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Roberto Civita e Jornalistas&Cia

Por Eduardo Ribeiro, diretor e editor de Jornalistas&Cia Numa ocasião, de tanto ouvir falar sobre Jornalistas&Cia – que vivia furando o cerco oficial das empresas, inclusive da Abril, para levar informações à comunidade jornalística sobre os bastidores das redações e a movimentação profissional –, quis saber do então diretor da Secretaria Editorial Laurentino Gomes, hoje o consagrado autor de 1808 e 1822, quem era a pessoa que comandava a publicação, que vivia surpreendendo. E chegou a comentar: “Por que não tentamos trazer essa pessoa aqui para a Abril?”. Grande e antigo amigo, Laurentino sabia que o assunto não prosperaria, mas não resistiu em comentar a conversa com RC. Interessante é que o meu primeiro emprego com carteira assinada foi na SAIB – Sociedade Anônima Impressora Brasileira, então o braço gráfico da Abril, no prédio da Marginal Tietê, em 1969,  então com 14 anos. Eu era office-boy e ali permaneci por seis anos, ocupando ao longo desse período outras funções. Saí em 1975 e já em 1976 estava de volta, então para assumir meu primeiro emprego no Jornalismo, como repórter-estagiário da revista TV Guia (que existiu por apenas seis meses), a convite de Luiz Laerte Fontes, e ao lado de Wilson Baroncelli, atual editor-executivo de J&Cia. Ali fiquei, nessa segunda passagem, por um ano e meio, quando decidi partir para outras experiências profissionais, deixando para trás boas recordações. Em 2005, RC recebeu a mim e a Marco Antonio Rossi, meu sócio na Mega Brasil Comunicação, em sua espaçosa sala de reuniões no Edifício Abril das Nações Unidas, quando fomos comunicá-lo de que seria o homenageado daquele ano com o Prêmio Personalidade da Comunicação, o mesmo que no ano anterior havia sido entregue a Ruy Mesquita. Carismático e sempre bem-humorado, mostrou-se feliz com a homenagem, mas não perdeu a oportunidade de uma blague: “Quando começam a se lembrar da gente pelo passado e a nos conferir medalhinhas por isso, é porque já não despertamos mais tanto interesse assim nas mulheres, não é mesmo?”. Numa mesa integrada pelos senadores Renan Calheiros, quando presidiu o Senado pela primeira vez, e Edison Lobão, RC disse, em seu discurso, ao receber o prêmio na noite de 4 de maio de 2005 (reproduzido na edição 1904 da revista Veja, de 11/5/2005): “Além de minha paixão vitalícia pela palavra escrita, todos os que me conhecem sabem da minha pregação sobre o que chamo de indissolúvel interdependência entre a democracia, a imprensa livre e a livre iniciativa. Isso pode parecer óbvio – como acontece com todas as grandes verdades após sua formulação –, mas é absolutamente essencial para entender que a multiplicidade de vozes necessárias para garantir e fortalecer a democracia só pode existir numa sociedade em que a sua liberdade é assegurada, em que a entrada é franqueada a quem quiser e puder se habilitar, em que a concorrência em todas as frentes gera a publicidade, que, por sua vez, fecha o círculo virtuoso ao viabilizar a existência de múltiplos meios de comunicação. “Acredito que haja um outro círculo virtuoso em ação: à medida que elevarmos o nível de nossas publicações, à medida que produzirmos reportagens e matérias mais inteligentes, mais bem pesquisadas, mais claras e mais bem apresentadas, o público passará a gostar e a exigir mais disso, e a valorizar os veículos que o fornecem. “Uma das principais atribuições de um editor é buscar o equilíbrio permanente entre a excelência e a integridade de suas publicações e a saúde econômica e financeira de sua empresa: para mim, as duas coisas não são antagônicas, mas sim complementares. “Sem se tornar chata ou dogmática, e lembrando sempre que uma das suas principais funções é tornar o importante interessante, a imprensa – e os meios de informação em geral – deve ser uma força que ajude a compreender o mundo, construir uma sociedade melhor, defender a comunidade e ajudar os seus leitores, telespectadores, internautas e ouvintes a viver melhor.” Em 19 de julho de 2007, RC voltaria a ter contato direto comigo e, desta vez, com Jornalistas&Cia, ao dar uma longa entrevista para a série Protagonistas da Imprensa Brasileira, que também contou com as presenças do editor-executivo Wilson Baroncelli e do professor, autor e pesquisador Manoel Carlos Chaparro. A íntegra da edição, publicada no dia 26 de julho, pode ser conferida no http://migre.me/eLsIE. Mas reproduzimos a seguir alguns dos trechos mais marcantes da conversa: “A única coisa importante que vou falar hoje, o resto vocês podem descartar (risos), é que ser um editor responsável consiste essencialmente, na minha visão, em saber equilibrar não apenas o curto e o longo prazo, mas os dois lados da equação, que são o conteúdo e o negócio… Sem conseguir esse equilíbrio ao longo dos anos, primeiro, não se tem sucesso e, segundo, não se é um bom editor. É simples assim. “Quando começamos a fazer revistas mais sofisticadas e mais complicadas, tivemos que separar claramente as redações e a parte comercial e erguemos quase um muro chinês, enorme, entre elas. E como isso funciona na essência, há 40 anos ou mais? Blindando as redações contra as pressões dos anunciantes e com independência em relação ao Governo. Não estou falando no Governo Federal, mas nos governos municipais, estaduais e federal. Deus e todo mundo que tem algum poder adora aplauso e odeia crítica. Simples assim. Então, o que é preciso fazer? Nós temos uma posição definida e a mantemos. E se o Governo ficar irritado, lamento. Se o Governo parar de anunciar, pena. “A postura de Veja é basicamente de que a lei deve ser cumprida e que o Brasil precisa acabar com a corrupção em todos os níveis. Estamos atrasando o desenvolvimento do País e sendo extremamente injustos com a população na medida em que permitimos que os governantes cuidem de seus interesses em vez dos interesses da população, e na medida em que se desvia dinheiro de recursos públicos, que são escassos e preciosos, para favorecer seja quem for, e não ao interesse público. “Veja tem uma posição clara, ninguém duvida de como ela se situa. Tem gente que não a suporta e não a tolera, não quer ver nem pintada. A esquerda acha que somos de direita, a direita acha que somos de esquerda, os liberais acham que somos contra, e deve ter as mães carolas que acham que somos antirreligião. Deve haver de tudo entre os que não querem saber da revista. Mas a torcida é de cinco, seis, sete, oito milhões de pessoas por semana. Eles gostam, e a gente faz para eles. “O Diogo Mainardi acrescenta a Veja o extremo da indignação. E ele é lido por isso. A gente precisa ter colunistas como o Diogo. Nós temos o príncipe dos colunistas brasileiros, na minha avaliação, que é o Roberto Pompeu de Toledo, ponderado, elegante, inteligentíssimo, e é sempre um grande prazer ler os quase “ensaios” que escreve. A mesma revista tem Lia Luft, Cláudio Moura Castro, Stephen Kanitz, e tem o Diogo Mainardi, que eu acho ótimo. Eu penso numa revista como um grande buffet, como daquelas churrascarias que têm mesas com dez metros de saladas, queijos, verduras, alcachofras… Ninguém come aquilo tudo. Pegam meia dúzia de coisas e voltam contentes para a mesa. Tem gente que gosta de pimenta. Então, nós lhes damos o Diogo… Ele é o canhão solto no convés de Veja.  “Morro de saudades de Realidade. Eu adorei, foi um dos melhores momentos da minha vida e possivelmente da vida de todos os que estavam na redação naquela época. Mas não dá mais para fazer. Não pelo assunto, mas pela velocidade das coisas. A grande mensal não existe mais no mundo. Não tem! A velocidade do mundo faz com que as semanais estejam com dificuldades. Isso de chegar e abalar as coisas com grandes reportagens acabou. Primeiro, as pessoas não têm mais tempo de ler as grandes reportagens, e nem vontade. Nós medimos onde elas param de ler e ficamos aflitos com isso. Às vezes pensamos: “O melhor do texto está lá no último terço”, só que elas não leem o último terço. Elas largam. Alguém disse uma vez que a coisa mais fácil de um leitor fazer na vida é parar de ler. Então, qual é o desafio para todos nós? É, primeiro, fazer com que ele comece a ler cada matéria, não importa em que meio; segundo, que continue lendo. E que não nos largue, porque se ele disser ‘isso não quero ler, aquilo não quero ler, isso é chato’, não vai comprar a revista por muito tempo e nós não vamos ter revista. Então, Realidade, hoje, venderia no Brasil, com muito esforço, 100 mil exemplares. E a um custo alto. Teria pouca publicidade e uma vida muito difícil, além de um esforço muito grande. Então, não fazemos. Eu adoraria. Sacudia o Brasil, fazia a terra tremer, fez a cabeça de uma geração. “Eu e muita gente estávamos muito preocupados com o que viria com o Lula. E o que descobrimos é que o Lula é um homem de bom senso, equilibrado, moderado, não é ideólogo, é pragmático. O Brasil ganhou na loteria ao eleger Lula, porque era loteria. Poderia ter sido um desastre, poderíamos ter tido um Chávez. E tivemos um Lula, que, na minha opinião, a única coisa que não está fazendo e deveria fazer – e não entendo por que não faz – é promover as reformas. Porque ele tem maioria no Congresso, tem 70% de popularidade, sabe o que está errado e precisa ser consertado, sabe que isso contribuiria para acelerar o desenvolvimento do País. Nós estamos crescendo 4,5% esse ano, mas poderíamos estar crescendo 7 ou 8%, facilmente, só removendo barreiras. E o Governo não faz, não entendo por quê. Aliás, se o presidente um dia me receber será o meu único assunto com ele. Eu queria que ele me explicasse.” [N. da R.: Ricardo Boechat citou trecho dessa entrevista na reportagem do Jornal da Band de 27/5 sobre a morte de Roberto Civita. Confira em http://migre.me/eLybi) Sidnei Basile, que na Abril ocupou a direção de Redação do Grupo Exame, a Diretoria de Secretaria Editorial e, ao final, a Vice-Presidência de Relações Institucionais, revelou que ao menos em uma ocasião Jornalistas&Cia esteve num relatório anual que sua área preparou para RC sobre a imagem da empresa junto a seus stakeholders: foi a íntegra de uma edição em que J&Cia destacava, com a manchete Casa de ferreiro, espeto de ferro, uma bem-sucedida iniciativa da empresa na relação com seus colaboradores. Obcecado com a formação e o aprimoramento profissional, sobretudo com a formação intelectual e humanística dos editores, RC sempre que pôde participou pessoalmente ou deu apoio a iniciativas que tinham como objetivo melhorar o jornalismo e os jornalistas. Em particular, eu, pessoalmente, cheguei a ter duas ou três rápidas conversas com ele sobre a criação no Brasil de um Fórum Permanente de Editores, com o objetivo de pensar e repensar o jornalismo e contribuir para o seu aprimoramento, para a sua relevância, para que cumprisse de forma mais efetiva sua missão social. Mas era tudo para ontem, porque, como ele afirmava, “o País não podia mais esperar; já havia perdido muito tempo com irrelevâncias”. Ao final, ele próprio acabou abraçando uma iniciativa de grande relevância: a criação do IAEJ – Instituto de Altos Estudos em Jornalismo, em 2010, para fomentar projetos e iniciativas educacionais de estudos em jornalismo, sempre em parceria com instituições especializadas e reconhecidas. Desse Instituto nasceu o curso de Pós Graduação em Jornalismo com Ênfase em Direção Editorial da ESPM, coordenado por Eugênio Bucci e cuja terceira turma teve início em março de 2013. Suas longas passadas, ao lado de Maria Antonia, na praia da Baleia (Litoral Norte de São Paulo), comuns nas férias de verão e feriados prolongados, muitas vezes interrompidas por encontros com amigos ou admiradores, são agora coisa do passado e das lembranças.

