Por Assis Ângelo

Graciliano Ramos não era propriamente um tagarela, como o são geralmente os papagaios.

Embora faça eu essa pequena observação, a mim também não custa lembrar que Graciliano foi o escritor que mais papagaios pôs como “personagens” em suas histórias.

Histórias de Alexandre, de 1944, tem vários tagarelas plumados com a cor verde em destaque.

Na obra-prima Vidas Secas, o autor alagoano de Quebrângulo põe entre a família retirante um papagaio e uma cadela de estimação. Logo no começo, o papagaio é servido como alimento para saciar a fome da família em fuga da seca. E a dureza permanece braba no correr das páginas. Ali pela metade, a cadela é sacrificada a tiro de espingarda. E mais não digo.

Lembrei que Graciliano sofreu de cegueira nos seus primeiros anos de vida.

Como ele, houve outros autores que também experimentaram essa realidade. E até cientistas do calibre do inglês Isaac Newton (1643-1727).

Isaac, de tanto observar o céu sem fim, acabou ficando cego por alguns dias. Recuperou a visão após trancar-se no quarto, completamente escuro.

Bom, você sabe quem foi Nicolau Copérnico? E sua teoria sobre o movimento da Terra?

O italiano Galileu Galilei (1564-1642), também investigador dos mistérios universais, depois de muitos estudos concluiu que a teoria de Copérnico era fato. E que teoria era essa?

Galileu Galilei (Crédito: Wellcome Library)

O polonês Copérnico (1473-1543) tinha certeza de que a Terra sempre girou em torno do Sol. Quer dizer, pensamento completamente diferente do que divulgava a Igreja aos seus fiéis. Por isso, Galileu foi preso e condenado pelo tribunal da Santa Inquisição.

Como já era muito famoso, Galileu recebeu a “benção” dos inquisidores assassinos para cumprir a pena em casa. Morreu cego.

Cego também morreu o filósofo francês Denis Diderot (1713-1784).

É provável que tenha sido Diderot o primeiro filósofo a teorizar sobre a cegueira.

Em 1649, publicou Carta sobre os cegos para uso dos que veem. Nessa obra, o autor põe em movimento nas páginas três ou quatro cegos como personagens. Tem uma cega entre eles que diz que a cegueira na mulher é diferente da cegueira no homem.

Para escrever tal obra, Diderot costumava tapar os ouvidos e fechar os olhos. Fazia isso nos teatros, por exemplo. A ideia era sentir o que sentem as pessoas cegas.

A Igreja desceu-lhe o pau. Em palavras, ele disse: “O homem só será livre quando o último déspota for estrangulado com as vísceras do último padre”.

Denis Diderot (Crédito: Pintura de Louis-Michel van Loo/1767)

Entre os grandes nomes da Ciência e da Astronomia, quem não se deu bem foi Giordano Bruno. Esse foi amarrado vivo num mastro fincado no meio de uma grande fogueira e…

O pecado de Bruno foi discordar de tudo ou quase tudo do que pensava a Igreja, como a virgindade de Maria e a Terra como centro do Universo.

Dito isso, voltemos à literatura tupiniquim.

Você sabe quem foi o bom Romeu?

Chega aí na estante e pega Grande Sertão: Veredas, do mineiro João Guimarães Rosa (1908-1967).

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