Por Cristina Vaz de Carvalho, editora de Jornalistas&Cia no Rio de Janeiro

O braço de imagem do Grupo Globo – TV Globo, SporTV, Globoplay e GE (ge.globo.com) – fez uma coletiva nessa terça-feira (20/9) para apresentar sua cobertura multiplataforma para a Copa do Mundo do Catar. A Globo sempre apresenta novidades nas Copas, mas desta vez o volume dedicado ao grande evento surpreende. Sob o mote Tamo Junto Pela Copa, pela primeira vez o grupo faz uma coletiva sobre a cobertura da Copa, com a participação de diretores, narradores e comentaristas.

Por certo, uma cobertura superlativa está ligada à importância do negócio que a competição representa para a Globo. A emissora detém os direitos de transmissão por rádio e TV, e vai manter a exclusividade na TV aberta, mas na TV fechada pode sublicenciar. Nos contratos estão especificados os direitos de cada concorrente não detentor, como minutagem de gols, dos melhores momentos e outros. Sabe-se que sete rádios já compraram direitos, como a Itatiaia, de Belo Horizonte, a Gaúcha, de Porto Alegre, e a Jornal, de Pernambuco.

Quem tiver credencial para cobrir a Copa nos estádios não pode gravar qualquer imagem em movimento, nem postar lives nas redes ou YouTube, sob pena de ter sua credencial cancelada. Como aliás em todas as Copas da Fifa no mundo. Porém, a Globo não tem exclusividade para streaming e internet. A empresa perdeu esse direito numa questão polêmica sobre pagamentos dos contratos. Dessa forma, a Fifa pode vender esses direitos mas, ao que se sabe, ainda não os vendeu para o Brasil. A Globo, durante a coletiva, prometeu transmissão pelo Globoplay e pelo GE. Ao que parece, essa dificuldade foi contornada.

Bárbara Coelho, apresentadora do Esporte Espetacular, foi mestre de cerimônias da coletiva. Os executivos Renato Ribeiro, diretor de Esportes, Joana Thimóteo, diretora de Eventos Esportivos e Raymundo Barros, diretor de Estratégia e Tecnologia, trouxeram as linhas gerais de suas áreas.

Bárbara Coelho (esq.) apresenta os executivos Joana Thimóteo, Renato Ribeiro e Raymundo Barros (Crédito: Globo/Maurício Fidalgo)

Ribeiro ressaltou a importância da emoção de uma Copa do Mundo para os brasileiros. Como a Globo responde pelas transmissões desde 1970, muitos que nasceram depois não sabem o que é uma Copa sem a Globo. A grande diferença é que esta ocorre aqui três semanas depois do segundo turno das eleições. E acredita que uma Copa pode unir o Brasil em torno de uma ideia.

Thimóteo lembrou que o planejamento vem sendo feito há dois anos. Adiantou que o enviado Erick Faria já está no Catar, com o cinegrafista Marcelo Bastos, e preparam um Globo Repórter sobre a região. Tiago Leifert fará uma transmissão alternativa por dia de um jogo pelo Globoplay. Haverá efeitos visuais, além do “elenco”, como é chamada a equipe da cobertura, e tudo isso só é possível por haver tecnologia muito próxima no Catar, onde as sedes da Copa distam apenas 50 km umas das outras. Para a equipe, ainda há grandes nomes em fase de contratação, possivelmente estrangeiros.

Barros, que se definiu como “um engenheiro no meio de tantos jornalistas”, anunciou que todos os jogos serão transmitidos em resolução 4K, uma imagem rica em detalhes. A área de tecnologia trabalha para isso desde o início do ano. Haverá um estúdio especial construído no Rio de Janeiro, que terá projeções em tempo real de três câmeras de alta definição, instaladas no mercado Souq Waqif, do Catar.

Com 20 horas de operação todos os dias, o estúdio servirá de cenário para os jogos e para programas como o Central da Copa e o Esporte Espetacular da TV Globo, e para o Seleção Catar, do SporTV. A programação ficará ao vivo 18 horas por dia, das 6h da manhã à meia-noite. Com câmeras multiângulo, serão oferecidas entre seis e oito imagens diferenciadas em cada jogo, dependendo do que a Fifa liberar. Compactos de 50 min estarão disponíveis on demand no Globoplay, com um menu organizado por jogos e por seleções.

As plataformas Globo assim dividiram seu conteúdo: serão mais de 300 horas de transmissão no SporTV e 160 horas na TV Globo, com coberturas exclusivas tanto na aberta como na por assinatura. Globoplay fará uma transmissão alternativa de jogos e GE investirá no tempo real, com vídeos curtos e cobertura que mistura informação e entretenimento.

Mais de 500 pessoas estão envolvidas na cobertura, sendo que 73 delas estarão no Catar. Todos os 64 jogos serão transmitidos ao vivo, e depois de cada jogo o programa Troca de Passes, ancorado por Marcelo Barreto, virá com comentários.

Vimos, assim, na coletiva, Galvão Bueno, nome histórico que completa 50 anos de profissão e encerra nesta Copa do Mundo sua carreira como narrador. Ensaiou uma frase para dizer quando terminar o último jogo: “Desejo é estar ao lado da Seleção”. Disse ainda que prepara um documentário sobre sua vida profissional e pessoal.

Galvão Bueno e o mote da cobertura para a Copa do Mundo do Catar

Entre os narradores, estarão Luiz Carlos Jr., do SporTV; Cléber Machado, uma tradição na Globo; e Gustavo Villani, ex-Fox Sports. A cota de gênero para mulheres terá três contempladas, como Renata Silveira, considerada por alguns como “narratriz”, pelo desempenho emocionado na função.

E há jornalistas também, com a função dar notícias: Alex Escobar, apresentador do Troca de Passes, do Globo Esporte; Lucas Gutierrez, do Esporte Espetacular, entre outros. Mas a cobertura terá ainda talentos pouco reconhecidos, que vão ao Catar, como Marcelo Courrege e Débora Gares, nomes importantes da reportagem.

Independentemente da muita tecnologia exibida e do muito planejamento posto em prática, o que vai nortear a cobertura, em termos jornalísticos, mais uma vez, deve ser o mantra de Armando Nogueira: “Elogiar sem bajular, criticar sem humilhar”.

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