Autoesporte de junho traz edição 2013 do Guia Qual Comprar

A edição de junho da revista Autoesporte chega ao mercado com o Guia Qual Comprar 2013, publicação que traz um comparativo de 45 páginas com os carros de melhor custo-benefício do mercado em 15 categorias, três a mais do que em 2012. Nesta edição, a nona da história do guia, foram avaliados 211 veículos de até R$ 250 mil, entre nacionais e importados. A análise considerou os comparativos de desempenho já feitos pela publicação e dados mercadológicos, como cotação de cesta de peças, valor do seguro, depreciação depois de um ano, garantia e previsão de lançamento de uma nova versão, ou de fim de linha. “É uma edição mais trabalhosa e exige mais tempo e apuração por parte de nossa equipe”, explica o diretor de Redação Marcus Vinicius Gasques. “São muitos dados e automóveis avaliados e ainda temos que cruzar as informações sobre cada um deles com aspectos como desvalorização, preço de seguro e peças de reposição, tudo isso de maneira muito coerente. São várias impressões e leituras da edição pela nossa equipe, mais do que o normal para uma edição padrão, para que possamos minimizar possíveis erros”. O trabalho começou em abril, com um grupo de colaboradores atualizando a tabela de preços dos automóveis e apurando a cesta de peças; a equipe da revista entrou no processo em maio. Além do comparativo, que ocupa quase metade das páginas, a edição traz suas pautas regulares, como test drives e lançamentos. “Diferentemente de uma edição regular, esse especial é dirigido não apenas ao nosso publico habitual, mas também o consumidor em geral, que tem o interesse em saber quais são as melhores opções no mercado”, lembra Gasques. Em outras seis páginas o Guia analisa se vale ou não a pena esperar 28 carros que serão lançados nos próximos meses, como VW Up e Peugeot 2008 ou as novas gerações de Corolla, Focus, Logan, Sandero, Golf e Ka. Já nas bancas, o especial também está disponível nas versões para tablets e smartphones. Vencedor do Prêmio Carro do Ano 2013, o Hyundai HB20 também foi escolhido como melhor opção na categoria Hatch Compacto, enquanto sua versão sedã, o HB20S, ganhou entre os Sedãs Compactos. A fabricante também faturou a categoria de Utilitário Premium, com o ix35. A Ford foi o principal destaque entre as fabricantes, com quatro veículos na lista: New Fiesta (Hatch Compacto Premium), Fusion (Sedã Premium), EcoSport (Utilitário) e Ranger (Picape). A Chevrolet teve o Cruze Sport6 classificado como melhor Hatch Médio, e o Spin como Monovolume/Perua. Mercedes-Benz também teve dois carros no topo da lista: Classe A, como melhor Hatch Médio Premium, e C180, melhor Cupê. Autoesporte reconheceu ainda Honda Civic como melhor Sedã Médio; Volkswagen Gol, Hatch de Entrada; Audi A4 Avant, Monovolume/Perua Premium; e Land Rover Evoque, melhor Utilitário de Luxo.

