Sem prejuízo de suas atuais atribuições no Grupo Estado, onde é colunista de O Estado de S.Paulo (retransmitido pelo Broadcast), comentarista da TV Estadão, articulista do Estadão Noite, além de fazer análises de Economia de duas a três vezes por semana no próprio jornal, José Paulo Kupfer é a partir de agora também articulista de O Globo. Ele estreou no último dia 16 de maio com o artigo Piketty e o debate da desigualdade, em que comenta que “a novidade do economista francês, contida em O capital do século XXI, é a profundidade e a solidez empírica da pesquisa que sustenta suas conclusões”. O artigo, sempre sobre Economia, está sendo publicado às 6as.feiras. O convite para que escrevesse em O Globo foi feito por Aluízio Maranhão, titular da editoria de Opinião do jornal e que trabalhou com Zé Paulo durante alguns anos no próprio Estadão nos anos 1990. Logo após a estreia, Zé Paulo publicou no facebook: “Quarenta anos nesta noite… Minha estreia no Globo, pelas mãos competentes e também amigas de Aluizio Maranhão e Pedro Doria, tem um quê de memória e simbolismo. Saí de O Globo, no Rio, em julho de 1972, rumo a São Paulo. Era chefe dos redatores da editoria de Esportes (sim, naquele tempo ainda havia não só redatores, mas chefe deles, nas redações …). O Globo vivia um momento de ebulição, com um novo projeto, coalhado de gente nova, comandado por Evandro Carlos de Andrade, passando a circular também aos domingos (o que, na minha visão, marca o início do fim do JB). Fui para lá com o Celso Itiberê, saindo do Esporte do Correio da Manhã, onde tive a sorte de conviver e aprender com a melhor equipe de esportes que já vi reunida, sob a chefia inspiradora e luminosa do João Máximo, para mim o mestre dos mestres”.
Heymar Lopes Nunes lança o site Heycar
Deve estrear esta semana o Heycar, projeto pessoal que Heymar Lopes Nunes lança poucos dias após se despedir do comando da CAR Magazine. A página, que trará notícias do mercado automotivo, vai se destacar pelo leiaute moderno e dinâmico, garante Heymar, que segue editando a página de automóveis do Jornal de Jundiaí, no interior de São Paulo. O caderno circula aos domingos, com tiragem de 25 mil exemplares e distribuição em 11 cidades da região. Com mais de 30 anos de experiência no setor, ele começou no automobilismo como piloto de competições, de 1975 a 1980, e após esse período tornou-se repórter e mais tarde editor da Quatro Rodas. Depois, passou por Autoesporte, Oficina Mecânica e Auto&Técnica, até ser convidado em 2007 para assumir o projeto de lançamento da CAR Magazine. Apesar do novo trabalho, continua disponível para frilas pelo heymar@heycar.com.br.
Jornal do Senado vai publicar documentos históricos
A partir de 2/6, o Jornal do Senado passa a publicar na primeira 2ª.feira de cada mês, em nova coluna denominada Arquivo S, documentos importantes da história do País. A seção trará ainda reportagens antigas guardadas no arquivo do Senado, que ajudam a compreender a história do Brasil. São documentos tão delicados que só podem ser manuseados com luvas. Entre eles está a Lei Áurea, assinada em 1888 pela princesa Isabel. Também estão nas salas climatizadas os projetos de lei que tramitaram nos 188 anos de história da Casa, as atas de reuniões dos senadores e os relatórios produzidos pelas Comissões Parlamentares de Inquérito. Segundo o órgão, se todos os papéis do arquivo fossem enfileirados, como numa estante de livros, ocupariam 16 km – seis vezes a extensão da avenida Paulista, quatro vezes a da praia de Copacabana ou toda a extensão do Plano Piloto de Brasília.
