A história desta edição é novamente uma colaboração de Sandro Villar ([email protected]), correspondente do Estadão em Presidente Prudente (SP). Lourenço Diaféria Já convivi e trabalhei com muita gente boa, mas confesso que nem todos eram como o cronista Lourenço Diaféria (28/8/1933 – 16/9/2008). Ótimo sujeito, ótimo jornalista, um dos reis da crônica. Pouco antes de ele partir deste insensato mundo, bateu saudade e liguei para sua casa no bairro do Sumaré, em São Paulo. Percebi que sua voz estava fraca, ele mal conseguia falar. “O que houve?”, perguntei. “Meu problema é insanável”, respondeu. Evidente mantive a discrição e não entrei em detalhes. Nem precisava, pois o “insanável” explicava tudo, deixando claro que Diaféria vivia seus últimos dias. Depois da nossa conversa, fiquei mais triste que moda de viola ou, se me permitem outro exemplo comparativo, mais triste que os ministros do PSB que perderam a boquinha no governo da camarada Dilma. Logo depois telefonei para alguns amigos, igualmente amigos do Diaféria, para avisar sobre o estado de saúde do cronista. Um deles é o jornalista e escritor Mylton Severiano da Silva, o Myltainho, então editor da revista Caros Amigos. Aliás, uma vez fui à casa do Lourenço Diaféria, para entrevistá-lo, e quem encontro lá? O Myltainho, que conversava com o anfitrião na varanda da residência. Os dois bebiam água que sabiá não bebe e só não bebi porque estava a serviço. Percebi que a casa não era cercada. Depois, o cronista me contou que detestava cercas. “Sem cerca eu posso ver as pessoas na rua”, explicou (logo pensei no personagem do ator Kirk Douglas no faroeste Homem sem rumo, que também odiava cercas). Trabalhei com Lourenço na Rádio Excelsior, hoje CBN, na equipe comandada pelo jornalista Isidro Barioni, outro amigo fraternal do Diaféria. Ele era um dos comentaristas do jornal Ouça, ao lado do saudoso Ennio Pesce, que à época tinha uma coluna no Jornal da Tarde. Em 1997, quando o Estadão publicou uma crônica minha, fiz questão de mostrar o texto ao Diaféria. “O que você achou?”, eu quis saber. E ele: “Está boa, mas tem muito número”. De fato, havia números para mais de metro. Não se pode poluir uma matéria, ainda mais crônica, com excesso de números. Ele estava certo. Depois da lição do mestre, sempre tomo o maior cuidado com esse detalhe, o de não colocar números a torto e a direito nas mal digitadas linhas que escrevo. Lourenço Diaféria era um homem bom, simples, culto e amigo de todos, como comprovei em um encontro casual com ele na cidade de Peruíbe. Ele me abraçou efusivamente na rua, fez uma verdadeira festa. Certa vez ficou furioso com uma fotografia na capa de um disco da banda Titãs tirada em um cemitério. O retrato mostrava os músicos deitados em sepulturas, coisa que Diaféria achou de profundo mau gosto. Vindo do jornal, Diaféria adaptou-se com facilidade ao rádio e “mandou bem”, comentando as notícias com desenvoltura e bom humor. Admirava Zé Bétio, elogiando o coloquialismo e a descontração do sanfoneiro em seus programas. Depois do serviço, adorava tomar conhaque com os amigos na padaria da esquina, na rua das Palmeiras, perto da sede da então Rádio Excelsior. Não me lembro mais se o conhaque era importado ou era aquele do tipo que dá chicotadas no fígado. Lembro-me de uma crônica na qual ele citava um verso do poeta Alvarenga Peixoto: “Procura ser feliz na eternidade, porque o mundo são breves momentos”. Não tenho dúvidas de que Lourenço Diaféria está feliz na eternidade, pois enquanto esteve neste mundo sempre combateu o bom combate. Grande Diaféria! Se tivesse sido boêmio, poderia ser chamado de Noiteféria.
