele e que na próxima prensagem sairia o nome de Humberto. Dito e feito. Mas sei que ela partiu triste, pelo fato de eu não ter escrito um livro a seu respeito. Faltou editor. O que fazer?J&Cia Memória da Cultura Popular João Rubinato ? ou melhor, Adoniran Barbosa ?, um dos mais celebrados compositores paulistanos, é o personagem da sétima edição de Jornalistas&Cia Memória da Cultura Popular, que circulou nesta 2ª.feira (5/11) e está disponível no www.jornalistasecia.com.br. Ela reproduz a entrevista que Adoniran deu a Assis Ângelo para a edição nº 27 da revista Homem, de novembro de 1980, pouco depois de completar 70 anos de idade e 40 de carreira artística. E, claro, revela preciosidades sobre ele do acervo do Instituto Memória Brasil, que Assis preside. Confira!
Para entender a crise da Record e o desmonte da Record News
Vários ingredientes compuseram ao longo dos últimos 14 ou 15 meses a crise do Grupo Record, que desaguou nesta última 2ª.feira (5/11) na demissão de pelo menos 70 pessoas ? embora muitos apostem que o número seja até maior, considerando apenas as vagas fechadas, tendo em vista colegas que estavam em dupla jornada, PJs etc.. Na linha do tempo, os primeiros indícios de que algo maior estava por acontecer na Record News datam de setembro de 2011. E não foi um começo fraco. Os rumores que corriam corredores e redações eram de que a Record News seria fechada ou se transformaria apenas numa repetidora de notícias, o que, de fato, agora se concretiza. À época, a própria empresa os desmentiu, atribuindo-os a concorrentes interessados em minar os negócios do grupo. Mas desde então o clima, particularmente na Record News, nunca mais foi o mesmo e os rumores de que algo ruim aconteceria ressurgiam de tempos em tempos. Houve cortes, como as 30 pessoas demitidas em dezembro de 2011 e algumas outras em fevereiro, quando ninguém mais esperava que isso fosse acontecer. Há quem, combinando um pouco de bom humor com a tristeza desses momentos, jure que a emissora foi atingida nos últimos meses por cinco tsunamis. Isso com relação aos cortes feitos, que, sem alívio na carga de trabalho, representaram um aumento muito grande de esforço coletivo, sobretudo no período de Olimpíadas, de que a Record detinha a exclusividade dos direitos de transmissão. Foi um período em que praticamente 100% da equipe virou direto, sem folgas sequer nos finais de semana. Aliás, essa foi outra característica observada por vários colegas sobre o ambiente na Record. Mesmo com todas as incertezas (ou certezas), não houve descuido ou desmazelo por parte dos profissionais, que, na opinião de um colega que deixou a empresa, ?ralaram muito até o último dia, na mais bela demonstração de dedicação e paixão pela atividade que já vi ao longo de minha carreira?. Talvez isso tenha sido o mais triste, pois, após um final de semana de plantão integral, e convocação geral, para a cobertura das eleições americanas, veio a 2ª.feira negra. Em duas horas, mais exatamente das 10h às 12h, todos os que estavam na lista de demitidos ? e não eram poucos ? cumpriram um triste ritual, percorrendo o circuito ?chefia, ambulatório (para fazer o exame médico de saída, obrigatório por lei), RH e mesa de trabalho, para pegar os pertences pessoais e se retirar ? tudo sob a severa observação dos homens da vigilância, num ambiente para lá de constrangedor, como observou um dos colegas que enfrentou a situação. ?Foi até engraçado, para não dizer outra coisa, pois quem passou pela redação, agora triste e vazia, naquele momento, via fila para falar com a chefia, fila no ambulatório, fila no RH…?. Isso foi o mais cruel, pelo que se depreende dos desabafos ouvidos por este J&Cia: ?Claro que a empresa tem o direito de demitir, de fazer os ajustes que considera necessários para enfrentar um cenário econômico adverso, mas não precisava ser dessa forma, que chega a ser desumana, sobretudo em uma organização que tem influência religiosa?. Praticamente toda a redação da Record News foi demitida. Saíram produtores, assistentes de produção, editores, chefes, entre eles Marco Rombino e Maria das Neves, que acabara de ser promovida. O núcleo que ficou resume-se a 19 profissionais, três deles apresentadores. E serão eles agora que vão administrar o espólio, em que serão estrelas, além do Jornal da Record News, ancorado por Heródoto Barbeiro, as reprises dos telejornais e programas jornalísticos da nave mãe, Record. Entre eles todas as edições regionais dos telejornais, que já estão entrando na programação para preencher os vazios da grade. Com certeza, deve ser uma decisão provisória, até que a emissora consiga se reorganizar com o noticiário, mas até lá não deixa de ser engraçado ver em São Paulo os jornais locais de Rio de Janeiro, Vitória, Belo Horizonte, Salvador e vice-versa. O desmonte também atingiu a área comercial, que agora fica toda concentrada na própria Record. Embora tenha sido fortemente influenciada por razões econômicas, tem-se como certo dentro da própria Record, entre a equipe, que o desfecho tem a ver com uma briga de poder entre dois fortes grupos da Iurd ? a Igreja Universal do Reino de Deus ?, sob influência direta também do PRB, partido que deu sustentação a Celso Russomano nas recém-encerradas eleições municipais em São Paulo. O que se comenta é que a vencedora da contenda foi a ala liderada pelo bispo Romualdo Panceiro, que vem a ser um dos homens de confiança de Edir Macedo, presidente do Grupo Record, contra a ala do advogado Marcos Antonio Pereira, atual presidente do PRB e idealizador da Record News, que defendia a continuidade da operação e dos investimentos. Pereira é especialista em Direito Processual Penal, tem 39 anos e é professor universitário. Como executivo do Grupo Record, ocupou a Presidência de Relações Institucionais, sendo apontado como responsável pelo redirecionamento e pela trajetória de recuperação de rentabilidade da organização. As áreas de finanças, administração, jurídica, recursos humanos, tecnologia da informação e logística estiveram sob seus cuidados. Teria sido a linha por ele defendida derrotada no Conselho, na reunião da última 6ª.feira (2/11), quando o Grupo dos Dez, como é conhecido, bateu o martelo pelos cortes e reestruturação.
