-1.6 C
Nova Iorque
sábado, dezembro 13, 2025

Buy now

" "
Início Site Página 75

Carga Pesada celebra 40 anos de vida

Carga Pesada celebra 40 anos de vida

A revista Carga Pesada, fundada e dirigida por Dilene Antonucci, está comemorando 40 anos de estrada. Lançada no início de 1985, a publicação, com sede em Londrina, ganhou uma edição especial destacando os principais feitos conquistados ao longo de sua história.

“Por estarmos em uma região em que o agronegócio é muito forte, sempre tivemos um olhar mais cuidadoso na intersecção deste setor com o automotivo, e isso fez com que a gente se tornasse uma referência para o caminhoneiro”, destaca Dilene, que criou o projeto da revista ainda durante a faculdade. “Quando terminei o curso, levei o projeto inicialmente de um jornal para um grupo de Londrina e eles apoiaram a ideia. Desde então foram 204 edições impressas e outras 45 digitais”.

Pioneira em um segmento que ainda hoje abriga poucas mulheres, Dilene tem sua trajetória, e da Carga Pesada, marcada também por intensas ações culturais e sociais voltadas ao caminhoneiro e suas famílias, entre elas a Carguinha, primeira revista infantil sobre caminhões e que tinha como protagonista uma personagem feminina, Valentina. “A gente foi a publicação que mais abriu espaço para as mulheres, até porque eu sou editora e quando comecei era um universo extremamente masculino, então a gente procurou abrir espaço e até hoje tenta destacar o papel das mulheres no transporte”.

Encontro que faz parte da celebração dos 30 anos de J&Cia terá transmissão ao vivo pelo youtube

30 anos de J&Cia

Com inscrições quase esgotadas, o primeiro dos sete encontros que Jornalistas&Cia fará em parceria com a ESPM sobre O presente e o futuro do Jornalismo – Insights terá transmissão ao vivo pelo youtube.

O tema desse primeiro encontro é O futuro da profissão e os desafios para o Jornalismo – A busca incessante pelo algoritmo humano e dele participarão os colegas Eugênio Bucci (ECA-USP), Francisco Rolfsen Belda (Unesp/Projor) e Pedro Doria (Meio), com moderação do professor Antonio Rocha Filho, da ESPM.

Eugênio Bucci, Francisco Rolfsen Belda, Pedro Doria e Antonio Rocha Filho

Com a transmissão ao vivo, todos os interessados, ainda que não presencialmente, poderão acompanhar as discussões que acontecerão no dia 31 de março, de 9h30 às 12h30, no Auditório da ESPM Tech (rua Joaquim Távora, 1.240).

O encontro conta com o apoio de ABI, Aner e Projor. Clique aqui para salvar o link e acompanhar o encontro.

Ajor, Momentum e IFPIM promovem eventos sobre jornalismo e tecnologia

Ajor, Momentum e IFPIM promovem série de eventos sobre jornalismo e tecnologia
Crédito: CTRL+J LATAM

A Associação de Jornalismo Digital (Ajor) em parceria com a Momentum − Journalism and Tech Task Force e o International Fund for Public Interest Media (IFPIM) promovem de 20 a 22 de março a conferência CTRL+J LATAM − Tecnologia e Jornalismo no Sul Global. O evento é o primeiro de três encontros que serão realizados em São Paulo reunindo lideranças para discutir desafios e estratégias da América Latina diante do impacto das big techs no jornalismo.

A programação terá especialistas internacionais como Camille Grenier (Fórum sobre Informação e Democracia), Gustavo Gómez (Observacom), Noluthando Jokazi (Comissão de Concorrência da África do Sul) e Jazmín Acuña (El Surtidor, Paraguai). Após São Paulo, os encontros seguirão para Indonésia e África do Sul, fortalecendo o intercâmbio no Sul Global. As discussões embasarão um debate global na Conferência Global de Jornalismo Investigativo (GIJC25), em Kuala Lumpur, no fim de 2025.

Profissionais interessados em cobrir o evento devem realizar o credenciamento até 19/3 pelo [email protected]. A programação e mais informações estão disponíveis aqui.