Bernardo Mello Franco assumirá a coluna Painel, na Folha
Bernardo Mello Franco, repórter da sucursal Rio de Janeiro da Folha de S.Paulo, assumirá interinamente, no dia 2 de junho e por cinco meses, a coluna Painel do jornal, uma das mais lidas do País e integralmente focada nos bastidores da política. Sucederá a Vera Magalhães, que se licenciou por esse período tendo em vista que seu marido, Otávio Cabral, editor executivo de Veja, foi contratado para atuar na comunicação da campanha presidencial do candidato do PSDB Aécio Neves. O conflito de interesses era inevitável e diante disso ela pediu esse afastamento temporário do jornal. Vera é titular da coluna Painel desde fevereiro de 2012 e está em sua segunda passagem pela Folha. Na primeira, de 1997 a 2001, atuou nas funções de redatora, pauteira do caderno Brasil, coordenadora de Política e repórter na sucursal de Brasília; e na atual, está desde 2005, tendo regressado como repórter do próprio Painel. Depois, foi editora do caderno Poder, repórter especial, titular do blog É tudo Política, até ser efetivada no Painel, sucedendo a Renata Lo Prete, que foi para a GloboNews. Vera declarou à sua xará Vera Guimarães, ombudsman do jornal, que “não tenho dúvida da minha isenção, mas pedi para sair da cobertura para me preservar e poupar minha família e o jornal de eventuais constrangimentos”. A declaração foi publicada na coluna deste domingo, 25 de maio. E sobre isso, a ombudsman assinalou: “A baixa de profissionais com sua experiência é especialmente sentida na campanha eleitoral – uma espécie de horário nobre do noticiário político –, mas a decisão foi melhor para os dois lados. Nestes tempos em que tudo vale para desqualificar qualquer um que não reze pela mesma cartilha, abrir um flanco para contestações fáceis na principal coluna política do jornal seria criar um foco de estresse a mais, num ano que seguramente não será nada fácil”. Bernardo começou a carreira como repórter político do Jornal do Brasil, foi de O Globo e está na Folha de S.Paulo desde 2010. Em O Globo, revelou, em 2009, documentos inéditos sobre a expulsão, 40 anos antes, de Vinícius de Moraes do Itamaraty. As reportagens levaram à promoção post-mortem do poeta e estão no livro Embaixador do Brasil, da Fundação Alexandre Gusmão. Na Folha, Bernardo cobriu campanhas em 2010 e 2012 e assinou interinamente a coluna São Paulo, na página 2, além de ter sido por um período correspondente na Europa, tendo coberto a renúncia do papa Bento XVI e a eleição do papa Francisco. Ficará baseado em São Paulo enquanto responder pela coluna.
Caio Moraes assume o comando da CAR Magazine
A CAR Magazine, publicação de origem britânica licenciada no Brasil pela Maestro Editora, passou a contar desde a última semana com Caio Moraes como novo diretor de Redação. O anúncio foi feito pelo publisher da revista Luca Bassani, que destacou a experiência do profissional no comando de publicações especializadas, entre elas a Autoesporte, para auxiliar na consolidação do crescimento da revista no mercado brasileiro: “Seu conhecimento da indústria automotiva e seu modelo de gestão nos ajudarão a colocar a CAR Magazine num padrão ainda mais elevado”. Além da Autoesporte, onde acumulou 15 anos de experiência em duas passagens, chegando a dirigir a revista por mais de cinco anos, Caio passou por Quatro Rodas Moto e Carga&Transporte, e há 25 anos mantém sua empresa, a Press Consultoria. Nesse período, desenvolveu diversos trabalhos dos dois lados do balcão, chegando inclusive a assumir a Diretoria de Comunicação da Mitsubishi. Atualmente, além de atender a clientes do setor de autopeças e insumos para caminhões e ônibus, edita bimestralmente a revista SAE Brasil. Caio substitui a Heymar Lopes Nunes, no posto desde o lançamento da CAR Magazine, que se despediu da revista para tocar um projeto pessoal. Leia mais + Lucas Litvay é promovido a editor executivo na Car and Driver + Jornauto faz balanço do setor em especial de 25 anos + Thais Villaça começa no Jornal do Carro
Vaivém das Redações!