Joaquim Ferreira dos Santos deixa coluna em O Globo

Joaquim Ferreira dos Santos deixa a coluna Gente boa no Segundo Caderno de O Globo, mas mantém a crônica semanal na última página do caderno. “Ele quis sair da coluna, depois de dez anos, e ficar com a crônica”, diz Ascânio Seleme, diretor de Redação de O Globo. “Quem sabe passa a escrever matéria, tem um belo texto. Ainda vamos negociar um contrato diferente. Eu não tinha um plano para isso”. Cleo Guimarães, que se saiu bem cobrindo férias e ausências do titular, assume o posto interinamente por um período de avaliação.

A morte de Roberto Civita – Os desafios da sucessão

Não será fácil a missão de substituir Roberto Civita. Era um homem determinado, preparado, carismático e, sobretudo, muito querido particularmente pelos cerca de 9 mil colaboradores. Recebeu uma empresa saudável e promissora do pai Victor Civita e, a partir dela, construiu um conglomerado editorial que em 2012 chegou próximo aos R$ 3 bilhões. Acertou mais do que errou, mas sobretudo empreendeu.

Montou negócios e desfez-se deles quando precisou ou achou conveniente; abriu e fechou revistas, atento ao público, ao caixa e ao mercado; mexeu a valer no comando de suas empresas, nomeando e destituindo presidentes e diretores, na busca dos executivos ideais; contrariou (muitos) interesses ao bancar o ritmo alucinante e agressivo de denúncias da Veja, sua filha dileta e da qual se orgulhava de se dizer editor; encarou a educação como missão e como oportunidade de negócios, montando um respeitável conglomerado, além da Fundação Victor Civita, focada na formação de professores; e foi obstinado com a formação profissional, a ponto de, em 2010, estimular e financiar a criação do IAEJ – Instituto de Altos Estudos em Jornalismo, para fomentar projetos e iniciativas educacionais de estudos na área, que deu origem ao primeiro curso de Pós Graduação em Jornalismo com Ênfase em Direção Editorial, que já segue em sua terceira turma na ESPM. Patrão, sempre conduziu a Abril como um dos melhores lugares para se trabalhar e não faltam testemunhos a respeito mundo afora.

Empresário, Roberto Civita investiu, ganhou, perdeu e foi pioneiro em campos como a tevê segmentada e a internet. Cidadão, criticou quando muitos eram só elogios e elogiou quando a crítica era a tônica, além de colocar suas publicações a serviço do ideário que sempre defendeu (ainda que por vezes sob pesadas críticas). Pai de família, nem sempre teve o tempo que desejaria para os filhos, pela brutal carga de trabalho, mas chegou ao final da vida com os filhos ao seu lado.

Roberto Civita e Jornalistas&Cia

A tristeza do precoce adeus Nos corredores da Abril, o luto oficial é espontâneo. As pessoas, como que em respeito à dor de uma perda de grandes proporções, falam menos e mais baixo, entram nos elevadores sem muita animação para puxar conversa, circulam sem a habitual alegria.

Barulhentas por natureza, as redações estão temporariamente mais silenciosas, com fechamentos quase litúrgicos, como diz um editor. Na tarde da última 2ª.feira (27/5), enquanto o corpo de Civita estava sendo velado, centenas dos cerca de 3.270 funcionários que trabalham no Novo Edifício Abril, na Marginal do Pinheiros, em São Paulo, deram um abraço simbólico no prédio e bateram palmas para o chefe que partiu. Como o tempo e a vida não param, já nesta 3ª.feira (28/5), um dia após a cremação e dois da morte de Roberto Civita, houve a entrega do Prêmio Abril de Publicidade, um dos mais importantes do País no campo da comunicação, no Auditório Ibirapuera. Claro, não foi cancelado, porque é preciso seguir em frente, mas ficou a amargura pelo infortúnio de proximidade tão indesejada.

Na cerimônia, Civita recebeu uma bela homenagem e a festa seguiu seu curso, como tem de ser. Passados os momentos de contrição, os olhos de todos se voltam para o futuro, para o que acontecerá com a Abril, no pós-Roberto Civita. Há uma grande expectativa em relação à reestruturação em curso. A empresa, como de resto grande parte da mídia, vê-se diante de um cenário de alta complexidade, e que Roberto vinha enfrentando antes da doença. A diferença é que com ele vivo e à frente dos negócios o remédio poderia ser amargo, mas todos tinham confiança em que a dosagem seria certa, com decisões sóbrias e coerentes com o ideário até aqui construído pela organização. Sem ele, uma sensação de orfandade se apossa e ninguém arrisca prognósticos. Como apurou este Portal dos Jornalistas, a reestruturação da Editora Abril é inevitável.

Embora venha conseguindo manter equilibrada a circulação de seus títulos, a empresa enfrenta uma queda acentuada e contínua de publicidade, que não lhe deixa muitas alternativas. As contas não fecham e serão necessárias medidas que busquem, de um lado, melhorar as receitas e, de outro, reduzir as despesas, binômio que tanto inferniza e atemoriza a vida das organizações e seus colaboradores.

