Policiais interromperam a festa de aniversário de Sylvio Costa, fundador do site Congresso em Foco, na noite de 1°/4, em Brasília, para atender a uma suposta reclamação de vizinhos por causa do barulho. Pouco antes da chegada da Polícia, os presentes no evento haviam cantado parabéns e gritado “Fora Bolsonaro”.
Segundo relato do próprio Sylvio, de forma intimidatória, os militares forçaram-no a assinar um termo circunstanciado de ocorrência (TCO) por perturbação da ordem pública, ou seria conduzido à delegacia. Questionado pelos policiais, Sylvio disse que “todas as pessoas têm o direito de se manifestar, independentemente de posição política”. Os agentes também gravaram uma conversa privada de Sylvio com seu advogado. Na festa, estavam presentes outros jornalistas e advogados, que classificaram o ocorrido como abuso de autoridade.
Vicente Nunes, do Correio Braziliense, escreveu no Twitter que ”a madame que fez a Polícia Militar parar uma festa de aniversário em Brasília porque os convidados gritavam ‘Fora Bolsonaro’ se chama Karla Barros Teixeira, tem 30 anos e exerce cargo em comissão na Secretaria de Cultura. Essa moça tem muito o que falar”,
Outros colegas de profissão e políticos do DF repudiaram o ocorrido e cobraram explicações da Polícia Militar. Segundo a corporação, os fatos narrados não representam a realidade, e explicou que a ação ocorreu “porque vizinhos estavam incomodados com o barulho da festa de aniversário depois das 22 horas”.
Ao Congresso em Foco, o deputado Fábio Félix, presidente da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos, Cidadania, Ética e Decoro Parlamentar da Câmara Legislativa do DF, questionou a versão da PM: “Uma visita como essa acontece, mas ela é mediadora. Os policiais chegam e tentam acabar com o problema, abaixando o som, buscando a conciliação. Estou há três anos e meio mediando conflitos no Distrito Federal e nunca vi isso. Chegar já querendo fazer TCO, levar para delegacia? Não é comum”.
No Congresso em Foco, Sylvio escreveu sobre o ocorrido: “Moro em um prédio, em Brasília, há dois anos e meio e ontem (sexta, dia 1º) fiz pela primeira vez uma festa. Para, depois de tanto tempo de distanciamento imposto pela pandemia, celebrar meus 60 anos. Avisei na portaria e pedi para ser acionado por celular se houvesse alguma reclamação. Minha maior preocupação, claro, era com o barulho. Se incomodar alguém, disse, só me avisar que baixamos o som. Achei mesmo que não teria nenhum babado, já que eventos festivos nesse mesmíssimo prédio são frequentes, muitas vezes com som bastante alto, e jamais geraram problema”.
Em nota, a Associação Brasileira de Imprensa (ABI) solidarizou-se com Sylvio e sua família, cobrou providências das autoridades do DF e exigiu “o respeito à liberdade de expressão, direito garantido pela Constituição”.
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