Leia também: Brasil247 e site chinês Guancha lançam Iniciativa de Parceria de Mídia do Sul Global

Brasil247 e site chinês Guancha lançam Iniciativa de Parceria de Mídia do Sul Global

Brasil247 e site chinês Guancha lançam Iniciativa de Parceria de Mídia do Sul Global
Leonardo Attuch, He Shenquan e equipe do Guancha (Crédito: Divulgação)

O Brasil247 e o site chinês Guancha formalizaram nesta terça-feira (18/3) a criação da Iniciativa de Parceria de Mídia do Sul Global, projeto que tem o objetivo de construir uma aliança entre organizações de mídia dos países do Sul Global e fortalecer a cooperação entre elas.

“Quem controla a narrativa pública molda o mundo. Hoje, o Sul Global não é mais um receptor passivo das narrativas impostas pelo Norte Global, mas um protagonista ativo na construção de sua própria história”, diz o documento assinado por Leonardo Attuch, editor-chefe do Brasil247, e He Shenquan, editor-chefe do Guancha.cn, em 11/3, em Xangai, na China.

A iniciativa definiu quatro grandes princípios a serem seguidos pelas organizações participantes da aliança. São eles:

  • Multilateralismo, defendendo o direito de cada país escolher seu próprio caminho de desenvolvimento, o respeito à soberania dos Estados e se opondo ao unilateralismo e ao hegemonismo;
  • Paz e Desenvolvimento Mundial, tratando a disseminação de informações como ferramenta crucial para promover o entendimento mútuo entre os povos e resolver conflitos de forma pacífica, além de defender o direito ao desenvolvimento como um direito humano inalienável;
  • Comunidade com Futuro Compartilhado, entendendo que todos os povos formam uma comunidade com um futuro compartilhado, baseada na solidariedade e no diálogo e que a disseminação de informações deve servir como uma ponte para conectar as nações e promover a cooperação e o entendimento mútuo;
  • Justiça e Equidade, se opondo à manipulação da opinião pública por meio de algoritmos e defendendo a criação de conteúdo noticioso descentralizado, aberto e centrado nas pessoas, com o objetivo de impulsionar a prosperidade econômica global, a responsabilidade tecnológica e a justiça social, além de reduzir a desigualdade digital.

Além dos princípios, a iniciativa definiu áreas concretas de cooperação, que incluem definição de agenda e ação conjunta para debater questões centrais para a humanidade; a criação de uma rede de mídia do Sul Global, que será utilizada como mecanismo de intercâmbio e cooperação entre as plataformas de mídia; a promoção de uma nova ordem justa de Governança Global, pressionando instituições internacionais a adotarem uma nova estrutura de valores públicos globais alinhada com os interesses do Sul Global; e a defesa da Soberania Digital, com o combate à desinformação e os ataques cibernéticos, construindo um ecossistema digital justo e alinhado aos interesses dos povos do Sul Global.

Por fim, a iniciativa faz um chamado à ação, convocando todas as organizações de mídia que compartilham desses princípios e objetivos a se unirem à aliança.

Leia o documento na íntegra aqui.


James Green estreia coluna sobre governo Trump na Agência Pública

James Green assina coluna sobre governo Trump na Agência Pública
James Green (Crédito: Divulgação/Agência Pública)

O professor James Green é o novo colunista da Agência Pública. Em sua coluna, que vai ao ar às terças-feiras, ele vai compartilhar suas percepções sobre o governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, analisando suas ações e como elas impactam o Brasil.

Green conta que, desde a eleição de Donald Trump, tem recebido perguntas sobre a situação nos Estados Unidos e sua análise da nova administração. Na coluna, Green vai analisar as estratégias e ações do governo americano, assim como as reações a elas, e como elas reverberam ao redor do globo e no Brasil e como afetam a vida dos brasileiros. No texto de estreia, ele escreveu sobre a possibilidade da existência de uma resistência ao governo de Trump nos Estados Unidos.