Entender o mercado

Trata-se, de forma objetiva, de fazer mais com menos e aí é que crescem os temores, sobretudo nas áreas de negócios (jornalismo e publicidade). Onde acontecerão os cortes? Nas áreas de negócios, já tão enxutas e em alguns casos no limiar de comprometer o padrão Abril de qualidade? Nas áreas corporativas, aquelas que integram o estafe da alta direção da empresa, em que despontam, além do falecido RC, Jairo Leal, Fábio Barbosa e Giancarlo Civita? Nas demais áreas de apoio? “Se tiver bom senso, a empresa preservará a área de negócios, que já deu sua cota de sacrifício em cortes recentes e hoje está à beira de um colapso”, diz um editor da casa. “Grande parte de nossas redações tem hoje dez, 15 profissionais e reduzir ainda mais será suicídio”, acrescenta, lembrando que as redações e a publicidade são o coração da empresa e se pararem de pulsar comprometerão todos os demais órgãos, inclusive os altos escalões, que passarão a ter cada vez menos coisas para administrar. Para entender o que se passa na Abril, empresa conhecida por sua capacidade de gestão e de excelência, é preciso analisar o que acontece com o mercado. Há pelo menos três motivos que explicam a queda de receita publicitária dos meios impressos em geral e das revistas em particular: 1°) a decisão empresarial de concentrar cada vez mais as verbas de publicidade na tevê aberta, sobretudo na Rede Globo, na busca de atingir essa nova e crescente classe média que vem surgindo no País (a despeito da própria perda de audiência dessa mesma tevê aberta em relação a  outros meios); 2°) o surgimento de uma nova geração de CEOs, que, acostumados a permanecer temporadas menores numa mesma organização (dois a três anos em média), focam suas ações e investimentos no curtíssimo prazo; e 3°) a consequente mudança nas estratégias de marketing, que estão canalizando as verbas de publicidade cada vez mais para ações de varejo, com o objetivo de retorno imediato. “Ora – diz um outro editor ouvido por este J&Cia – todos sabem que o meio revista, por suas características editoriais, refinamento e ciclo de maturação, não se presta adequadamente ao varejo, mas sim à construção e consolidação das marcas. Quem anuncia em revista busca a perenidade, tem um olhar de médio e longo prazo. Quem faz varejo anuncia hoje para vender amanhã. É aí que as coisas começam a se complicar para quem, como nós, produz revista. Temos o desafio de entender o que está se passando, estancar e reverter esse processo, e fazer as mudanças necessárias, mas tudo isso sem abrir mão da independência editorial”.

Uma Abril mais dócil? Essa independência, que Roberto Civita sempre garantiu, 24 horas por dia, nos 365 dias do ano, é o que se teme perder, já que não há, entre os atuais dirigentes da Abril, alguém com aquele perfil, inabalável na defesa de seus ideários e pródigo na construção de inimizades, erguidas tijolo a tijolo a cada denúncia nas páginas das revistas que dirigia. Com a ausência de RC, quem na Abril teria um perfil parecido para fazer esse papel? O moderado e conciliador Fábio Barbosa, presidente da Abril Mídia e da Abril S/A e homem com uma longa experiência no setor financeiro mas ainda com pouca quilometragem numa empresa jornalística? O filho Giancarlo Civita, agora presidente pleno do Grupo Abril, que também ainda não foi testado de forma mais contundente nas adversidades do negócio, nas pressões mais intensas? Tenderia a empresa a mudar sua conduta editorial em casos mais polêmicos, nas denúncias contra o poder e os poderosos, na sua linguagem muitas vezes agressiva, como hoje é o DNA de sua principal revista, Veja? Teríamos, enfim, uma Abril mais dócil? Disse um editor da empresa a Jornalistas&Cia que a morte de RC “aconteceu em paralelo ao outro movimento, que é o da tal reestruturação.

Não saberia dizer até que ponto a saída do Jairo [Leal] da operação tem a ver com a saúde do RC. Existia uma crença de que ele não voltaria mais para o dia a dia, que se voltasse para casa já seria uma vitória enorme. A ida do Jairo para o Conselho parece perfeita nesse sentido. É o mais preparado da família (sim, ele é como se fosse de sangue) para representar os Civita no Conselho”. Gianca, como é conhecido o agora presidente do Conselho de Administração da Abril, em discurso de despedida no velório do pai, e falando em nome dos irmãos, garantiu que não: “A dor indescritível da perda de nosso pai torna-se suportável somente pela certeza de que ele teve uma vida plena em que fez frutificar suas convicções em uma obra memorável. Roberto Civita foi um líder, uma referência de pensamento e ação em benefício da democracia e do avanço social, econômico e cultural do Brasil. Nosso pai era um entusiasta do Brasil. Ele acreditava no Brasil. Durante toda a sua vida mostrou em atos e palavras que uma nação de verdade, viável e justa não nasce ao acaso. Ela precisa ser construída. Ele tinha certeza de que as ferramentas para isso são a educação e a liberdade de expressão. A esses dois fundamentos, que ele via como inseparáveis, nosso pai dedicou sua vida. Como seus filhos, reiteramos o compromisso que já havíamos feito a ele de perseverar na busca da verdade, na melhoria da qualidade de vida dos brasileiros e no fortalecimento das instituições democráticas no Brasil.

Esse foi o legado que ele recebeu do nosso avô, Victor Civita. Esse é o legado que eles nos deixou. Vamos ser fiéis a ele”. Para muitos, uma mudança na postura de Veja não seria necessariamente uma rendição, mas uma volta ao “bom jornalismo” que marcou muitos de seus quase 50 anos de vida. “Isso é balela”, garante um ex-editor, que lá esteve nos tempos de Collor. “A revista sempre mostrou coerência na sua luta contra os poderosos de plantão, nas denúncias contra a corrupção, o mau uso do dinheiro público e os malfeitos em geral. Ao fazer isso já foi taxada de petista, de tucana e agora de uma revista de direita. Veja não mudou, mudaram os grupos de poder e os malfeitos que Veja sempre denunciou e continuará denunciando”.   Mudanças virão E o chão de fábrica – no caso, das redações –, como estaria reagindo à morte de Civita e ao porvir? Portal dos Jornalistas traz aqui o depoimento de uma editora, que ali já passou por outras crises, nenhuma como essa: “Aqui a coisa está bem triste, como seria de se esperar. Sentimento generalizado: 2ª.feira, dia 27, os funcionários deram um abraço simbólico no prédio, com maciça adesão espontânea. Pode-se dizer muita coisa de RC, mas nos quesitos gentileza, educação e carisma o homem era uma unanimidade do bem. Sempre muito solícito e sorridente, era do tipo que segurava a porta do elevador para o pessoal da limpeza, por exemplo.

