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segunda-feira, julho 21, 2025

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Congresso Brasileiro de Jornalismo Ambiental: Em destaque a crise climática e a necessidade de uma cobertura comprometida

Mesa "O jornalismo ambiental nos meios digitais" (Crédito: Divulgação/Newslink/Curso de Jornalismo da Unifor)

Por Redação Eco Nordeste*

Um dos tópicos mais marcantes do 8º Congresso Brasileiro de Jornalismo Ambiental (CBJA) foi a devastação de ecossistemas como o Pantanal, que sofreu perdas significativas em sua vegetação nos últimos anos. O congresso teve início na quinta-feira, 19, prosseguindo até sábado, 21, no Teatro Celina Queiroz, da Universidade de Fortaleza (Unifor), com a marca de ser o primeiro no Nordeste.

Os jornalistas Dal Marcondes, Maristela Crispim, Wagner Borges e Samira de Castro enfatizaram a importância da conexão entre jornalismo, meio ambiente e ciência. O impacto desta destruição para as futuras gerações, foi evidenciado na urgência de uma cobertura que não se restrinja a eventos de tragédia, mas que inclua uma narrativa mais abrangente e inclusiva.

Os participantes do congresso concordaram que é fundamental incorporar as vozes dos povos tradicionais e destacar histórias frequentemente invisibilizadas pela grande mídia. Esta mudança de abordagem é vital para promover uma compreensão mais profunda dos complexos processos ambientais, sociais e econômicos que moldam a realidade do Brasil.

Os desafios enfrentados por jornalistas ambientais também foram amplamente debatidos, incluindo questões de censura e assédio judicial. Casos emblemáticos, como o conflito em Serra Pelada, foram citados para ilustrar como a omissão ou subestimação de conflitos ambientais históricos prejudica a compreensão pública destes problemas. Como destacou Dal Marcondes, “o Brasil está em chamas”, referindo-se não apenas aos incêndios na Amazônia, mas à urgência de uma cobertura jornalística comprometida.

No último dia do CBJA, antes da palestra de encerramento, foi exibido um pequeno vídeo em homenagem aos jornalistas ambientais que abriram caminhos na área e que nos deixaram nos últimos anos.

 

André Trigueiro e o jornalismo ambiental na era dos extremos

No último dia do Congresso Brasileiro de Jornalismo Ambiental, o jornalista e professor André Trigueiro fez uma reflexão sobre a cobertura ambiental na era dos extremos. Em apresentação que durou pouco mais de uma hora, Trigueiro falou sobre a importância de entendermos o quão grave é o momento que estamos vivendo, e o papel que cada um de nós tem nessa luta.

Um dos pontos mais enfatizados pelo jornalista foi sobre como nós não devemos generalizar falando que “a mídia” fez isso ou aquilo. Segundo ele, é exatamente isso que quem faz algo de errado quer. É preciso, entretanto, dar nome aos bois e escancarar os fatos, pois só assim é possível tocar na ferida e expor o problema.

Trigueiro concedeu ainda uma entrevista exclusiva para a NewsLink TV. Em conversa com o repórter Leonardo Piccinini, opinou sobre o papel do jornalista no Brasil de hoje e como o negacionismo afeta a cobertura climática, além de criticar aqueles que tentam pegar carona em um desastre para aparecer e inflar o ego.

Censura e assédio judicial

Durante o segundo dia do Congresso de Jornalismo Ambiental, as jornalistas Kátia Brasil, da Amazônia Real e Juliana Arini, secretária da Câmara Setorial Temática Climática do Estado de Mato Grosso, refletiram sobre a importância de tratar as questões climáticas como prioridade, mediadas pelo fotógrafo e videomaker Márcio Isensee, diretor de conteúdo do site O Eco.