Professor emérito na Brown University, em Rhode Island, Green está hoje baseado em Nova York, mas entre 1976 e 1981 morou em São Paulo. É co-coordenador nacional da Rede nos Estados Unidos pela Democracia no Brasil e presidente do Conselho Diretivo do Washington Brazil Office. Além disso, escreveu livros como Além do carnaval: a homossexualidade masculina no Brasil do século XX, Apesar de vocês: a oposição à ditadura brasileira nos EUA, 1964-85, Revolucionário e gay: a vida extraordinária de Herbert Daniel e Escritos de um viado vermelho: política, sociedade e solidariedade.

Jornalista brasileiro alega estar sofrendo perseguição de agentes ucranianos no Brasil

Jornalista brasileiro alega estar sofrendo perseguição de agentes ucranianos no Brasil
Crédito: Reprodução/Linkedin

Eduardo Vasco, autor do livro-reportagem O povo esquecido: uma história de genocídio e resistência no Donbass, denunciou estar sendo assediado por pessoas que suspeita serem agentes do regime ucraniano. Em entrevista à Sputnik Brasil, ele relatou os episódios de assédio que começaram em 12 de março.

De acordo com Vasco, o assédio teve início quando uma mulher chamada Nadia entrou em contato pelo WhatsApp questionando sobre seu livro e insistindo em uma videoconferência: “Não disse o sobrenome, não disse como encontrou o meu número e disse que pertencia a uma fundação, sem citar o nome da fundação. E essa fundação faria pesquisas sobre desinformação, propaganda, influência em eleições dos EUA, da Europa, da China e da Rússia. A maneira como ela escreveu, eu percebi que não era brasileira”.

O jornalista também considerou suspeito o fato de ela enviar fotos do livro, uma vez que a obra não está à venda. Posteriormente, outro indivíduo chamado Sergio também o contatou, desta vez com os documentos pessoais de Vasco: “Também sem falar português bem, [ele] mandou mensagem para mim, mandando documento sobre o meu MEI, com o meu endereço, com o nome da minha mãe, com dados do MEI, dizendo que era uma situação muito séria. Não me falou porque era muito séria”.

Vasco acredita que os assediadores estavam interessados em sua colaboração com o site russo Pravda. Segundo ele, os autores também o acusaram de ser um propagandista de Moscou e tentavam descobrir quem era seu suposto financiador. Ele suspeita que os autores sejam ucranianos disfarçados de russos, com base em detalhes como o sotaque e a identidade falsa. Eles mencionaram uma organização chamada União do Sul, do Paraná, que o comunicador não conseguiu localizar online.

O profissional acionou o Sindicato dos Jornalistas do Rio de Janeiro e fez um boletim de ocorrência. O caso foi repercutido pelo Sindicato, que afirmou que também acionaria a Federação Nacional dos Jornalistas, o Ministério das Relações Exteriores e a Ordem dos Advogados do Brasil.

Preciosidades do acervo Assis Ângelo: Licenciosidade na cultura popular (CII)

Por Assis Ângelo

(Reprodução de entrevista publicada originalmente no extinto Folhetim (Folha de S.Paulo), no dia 13 de janeiro de 1980)

Pegando o leitor à unha

Ignácio de Loyola Brandão

Foi preciso, primeiro, que o livro fosse traduzido e fizesse sucesso na Itália, para que os editores brasileiros criassem coragem de lançá-lo. Mas a coragem não foi suficiente. A censura cassou o livro e, somente depois de muita espera, Ignácio de Loyola Brandão conseguiu que o seu romance Zero chegasse ao leitor do seu País. Autor de oito títulos (entre eles, Pego Ele, Silêncio, Dentes ao Sol, Cuba de Fidel e Cadeiras Proibidas), traduzido na Itália, Espanha, Alemanha e França, Loyola abdicou do jornalismo há menos de um ano para se dedicar apenas à sua tarefa literária. Entretanto, longe de se encastelar em seu gabinete, ele faz de cada livro um motivo de comício. E vai por esse Brasil afora buscar seu leitor e conhecê-lo. Um escritor que se projetou nos anos 1970, Ignácio de Loyola Brandão fala da sua experiência ao repórter Assis Ângelo.