Por suas escolhas políticas angariou, fora daqui, muitos desafetos, mas internamente esse viés se dissipava. Era o patrão e pronto. Há tempos procurava seu sucessor sem muito êxito e agora fica a pergunta: o filho que assume está à altura da tarefa? Novos tempos e turbulências se avizinham, é o pensamento comum. Ninguém sabe bem o que acontecerá com a empresa. Os pessimistas já pensam no pior: enxugamento radical dos quadros e fechamento de muitas revistas. Outros acham que ele vai simplesmente dar continuidade ao trabalho do pai. Há quem diga que ele não gosta dos problemas trazidos pela Veja, os processos, as encrencas com os políticos. Isso dito, é a revista que banca a editora como um todo e em time que está ganhando não se mexe. Existe uma corrente que acha que chegou a hora de pitacos na Veja, que sempre teve o dr. Roberto como para-raios e ninguém ousava passar por cima dele, obviamente.

Mas e agora? O que ninguém discorda: mudanças estão a caminho. Só resta saber se serão para o bem – ou para o mal, com a vitória de alguns burocratas enciumados com o peso da revista no grupo. Há mesmo quem cogite a subida de Eurípedes Alcântara para o posto de diretor-presidente… Quem viver, verá. Aguardemos os próximos e emocionantes capítulos”. De um repórter de uma das revistas mensais, J&Cia recebeu o seguinte depoimento: “Dia de velório com cara de dia de velório. Foi assim esta 2ª.feira que agora está terminando. Triste partida, um tanto precoce, a de Roberto Civita. Estamos todos agora na expectativa do que vão fazer com o legado por ele deixado. E principalmente com o legado de convicções, pois o material, dos negócios, embora interesse a todos que vivemos dele, creio que é menos importante.

A questão é mesmo a das ideias, das bandeiras, da disposição de criticar e lutar. O RC, concorde-se ou não com o que ele representava, tinha uma tenacidade ímpar. Vamos ver o que o tempo nos trará”. E um editor afirmou que a morte de RC, mesmo esperada, baqueou muita gente mesmo: “Por conta dela e da espera da reestruturação (que deve ser anunciada terça que vem), ficou tudo muito paralisado. (…) Acho que está assim: a vida continua no operacional, mas o estratégico deu uma travada. Semana que vem isso deve mudar. Veremos”.