Joka Finardi lança Super TopMotor
Joka Finardi, que recentemente deixou a revista e portal Auto&Técnica, onde era editor, lançou o site Super TopMotor, que, segundo ele, “chega para trabalhar numa categoria nova, a participação dos veículos na vida das pessoas. Ou seja, uma visão moderna e mais humanizada dos veículos por seus donos. Afinal, há um leque imenso de assuntos a serem explorados de forma mais inteligente e leve. Além dos lançamentos e avaliações de carros e motos, teremos história, celebridades, curiosidades, serviços, tecnologia, competição, enfim, tudo relacionado aos motores. Pretendemos destrinchar os assuntos de uma forma diferente, tornando o veiculo a motor mais humano e mostrando realmente as novidades que serão trazidas ao mercado, no mundo apaixonante dos carros, motos, caminhões, ônibus e logística”. Inicialmente, ele vai tocar o projeto sozinho, mas anuncia que em breve deverá contar com um importante reforço em sua equipe.
Patrícia Campos Mello, direto da Tanzânia
Patrícia Campos Mello, repórter especial da Folha de S.Paulo, foi selecionada para a bolsa International Reporting Project, da Universidade Johns Hopkins, financiada pela Fundação Bill and Melinda Gates (EUA). Durante 11 dias, ela e outros dez colegas, nove deles norte-americanos, produzirão pautas relacionadas a fome, pobreza e segurança alimentar em diversas regiões da Tanzânia. A trajetória de Patrícia na África, que começou na última 2ª.feira (30/9) na cidade de Dar Es Salaam, pode ser acompanhada no blog A vez da África. Mestre em Economia e Jornalismo pela New York University. Patrícia foi correspondente do Estadão em Washington durante quatro anos e cobriu os atentados de 11/9 em Nova York. É autora dos livros O mundo tem medo da China (Mostarda, 2005) e Índia – Da miséria à potência (Planeta, 2008). Em agosto passado, produziu para a Folha o especial Por dentro de Guantánamo, em que detalha o dia a dia do presídio de segurança máxima mantido pelos EUA em território cubano, onde estão presos acusados de terrorismo.
De papo pro ar ? Promessa cumprida
Não conheci o compositor Herivelto Martins nem sua mulher, a grande cantora Dalva de Oliveira, do Trio de Ouro; mas conheci um de seus filhos, o cantor Pery Ribeiro. Numa das centenas de edições do programa São Paulo Capital Nordeste que eu apresentava na Rádio Capital, perguntei a Pery sobre seus pais. Fiz essa pergunta enquanto punha para tocar um disco de 78 rpm com ele cantando em duo com a mãe. Ele começou a chorar, emocionado, dizendo que morreria em paz se conseguisse um dia contar a sua história e a história dos pais num livro. Pery morreu no dia 24 de janeiro de 2012, depois de lançar Minhas duas estrelas.
IICS promove Programa de Jornalismo de Dados e Visualização
O Instituto Internacional de Ciências Sociais está com inscrições abertas para seu recém-lançado Programa de Jornalismo de Dados e Visualização. De curta duração, o curso reunirá profissionais em busca de especialização nos processos de captação de informações pela internet e análise de dados. Com coordenação de Sérgio Lüdtke, o programa contará com aulas de profissionais como Alberto Cairo (Universidade de Miami), Marcelo Soares (Folha de S.Paulo), Florencia Coelho (La Nación) e Fábio Malini (Universidade Federal do Espírito Santo), entre outros. Dentre os temas abordados estão A importância do texto, do jornalismo e da narrativa em visualização, Introdução ao Jornalismo de Dados, Técnicas e ferramentas para extração e análise de dados e Noções de Estatística para jornalistas. O curso acontece nos dias 4 e 5/11 e 16 e 17/12. Mais informações e inscrições pelo www.iics.edu.br ou 11-3177-8396.