Folhetim − Loyola, seria possível fazer um retrospecto dos anos 1970, na área da Literatura, sem falar no regime autoritário, na censura oficial?

Ignácio de Loyola Brandão − Claro que não. Essa década foi o período mais brutal acontecido no Brasil. Os anos 70 foram os anos da repressão a todo tipo de criação.

Folhetim − Não houve período pior?

Loyola − Bom, há bem pouco tempo, numa mesa-redonda feita na Unicamp, em Campinas, São Paulo, Roberto Schwartz levantou uma questão curiosa. Na ocasião, ele disse que a censura dos anos 70, apesar de muito violenta, não foi tão grande quanto a do Estado Novo. Mas eu não conheci aquela, eu conheci essa. Inclusive eu fui atingido pessoalmente pela censura da década passada, e é dela que eu posso falar. A censura imposta pelo regime me mostrou uma coisa muito importante, que não adianta brigar sozinho. Então, de repente, percebi que era necessário todo mundo brigar junto contra o inimigo, no caso o Sistema. Esta é uma das lições que aprendi.

Folhetim − Mas há quem diga que os escritores são alienados.

Loyola − Antes de tudo, eu acho que o grande acontecimento dessa década, em relação à literatura e ao escritor, foi exatamente isto. Gradualmente, à medida em que os anos foram avançando, os escritores, que são uma raça vamos dizer assim isolada, que lutam por uma solidão e que acham que a criação é uma coisa que não tem a ver com a vida política, com briga, com mudança de condições e com a transformação do País − os escritores não alienados −, eles entenderam, de repente, a necessidade de lutar contra o inimigo comum: a censura, o Sistema. E a partir desse momento houve a união. Portanto, acho que a primeira grande marca dos anos 70 foi a união dos escritores.

Folhetim − Concretamente, o que resultou disso?

Loyola − Resultou no fortalecimento do Sindicato dos Escritores no Rio de Janeiro, ao mesmo tempo em que começava a luta pelo Sindicato dos Escritores em São Paulo. Quer dizer, já temos uma casa sindical com uma diretoria, embora, pessoalmente, eu não esteja completamente de acordo com ela. No entanto, temos mais é que brigar, criar uma chapa e renovar. Em Belo Horizonte já há uma Associação, que é o primeiro passo para a formação de um Sindicato. No Rio Grande do Sul já tem isto: e em Goiânia os escritores estão brigando unidos e em breve também terão seu Sindicato. Do jeito que a coisa está indo, em pouco tempo teremos uma Federação.

Folhetim − Quando os escritores começaram a despertar para a gravidade da situação e partiram para a briga?

Loyola − Logo depois que foram proibidos livros como Zero, Feliz Ano Novo, Aracelli. Na ocasião, houve um movimento de âmbito nacional e 1946 intelectuais assinaram um manifesto que foi entregue ao então ministro Armando Falcão. Esse foi, praticamente, o primeiro movimento de escritores protestando concretamente a não aceitação da censura.

Folhetim − Você diria então que os anos 70 foram os anos da conscientização?

Loyola − Sim, pois de repente se abriram as cabeças. Escrever é um ato solitário, tudo bem. Mas somente enquanto estou na minha escrivaninha, escrevendo um livro. Depois disso, tem-se mesmo é de lutar, pois há uma grande luta lá fora. O País que está ali fora e é o País ao qual estou me dirigindo. Portanto, se esse País não ler, se esse País está reprimido, se esse País está violentado, então eu tenho de brigar pela transformação desse estado de coisa. Entendo que o ofício de escrever tem duas etapas. Algumas pessoas discordam disto, mas tudo bem. Eu até concordo que elas discordem. Para mim, o escritor tem de ter uma atuação política. Digo isso no sentido de transformação. E me parece que os autores brasileiros já estão tendo essa consciência, pois a gente tem de estar em constante estado de alerta. O inimigo pode atacar a qualquer instante, e por isso é preciso que estejamos preparados.

Folhetim − Lutou-se contra a censura, mas ainda há muito mais por que lutar.