Marcelo Vitorino anuncia fim do Pergunte ao Urso
Depois de cinco anos com o blog Pergunte ao Urso, trabalho que rendeu dois livros, algumas entrevistas e citações em capítulos da novela Caminho das Índias, Marcelo Vitorino anunciou no final de outubro o encerramento das atividades da página. ?Ao longo desse tempo recebi cerca de dez mil perguntas, publiquei por volta de 300 respostas, algumas bem-humoradas, outras nem tanto, mas nunca deixei de colocar uma opinião, por mais que soubesse que poderia desagradar a alguém. A ideia sempre foi essa, responder sem bloqueios, um tapa na cara em forma de texto?, explicou o autor em seu texto de despedida. Vitorino se despede do Pergunte ao Urso mas não do universo dos blogs, onde já publica seus textos em dois novos projetos, o Pérolas Políticas, com opiniões pessoais sobre o universo político, e o Naquela Mesa, que apresenta uma mistura de crônicas e música popular brasileira contadas a partir de uma mesa de bar.
Morre Ricardo Fischer
Morreu nesta 5ª.feira (8/11), vítima de câncer, aos 68 anos, Ricardo Alberto Fischer. Ele estava internado no Hospital Albert Einstein, em São Paulo. Sócio da editora Barros, Fischer & Associados, ao lado de Flávio Barros (Barrinhos), Fischer começou a carreira na área editorial na Abril, onde permaneceu por mais de duas décadas. Duas das suas mais importantes iniciativas foram a participação na transformação de Exame ? antes um suplemento distribuído gratuitamente com as revistas técnicas ? numa revista de Economia de sucesso; e a criação e implantação do sistema de venda de assinaturas de Veja, que a transformou na revista de maior circulação do País. Assumiu a direção geral da Editora Globo em 1988, transferindo a editora do Rio para São Paulo. Em sua gestão, destacam-se os lançamentos de Marie Claire e Época. Em 2000, associou-se a Barrinhos e juntos foram responsáveis pelo lançamento do Resumão, guia de estudo num formato que conquistou o mercado de produtos de apoio à educação. Fischer deixa viúva Maria Tereza Engelhart Fischer, quatro filhas e seis netos: Ana Beatriz, casada com Dimitri Abudi e mãe de André Luiz, Luiz Guilherme e Maria Helena; Ana Carolina, casada com Adriano Ramos e mãe de Ana Tereza; Ana Luiza, casada com Flávio Zerlotti e mãe de Logan e Victor; e Ana Maria. O corpo foi cremado cremado na manhã da última 6ª.feira (9/11).
Yan Boechat e Dubes Sônego deixam Economia do iG
Yan Boechat (yanboechat@hotmail.com e 11-98291-7348) e Dubes Sônego (dubessonego@gmail.com e 11-98711-9757) deixaram no final de outubro a Redação do iG, onde ocupavam duas das três vagas de repórter especial de Economia do portal. Yan, com passagens por IstoÉ, onde foi editor de Brasil, Valor Econômico (repórter de Empresas e Politica), Foco Economia (editor) e Gazeta Mercantil, dois dias antes de sua saída havia recebido menção honrosa no Vladimir Herzog, por Um navio estacionado na porta de casa. Dubes completaria agora em novembro um ano no iG e antes passou por Brasil Econômico (onde integrou a primeira equipe de reportagem do jornal), Valor Econômico, Gazeta Mercantil e AméricaEconomia, onde era editor.