Cortes no Valor: acionistas pressionaram por redução de custos

Embora não se possa dizer que o mercado editorial esteja em seus melhores momentos, onde menos se esperava um corte relevante de pessoal ele aconteceu – no jornal Valor Econômico. Foi em 23/5, quando a empresa realizou um corte de 50 pessoas, atingindo um pequeno grupo de profissionais experientes e antigos na casa e um número maior de profissionais mais jovens, chegados mais recentemente ao jornal. Decisão penosa e que teve origem fora, nos acionistas (Grupo Folha e Organizações Globo), que consideraram necessário um corte nas despesas. A empresa, possivelmente diante de ter de comunicar uma iniciativa que ela, por si própria, não teria tomado, mostrou-se constrangida e, com isso, acabou fazendo o que condenaria de forma veemente em suas fontes: não quis falar, limitando-se a encaminhar, por sua assessoria de imprensa, um curto comunicado: “Com o objetivo de se adequar aos desafios do futuro, o Valor Econômico fez um ajuste em sua estrutura. Tal ajuste foi desenhado de modo a ter o menor impacto possível tanto em seu quadro de funcionários quanto em suas operações”. No caso, esse menor impacto foi um corte de 20% da força de trabalho editorial da empresa, que tem agora 200 dos 250 profissionais que empregava até o final de abril. Na comparação com o início de 2012, no entanto, o saldo é positivo, pois a empresa havia contratado nesse quase um ano e meio quase cem jornalistas para o seu novo projeto Valor-PRO. Com investimentos próprios da ordem de R$ 100 milhões, o Valor-PRO, lançado com algum atraso neste início de ano, é um projeto estratégico da empresa. Ele a coloca num negócio –terminais dedicados e focados no mercado de capitais, abastecidos com informações em tempo real – hoje dominado por Broadcast, da Agência Estado, e que tem como outros players Bloomberg e Reuters, em menor escala, com chances de alcançar a liderança em alguns anos. Essa é, aliás, a aposta da empresa, que há anos se viu estimulada por Globo e Folha a estudar sua entrada no negócio. A pressão maior viria da Folha, que, com sede em São Paulo, acompanhava de perto o sucesso da Broadcast, sob a égide do Grupo Estado. O desafio: ora, se o Valor Econômico é o maior jornal de Economia do País, tem grande credibilidade, é respeitado e conta com fontes e entradas em todos os segmentos empresariais e nas principais instituições econômicas do País, por que razão não investir nessa área, que tem tudo a ver com o seu foco de atuação, e enfrentar um concorrente que, apesar de fortíssimo, não tinha a mesma extensão setorial, nem o mesmo DNA de Economia? Questão segunda: o jornal precisava diversificar suas receitas e desse modo diminuir sua dependência – ainda muito grande – da publicidade legal, cuja obrigatoriedade, ainda em vigor, pode acabar de uma hora para outra, levando ao colapso quem dela depende. Pressionado a entrar num negócio que se mostrava não só estratégico como vital para sua sobrevivência, o Valor Econômico decidiu estruturar o Valor-PRO. Havia uma desvantagem em relação ao Grupo Estado, pois este, através da Agência Estado, comprara a Broadcast em 1991, já com uma base tecnológica desenvolvida e grande aceitação no mercado. Com a aquisição, ela passou a fornecer aos clientes, além das cotações em tempo real, informações e análises que tinham impacto direto sobre a lucratividade dos seus negócios. No caso do Valor, que começou praticamente do zero, o desenvolvimento consumiu mais de três anos e houve muita turbulência no campo da tecnologia. Isso levou a empresa a adiar por pelo menos duas vezes o lançamento, arcando com os prejuízos daí decorrentes. Tudo poderia ser minimizado se a operação comercial fosse um sucesso retumbante, o que não ocorreu. Por ser um serviço relativamente caro (cerca de R$ 1.000 por terminal) e dominado por uma empresa de tradição, a conquista de mercado, sobretudo num cenário de crise, requer tempo, obstinação e mais investimentos. Líder, a Broadcast também não está dormindo de touca e se pôs em movimento. Esta semana mudou-se para o 6° andar do prédio do Grupo Estado, integrando-se à equipe de Economia do jornal. Até então uma operação independente, passa agora a atuar de forma integrada e em sinergia com o próprio jornal. No caso do Valor, o projeto já nasceu integrado, pois todo o conteúdo editorial gerado por seus jornalistas abastece simultaneamente três plataformas: o jornal Valor Econômico, o site Valor Online e a plataforma Valor-PRO. O corte de 2003 – Vale recordar que o jornal fez um outro grande corte de pessoal em 2003. À época, ele foi da ordem de 50%. O Valor tinha 150 profissionais e de um dia para outro passou a ter 75. Quais as diferenças para 2013? A primeira é que há dez anos o jornal atravessou um difícil momento econômico, do mesmo modo que as Organizações Globo, e precisava cortar custos para sobreviver com suas próprias forças, pois já não contava com aportes de seus acionistas. A segunda é que o único concorrente, a Gazeta Mercantil, já estava em acentuado processo de decadência, permitindo que mesmo com uma equipe reduzida pela metade o Valor ampliasse seu domínio e sua liderança no mercado. Muito diferente de agora, em que o jornal, mesmo com boa situação econômica, vê-se diante do desafio de cortar custos para fazer frente aos novos investimentos necessários, e enfrenta um concorrente muito mais forte do que aquela Gazeta Mercantil de 2003. Ante a iminência de ter de fazer cortes na equipe, a diretora de Redação Vera Brandimarte e seu estafe editorial decidiram que, como em 2003, buscariam preservar a inteligência e a experiência, particularmente dos núcleos editoriais mais estratégicos para suas três plataformas. Sabia-se que praticamente todos teriam de entrar no sacrifício, dada a extensão do corte, mas a ideia era evitar ao máximo perdas significativas de qualidade e produtividade nas editorias-chave. Vera, pelo que apurou J&Cia, reuniu-se com a equipe na 2ª.feira (27/5) para falar das razões do corte e para dizer que eles cessaram. Falou que os profissionais demitidos não serão substituídos e que, em havendo oportunidade, a porta estará aberta para todos. Foi uma conversa difícil, com momentos de visível emoção, como relatou um dos presentes. Vera, como se sabe, é a grande fiadora desse projeto e nele está desde o início, primeiro como adjunta de Celso Pinto, e, com a doença deste, que completa dez anos – em maio de 2003 –, como diretora editorial. Decididos a antecipar o break even do Valor-PRO para antes do final de 2014, como era inicialmente a ideia, e a garantir receitas para fazer frente aos investimentos que virão e às eventuais quedas de receitas da publicidade legal, os acionistas decidiram agir preventivamente no sentido de reduzir o patamar de despesas da empresa. Além de ainda não estar na “ponta dos cascos” com a tecnologia, o que obviamente impacta a geração de receitas do projeto, a empresa sentiu um primeiro baque na publicidade legal: uma nova instrução desobriga empresas de fora do eixo Rio-São Paulo a fazer anúncios em jornais de circulação nacional e as autoriza a fazer em veículos locais. Com isso, no caso do Valor, a estimativa de perda de receita em 2013 é da ordem de R$ 10 milhões, volume considerável mesmo para uma empresa que fatura mais de R$ 100 milhões por ano. Mudança conceitual – A chegada do Valor-PRO provocou uma mudança cultural enorme no modus operandi do Valor Econômico, como explicou um integrante da equipe a J&Cia. Lá atrás, quando foi fundado, e nos anos seguintes, sem ter equipe numerosa em condições de acompanhar a infinidade de temas do cotidiano, o jornal fez a opção de cobrir prioritariamente assuntos exclusivos. Temas coletivos, a menos que tivessem importância capital, não eram foco da redação, eram simplesmente descartados. Com o Valor-PRO isso mudou radicalmente, pois todas as informações, commodities ou não, vindas por releases ou quaisquer outros meios, interessam aos operadores, pelo impacto que podem gerar no mercado de capitais. Com isso, a empresa viu-se obrigada a rever sua cultura e, mais do que isso, a ampliar substancialmente a equipe, para dar conta da brutal elevação de informações com que passou a trabalhar. As contratações vieram, os treinamentos foram feitos, a empresa chegou até a criar um curso de jornalismo especializado para identificar novos talentos (500 inscrições, 40 selecionados e ao final do curso cerca de 20 contratações) e agora cuida de consolidar esse seu novo jeito de enxergar as informações. Em princípio, tudo o que é informação com algum potencial econômico tem lugar numa das três plataformas. Baixas em SP, RJ e DF – Deixaram a equipe paulista do jornal, entre outros, Cristine Prestes e Paulo Totti (repórteres especiais), Cândida Vieira e Edson Pinto de Almeida (editores-assistentes dos Produtos Especiais, que eram frilas fixos), Conrado Mazzoni (editor de Finanças do Valor Online), Maria Christina Carvalho (editora de Opinião), Carlos Motta (editor-assistente de Nacional), Rodrigo Uchoa (editor da Blue Chip), Moacir Drska (da editoria de Tecnologia), Renato Brandão (editor de Arte), Ana Fernandes (repórter de Indústria) e Nádia Rodrigues (revisora e que cuidava também do controle de qualidade dos textos do jornal), além do economista Edgar Kanamaru e dos fotógrafos Daniel e Régis. Também saíram, a pedido, o repórter de Consumo Alberto Komatsu e a sub de Política Ana Paula Grabois. Quem também saiu foi Suzi Katzumata (suzi.katzumata@gmail.com e 11-99685-0547), que participou da elaboração do projeto de cobertura de mercado financeiro internacional do Valor-PRO e foi editora-assistente (também em Internacional). Antes do Valor, Suzi esteve por 11 anos no Estadão, no qual igualmente atuou como editora-assistente de finanças internacionais. No Rio de Janeiro saíram Vera Saavedra Durão e Chico Santos, como informou a editora regional de J&Cia Cristina Carvalho. Vera, apesar de constar no expediente como repórter especial, atuava como segunda de Heloísa Magalhães, chefe de Redação da sucursal. Especializada em Economia, Vera começou na agência Tele Notícias, da extinta revista Visão; foi de O Globo e Jornal do Brasil, e passou quase 20 anos na Gazeta Mercantil, como pessoa de confiança de Paulo Totti. Em 2000, foi convidada a participar da fundação do Valor, onde estava até agora, respondendo pela cobertura das áreas de mineração, siderurgia, grandes negócios e macroeconomia. Chico estava no Valor desde 2004. Ele começou nas revistas especializadas em navegação, e nessas publicações passou oito anos, até se transferir para a sucursal da Folha de S.Paulo, sempre na área marítima. Um ano depois, ampliou a cobertura e foi, por 16 anos, repórter de Economia da Folha. No Valor, cobria petróleo e energia; estatais, especialmente BNDES; macroeconomia; e fez algumas grandes reportagens, entre elas uma sobre a transposição do rio São Francisco. Em Brasília, como informa a correspondente Kátia Morais, o corte abrangeu três vagas. Saíram Sérgio Leo e Azelma Rodrigues e o jornal congelou a vaga de Daniela Martins, que saiu poucos dias antes para trabalhar na assessoria do Ministério da Saúde. Daniela chegou ao Valor por meio do Curso de Jornalismo Econômico promovido pelo jornal em Brasília, sob os cuidados de Mônica Izaguirre (repórter especial na sucursal). Sérgio (sergioleo@valor.com.br e 1sergioleo@gmail.com), que estava na empresa havia 13 anos, ultimamente como repórter especial e colunista, continuará a colaborar na Coluna da Página Dois, que escreve às 2as.feiras e divide, nos demais dias, com Delfim Neto, Cristiano Romero, Ribamar Oliveira e Cláudia Safatle. Ele sairá de férias em junho.   Benefícios garantidos – A direção do Valor Econômico decidiu conceder um pagamento extra a todos os demitidos, além de estender a eles por seis meses o plano de saúde. Os salários adicionais para quem sai foram definidos em função do tempo de casa: quem ali estava até cinco anos receberá 1 salário nominal a mais; quem tem entre cinco e dez anos, 1,5 salário; e quem tem mais de dez anos, 2,5 salários. Vale acrescentar que as demissões ocorreram às vésperas do dissídio coletivo. Nas negociações com o Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, a empresa assegurou que os índices definidos no acordo coletivo serão repassados aos demitidos depois da assinatura do acordo. Não é demais lembrar que a empresa valeu-se, nesse processo, dos benefícios garantidos pela legislação, que autoriza isenção do Imposto de Renda para casos semelhantes aos de um PDV (Programa de Demissão Voluntária). Além dos benefícios mencionados, os repórteres especiais e editores que têm carros cedidos foram liberados pela empresa do pagamento de metade do leasing a que estariam obrigados por regra interna.