Relação pessoal com o Pantanal

Juliana compartilhou um relato pessoal sobre sua infância no Pantanal, expressou a tristeza de saber que os filhos não poderão ter a mesma relação com o bioma. “Estima-se que, nos últimos cinco anos, os incêndios tenham degradado cerca de 9% da vegetação do Pantanal”, informou e evidenciou a urgência da situação.

Kátia Brasil abordou os desafios que a cobertura ambiental enfrenta, o que inclui a censura por parte de políticos e grandes corporações. “Estamos enfrentando assédio judicial e censura. Para se ter ideia, uma reportagem nossa está barrada há mais de dois anos,” confessou a jornalista, que destacou a necessidade de um jornalismo mais livre e crítico.

Ferramentas digitais para ampliar impactos das ameaças ao meio ambiente 

A mesa “O jornalismo ambiental nos meios digitais” reuniu Dal Marcondes, Stefano Wrobleski, Paulo André Vieira e Maristela Crispim, que abordaram a necessidade de uma cobertura ambiental comprometida e inovadora.

Marcondes enfatizou a urgência de compreender os processos complexos que ocorrem na Amazônia, indo além dos dados de desmatamento e incêndios, com destaque ao impacto sobre as comunidades locais. Wrobleski ressaltou o uso de dados em tempo real para narrativas humanas no InfoAmazonia, enquanto Paulo André destacou o caráter investigativo que o jornalismo ambiental precisa assumir em face dos retrocessos nas políticas ambientais do Brasil. Maristela Crispim finalizou lembrando o papel dos jornalistas em trazer à tona histórias silenciadas, especialmente no contexto digital.

A pauta ESG e o impacto no jornalismo

Muito tem se falado de ESG e em meio a tantos problemas ambientais, o assunto é ainda mais urgente.

Muito tem se falado de ESG e, em meio a questões ambientais, o tema é ainda mais do que necessário. Por isto, uma mesa discutiu a pauta ESG (Environmental, Social, and Governance), com a participação de Dal Marcondes e Magda Maya.

Marcondes ressaltou que o conceito de ESG tem suas raízes fincadas nos anos 1970, mas alertou para o crescente problema do “ESG washing”, por meio do qual empresas usam a sigla para marketing, sem promover mudanças reais. “Devemos estar atentos às empresas que adotam práticas superficiais para melhorar sua imagem, sem comprometimento real”, ressaltou o jornalista.

Magda Maya, por sua vez, apresentou uma perspectiva filosófica ao debate. Enfatizou que a exploração desenfreada dos recursos naturais não pode mais ser vista como um simples resultado do desenvolvimento, mas como uma crise iminente. “A natureza não tem senso moral, ela tem consequências”, declarou. Destacou, ainda, a importância de repensar nosso ordenamento jurídico.

Papel do jornalismo na fiscalização

A mediadora Mariana Fontenele, jornalista e professora da Unifor, sublinhou o papel fundamental do jornalismo como agente fiscalizador. Afirmou que “o jornalismo ambiental precisa estar mais do que atento; ele deve ser incansável em suas investigações e questionamentos.” Esta vigilância contínua é essencial para garantir que a discussão sobre ESG se mantenha relevante e não se transforme em uma mera ferramenta de marketing.

O 8º CBJA reafirma a responsabilidade de os jornalistas em irem além dos números e explorarem as causas subjacentes e os impactos nas comunidades afetadas. Este evento é um passo importante para fortalecer o jornalismo ambiental e promover uma narrativa que verdadeiramente reflita a complexidade da crise climática no Brasil.

Vozes da juventude

A estudante Gabriella Lourenço, de 15 anos, descendente dos povos indígenas Tupis e Tamoquim, fez uma apresentação inspiradora sobre “Comunicação Ambiental para a Juventude”. Ela se destacou como a pessoa mais jovem a falar para um público de mais de 900 jornalistas.

Participante do projeto VERUS, Gabriella enfatizou a preocupação com o distanciamento dos jovens das discussões ambientais e ressaltou que, embora sejam considerados o futuro, é crucial que sejam incluídos nas decisões e debates atuais.