Luis Nassif fecha parceria com iG
Luis Nassif (Agência Dinheiro Vivo e Brasilianas.org) está de volta ao iG, onde por cinco anos hospedou o seu Blog do Nassif, agora por meio de uma parceria de conteúdo com seu jornal colaborativo GGN. Ele começou a publicar no portal uma coluna com análises políticas e econômicas de temas apresentados e discutidos no GGN. “Vamos falar de política, economia, mídia, justiça, cidadania, cultura, entre outros, mas sempre com a ideia de dar o mesmo status de relevância para qualquer tipo de notícia, sem querer dividi-las em primeira ou segunda linha, como é na mídia tradicional”, explicou ele em entrevista ao diretor de Jornalismo do iG Rodrigo de Almeida.
Saem os vencedores do Vladimir Herzog
Em sessão pública realizada nesta 3ª.feira (1º/10), na Câmara Municipal de São Paulo, a Comissão Organizadora escolheu os vencedores das nove categorias do 35º Prêmio Vladimir Herzog. A solenidade de premiação será em 22/10, no Memorial da América Latina, em São Paulo. Confira a lista de vencedores e menções honrosas: Artes (ilustrações, charges, cartuns, caricaturas e quadrinhos) Vencedor: Comissão da Verdade, de Angeli (Folha de S. Paulo) Menção Honrosa: A vulnerabilidade e a força das mulheres negras, de Kleber Soares de Sales (Jornal Correio Braziliense) Fotografia Vencedor: Depósito Humano, de Jefferson Botega (Jornal Zero Hora) Menção Honrosa: Nota 0, de Allan Douglas Costa Pinto (Jornal Tribuna do Paraná) Reportagem de TV Vencedor: Adoção irregular, de José Raimundo e equipe (TV Globo) Menção Honrosa: SOS Criança, de Marcelo Canellas e equipe (TV Globo) Documentário de TV Vencedor: Carne osso: o trabalho em frigoríficos, de Carlos Juliano Barros e equipe Repórter Brasil (GloboNews) Menção Honrosa: Carandiru, a marca da intolerância, de Bianca Vasconcellos e equipe (TV Brasil/EBC) Rádio Vencedor: Voz Guarani-Kaiowá, de Marilu Cabanãs e equipe (Rádio Brasil Atual) Menção Honrosa: Dores do parto, de Anelize Moreira e equipe (Rádio Brasil Atual) Jornal Vencedor: Os suruí e a guerrilha do Araguaia, de Ismael Soares Machado e equipe (Diário do Pará) Menção Honrosa: Os arquivos ocultos da ditadura, de Rubens Valente Soares e equipe (Folha de S.Paulo/DF) Revista Vencedor: O primeiro voo do condor, de Wagner Willian Knoeller (Revista Brasileiros) Menção Honrosa: Caderno Especial: Subsídios para uma Comissão da Verdade da USP, de Pedro Pomar e equipe (Revista Adusp – Associação dos Docentes da USP); e Em busca da verdade, de Fausto Salvadori Filho (Apartes – Revista da Câmara Municipal de São Paulo ) Internet Vencedor: Pelo menos um, de Julliana de Melo Correia de Sá e Ciara Núbia de Carvalho Alves (Portal NE10) Menção Honrosa: Infâncias devolvidas, de Edcris Ribeiro da Silva Wanderley (Diário de Pernambuco) Categoria Especial Violências e agressões físicas e morais contra jornalistas e contra o direito à informação Vencedores: Jornalistas assassinados no Vale do Aço, de Mateus Parreiras de Freitas e equipe (Estado de Minas); e Existe terror em SP: o dia em que PMs atiraram ante aplausos e pedidos de não violência, de Janaina de Oliveira Garcia (UOL) Serão homenageados, ainda, com o Prêmio Especial Vladimir Herzog 2013, os jornalistas Perseu Abramo (criador do Prêmio, in memoriam), Marco Antônio Tavares Coelho e Raimundo Rodrigues Pereira. Em comemoração aos 35 anos do prêmio, também serão promovidos o seminário internacional sobre Violência contra Jornalistas, em 21/10, no Itaú Cultural – com presenças já confirmadas de Jim Boumelha, presidente da Federação Internacional dos Jornalistas (FIJ); Celso Schröder, presidente da Federação dos Jornalistas da América Latina e Caribe (FEPALC) e da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj); Anabel Hernández (Os senhores do narco); e do