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sexta-feira, abril 26, 2024

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Memórias da Redação ? Foto? Que foto?

A história desta semana é de Francisco Ornellas, que criou e por 22 anos esteve à frente do Curso de Focas do Estadão, hoje diretor Editorial do Diário de Mogi (SP). Foto? Que foto?          Corriam as eleições de 1986. A um tempo em que internet nem sonho era e rede social se limitava a clubes recreativos e grêmios estudantis, a campanha de guerrilha ficava por conta de boatos. E eles existiam.          Ainda antes da definição de candidaturas, foi um boato que levou a uma corrida bancária na praça de Ribeirão Preto e fez com que um dos principais candidatos ao governo de São Paulo desistisse da disputa, à vista da ameaça que pairava sobre seu principal negócio – o banco vítima da corrida.          Então, o pleito acabou disputado mesmo por cinco nomes: os experientes Orestes Quércia (PMDB), Paulo Maluf (PDS) e Eduardo Suplicy (PT), mais o debutante Antonio Ermírio de Moraes (PTB), em sua primeira e única incursão pela seara política e o desconhecido Francisco Teotônio Simões Neto (PH).          As pesquisas estavam apertadas às vésperas do 15 de novembro, dia da eleição, quando um boato começou a circular pelas redações do jornais, dando conta de que havia foto de um dos candidatos sambando de odalisca em um baile de carnaval em Campinas.          A mim, que editava Cidades no Estadão mas, nesse período, reforçava a Política, pelo menos oito coleguinhas telefonaram, perguntando se tínhamos a foto. Outros tantos ligaram para a chefia da Redação com a mesma pergunta. Em pouco tempo, o boato ganhava detalhes e a garantia de que a foto estava no Estadão, para ser publicada no dia das eleições.          Foi um corre-corre. Primeiro, para achar a foto; que ninguém conseguiu. Em seguida, para saber o que fazer ante eventual iniciativa do candidato em impedir sua publicação. Estratégia definida, só nos restava esperar o improvável.          Que se tornou fato: passava das 23h30 quando a portaria telefonou, informando que havia um oficial de Justiça para entregar intimação ao jornal. Fui o escalado para recepcionar o prestante servidor. Li o texto, assinei o recebimento e fiquei com o original. Era uma liminar que impedia a publicação da foto inexistente. Até hoje me arrependo de não ter guardado uma cópia. A que recebi, deve ter sido enviada ao competente advogado Manuel Alceu Affonso Ferreira, que cuida de causas congêneres no Estadão.          A propósito: nesse ano elegeu-se Orestes Quércia, com 36,1% dos votos. Ainda não havia segundo turno. Os demais: Antonio Ermírio (23,78%), Paulo Maluf (17,27%), Eduardo Suplicy (9,76%) e Francisco Teotônio Simões Neto (1,62%).

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