Em nota conjunta, o Sindicato dos Jornalistas de São Paulo (SJSP) e a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) repudiaram os ataques direcionados a Mauro Cezar Pereira, comentarista de TV Cultura e rádio Jovem Pan e colunista do UOL. Ele teve o número do celular vazado e tem recebido ameaças à sua integridade física e de seus familiares.

As ameaças se deram após a divulgação na imprensa de uma ação por danos morais e queixa-crime por parte do técnico do Palmeiras, Abel Ferreira, contra Mauro Cezar. O processo deve-se a uma crítica do jornalista a uma fala do técnico sobre o caso de um atleta flagrado bebendo às vésperas de uma partida, e como isso teria relação com a educação no Brasil.

Mauro Cezar disse que a fala de Abel continha a “visão do colonizador”, pois esse tipo de situação acontece também em outros países: “Fala em tom professoral como se estivesse ensinando pra nós brasileiros como a gente deve se comportar”, declarou o jornalista.

Na ação, Abel afirma que Mauro Cezar estaria sugerindo que o técnico teria “o intuito de explorar, escravizar ou subjugar o povo brasileiro”, além de destacar que o jornalista torce para um time rival.

“Em nenhum momento o jornalista dá a entender que Abel Ferreira teria um posicionamento escravocrata”, reiteraram o SJSP e a Fenaj. “Em sua atividade profissional, o jornalista emite opiniões e faz comentários sobre futebol, exercendo o direito de crítica. Os que discordam têm todo o direito, também, de rebater seus argumentos e apresentar o que pensam a respeito. O que não se pode admitir é a tentativa de calá-lo por intermédio de ações judiciais intimidadoras”.

No último domingo (3/10), durante a coletiva de imprensa após a vitória do Palmeiras sobre o Botafogo, Abel Ferreira respondeu de forma agressiva a uma pergunta de Guilherme Gonçalves, do Litoral News. De forma elogiosa, o jornalista perguntou ao treinador sobre o time paulista conseguir manter a intensidade mesmo com jogadores expulsos. Abel respondeu: “É por isso que eu sou treinador e vocês são os jornalistas. Se quiserem ser os treinadores, façam o curso da CBF e sentem-se aqui no meu lugar”.

A fala foi vista como desnecessária por diversos colegas de imprensa. O narrador Marcelo do Ó comentou: “O convido (Abel Ferreira) a estudar comunicação para perceber o quanto ele se perde em momentos específicos de sua fala após e durante os jogos. São quatro anos e muito mais barato do que o curso da CBF. Desnecessário, professor”.

Mauro Beting, de TNT Sports e SBT, comentou que o colega “não merecia a resposta de Abel, que não foi mesmo para ele. Foi para não sei quem. Ou foi pra todos nós jornalistas. Classe muitas vezes sem classe. Categoria que não honra o nome. Mas que, desta vez, não merecia a patada gratuita. A carteirada desnecessária. Sobretudo quem fez a boa − e elogiosa – questão”.

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