presidente executivo do Newseum e Freedom Forum de Washington D.C. James C. Duff –, e, na manhã de 22/10, com condução de Angelina Nunes, Aldo Quiroga e Sergio Gomes, o bate-papo com os jornalistas premiados e suas equipes na Sala dos Espelhos do Memorial da América Latina. SERVIÇO SEMINÁRIO INTERNACIONAL SOBRE VIOLÊNCIA CONTRA JORNALISTAS Data: 21 de outubro (2ª.feira) Horário: das 9h às 19 horas Local: Instituto Itaú Cultural (av. Paulista, 149 – São Paulo) Inscrições: www.premiovladimirherzog.org.br (vagas limitadas a 210 lugares) 35º PRÊMIO VLADIMIR HERZOG DE ANISTIA E DIREITOS HUMANOS Data: 22 de outubro Horário: 20h Local: Auditório Simón Bolívar – Memorial da América Latina (av. Auro Soares de Moura Andrade, 664 – São Paulo)
Detenção de Cláudia Trevisan nos EUA gera protestos
Foram diversos os protestos contra a detenção de Cláudia Trevisan, correspondente do Estadão em Washington, no último dia 26/9, na Universidade Yale, nos Estados Unidos, enquanto tentava localizar o presidente do STF Joaquim Barbosa, que fazia uma conferência no local. Fato amplamente noticiado na imprensa em geral e na mídia especializada, Cláudia foi algemada e mantida incomunicável por quase cinco horas, inicialmente dentro de um carro policial e depois em uma cela do distrito policial de New Haven, cidade onde fica a universidade. Ela só foi liberada depois de autuada por “invasão de propriedade privada”. Cláudia garante não ter invadido qualquer instalação restrita da universidade e que todos os locais que percorreu eram públicos e abertos. Ela também confirma ter trocado e-mails com Janet Conroy, assessora de imprensa da Escola de Direito da universidade, que a informara ser o evento com Barbosa fechado à imprensa, mas disse que esperaria pelo ministro do lado de fora do auditório onde se daria o seminário. Já havia conversado por celular com o próprio ministro, mas este avisara que não falaria com a imprensa. Ela o informou, porém, que o abordaria do lado de fora do prédio. “Passei cinco anos na China, viajei pela Coreia do Norte e por Mianmar e não me aconteceu nada remotamente parecido com o que passei na Universidade de Yale”, disse ela ao Estadão. No domingo (29/9), Laurentino Gomes publicou em seu blog, no qual geralmente trata do lançamento do seu mais recente livro, 1889, ou de seus compromissos de trabalho como escritor, que naquele dia escreveria “sobre o impacto de uma notícia que me causou profundo incômodo. (…) O episódio levanta algumas questões perturbadoras. O tratamento seria o mesmo caso se tratasse de uma repórter dos jornais The New York Times ou Washington Post, da rede de televisão CNN ou qualquer outros dos grandes veículos de comunicação dos Estados Unidos? Certamente não porque, nessa hipótese, a reação corporativa da imprensa americana seria avassaladora e muito provavelmente obrigaria as mais altas autoridades do país a se pronunciar sobre o caso. (…) Mais do que vítima da atitude arbitrária de um policial, Claudia foi obviamente alvo do preconceito contra estrangeiros e, em particular, latino-americanos, que infelizmente ainda permeia parte da sociedade americana. Morei nos Estados Unidos durante um ano, enquanto fazia pesquisas para o livro 1889. Em geral, fui bem tratado e acolhido pelos americanos, entre os quais fiz vários amigos. Mas também vivi esse preconceito na pele em mais de uma ocasião. (…) O ministro Joaquim Barbosa e os responsáveis pela Universidade de Yale afirmam que o evento era ‘fechado para a imprensa’. Na minha opinião, não existe ‘evento fechado para a imprensa’ se lá dentro existir um assunto de interesse público ou um personagem que deva ser entrevistado em nome do interesse público. O ministro Barbosa está no centro de um vendaval político no Brasil: o mal acabado e mal explicado