Loyola − Claro, ainda há muito por que lutar. Por exemplo: direito autoral, mercado etc. Há, mesmo, uma série de coisas, como a aposentadoria e até a profissionalização do escritor. No Brasil não existe profissão de escritor. Se você disser que é escritor, as pessoas vão rir porque não existe esta profissão. Na verdade, o escritor existe apenas simbolicamente.

Folhetim − Nos primeiros anos da década, alguns escritores começaram a participar de debates e a aceitar convites para falar nas escolas, universidades…

Loyola − Essa experiência foi muito proveitosa, inclusive porque a censura não foi o único problema que enfrentamos. Descobrimos que tínhamos de sair às ruas, conversar com as pessoas, fazer comício, enfim, ir ao encontro do leitor. Na ocasião, tínhamos várias interrogações, como: Quem é o leitor? Ele existe? Não existe? Se não existe, qual o motivo? Quem é o culpado dessa situação toda? O Sistema? A escola? O analfabetismo? O governo? A televisão? O pai? Ou os culpados somos nós mesmos? O preço do livro? O livreiro? O distribuidor? O editor? Ou tudo isto reunido? Sim, descobrimos que o problema era muito grande, eram todas estas interrogações e algo mais, como escritor silencioso.

Folhetim − E daí, o que foi feito?

Loyola − Bom, baseados intuitivamente numa experiência que a música popular brasileira enfrentou por volta de 1965, quando ela estava num impasse, num beco sem saída e descobriu o circuito universitário, nós, escritores, partimos em busca do nosso público. E então saímos às ruas, eu, Torres, Scliar, Miguel Jorge, João Antônio, Wander Pirolli, Márcio de Souza. Aí fizemos o circuito universitário. Não houve escola primária, secundária, organização, clube que a gente não tivesse feito contato. O resultado foi muito bom, e hoje, se estou vivendo de livros, exclusivamente, é graças a essa experiência. O trabalho ainda está rendendo, pois em cada cidade que passei eu deixei cinco, dez, vinte, 400 leitores.

Folhetim − Dá para saber quantas palestras você fez até hoje?

Loyola − Com precisão, é difícil saber. Só sei que estive em mais de 250 escolas nos últimos cincos anos.

Folhetim − No seu entender, o povo lê?

Loyola − Olha, falar em literatura para o povo é uma grande bobagem. Bobagem porque o povo não pode ler. Ele não está participando da realidade do País. E as razões nós todos sabemos. O povo não tem escola, ganha pouco e por isso não pode comprar livro. O povo está mais preocupado com outras coisas, como o leite, o pão, a carne e com a própria família. O brasileiro trabalha tanto que, quando chega em casa, só pensa mesmo em descansar. Quem lê no Brasil é a elite, a classe média, os estudantes universitários. Então, a gente termina se dirigindo à elite. Leitor no Brasil a gente conquista indo pessoalmente a ele − os meus leitores, pelo menos, eu os conquistei assim. Não houve outra forma.

Folhetim − E não há perspectivas de mudança?

Loyola − Não, pelo menos por enquanto. Antes, é preciso que o Sistema mude, que haja uma verdadeira revolução, com escola para todos, trabalho, comida, enfim, uma vida mais condigna. Somente a partir daí é que se poderá pensar em cultura. Mas como as coisas estão não dá sequer para pensar em cultura. Somente com uma verdadeira revolução poderemos levar as pessoas a encontrarem nos livros uma forma de lazer. Hoje, no Brasil, cultura é uma brincadeira de gente rica, um hobby.

Folhetim − Antes dos anos 70, o escritor era considerado uma espécie de deus. Ele era colocado sobre algo como um pedestal. Agora, porém, percebe-se perfeitamente que este tipo de raciocínio mudou. Como se deu isso?

Loyola − Exato. O escritor era aquele indivíduo cultuado pelo professor de Literatura, de Letras. Mas o raciocínio começou a mudar no momento em que passamos a ter um contato maior com o leitor. O leitor percebeu que o escritor era um sujeito igualzinho a ele, que comete erros, fala errado, que ouve as mais diversas perguntas e para todas elas procura uma resposta, e quando não a encontra se mostra humilde e sincero, admitindo ou confessando sua ignorância. Portanto, a partir do instante em que a gente se expõe, o mito cai e fica o homem igual a todos os outros.