Singularidade do bioma Caatinga

No primeiro dia, a coordenadora do 8º CBJA, Maristela Crispim, professora do curso de Jornalismo da Unifor e diretora executiva do Instituto Eco Nordeste, ministrou uma oficina focada na singularidade do bioma Caatinga. Ela ressaltou que a Caatinga é o único bioma exclusivamente brasileiro, pois faz fronteira apenas com o oceano.

Maristela enfatizou a importância de compreender suas características únicas, como o regime climático de duas estações (seca e chuvosa), para promover sua preservação e desenvolver políticas públicas que garantam a sustentabilidade desse ecossistema.

A reportagem do desastre no Rio Grande do Sul

A cobertura da tragédia no Rio Grande do Sul revelou histórias de pessoas afetadas, mas os jornalistas Moreno Osório, Eloisa Loose e Silvia Marcuzzo, durante o 8º Congresso Brasileiro de Jornalismo Ambiental, ressaltaram a importância de contextualizar os problemas, em vez de focar apenas em narrativas individuais.

Sílvia criticou a mídia por não abordar o desmonte da política ambiental, que contribuiu para o colapso do abastecimento de água. Osório lembrou que a falta de manutenção em sistemas anti-cheias teve graves consequências. Eles defenderam uma cobertura mais preventiva e abrangente, e destacaram que a tragédia persiste, com muitos gaúchos lidando com luto e desemprego.

Reinvenção do jornalismo científico

A importância da área de jornalismo científico foi destacada pelo assessor de comunicação da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), Felipe Lima. Para ele, esta parte do jornalismo é, antes de tudo, educação. “A ciência está presente no nosso dia a dia desde que a gente é pequenininho. Só que a ciência que às vezes chega às pessoas ainda é muito robusta e mal compreendida”. Felipe explica que o jornalismo tem o papel de tradutor, para que a informação seja repassada, para que faça um elo entre os cientistas e as pessoas.

Modelagem de negócios no Jornalismo Ambiental

O tema da oficina ministrada por Dal Marcondes, diretor executivo do Instituto Envolverde, no CBJA foi a modelagem de negócios no Jornalismo Ambiental. Durante a apresentação, Dal destacou que as redes sociais são um instrumento poderoso para a comunicação, mas tem o problema de não estar sob o controle dos jornalistas, já que mudam as regras de acordo com os seus interesses.

Desafios do jornalismo independente, investigativo e sem fins lucrativos

A 4ª oficina do congresso, conduzida por Kátia Brasil, da Amazônia Real, abordou o tema do jornalismo independente e investigativo. Kátia compartilhou suas experiências e destacou os desafios financeiros enfrentados por essa área do jornalismo, que é crucial para a democracia no Brasil, especialmente quando a mídia tradicional não alcança certas comunidades. Ela enfatizou a importância de encontrar formas de financiar esse trabalho vital.

O projeto Amazônia Real realiza, ainda, oficinas para os povos locais em Manaus e na Amazônia, visando a promover a educomunicação entre os jovens. Kátia mencionou que estas oficinas foram criadas para estimular a troca de conhecimentos e a conscientização sobre a importância da comunicação na educação, preparando as novas gerações para compreenderem melhor seu papel na sociedade.

Preservação da Mata Atlântica

A oficina sobre a Mata Atlântica, liderada por Afra Balazina e Marina Vieira, da Fundação SOS Mata Atlântica, abordou os desafios de preservação do bioma, que atualmente possui apenas 24% de sua cobertura original.

As palestrantes debateram os impactos do desmatamento e das queimadas, a importância do monitoramento contínuo e as iniciativas de restauração ecológica. Também foi destacada a necessidade de maior conscientização pública e a interseção da Mata Atlântica com outros biomas, como a Caatinga e o Cerrado, o que exige uma abordagem de conservação específica.

