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sexta-feira, abril 26, 2024

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Feridas não cicatrizadas

Militares das mais diversas patentes, integrantes de clubes das Forças Armadas e oficiais da reserva andam em polvorosa com a formação iminente da Comissão da Verdade, que iniciará as apurações sobre crimes cometidos por agentes do Estado durante o período de 1946 a 1988.

Desde a sanção, pela presidente Dilma Rousseff, do texto que cria o órgão e da Lei de Acesso à Informação, em 18/11, diversas manifestações em blogs e sites ligados aos militares ou em depoimentos à imprensa questionam a validade da decisão. A mais recente foi a do general-de-brigada Luiz Eduardo Rocha Paiva em entrevista a Miriam Leitão, publicada no jornal O Globo e veiculada no especial “Uma história inacabada, da GloboNews”.

Em suas declarações, Rocha Paiva duvida reiteradamente da responsabilidade do Estado pelo assassinato de personalidades como o deputado federal Rubens Beirodt Paiva e o jornalista Vladimir Herzog. “Há controvérsias. Quem disse que ele foi morto pelos agentes do Estado? Ninguém pode afirmar”, questiona o militar sobre Vlado.

A reportagem gerou uma nota de repúdio do Instituto Vladimir Herzog, “Como se a Justiça do Brasil já não houvesse reconhecido oficialmente, há 33 anos, em decorrência de processo movido pela viúva Clarice Herzog e seus filhos, que Vladimir Herzog foi preso, torturado e assassinado nos porões da ditadura, por agentes do Estado”, diz o texto da entidade, postado no blog da entidade em 4/3.

O caso Vlado sofreu reviravolta recente devido a reportagem de Lucas Ferraz publicada na Folha de S.Paulo de 5/2, na qual o episódio é relembrado pelo autor da famosa foto montada de Herzog “enforcado” numa cela do DOI-Codi de São Paulo.

O autor, Silvaldo Leung Vieira, tinha 22 anos à época e era estudante de fotografia. Localizado nos EUA, ele confirmou os indícios de armação da cena e disse que viveu sob pressão do episódio e dos militares enquanto morou no Brasil.

Em depoimento a este Portal dos Jornalistas, Vieira colocou-se à disposição da Comissão da Verdade para vir ao Brasil e ajudar nas investigações: “Vou colaborar com o que eu puder, estou disponível. Tenho fé em que tudo vai se esclarecer para que esse tipo de coisa não mais aconteça”.

 

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