Veja o resumo das mudanças que movimentaram nos últimos dias as redações de São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Ceará: São Paulo Henrique Gonçalves do Carmo começou na equipe de Cláudio Gradilone, na IstoÉ Dinheiro, contratado para o anuário As Melhores da Dinheiro, cujas inscrições vão até 5/6 no www.asmelhoresdadinheiro.com.br. Além de atuar na nova revista Top Carros e de continuar editor do site Carpress, Luís Perez passa a escrever semanalmente sobre veículos comerciais, caminhões e ônibus para o Agora São Paulo, com o qual já vinha colaborando uma vez por mês com reportagens sobre taxistas. Antes do Agora, por três anos ele escreveu sobre a mesma área, como colaborador, no Diário de S.Paulo, onde segue integrando o time de blogueiros do www.diariosp.com.br/automoveis. Apesar das novas atribuições, continuará a colaborar para outras publicações especializadas do setor, entre elas, Jornalistas&Cia Imprensa Automotiva, onde é titular da coluna Destaque da Semana desde a primeira edição. Lilian Fernandes deixou a TV Alesp, da Assembleia Legislativa, em que atuava como repórter e também na pauta, produção, reportagem, edição, roteiro e apresentação do PGM SP Esporte. Ela esteve anteriormente na TV Câmara-SP e atuou nos anos de 2008, 2010 e 2012 como produtora do Núcleo de Eleições da TV Globo. Foi ainda apresentadora dos boletins Sportscenter Notícias, na ESPN, e do telejornal Sportscenter, na ESPN Brasil, e registrou passagens por Rede Vida, Rede TV e Canal Futura. Depois de dois anos e meio atuando, entre outros, como free-lancer no Jornal do Carro, do Estadão, Thais Villaça foi efetivada na equipe de repórteres do caderno. Formada em 2003 pela Universidade Mackenzie, ela começou no Agora São Paulo e teve passagens pelo site Carpress, revistas Car and Driver e Motor Quatro, além das assessorias de imprensa Textofinal e da Mitsubishi Motors. Minas Gerais Claudia Giuza deixou a equipe de produtores da Rádio Globo e foi substituída por Andreza Borgo, que era repórter. Com o fim da coluna Boas Compras, a repórter Daniela Nahass, que a produzia, deixou Veja BH. A descontinuidade da coluna foi decidida no bojo de uma reformulação para garantir a sobrevivência da revista com base nos lucros gerados localmente, porque a Editora Abril custeia as Vejinhas apenas por dois anos. Outra que não será substituída é a repórter Luísa Brasil, que deixou a revista em fevereiro e seguiu para a Economia de O Dia. Brenda Lara assumiu interinamente a função de editora-chefe da Rádio Alvorada, na ausência da titular Maria Fernanda Cinini, em férias até 27 de maio. Rio Grande do Sul Após 23 anos na casa, Paola Vernareccia deixou a RBS TV, onde era chefe de Reportagem. A despedida foi na última semana e aos colegas ela revelou que pretende se dedicar mais à família, já que tem dois filhos, com seis e oito anos. A RBS TV ainda não definiu a substituição. Ceará Leidyanne Viana é a mais nova repórter na Política de O Povo. Ela se junta a Katy Araújo, Jéssica Welma, Erivaldo Carvalho, Ítalo Coriolano, Érico Firmo, Gualter George e Fábio Campos. Ainda por lá, Artumira Dutra está de volta à Economia. Leia mais + Vaivém das Redações! + Vaivém das Redações! + Vaivém das Redações!
