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quarta-feira, abril 24, 2024

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British Journalism Awards, uma coleção de iniciativas marcantes

Por Luciana Gurgel, especial para o J&Cia

Luciana Gurgel

Diante do vasto universo de impressos e periódicos online à disposição – sem contar os livros – fica difícil encontrar tempo para tudo. Mas se prêmios contam pontos na hora de priorizar, aqui vai a dica: Financial Times.

O FT fechou o ano com chave de ouro, conquistando pelo segundo ano consecutivo o título de Veículo do Ano no disputado British Journalism Awards, anunciado em 10 de dezembro. É o primeiro jornal a levar o prêmio por dois anos seguidos.

Jornal é maneira de dizer, porque o FT vai além do papel. A presença digital é um de seus maiores ativos: 3/4 dos assinantes optaram pela versão online. Ele vai além também no conteúdo. Conquistou mais dois prêmios secundários, nas categorias Tecnologia e Jornalismo Político, mesmo sendo um veículo originalmente dedicado a finanças. 

Os prêmios reconhecem o veículo que se consolidou como um dos mais relevantes da atualidade. Ano passado, empatou com o Político em uma pesquisa da consultoria política britânica ComRes sobre os jornais mais influentes no Parlamento Europeu. Um dos aspectos apontados pelo júri de 60 profissionais que elegeu os vencedores do British Journalism Awards foi a quantidade de matérias exclusivas relevantes publicadas pelo FT em 2019.

Modelo de negócio vencedor – Adquirido em 2015 pelo grupo japonês Nikkei, o Financial Times merece ser observado não apenas pelo conteúdo, mas também por seu modelo de negócio. Em uma indústria impactada pelas plataformas digitais, o jornal de 131 anos vem conseguindo combinar qualidade editorial e saúde financeira.

Em abril passado, celebrou um ano antes do projetado a marca de um milhão de assinantes, com 70% dos leitores fora do Reino Unido. O paywall foi implantado em 2002, mas em 2007 o FT foi um dos pioneiros no modelo de oferecer acesso livre a uma quantidade limitada de matérias aos leitores cadastrados, estratégia que ajuda a angariar assinantes. A receita bateu £ 383 milhões em 2018, com lucro operacional de £ 25 milhões.

Curiosamente, um dos responsáveis pelo desempenho brilhante do jornal está de partida. O editor Lionel Barber deixará em janeiro o posto em que esteve por 14 anos, passando o cetro para a primeira mulher a ocupar tal posição na história do FT. Roula Khalaf, atual subeditora,  assumirá o comando com a responsabilidade de manter o alto padrão do jornal.

Roula Khalaf

ThinkIns, um modelo inovador – Na categoria Inovação do British Journalism Awards, o destaque foi para os encontros ThinkIn, promovidos pelo Tortoise, uma bem-sucedida iniciativa jornalística independente do país. São sessões realizadas na própria redação do Tortoise em Londres ou em locais externos – incluindo outras cidades – em que os participantes debatem um tema político, econômico ou social.

O modelo é mesmo original. Nem bem uma palestra, nem bem um debate. Parece mais uma reunião de pauta. Começa com um drinque ou café da manhã (dependendo do horário), perfeito para esquentar a conversa sobre o que será tratado em seguida. Não há hierarquia rígida separando palestrantes e plateia. Prevalece um clima de troca de ideias, mesmo com opiniões bastante divergentes.

Tudo é filmado, e um video bem editado é publicado no Tortoise dias depois. Quem não pode ir tem a opção de assistir em tempo real pela internet. Uma ótima ideia de engajamento do público, aproximando jornalistas dos leitores e enriquecendo o conteúdo dos artigos e videos do Tortoise.

Tortoise ThinkIn

O furo do ano – E se houver um tempinho livre nos feriados, vale conferir a matéria que valeu a Anthony Loyd, do The Times, o troféu de furo do ano no British Journalism Awards. Trata-se da entrevista exclusiva com Shamima Begun, uma das chamadas “Noivas do Estado Islâmico” – jovens britânicas que se alistaram na organização em 2015 para casar com terroristas.

Loyd encontrou Begun em um campo de refugiados, e a entrevista desencadeou uma crise sobre como lidar com cidadãos que fogem para integrar organizações terroristas e depois querem retornar ao país. Jornalismo da melhor qualidade, com a sensibilidade que o tema exige.

Anthony e Shamima

E para terminar, obrigada pela companhia aqui no J&C este ano.  Nos vemos em 2020!

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