Economia regenerativa e governança climática inclusiva

O jornalista Sérgio Xavier, coordenador-executivo do Fórum Brasileiro de Mudança do Clima (FBMC), e Ricardo Coimbra, economista e professor da Unifor, trouxeram à tona questões cruciais sobre como o setor privado pode se adaptar e prosperar num cenário onde eventos climáticos extremos ameaçam a sustentabilidade dos negócios.

“Estamos em um momento em que muitos negócios estão em risco, seja pela ação da natureza ou pela carência de um mercado que valorize práticas sustentáveis”, afirmou Xavier.

* Os alunos do Newslink foram orientados pelos professores Kátia Patrocínio e Miguel Macedo

 

Links para assistir as mesas dos três dias de Evento:

Dia 19

https://www.youtube.com/watch?v=RofQbbBz0Qs&t=4503s&ab_channel=TVUnifor (manhã)

https://www.youtube.com/watch?v=5ER30aXAlLY&t=1114s&ab_channel=TVUnifor (Tarde)

Dia 20

https://www.youtube.com/watch?v=Qbq4VdfG7xU&ab_channel=TVUnifor

Dia 21

https://www.youtube.com/watch?v=TTKI88RCmfk&ab_channel=TVUnifor 


Mediadores têm trabalho dobrado em debates de candidatos à Prefeitura de SP

Mediadores têm trabalho dobrado em debates de candidatos à Prefeitura de SP
Crédito: Flow/YouTube

Os debates entre os candidatos à Prefeitura de São Paulo têm sido marcados por palavras de baixo calão, agressões físicas e verbais e ataques de todos os lados. Nesse contexto, os mediadores têm precisado atuar de forma mais incisiva para acalmar os ânimos e tentar manter o bom nível das discussões que definirão o futuro prefeito de São Paulo.

O caso mais recente ocorreu na noite dessa segunda-feira (23/9), durante o debate promovido pelo podcast Flow. Na ocasião, o candidato Pablo Marçal (PRTB) foi expulso do evento após desrespeitar três vezes seguidas as regras do debate. Já no final da transmissão, o coach utilizou seu tempo para atacar o prefeito e candidato à reeleição Ricardo Nunes (MDB): “Nós vamos prender o prefeito por envolvimento com problema de creche. Isso não é ofensa, tem que ouvir. Ele não gosta de crítica”, declarou Marçal, que também se referiu a Nunes repetidas vezes como “bananinha”.

O mediador Carlos Tramontina interrompeu a fala do candidato e o advertiu pela primeira vez, destacando o documento com as regras do debate, assinado por todos os candidatos, que proibia ofensas, xingamentos, insultos e apelidos pejorativos: “O senhor assinou regras. Se o senhor se esquece, as regras estão aqui. O senhor assinou. Eu posso interrompê-lo. O senhor está sendo advertido. O senhor aparentemente está aproveitando o último instante do debate para baixar o nível. Por favor, peço a colaboração. Vamos retomar na boa. Não vou discutir com o senhor. Eu posso interromper o senhor. As regras estão aqui e o senhor assinou. Respeita, por favor”.

Marçal atacou novamente Nunes e disse que o prefeito seria preso como uma “promessa de campanha”. Tramontina advertiu o candidato pela segunda vez: “O senhor está sendo advertido pela segunda vez. Na terceira vez, o senhor sai. Espero que o senhor tenha a hombridade de, se for fazer a mesma coisa, fazer já para que possa sair. Não vai deixar para o último segundo, não. Está muito clara a atitude do senhor. Por favor, foi tudo tão bom, tudo muito legal. Agora, nas considerações finais, o senhor está querendo entornar o caldo. Apenas uma questão de respeito às regras que o senhor assinou”.