Lucas Litvay é promovido a editor executivo na Car and Driver
A Car and Driver fez nos últimos dias uma mudança de estrutura e promoveu Lucas Litvay, seu editor-chefe nos últimos três anos, ao recém-criado posto de editor executivo. “Sigo na revista e em sua gestão editorial, mas a partir de agora passo a coordenar também projetos e edições especiais da revista”, explica Lucas, que segue respondendo a Luiz Guerrero, diretor de Redação do Núcleo Motor da Editora Escala. Com 12 anos de experiência no setor automotivo, Lucas acumula passagens por Motorpress, Folha de S.Paulo, Jornal do Carro (ainda pelo Jornal da Tarde) e Autoesporte. Está em sua segunda passagem pela Car and Driver, onde já havia atuado no início da revista e retornou há pouco mais de quatro anos, na época como editor. Temporariamente, o posto de editor-chefe seguirá vago. Leia mais + Jornauto faz balanço do setor em especial de 25 anos + Thais Villaça começa no Jornal do Carro + Luís Perez passa a escrever sobre caminhões no Agora SP
Joás Ferreira de Oliveira assume Comunicação da Escola Carlito Maia, em Cunha
Joás Ferreira de Oliveira, que foi por muitos anos da revista Empreiteiro, tendo também passado pela redação da Projeto e pela área de Comunicação da Villares, assumiu em Cunha, no Vale do Paraíba, onde está morando há alguns meses, a Comunicação da Escola Carlito Maia, dirigida por Dulce Maia de Souza. Dulce é irmã de Carlito Maia e o trabalho assumido por Joás é voluntário. Ele vai cuidar sobretudo das redes sociais e de conteúdo para internet. Joás lembra que a Dulce tem uma história de luta pelo Brasil: “Foi parceira da Dilma, esteve presa e foi torturada pelas forças da repressão, durante a ditadura. Viveu fora, exilada, em diversos países. Há alguns anos, mantém, aqui na cidade, uma escola, que recebeu o nome do Carlito, que dá atendimento a jovens e adolescentes, com cursos profissionalizantes gratuitos. Atualmente, por exemplo, está acontecendo um curso de jardineiros, e em breve virão o de auxiliar de escritório e o de vendedor, todos em convênio com o Senac. Além disso, está no radar a criação de uma escola de música”. É possível que a instituição, que tem entre seus colaboradores Chico Buarque de Hollanda, receba o apoio do Ministério da Cultura. “É um trabalho sem remuneração – diz Joás – mas é muito prazeroso e me dá a oportunidade de fazer um trabalho social que é muito importante para a cidade que escolhi para morar. O contatos dele são o e-mail joas_ferreira@msn.com e os tels. 11-99114-3909 e 12-3111-2390. Leia mais + Chega às livrarias Os garotos do Brasil, de Ruy Castro + Memórias da redação – Quando jornais e revistas eram reis + Ricardo Kotscho, 50 anos de estrada
Chega às livrarias Os garotos do Brasil, de Ruy Castro
O colunista e escritor Ruy Castro está lançando Os garotos do Brasil – Um passeio pela alma dos craques (Foz), obra que traz 25 de seus textos publicados nos últimos 20 anos em diversos veículos – quase todos revistas de circulação dirigida – e faz um resgate histórico, revelando os sonhos, traços de caráter e miudezas de alguns de nossos maiores ídolos, como Pelé, Garrincha, Bellini e Zico, entre outros. Segundo ele, é, na realidade, “uma coletânea escrita por um torcedor que viu jogar quase todo mundo, de 1958 até mais ou menos 1990, nos estádios”. Para explicar o nome do livro, Ruy cita Nelson Rodrigues: “Sempre concordei com ele quando dizia que, em futebol, o pior cego é o que só vê a bola”. Nelson, que tinha miopia aguda, mal enxergava a bola em campo; então, como via mal o jogo, tinha de se limitar a radiografar a alma dos jogadores. Ruy também descreve os fundamentos clássicos do que seria, por assim dizer, nossa sociologia do futebol, como a ginga, que vem da capoeira, ou o complexo de vira-lata – expressão criada por Nelson Rodrigues para designar, segundo o próprio, a inferioridade em que o brasileiro se coloca, voluntariamente, em face do resto do mundo. Com 136 páginas, Os garotos do Brasil chega ao mercado com preço sugerido de R$ 36,90. Leia mais + Grupo de jornalistas lança livro investigativo sobre futebol + Milton Blay lança livro sobre seus mais de 30 anos em Paris + Miriam Leitão, para adultos e crianças