julgamento do chamado Escândalo do Mensalão, a respeito do qual a sociedade brasileira exige prestação de contas. Portanto, é alvo natural da investigação jornalística e não pode, sob pretexto algum, fugir das perguntas dos repórteres”. Na mesma linha, Paulo Moreira Leite publicou em sua coluna de 30/9 em IstoÉ que “quando uma autoridade recusa um pedido formal de entrevista, o que sempre tem o direito de fazer, tenta-se uma aproximação direta para se obter um depoimento, o que os jornalistas também podem fazer. É a situação mais comum do mundo. Se não quisesse mesmo falar, Barbosa poderia recusar de novo. Se não quisesse nem responder diretamente, poderia valer-se de um assessor para impedir até uma aproximação ou, em caso extremo, pedir à segurança da universidade que mantivesse Cláudia Trevisan à distância. Tudo isso faz parte do jogo universal entre repórteres que querem um depoimento e autoridades que não querem falar. Você já deve ter visto isso várias vezes nos filmes. O que não se pode aceitar é a entrada da polícia em ação. Ela não se limitou a impedir que Claudia fizesse a entrevista. Prendeu, algemou, manteve incomunicável por horas. Agiu como se estivesse querendo impedir um crime – e não uma entrevista. Com base em quê? Em nome de quem? Direitos fundamentais foram atingidos. É brutal e inaceitável. Cabe às autoridades norte-americanas esclarecer o que se fez e por quê”. No seu Diário do Centro do Mundo, Paulo Nogueira já no sábado (28/9) questionava sobre qual teria sido o papel de Joaquim Barbosa na prisão de Cláudia. E respondia: “Pode ser nenhum, é certo. Mas as especulações se multiplicam. Cláudia tentava entrevistar JB depois de um seminário do qual ele participou na Universidade de Yale, nos Estados Unidos. Ele a avisara de que não iria falar com a mídia, e então Cláudia planejou abordá-lo na saída. (…) Teria ele pedido providências à direção da universidade para se livrar da indesejada repórter? É uma hipótese que faz sentido. Joaquim Barbosa já tinha uma pendência com o Estadão. Destratou um jornalista do Estadão que lhe perguntou sobre os 90.000 reais em dinheiro público que ele gastou na reforma dos banheiros de seu apartamento funcional em Brasília. O caso de Yale pega Joaquim Barbosa num momento particularmente ruim. Ele saiu desmoralizado das sessões das quais resultou a aprovação dos embargos para réus do Mensalão”. Por meio de sua assessoria, o ministro disse “ter sido informado sobre o episódio pela organização do seminário Constitucionalismo Global 2013, do qual participava”, e lamentou o incidente, “já que a jornalista estava lá apenas fazendo seu trabalho”. Para Venício A. de Lima, o professor da UnB e articulista do Observatório da Imprensa, “imagine se o presidente da Suprema Corte dos Estados Unidos viesse ao Brasil convidado a participar de um seminário sobre constitucionalismo na Faculdade de Direito (de Direito!), em uma de nossas mais conceituadas universidades privadas (digamos, a Mackenzie) e um correspondente estrangeiro (digamos, do New York Times), ao tentar localizar a sala onde o ministro estava, fosse preso, algemado, ficasse incomunicável durante cerca de cinco horas e fosse acusado de ‘invasão de propriedade privada’. O que diriam sobre a liberdade de expressão e a liberdade da imprensa no Brasil, não só o governo dos Estados Unidos, mas a mídia norte-americana e, sobretudo, a própria mídia nativa e seus porta-vozes? No mundo em que vivemos, os julgamentos – da mídia e da Justiça – são sempre seletivos e obedecem a conveniências nem sempre confessáveis”. O próprio jornal da universidade, Yale Daily News, publicou matéria sobre o episódio em sua edição de 30/9, na qual, segundo Tom Conroy, porta-voz da universidade, Robert Post, deão da Escola de Direito, “pediu