Folhetim − Fale um pouco sobre as andanças.

Loyola − Ah, eu tenho aprendido muito. Especialmente sobre a realidade brasileira, com detalhes mínimos. O Brasil não é só São Paulo e Rio de Janeiro. E isto parece que nem todo brasileiro está sabendo. O Rio Grande do Sul, por exemplo, é muito diferente de Goiás… Há poucos dias estive nas cidades de Bento Gonçalves, Farroupilha e Garibaldi. Lá, alguém me procurou dizendo que a feira de livros era um acontecimento importante para a juventude, principalmente, porque as moças aproveitavam como motivo para sair de casa à noite. Claro, fiquei abismado e disse: pôxa, em Araraquara, interior de São Paulo, há dez anos, as minhas primas de 16 e 17 anos saíam e voltavam no dia seguinte, às 7 horas da manhã. E não inventaram nenhum pretexto, chegavam e diziam aos pais: estivemos num baile. Quer dizer, não tinha problema nenhum e não necessitavam de uma feira de livro, ou seja lá o que for, para sair de casa à noite.

Folhetim − Realmente, chega a ser absurdo. No Rio de Janeiro, em São Paulo ou outro grande centro, dificilmente algo idêntico poderia acontecer. No interior do Brasil, porém…

Loyola − Pois é. Antes, eu imaginava o Brasil de outra forma, mas até então eu não conhecia as cidades menores. Por isso, acho que ainda há muita gente enganada a respeito da verdadeira realidade deste País. Quer dizer, nas minhas andanças eu tenho aprendido muito, muito mesmo. Tenho assimilado muitas informações… Chega a ser inacreditável que, num lugar qualquer do Brasil, uma menina de 17 anos precise de um pretexto para sair de casa à noite. Mas este é o Brasil que pouca gente conhece!!

Folhetim − Nos anos 70 falou-se insistentemente sobre um tal “boom” da literatura brasileira. Que história foi essa?

Loyola − Foi simplesmente um modismo resultante do boom latino-americano, que também não era um boom tão grande como se propagou. Na verdade, o boom latino-americano favoreceu a uma meia dúzia de monstros sagrados, como Vargas Liosa, García Marques, Ernesto Sabato, Cortazar e alguns outros que se utilizaram da máquina. Eles aproveitaram aquele movimento das universidades norte-americanas e, pronto, faturaram em cima. Na verdade, o boom foi uma coisa ilusória, um negócio forjado. Em Cuba, quando alguém falava no tal boom todo mundo morria de rir.

Folhetim − Qual o grande momento da literatura brasileira nos anos 70? Esse momento chegou a existir?

Loyola − Não, creio que não. Publicou-se muito, especialmente depois de 1974/75. Alguns livros estouraram, como Zero e alguns outros. A crítica literária inclusive sumiu para dar espaço ao noticiário comum, que por sinal aumentou bastante. Mas houve um instante de euforia. Um cara chegava com alguns originais debaixo do braço, e dizia: sou novo. Imediatamente o seu livro era editado. No entanto, ser novo não significa nada. Aliás, ser velho também nada significa. O que importa é ser bom, ter o que dizer num livro. Os anos 70 foram de grande efervescência. E isto, no meu entender, foi positivo. Acho que é só.


Fotos de Anna da Hora e Flor Maria

Contatos pelos [email protected], http://assisangelo.blogspot.com, 11-3661-4561 e 11-98549-0333

100 anos de Rádio no Brasil: YouTube aposta em novas tendências para 2025

Neal Mohan

Por Álvaro Bufarah (*)

O YouTube, que completa 20 anos em 2025, tem desempenhado um papel importante na transformação da cultura digital e no desenvolvimento da economia criativa. A plataforma, que começou com vídeos caseiros de baixa qualidade, atualmente abriga produções cinematográficas, talk shows e transmissões ao vivo de grande escala. No caso do rádio, a plataforma é uma das principais fontes de áudio no Brasil, sendo uma das principais ferramentas de transmissão das emissoras de rádio e TV brasileiras.