Memórias da Redação ? Quando jornais e revistas eram reis
Paulo Nogueira publicou o artigo desta semana em 26/2 no seu site Diário do Centro do Mundo (DCM) e nos autorizou a reproduzir. Paulo atuou por muitos anos nas editoras Abril e Globo, nas quais ocupou postos de direção. Quando jornais e revistas eram reis “Jornalista que não pensa digitalmente é jornalista morto”, disse outro dia a um jovem jornalista. Antes de vir para Londres, minha convicção, compartilhada com os jornalistas com os quais eu trabalhava, era uma divisão de atenções: “Um olho no papel, outro na internet”. É uma frase obsoleta, hoje. Mais adequado, agora, em minha opinião, seria: “Um olho no papel, dois na internet”. A Era Digital está aí. Como tudo, tem vantagens e desvantagens, tira e dá, e pessoalmente acho que o saldo é amplamente favorável, dado o caráter tenebroso que a mídia corporativa tomou nos últimos anos. Mas… Mas como um legítimo homem de papel, um jornalista que a vida toda se cercou de publicações impressas, revistas e jornais, olho com amor nostálgico, com fascínio juvenil para a Era do Papel. Ao olhar para trás, me ocorre o título magistral de um documentário sobre a historicamente inesperada vitória no Zaire de Muhammad Ali, veterano, sobre George Foreman, um jovem e invicto destruidor de lutadores: Quando éramos reis. Os grandes jornalistas que vi de longe ou de perto tiveram ou têm, como eu, um amor incondicional pelo papel. Um deles, Antonio Machado de Barros, com quem trabalhei de perto por muitos anos e a quem devo o aprendizado milionário do valor do esforço, cheirava imediatamente cada revista que lhe chegava às mãos, como se ali estivesse o melhor perfume do mundo. Era uma cena que me fez rir algumas vezes, mas que hoje, ao evocá-la, tem para mim um comovente sabor de saudade, um retrato preciso e precioso da Era do Papel, dos dias em que as redações tinham laudas e os textos eram mexidos com canetas por copis capazes de operar milagres em textos pedestres, e entre os quais o maior que vi foi outro jornalista com quem trabalhei alguns anos de perto, JR Guzzo, com sua lendária letra de normalista. Eram dias em que as redações tinham o frenesi romântico e barulhento das máquinas de escrever, e em que os jornalistas faziam dos bares uma extensão dos jornais e das revistas em que trabalhavam. Uma extensão fatal, em muitos casos. Tarso de Castro, segundo o relato de um jornalista que trabalhou com ele na Folha Ilustrada e no Folhetim, Nei Duclós, saía no meio da tarde e ninguém sabia, na equipe, se estava no bar ou na sala do dono. Tarso era um dos grandes nomes do jornalismo brasileiro quando eu era estudante. Iconoclasta, absurdamente criativo, corajoso, ares de galã com seus cabelos compridos e traços viris, Tarso era o que todos nós, aspirantes a jornalistas, gostaríamos de ser. Sobre Paulo Francis, outro modelo glamuroso para jovens jornalistas do final dos anos 1970, tinha a vantagem extraordinária do apelo sobre as mulheres. Tivera um papel decisivo no Pasquim, um jornal alternativo carioca que experimentou dias de glória na ditadura militar, e levara depois seu talento para São Paulo, como Paulo Francis, também egresso do Rio. Do mesmo Rio brilharia no jornalismo de São Paulo, também em meados da década de 1970, Alberto Dines, que trouxe o primeiro e marcante exercício de autocrítica na mídia brasileira com o seu Jornal dos Jornais, aos domingos, na Folha. Todos nós, jornalistas, ansiávamos pelo veredito culto de Dines aos domingos, e o tempo mostraria o quanto a crítica pode gerar hostilidades e portas fechadas. Os três, Tarso, Francis e Dines, deram à sisuda imprensa paulistana, então fanática da crença de que jornalista não é notícia, o tempero vivaz e colorido de artigos irreverentes e autorais. Tarso somava à capacidade profissional a arte da sedução. Era tanto o seu charme que ele namorou, sem falar inglês, Candice Bergen, uma das atrizes mais lindas do cinema nos anos 1970. Ela