A multinacional espanhola Eliminalia manipulou o mecanismo de busca do Google, criou fake news, sites falsos e denúncias também falsas para derrubar links de veículos de imprensa na internet, com o objetivo de “limpar a reputação de clientes” que contratassem os serviços da empresa.

A informação é da série Story Killers, investigação colaborativa sobre grupos de desinformação do consórcio Forbidden Stories, composto por 30 veículos de imprensa ao redor do globo, entre eles a Folha de S.Paulo.

O consórcio teve acesso a quase 50 mil documentos internos da Eliminalia que revelam o modus operandi da empresa de esconder notícias legítimas sobre criminosos e pessoas investigadas em 54 países, incluindo o Brasil. Entre 2015 e 2021, a Eliminalia eliminou reportagens produzidas por centenas de jornalistas e veículos de mídia no mundo.

Segundo a reportagem, a empresa criava notícias falsas, sites contendo fake news e denúncias falsas de violação de direitos autorais para derrubar links de notícias e ameaçar os veículos de imprensa.

Um dos clientes da Eliminalia foi Airton Grazzioli, ex-promotor de Fundações do Ministério Público de São Paulo, que conversou com a Folha sobre as ações da empresa. Denunciado por lavagem de dinheiro em 2021, após investigação por corrupção em 2019, ele foi aconselhado a contratar a Eliminalia para reduzir a visibilidade de textos e fotos sobre uma operação de busca e apreensão em sua casa. Diversas reportagens sobre a busca estampavam fotos com maços de dinheiro achados no local.

Para derrubar links de reportagens legítimas, a empresa bombardeou o Google com denúncias falsas de violação de direitos autorais, baseadas na lei americana Digital Millennium Copyright Act, criada em 1998, que facilita a remoção de conteúdo pirateado por sites. Muitos veículos brasileiros foram vítimas dessas denúncias falsas, como o jornal O Estado de Minas e o Portal R7.

Segundo o consórcio, a Eliminalia também prestou serviços a um médico acusado de trabalhar em um centro de tortura durante a ditadura militar no Chile, um banco investigado por lavagem de dinheiro para funcionários corruptos do regime na Venezuela, um brasileiro-libanês apontado como integrante de um esquema de tráfico de pessoas e prostituição, entre outros.

Leia a reportagem da Folha de S.Paulo na íntegra.

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