imediatamente” a liberação de Cláudia assim que tomou conhecimento da detenção e que fossem retiradas as acusações contra ela. Em entrevista ao diário, Cláudia afirmou que retirar as acusações “era o mínimo que eles poderiam ter feito”. Disse ter sido presa sem motivo, submetida a “comportamento abusivo”, inclusive sendo algemada, sem permissão para usar o telefone e tendo que urinar à vista dos carcereiros: “Se isso não é violência, realmente não sei o que seria. Fiquei chocada por saber que Yale considera esse tipo de atitude como procedimento normal”. Já a assessora de imprensa da Escola de Direito Janet Conroy não quis comentar o assunto. David Hartman, porta-voz da polícia de New Haven, disse ao jornal que o departamento não tinha qualquer responsabilidade sobre o ocorrido e que a detenção havia sido feita exclusivamente por integrantes da polícia da universidade. Em nota, a Fenaj solidarizou-se com a correspondente, repudiou sua autuação por “transgressão criminosa” e afirmou que “tal ocorrência é um flagrante desrespeito à liberdade de imprensa e aos direitos humanos em um país que se autoproclama guardião das liberdades e da democracia. O caso será denunciado à Federação Internacional dos Jornalistas e a organismos internacionais”. Confira em a íntegra do relato dos acontecimentos que Cláudia enviou ao embaixador Cézar Amaral, cônsul-geral do Brasil em Hartford. A Jornalistas&Cia, ela disse na última 3ª.feira (1º/10): “O meu advogado está conversando com Yale e o promotor de New Haven para ver como o caso será encerrado”.
AMB de Jornalismo divulga vencedores
A Associação dos Magistrados Brasileiros anunciou em 24/9, em cerimônia na Capital Federal, os vencedores do IX Prêmio AMB de Jornalismo – Edição Ministro Evandro Lins e Silva. Dos 27 finalistas, nove vencedores foram selecionados por trabalhos que envolveram a valorização da Magistratura, do Judiciário e da Justiça Cidadã. Os ganhadores foram Rodrigo Carvalho e equipe (Globo News), com Juízes ameaçados, na Categoria Especial Patrícia Acioli; Gustavo Moreno (Correio Braziliense), com um registro do ex-diretor-geral da Polícia Civil Onofre de Moraes no dia do anúncio da sua exoneração, em Fotojornalismo; Rômulo Cardoso (Associação dos Magistrados do Paraná), com Sem precedentes – Encontro de Criminologia com a participação de juristas do Brasil e da Alemanha, em Mídias das assessorias das associações filiadas à AMB; Janaína Cruz (Tribunal de Justiça do Estado de Sergipe), com Oficiais de Justiça, em Mídia das Assessorias dos Tribunais; Lilian Tahan e Ana Maria Campos (Correio Braziliense), com O poder da terra, em Mídia Impressa; Alexandre Lyrio e Victor Uchôa (Jornal Correio – Bahia Justiça), com Justiça que tarda e também falha, em Mídia Regional; José Renato Ribeiro (Rádio Gazeta AM 1.180, Santa Cruz do Sul-RS), com A fábrica de golpes, em Radiojornalismo; Marcelo Canellas e equipe (TV Globo), com Quem é meu pai, em Telejornalismo; e Amanda Cieglinski (Agência Brasil – EBC), com À espera de um lar, em Webjornalismo.
Prêmio Abear receberá inscrições até 6ª.feira
Vão até a próxima 6ª.feira, 4/10, as inscrições para a primeira edição do Prêmio ABEAR de Jornalismo. São quatro as categorias – Experiência de Voo, Sustentabilidade, Competitividade e Cargas – e os trabalhos devem ser inscritos pelo site www.premioabear.com.br. As matérias vencedoras receberão R$ 5 mil e a melhor de todas ganhará o Grande Prêmio ABEAR, que vale R$ 10 mil.
As premiações são em valores líquidos, já descontado o IR. O período de publicação ou veiculação dos trabalhos é de 21 de agosto de 2012 a 30 de setembro de 2013 e cada participante poderá inscrever quantos trabalhos desejar. Em caso de dúvidas, pode ser enviado e-mail para a coordenação ([email protected]).