tinha vindo passar uns dias no Brasil e, como uma foca que acaba de entrar numa redação e não uma estrela internacional, ficou louca por ele, com quem se comunicava na língua do amor, aquela que destrói barreiras de palavras e em que o silêncio pode ter um significado misterioso e sedutor. Dizia, malandro, que era o “outro cabeludo” de Detalhes, de Roberto Carlos, o que este sempre negou. Tarso morreu de tanto beber aos 49 anos, e acabou se transformando, para uma geração posterior de jornalistas como eu, num exemplo do quanto a bebida pode encurtar uma carreira jornalística e a própria vida, se não for severamente controlada. REDAÇÕES, COMO QUALQUER OUTRO AMBIENTE, sempre tiveram de tudo: heróis e covardes, religiosos e ateus, nobres e canalhas, trabalhadores e preguiçosos, e toda a vasta gama que existe entre os opostos em tudo aquilo. Hoje, no entanto, há com certeza menos alcoólatras, por força da modernização da mídia como negócio, em parte, mas também pela lembrança dolorosa de gente que se matou pela bebida, como Tarso de Castro e tantos outros. A fumaça nervosa, oriunda de múltiplos cigarros nas bocas de homens e (poucas) mulheres, era outra marca sagrada do apogeu da Era do Papel. Hoje é possível dizer que a Era Digital chegou, quase despercebida, às redações em meados dos anos 1980, quando os computadores substituíram as máquinas de escrever. Não foi uma transição fácil para mim, lembro, mesmo não tendo ainda 30 anos. Era editor, e estava acostumado a mexer nos textos das laudas com a caneta. O quanto esse mundo é antigo me foi lembrado outro dia numa conversa com Pedro, meu filho, 20 e poucos anos. Falei em lauda e ele perguntou o que era. Transições sempre são difíceis. Durante anos ouvi dizer que alguns editorialistas do Estadão escreviam à mão, as costas convictamente voltadas para as Olivettis que chegaram e partiram das redações. Nunca soube se era verdade ou não. Se era verdade, talvez esse conservadorismo pétreo explique parte dos editoriais que tanto marcam o Estadão. A imagem definitiva que tenho desses tempos é uma foto em branco e preto de meu pai (1), Continental sem filtro na boca, gravata afrouxada e sem paletó, escrevendo em sua Underwood na redação. Toda mudança dá e tira. O computador tirou, nas redações, o emprego dos valorosos datilógrafos, os mestres do teclado que passavam a limpo os textos alterados com caneta antes que estes baixassem à gráfica. O trabalho deles era duro, sob intensa pressão, em horários avançados na madrugada quando se tratava de revista semanal de informações. Presenciei na Veja um episódio que jamais esqueceria. Um datilógrafo, no afã de entregar antes que fosse tarde demais um texto, escreveu “homen” no título de uma nota sobre o prêmio de Homem do Ano concedido pela Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos. Ele era o último reduto antes da gráfica, onde o processo industrial era automático demais para que se fizesse qualquer nova revisão. Quem fora premiado era o dono da empresa, Victor Civita, e previsivelmente para aquele bom datilógrafo não haveria fechamento seguinte. Chega a ser injusto que, entre tantas cenas de abnegação nas madrugadas de homens e mulheres datilografando nossos textos editados, seja exatamente aquela a que mais me tenha marcado. “Um olho no papel, dois na internet” é a frase que estava gravada no meu cérebro quando fui ser correspondente em Londres, em 2009. Dessa frase, dessa visão de jornalismo, nasceria o DCM. Hoje, tenho vários olhos na internet e nenhum no papel. E, para os jovens, jornais e revistas simplesmente não existem. Mas, no meu coração de jornalista filho de jornalista, os dias do papel sempre terão uma lembrança hipnótica, aqueles tempos estridentes, tumultuados, sofridos, bêbados, épicos em que jornais e revistas eram reis. (1) N. da R.: Emir Nogueira, que foi editorialista e secretário de Redação da Folha de S.Paulo e presidente do Sindicato dos Jornalistas Leia mais + Memórias da Redação – Zé e os amigos do Zé + Memórias da redação – O pão dos anjos + Memórias da Redação – Sonhando com números