Livro de universitários revisita mestres da reportagem
José Hamilton Ribeiro, Sônia Bridi, Percival de Souza e Eliane Brum são alguns dos profissionais que fazem parte do projeto encabeçado pela professora Patrícia Paixão, da Faculdade do Povo (FAPSP). Divididos em grupos de dois a cinco, alunos do 4º e do 6º semestre encararam o desafio de entrevistar (na maioria das vezes pessoalmente) seus futuros colegas de profissão. Todo o processo ? entre contatos, edição e revisão ? durou um pouco mais de um ano, e o resultado do trabalho pode ser conferido no livro Mestres da Reportagem. Em entrevista ao Portal dos Jornalistas, Patrícia, que teve passagens por Grupo Folha e iG, fala sobre a ideia de publicar o livro, a reação dos alunos, a receptividade dos entrevistados e a importância que a obra tem para profissionais e alunos. Sobre sua trajetória, a professora, que se diz uma ?jornalista idealista? e apaixonada pelo jornalismo, conta que enveredou pela Academia em 2006, também em busca de ?uma vida mais tranquila […], perdi muitos feriados e datas festivas trabalhando. Todo mundo reunido com a família e eu lá no pelourinho (risos)?. ?Hoje sinto um prazer muito grande em ser professora. Encho a boca para dizer que leciono. Muito mais do que o sossego em feriados e finais de semana, a docência me deu muito conhecimento?. Confira: Portal dos Jornalistas ? Como surgiu a ideia do projeto? Patrícia Paixão ? Desde que comecei a lecionar sempre tive a preocupação de dar desafios aos discentes que os levassem a experimentar a prática da profissão, sempre procurei pautá-los para entrevistar fontes difíceis de serem contatadas, com agendas ocupadas, para que eles começassem ainda no ambiente acadêmico a sentir as dificuldades da área jornalística. Já havia participado de uma obra coletiva (Jornalismo Policial ? Histórias de quem faz, 2010) com meus ex-alunos da Uniban Brasil, na qual entrevistamos 17 repórteres policiais brasileiros. Inspirando-me nessa primeira experiência, resolvi fazer este livro, Mestres da Reportagem, em agosto de 2011. Desta vez, alertei meus alunos da Faculdade do Povo que eu queria fazer um livro mais ousado, com grandes repórteres brasileiros discutindo a importância do gênero Reportagem, e envolvendo profissionais de todas as editorias e não só a policial. Queria também que o livro fosse mais encorpado, oferecendo não só a opinião dos entrevistados sobre o tema, mas os bastidores das principais matérias que eles fizeram. Portal dos Jornalistas ? E como os alunos receberam essa ideia? Patrícia Paixão ? Com um misto de empolgação e temor. Ficaram superanimados com o projeto, bastante empolgados, mas também com medo de não conseguirem convencer os entrevistados a dar a entrevista. Alegavam que, além de serem estudantes, a faculdade é pouco conhecida, e que, por isso, teriam muita dificuldade. Eu fui bastante incisiva, deixando claro que não aceitaria desculpas. Procurei mostrar que bastava ?vender? bem o projeto, mostrar a importância dele, e ser perseverante. E, de fato, isso aconteceu. Lógico que tivemos certa dificuldade para conseguir os primeiros nomes, mas depois de cinco entrevistados renomados no projeto, foi fácil conseguir os outros. A receptividade dos profissionais foi muito boa, o que comprova que a humildade realmente é uma característica do bom repórter. Todos receberam meus alunos com ânimo, respeito e atenção. Inclusive elogiavam o projeto e destacavam sua importância como fonte de conhecimento para estudantes e profissionais. Portal dos Jornalistas ? O que mais a surpreendeu durante a execução? Patrícia Paixão ? Sem dúvida foi o aumento da autoestima dos meus alunos. Eles voltavam das entrevistas com os olhos brilhando, ansiosos por contar tudo o que aconteceu, dizendo que os jornalistas elogiaram as perguntas que eles fizeram, que marcaram de tomar um café com eles posteriormente, que passaram os contatos pessoais deles, enfim. Percebi que depois disso as tarefas que dei como parte da disciplina foram muito mais facilmente executadas. Hoje eles estão muito mais preparados para uma entrevista. Eu exigi bastante deles durante todo o processo. Antes de agendar a entrevista, cada grupo teve de fazer uma pesquisa exaustiva sobre a trajetória profissional do jornalista entrevistado e sobre as principais reportagens que fez. Os alunos foram para a entrevista extremamente preparados. Realmente vários entrevistados destacaram isso, inclusive nas redes sociais. Tivemos um depoimento maravilhoso do Marcelo Canellas (repórter especial do Fantástico) destacando o preparo da minha aluna Jennifer Souza durante a entrevista. Ele ficou muito bem impressionado com ela. Portal dos Jornalistas