E, pela terceira vez, Marçal direcionou ataques a Nunes. O candidato ficou em silêncio e falou apenas nos últimos segundos de seu tempo, dizendo novamente que o prefeito seria preso. Tramontina então o advertiu pela terceira vez seguida e excluiu o candidato do debate. Na saída de Marçal do estúdio, houve uma confusão generalizada pois o marqueteiro da campanha de Ricardo Nunes, Duda Lima, foi agredido pelo videomaker de Pablo Marçal, Nahuel Medina.

Após um tempo, Tramontina retornou à transmissão e explicou o ocorrido: “Não consegui fazer o encerramento porque eu tive que paralisar o debate para excluir o candidato Pablo Marçal, que reiteradamente desrespeitava as regras. E na saída dele, houve uma confusão, e um assessor do prefeito Ricardo Nunes foi agredido, levou um soco no rosto e está sangrando neste momento. A gente lamenta profundamente porque o debate foi muito bom, mas no final tivemos esta confusão”.

Casos semelhantes em debates da RedeTV/UOL e TV Cultura

Outro caso semelhante ocorreu na semana passada, em 17/9, durante debate promovido pela RedeTV em parceria com o UOL. Na ocasião, a mediadora Amanda Klein, apresentadora do RedeTV News e comentarista da Jovem Pan, precisou repetidas vezes intervir para interromper discussões entre candidatos e impedir uso de apelidos pejorativos e palavras de baixo calão.

Em determinado momento, o candidato Pablo Marçal disse que o prefeito Ricardo Nunes seria preso por “tocar nas merendas das crianças”, e uma discussão acalorada ocorreu entre os dois candidatos. Klein precisou intervir e, após, muita gritaria, advertiu os dois candidatos. Em outro momento do debate, na vez de Marçal fazer uma pergunta para outro candidato, ele se referiu a Nunes como “bananinha”. A mediadora precisou intervir novamente, lembrando que apelidos pejorativos eram proibidos de acordo com as regras do debate.

E vale lembrar do caso da cadeirada do candidato José Luiz Datena em Pablo Marçal em 15/9, durante debate promovido pela TV Cultura. Após a agressão, o mediador Leão Serva, diretor Internacional de Jornalismo da TV Cultura, expulsou Datena do debate, explicando que a exclusão se deu pelo descumprimento de várias regras, não apenas pela agressão física, mas também pelo fato de Datena ter utilizado palavras de baixo calão em outros momentos.

Essa não foi a primeira vez que Serva agiu para conter uma situação de crise. Em 2022, durante debate entre candidatos ao Governo de São Paulo promovido pela TV Cultura, ele defendeu a jornalista Vera Magalhães após ela ter sido agredida verbalmente. Na ocasião, o então deputado estadual Douglas Garcia filmou o rosto de Vera, chamando-a de “vergonha para o jornalismo brasileiro”. Serva, percebendo a situação, pegou o celular da mão de Garcia e o arremessou para longe. Foi a primeira vez que um dirigente da TV brasileira rebelou-se fisicamente para impedir um ataque contra um de seus jornalistas.

Morre Sebastião Nery, aos 92 anos, no Rio de Janeiro

Morre Sebastião Nery, aos 92 anos, no Rio de Janeiro
Crédito: Reprodução/Provocações/TV Cultura

Morreu em 23/9 o jornalista e político Sebastião Nery, aos 92 anos, no Rio de Janeiro. Com a saúde debilitada há meses, ele faleceu de causas naturais. A cerimônia de cremação foi realizada nesta terça-feira (24/9), às 8h, no Crematório do Cemitério do Carmo, no bairro do Caju.

Natural de Jaguaquara (BA), Nery iniciou a carreira no jornalismo em 1950, quando se mudou para Minas Gerais. Em 1963, foi eleito deputado estadual na Bahia, mas no ano seguinte teve o mandato cassado pelo regime militar, período em que ficou preso por alguns meses. Tentou reassumir o mandato, mas perdeu os direitos políticos.

