Por Luciana Gurgel

Enquanto a cidade de Nice, na França, recebe durante esta semana a 3ª Conferência das Nações Unidas sobre o Oceano (UNOC3), um dado inquietante chama atenção: apesar da relevância global do tema, a saúde do oceano não tem o espaço que deveria na cobertura jornalística.

Luciana Gurgel

Um estudo recente do Pulitzer Center, intitulado Making Waves, traz evidências dessa realidade, que muda quando há um grande evento como o encontro de líderes globais na cidade francesa − mas na maior parte do tempo as questões ligadas ao mar ficam em segundo plano.

O relatório revela que, mesmo reconhecendo a importância vital do tema, a mídia ainda trata a saúde do oceano como um nicho ambiental, deixando de conectá-lo com outras grandes questões globais, além de enfrentar dificuldades para a cobertura, que incluem orçamentos limitados e treinamento.

Esse cenário de visibilidade limitada preocupa, já que a saúde do oceano está diretamente ligada ao clima, à economia e ao bem-estar humano.

Entretanto, segundo o Pulitzer Center, a cobertura jornalística não reflete toda essa complexidade e urgência, oferecendo ao público apenas vislumbres fragmentados do problema.

O estudo do Pulitzer Center buscou embasar estratégias para fortalecer a narrativa sobre a saúde do oceano na mídia.

Para isso, adotou uma metodologia mista. Na fase qualitativa, foram realizadas 11 entrevistas em profundidade com especialistas de diversas áreas: biologia marinha, economia, conservação, comunicação e ONGs, todos com o oceano no centro de seus trabalhos para impulsionar mudanças.

Na etapa quantitativa, jornalistas de um banco de dados interno participaram de um questionário online de cinco minutos, disponível em inglês, espanhol, francês, português e bahasa indonésio.

No total, 78 jornalistas de 30 países responderam − 63% freelancers e 37% vinculados a organizações de mídia. A maioria (77%) já havia abordado temas como conservação, impactos das mudanças climáticas, predatória, saúde pública, pesquisa científica, disputas territoriais e crimes ambientais.

O estudo analisou ainda a visibilidade nas mídias sociais, usando ferramentas como Brand24, BuzzSumo e Media Cloud. Foram monitoradas palavras-chave relacionadas a aquecimento global, poluição e perda de biodiversidade.

Os dados revelaram que a cobertura é pontual, com pouca continuidade e dificuldade de conectar o tema à realidade das comunidades costeiras e ao cotidiano das pessoas.

Leia a matéria completa em MediaTalks.


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