A radialista Mara Régia está comemorando 34 anos no comando do programa Viva Maria, idealizado, produzido e apresentado por ela nas rádios Nacional de Brasília (AM 980 Khz), da Amazônia (11.780 KHz e 6.180 KHz OC) e do Alto Solimões (AM1.130Kz), todas geridas pela EBC. Pioneiro no debate sobre os direitos femininos, o programa nasceu com o objetivo de falar para as mulheres da periferia de Brasília, mas, depois, alcançou um público mais amplo ao chegar ao Norte do País. No ar de 2ª a 6ª.feira, em diferentes horários ao longo da programação e também no site das Rádios da EBC, o programa surgiu em 1981 na esteira dos debates que antecederam a promulgação da Constituição de 1988. O reconhecimento do seu papel na mobilização da luta feminina motivou a criação do Dia Latino-Americano da Imagem da Mulher nos Meios de Comunicação durante o 5º Encontro Feminista Latino-americano e do Caribe, em 1990. A data fixada foi a mesma do aniversário do programa: 14 de setembro. Mara celebra o sucesso da interlocução do programa com as mulheres das mais diversas origens, trabalhando para empoderá-las. “Temos relatos de mulheres que deram a volta por cima, libertando-se, a partir das informações do programa, de condições de subserviência e de violência.” Ela lembra do caso de Kennya Silva, natural de Xinguara, Pará, que se descobriu poetiza com ajuda do programa mesmo estando inserida em condições econômicas e sociais desfavoráveis. “Ela é uma trabalhadora rural que escreveu um poema: Maria Qualquer”, recorda. “Recitamos esse poema no ar e, a partir daí, ela foi indicada até para a Academia Xinguarense de Letras.” Por outro lado, a radialista lamenta o recrudescimento do discurso machista e reconhece que ainda tem muito o que caminhar. “Eu vejo com uma certa impaciência histórica essa busca para que todas as Marias tenham direito a uma cidadania plena. Ainda estamos como sociedade a dever esse protagonismo para as mulheres.” Percalços a parte, o programa tem ajudado na conquista de importantes avanços, como a criação da primeira Delegacia Especializada de Atendimento a Mulher (DEAM) e do Conselho dos Direitos da Mulher do Distrito Federal, resultados de campanhas públicas impulsionadas por Mara Régia.
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