Como jornalista, teve passagens por TV Globo, Folha de S.Paulo e TV Bandeirantes. Após a anistia, ao lado de Leonel Brizola, no Partido Democrático Trabalhista (PDT), tornou-se deputado federal pelo Rio de Janeiro em 1983. Deixa três filhos.

100 anos de rádio no Brasil: Rádio pública consegue mais atenção do público no TikTok

Por Álvaro Bufarah (*)

Um dos temas recorrentes em todos os encontros sobre rádios públicas é a dificuldade das emissoras em entender e plataformas digitais como o TikTok para alcançar novas audiências. Mas, o programa Because News, da emissora canadense CBC, já acumulou 34 milhões de visualizações na plataforma.

O programa semanal, com perguntas e respostas, já está em sua nona temporada na programação da rádio, mas também se expandiu para um evento com plateia ao vivo e um podcast. No entanto, o foco recente tem sido a sua presença no TikTok, conforme afirmou a produtora executiva Elizabeth Bowie. Segundo ela, essa mudança foi intencional e gerou resultados expressivos, alcançando novos públicos que dificilmente encontrariam o programa por meio da rádio tradicional.

Bowie, com mais de duas décadas de experiência em rádio, destacou que as emissoras precisam ser criativas para atrair públicos mais jovens. Para ela, a questão vai além da mídia, seja rádio ou áudio, e se trata de encontrar o público onde ele estiver. Um exemplo prático dessa mudança é sua própria mãe, uma ouvinte devota da rádio CBC, que não substituiu seu rádio quebrado e agora ouve a programação online.

A produtora também revelou que o programa já havia explorando outras plataformas, como Instagram e YouTube, há sete anos, mas o impacto dessas iniciativas não se comparou ao sucesso imediato no TikTok. Em apenas dois meses, a audiência no TikTok superou todas as visualizações acumuladas nas outras redes. A estratégia envolve cortar clipes em segmentos curtos, em vez de compartilhar episódios inteiros.

O sucesso no TikTok foi alcançado graças ao trabalho da equipe, especialmente da produtora associada Jess Klimowski, responsável por gerenciar a conta na plataforma. Klimowski, que iniciou sua trajetória na CBC como estagiária, propôs uma mudança no formato de distribuição de conteúdos, focando em uma cadência de postagens ocasionais e em cortes de vídeos mais objetivos. A rádio pública, tradicionalmente acostumada fornecer muito contexto em suas narrativas, teve que ser adaptada ao formato rápido e conciso do TikTok, em que a atenção do usuário precisa ser capturada nos primeiros segundos.

Outro ponto que contribuiu para o sucesso foi a utilização de hashtags hiperlocais, como a #Brampton, que ajudou a direcionar vídeos para públicos específicos em áreas determinadas. Segundo Bowie, essa abordagem permitiu um alcance inédito e mais eficiente do que os métodos tradicionais da rádio pública.

Entretanto, a equipe descobriu que tentar seguir as tendências do TikTok não trazia os mesmos resultados. O conteúdo original, cuidadosamente planejado e gravado, foi mais eficaz do que a tentativa de adaptação aos modismos dos usuários da plataforma.

Além da estratégia de produção, a interação com o público também se mostrou essencial. A seção de comentários do Because News é ativa, e Klimowski, além de gerenciar as postagens, frequentemente entra para responder aos seguidores, criando um tom irreverente e engajado, alinhado com o estilo do programa. A interação nas redes sociais é vista como uma forma de construir relacionamentos com o público, algo que Bowie considera crucial para o sucesso no ambiente digital.

A experiência do Because News mostra que a adaptação ao TikTok não é apenas uma questão de estar presente na plataforma, mas de entender as demandas e comportamentos de seus usuários. A rádio pública, tradicionalmente associada a formatos mais longos e detalhados, enfrenta o desafio de se reinventar para competir e se destacar em novos espaços digitais.