FBB promove encontro de jornalistas em Manaus

Manaus sediou de 22 a 24/5 a sétima edição do Encontro de Jornalistas, promovido pela Fundação Banco do Brasil. Com o objetivo de difundir as tecnologias sociais apoiadas pela fundação e estimular os profissionais a produzirem conteúdo sobre a região amazônica, cerca de 100 profissionais foram convidados a participar do evento, cujo tema foi Comunicação e perspectivas do desenvolvimento sustentável. Tecnologias Sociais Apesar do pouco tempo para visita técnica – reclamação recorrente dos jornalistas participantes –, pôde-se conhecer um pouco mais das chamadas Tecnologias Sociais, soluções simples que geram emprego e renda para comunidades e pequenos produtores. É o caso da meliponicultura, criação de abelhas sem ferrão em caixas de nogueira que produzem um mel bastante saboroso – e completamente distinto em sabor do que estamos acostumados a consumir. A cerca de 50 minutos de Manaus está a produção de seu Ivanildo, o simpático dono de um pequeno sítio de três hectares. O mel, para ele, surgiu como possibilidade de renda extra, mas as abelhas não cumprem apenas essa função: também são responsáveis por polinizar a área, que produz graviola, abacaxi, jambo e tantas outras frutas. Os igarapés, cursos d’água típicos da região amazônica, também são utilizados para a criação de peixes. Com baixo custo de implementação, o sistema permite otimização do espaço e fartura de peixe, o principal alimento do amazonense, o ano inteiro. “Outro fator que observamos é a participação da mulher nesse tipo de atividade, que se destaca pela paciência e delicadeza ao alimentar o peixe”, destacou Geraldo Bernardino, secretário-executivo de Pesca e Aquicultura da Secretaria de Estado da Produção Rural do Amazonas (SEPROR/AM), que recebeu o grupo de jornalistas nesta segunda visita. No espaço visitado, o proprietário enxergou também a possibilidade de tornar o igarapé um ponto de lazer, no qual os visitantes podem banhar-se e saborear o peixe capturado na hora e preparado no restaurante que fica ali mesmo. Outra tecnologia apresentada – desta vez não em visita, mas com próprio material (bolsa e porta-lápis) recebido pelos participantes – foi a de encauchados de vegetais da Amazônia, pela qual aldeias indígenas e comunidades extrativistas são incentivadas a extrair o látex de maneira sustentável e, em vez de vendê-lo como matéria-prima, produzir ali mesmo artesanato, comercializado por dez vezes o valor cobrado pelo produto bruto. Inspiração para boas pautas não faltou. Talvez por isso a ansiedade dos profissionais por visitas mais longas. Aos interessados, a fundação concentra em um site informações sobre todas as tecnologias sociais que certifica, com contatos dos responsáveis. Para saber mais, acesse http://migre.me/eLWo1. Agenda social e cobertura da mídia Amélia Gonzalez, que participou da mesa sobre o tema ao lado de Bráulio Ribeiro (EBC) e Dal Marcondes (Envolverde), manifestou uma dúvida que outros profissionais provavelmente também têm: “Quem sabe hoje o que o público quer ler? Eu tive a sensação de que, com o Razão Social [caderno que editava no jornal O Globo], nós não tivemos essa percepção do que o público queria ler”. “Fico pensando que se leva para Sul e Sudeste coisas de Norte e Nordeste que podem ser triviais para os colegas daqui. […] Será que não se banalizou essa cobertura, tornando tudo o que acontece aqui maravilhoso? Para esse tipo de reportagem, precisa-se levar, talvez, um pouco mais de dados de realidade. Não estou julgando, apenas tentando puxar de nós mesmos. O que será que estamos levando para essas pessoas que leem? Será que elas pensam que está tudo ótimo agora com essas tecnologias sociais, por exemplo?”, complementou. Bráulio – gerente regional de Rádios da Amazônia, iniciativa criada no ano passado pela EBC que congrega várias rádios vinculadas a governos estaduais e federais – abordou a questão da pouca variedade de temas na mídia: “A mídia que vejo circular fortemente hoje no Brasil é monotemática, tem com pouquíssima diversidade de enfoques do Poder Público. Não tenho a menor dúvida de que existem outras formas, uma pauta que circula com muito mais diversidade por aí. Mas a mídia que de fato pauta a agenda do País é monotemática. Acho fundamental que se pratique o jornalismo contra-hegemônico – como é o caso de boa parte dos presentes aqui hoje. Por exemplo, ter um blog com o da Amélia em um portal como o G1, para mim, é um enclave!”. Outra questão que os debatedores apontaram foi a de falta de tempo para preparo e apuração de pautas pelos repórteres, que no dia a dia precisam cobrir diferentes assuntos em prazo muito curto. “Lembro de termos feito várias vezes matérias sobre a luta dos professores para trabalhar e se capacitar ao mesmo tempo, pois não têm dinheiro para comprar livros e o tempo é escasso, já que precisam acumular diversos empregos”, disse Amélia. “E fico me perguntando se nós, jornalistas, também não estamos um pouco nessa situação. Um pouco, não. Muito. Sabemos que os nossos salários estão baixos, que muitas vezes temos que pular entre dois, três empregos e que tudo que se quer no fim de um dia de trabalho é deitar e dormir. E que hoje em dia jornalista lê pouco. […] Acho que sabemos o que precisa feito, o que nos faltam são as ferramentas. E as ferramentas passam, sim, por termos melhor qualidade de vida, mais tranquilidade para ler ou frequentar um curso, o que seja. Dal Marcondes complementou: “Há uma coisa que mesmo quem não está em redação faz – eu faço muito isso –, que é olhar para a pauta e se perguntar ‘o que eu, com meus conhecimentos, com minhas fontes de informação, tenho a dizer de relevante sobre esse assunto? Como posso contribuir?’ E aí perceber quais são os meus limites e buscar superá-los para oferecer algo melhor ao meu leitor”.