Álvaro Bufarah

Você pode ler e ouvir este e outros conteúdos na íntegra no RadioFrequencia, um blog que teve início como uma coluna semanal na newsletter Jornalistas&Cia para tratar sobre temas da rádio e mídia sonora. As entrevistas também podem ser ouvidas em formato de podcast neste link.

(*) Jornalista e professor da Fundação Armando Álvares Penteado (Faap) e do Mackenzie, pesquisador do tema, integra um grupo criado pela Intercom com outros cem professores de várias universidades e regiões do País. Ao longo da carreira, dedicou quase duas décadas ao rádio, em emissoras como CBN, EBC e Globo.

CNN lança em novembro o CNN Brasil Money

CNN Brasil lança em novembro o CNN Brasil Money
Crédito: Divulgação/CNN Brasil

A CNN Brasil estreia em 4 de novembro o CNN Brasil Money, novo canal focado em notícias sobre mercado financeiro, negócios e macroeconomia. A plataforma terá cerca de 12 horas de conteúdo ao vivo, unindo TV e streaming, com a cobertura do funcionamento dos mercados do Brasil e do exterior.

O conteúdo do CNN Brasil Money ficará a cargo da equipe de Economia da CNN Brasil. Além da movimentação do mercado financeiro, o novo vai disponibilizar também índices importantes para o mundo financeiro durante 24 horas, por meio de um moderno dashboard configurado pela equipe de Economia da emissora. O conteúdo terá total sinergia com a CNN Internacional.

Para a implementação do novo canal, a CNN Brasil vai investir na reforma e ampliação de seus estúdios na avenida Paulista, com mudanças na infraestrutura de transmissão e adição de ferramentas de inteligência artificial.

Já estão confirmados na equipe do CNN Brasil Money jornalistas que integram o time de economia da CNN Brasil, como William Waack, Thais Herédia e Daniel Rittner. Outros jornalistas especializados e analistas ainda serão contratados. O canal deve ter também correspondentes internacionais, que serão anunciados em breve.

CNBC Brasil contrata Renan de Souza e Rafael Ihara

A CNBC Brasil, cuja estreia será em novembro, anunciou as contratações de Renan de Souza e Rafael Ihara, que passam a integrar o time de apresentadores do novo canal de notícias focado em jornalismo de negócios.

Souza é especializado na cobertura de política internacional. Trabalhou por 11 anos no SBT, onde atuou como head da editoria de Internacional. E de 2020 a 2022, foi analista internacional da CNN Brasil. Foi reconhecido pela ONU como uma das 100 pessoas afrodescendentes mais influentes do mundo com menos de 40 anos, em 2020 e 2024. É autor do livro Private Military Companies And The Outsourcing Of War, que se tornou best-seller na categoria de política internacional. Atualmente, atua também como advisor para assuntos de comunicação do governo da Arábia Saudita.

Souza inclusive denunciou um caso de racismo na CNN e ganhou um processo de indenização. Após discordar de um corte em uma reportagem sobre o assassinato de George Floyd, em 2020, o então editor-chefe Asdrúbal Figueró Júnior teria dito que Souza só discordava da edição “porque é preto, está querendo defender preto, e você não entende nada de racismo”.

Ihara trabalhou como repórter no Grupo Globo durante seis anos, cobrindo o dia a dia da região metropolitana de São Paulo. Fez reportagens e entradas ao vivo para os telejornais Jornal Nacional, Jornal Hoje, Bom Dia Brasil, entre outros. Trabalhou também na FSB Holding como editor-chefe da Bússola Exame, plataforma de produção de conteúdo sobre economia, negócios e reputação. É diretor-geral e fundador da plataforma de educação Oriente Educação.

A CNBC Brasil estreia em novembro, com mais de 15 horas de jornalismo ao vivo, com foco em negócios e finanças, além de programas de entretenimento que abordarão temas relevantes para a economia.

Após saída da Latam Airlines, Lígia Sato entra para a PWTech

Lígia Sato anuncia saída da Latam Airlines
Crédito: Reprodução/Linkedin

Lígia Sato despediu-se neste início de setembro da Latam Airlines, após 14 anos na empresa, período em que atuou com Sustentabilidade, Meio Ambiente, Relações com a Imprensa e Relações Governamentais/Institucionais. Enquanto define os próximos passos profissionais, vai atuar como consultora de sustentabilidade da PWTech, startup que possibilita a chegada de água tratada a regiões remotas do País e do mundo por meio de um inovador sistema de purificação compacto e portátil.

Em publicação no Linkedin, Sato demonstrou entusiasmo com a nova fase de sua carreira:

“Estou muito animada com este novo desafio! Gostaria de agradecer Fernando Silva e Sergio Trombin pela oportunidade de contribuir com o trabalho desta start-up que traz impactos positivos tão significativos para a sociedade, possibilitando água tratada para regiões remotas no Brasil e no mundo.”

Katia Brembatti e Marc Tawil falarão sobre jornalismo digital e de dados no 2º Diálogos Agrojor

Katia Brembatti e Marc Tawil

As transformações e tendências do jornalismo digital e de dados estarão na pauta do 2° Diálogos Agrojor. O encontro, promovido pela Rede Brasil de Jornalistas Agro, será em 29 de outubro, a partir das 9h, no Auditório da FIA – Fundação Instituto de Administração (Avenida Doutora Ruth Cardoso, 7.221), em São Paulo.

Com formato híbrido (presencial e online), a edição 2024 do encontro já tem as presenças confirmadas do consultor em Comunicação Marc Tawil e de Kátia Brembatti, presidente da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji). A mediação e apresentação será de Lilian Munhoz.

Diálogos tem um propósito diferente dos eventos tradicionais da Agrojor: ele traz a visão de colegas que não atuam no Agro”, explica Vera Ondei, presidente da Rede Agrojor. “Neste sentido, construímos uma programação que busca atender às ‘dores’ dos jornalistas do setor, com um debate que trará insights sobre o papel dos comunicadores frente às grandes mudanças do digital”.

As inscrições estão abertas no Sympla, com condições exclusivas para associados da entidade.

Jornal O Politécnico, da Poli-USP, comemora 80 anos com exposição de exemplares históricos

O jornal O Politécnico, da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP), completou 80 anos de trabalho. Fundado em 1944, é um dos jornais universitários mais antigos do Brasil.

Para celebrar o marco, a Biblioteca Latino-Americana Victor Civita, do Memorial da América Latina, recebe até 30 de setembro uma exposição que destaca alguns dos exemplares históricos do jornal. Passaram por O Politécnico estudantes da Poli-USP que mais tarde se tornariam figuras conhecidas no Brasil, como o ex-governador de São Paulo Mário Covas, o ator Carlos Zara, o fotógrafo Thomaz Farkas e a empresária Cristina Junqueira (fundadora do Nubank).

Jornalistas da Editora Três recebem salários atrasados e retornam ao trabalho

Jornalistas da Editora Três recebem salários atrasados e retornam ao trabalho
Crédito: Logotipo Editora Três

Após paralisação iniciada na segunda-feira (16/9), os jornalistas da Editora Três, responsável por revistas como IstoÉ, IstoÉ Dinheiro e Motor Show, voltaram ao trabalho em 18 de setembro. O retorno às atividades ocorreu após a maior parte dos salários atrasados ter sido quitada.

Segundo o Sindicato dos Jornalistas de São Paulo (SJSP), a reunião dos profissionais também aprovou a continuidade das negociações e a manutenção da assembleia permanente até que seja definida pela empresa uma nova data para o pagamento da metade do 13º salário do ano passado e das parcelas devidas aos funcionários, com quitação total prevista até o final de novembro. A empresa concordou em pagar a parcela em atraso e seguir o cronograma acordado entre ambos para os pagamentos restantes.

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