De papo pro ar ? Orgulho no peito

Juca Ferreira, atual secretário de Cultura da Prefeitura de São Paulo, foi fazer compras num supermercado usando uma camiseta com estampa do rei do baião. Ao passar pelo caixa, uma moça muito simpática perguntou-lhe se tinha algum parentesco com Luiz Gonzaga. Ele riu, dizendo que não. A moça então contou que o filme De pai pra filho lhe fizera muito bem. E, com lágrimas, acrescentou: – Eu tinha vergonha da minha condição de nordestina, até assistir a esse filme.

As discretas mudanças no expediente do Estadão

No mesmo mês de maio em que o Estadão foi notícia com Alberto Tamer e Ruy Mesquita, falecidos respectivamente nos dias 19 e 21, mudanças significativas no Conselho de Administração da empresa passaram quase despercebidas. Olhos atentos, no entanto, perceberam a ausência de dois nomes no expediente da página A3: Plínio Villares Musetti e Patrícia Mesquita. Eleito para a Presidência do Conselho de Administração da Natura em 24/4, Plínio deixou igual cargo no Estadão e não foi ainda substituído. Ele permaneceu no Grupo Estado por um ano e nove meses (havia assumido o posto em 25/7/2011). Antes dele, presidiram o Conselho Luiz Vieira de Carvalho Mesquita (1984-1996), Ruy Mesquita (1996-1997), Francisco Mesquita Neto (1998-2005), Roberto C. Mesquita (2005-2007) e Aurélio de Almeida Prado Cidade (2007-2011). Patrícia, a maior acionista individual da empresa, com 16,6% de seu controle acionário, deixou o Conselho de Administraçao e indicou, para substituí-la, o pai de seus filhos, o jornalista Getúlio Luiz de Alencar. Opinião – Outra mundança no expediente da página A3 foi a natural exclusão do nome do diretor de Opinião Ruy Mesquita, e a inclusão como editor responsável de Opinião do nome de Antonio Carlos Pereira. Muitos estranham, porém, que o nome de Ruy Mesquita não tenha sido incluído no expediente da página A2, onde estao os Mesquitas que dirigiram o jornal. Nele constam Julio Mesquita (1891-1927), Julio de Mesquita Filho (1927-1969), Francisco Mesquita (1927-1969), Luiz Carlos Mesquita (1952-1970), José Vieira de Carvalho Mesquita (1959-1988), Julio de Mesquita Neto (1969-1996) e Luiz Vieira de Carvalho Mesquita (1959-1997). Ainda a propósito do jornal, a Agência Estado mudou esta semana para o sexto andar do edifício-sede da empresa, em São Paulo, onde antes ficava o extinto Jornal da Tarde. Com isso, integrou-se a uma grande redação de Economia junto com a editoria da área no Estadão, o Portal de Economia & Negócios, o Link (suplemento de informática, que desde a última reforma gráfica e mudança dos cadernos também passou a fazer parte do caderno de Economia) e Broadcast. O espaço foi todo reformado, e as persianas trocadas, para receber as equipes.

Seguem abertas inscrições para Prêmio Petrobras de Jornalismo

Estão abertas até 10/7 as inscrições para o Prêmio Petrobras de Jornalismo. Dividido nas categorias Nacional e Regional, poderão ser inscritas matérias sobre os temas Cultura, Responsabilidade Socioambiental, Esporte e Petróleo, Gás e Energia, veiculadas em mídia impressa, rádio, televisão ou portais de notícias entre 10/5/2012 e 9/5/2013. A Petrobras também vai premiar a melhor fotografia nas categorias Nacional e Regional em qualquer um desses temas e veículos.  As melhores reportagens de cada tema na categoria nacional, assim como a melhor fotografia nacional, receberão R$ 17.200. Já os vencedores regionais ganharão R$ 7.150. Além dessas categorias, haverá ainda o Grande Prêmio Petrobras de Jornalismo, que oferecerá R$ 30.000 à melhor reportagem entre todas as enviadas. Os prêmios são em valores brutos. Cada jornalista pode inscrever até seis diferentes reportagens; no entanto, a mesma reportagem não pode ser inscrita em mais de uma categoria (Regional e Nacional). Os participantes do Fotojornalismo podem inscrever um trabalho para cada tema, sendo também vedada a participação simultânea nas categorias Regional e Nacional. A ficha de inscrição e o regulamento estão disponíveis no site da Agência Petrobras. O material deve ser enviado para a sede da Petrobras (av. República do Chile, 65, 10º / sala 1001, Centro, Rio de Janeiro/RJ – CEP 20031-912). Mais informações pelo premiopetrobras@agenciapetrobras.com.br, 21-3224-3932 ou 3224-4281. Os vencedores serão conhecidos em outubro.

Isabela Barros e Isaura Daniel lançam página As Poupadoras

Isabela Barros, que hoje atua como freelancer, e Isaura Daniel, editora da Agência de Notícias Brasil-Árabe, lançam o site As Poupadoras (www.poupadoras.com), a fim de dividir informações sobre educação financeira. “Nosso principal objetivo é trocar experiências sobre o uso do dinheiro, o nosso diferencial”, diz Isabela. “Sites de finanças pessoais existem muitos, mas não com esse objetivo e de forma tão cotidiana. Queremos contar como poupamos e ouvir leitores, consultores, personalidades e especialistas sobre o tema”. Amigas há mais de dez anos, as autoras contam que a ideia de criar a página surgiu naturalmente durante conversas, quando perceberam a convergência de escrever sobre um tema de gosto mútuo das duas e que ainda iria ao encontro da necessidade de existir um site sobre finanças pessoais com uma linguagem informal, que facilitasse o entendimento do público.   A proposta editorial é mesclar notícias, encontradas na seção Cofre de Notícias; histórias reais de leitores, em Duas Moedas de Prosa; e de ficção, em Vida e Fortuna de Bárbara e Elis. Sobre a novidade da abordagem fictícia Isaura comenta: “A ideia das personagens veio justamente da proposta de descomplicar o tema das finanças. É muito melhor ler a história de alguém, gente como a gente, que fez fortuna, do que ler um manual com a teoria da fortuna, não é? Essa é a proposta, contar histórias do cotidiano com as quais os leitores se identifiquem”. Com atualizações diárias, de 2ª à 6ª.feira, os leitores poderão ainda tirar dúvidas pessoais com economistas e especialistas da área, acompanhar relatos de famosos contando sobre sua relação com o dinheiro e conferir dicas de livros sobre finanças pessoais. 

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