Segundo Neal Mohan, CEO do YouTube, a inteligência artificial (IA) já está impactando significativamente a forma como as pessoas criam e consomem conteúdo. “Vinte anos depois, é emocionante estar neste momento de evolução da plataforma”, afirma. O executivo destaca quatro grandes apostas para o YouTube em 2025.

1) YouTube como centro de cultura e entretenimento

O YouTube tem sido um dos principais propulsores da cultura digital, oferecendo um espaço para a liberdade de expressão e criatividade. Segundo Mohan, a plataforma influencia tendências culturais por meio de videoclipes, shorts, transmissões ao vivo e conteúdo episódico. Durante a eleição presidencial dos EUA em 2024, por exemplo, os americanos recorreram ao YouTube para acompanhar debates e análises políticas. No dia da eleição, mais de 45 milhões de espectadores assistiram a conteúdos relacionados ao pleito.

Além disso, os podcasts vêm ganhando força dentro da plataforma. “O YouTube é agora o serviço mais utilizado para ouvir podcasts nos EUA”, destaca Mohan. A empresa tem investido na experiência de podcast, oferecendo novas ferramentas para criadores, aprimorando a monetização e facilitando a descoberta desse formato.

O YouTube também tem promovido uma troca cultural global. Em 2024, mais de 95% do tempo de exibição da criadora francesa Sarah Lezito veio de espectadores de fora da França. A série animada The Amazing Digital Circus, do canal australiano Glitch, tornou-se um fenômeno mundial, aparecendo nas listas de fim de ano do YouTube em oito países.

2) Criadores como startups

Os criadores de conteúdo têm adotado uma mentalidade empreendedora e ampliado suas produções para níveis profissionais. Segundo Mohan, esse movimento tem impulsionado o desenvolvimento de estúdios próprios e novos modelos de produção. “Os criadores estão abrindo um novo campo de jogo para o entretenimento”, afirma.

O YouTube registrou um aumento de mais de 40% nas assinaturas de canais no último ano. Para apoiar esse crescimento, a empresa tem expandido os fluxos de receita, incluindo parcerias com marcas e recomendações de compras. Mohan destaca que mais de 50% dos canais que faturam cinco dígitos anuais obtêm receita de fontes além da publicidade e do YouTube Premium.

A empresa também está investindo em novas formas de engajamento, como o recurso Hype, que conecta fãs a criadores emergentes, e a ampliação do acesso à funcionalidade Comunidades para mais criadores ao redor do mundo.

Neal Mohan

3) O YouTube busca ser a nova televisão

A TV conectada tem sido uma das grandes apostas da plataforma. Atualmente, os espectadores assistem a mais de 1 bilhão de horas de conteúdo do YouTube diariamente em televisores. “A ‘nova’ TV não se parece com a antiga. Ela é interativa, inclui shorts, podcasts e transmissões ao vivo”, explica Mohan.

Para tornar a experiência na tela grande mais dinâmica, o YouTube lançou uma ferramenta de segunda tela, permitindo que os espectadores interajam com vídeos por meio do celular. Além disso, a empresa está testando o recurso Watch With, que possibilita comentários ao vivo de criadores durante eventos esportivos e culturais.

Os serviços de assinatura também estão em crescimento. O YouTube TV já ultrapassou os 8 milhões de assinantes, enquanto o YouTube Premium e o YouTube Music contam com mais de 100 milhões de assinantes combinados. O executivo afirma que novos benefícios serão adicionados ao YouTube Premium ao longo do ano.

4) Inteligência artificial no YouTube

A IA tem sido uma ferramenta essencial para aprimorar a experiência na plataforma. Segundo Mohan, a tecnologia já é utilizada para gerar recomendações, criar legendas e remover conteúdo prejudicial. “Continuaremos investindo em ferramentas de IA que capacitam criadores e artistas ao longo de sua jornada criativa”, afirma.

Entre os recursos lançados recentemente estão o Dream Screen e o Dream Track, que geram fundos visuais e trilhas sonoras para os shorts. Além disso, o YouTube disponibilizou a dublagem automática de vídeos para diversos idiomas, ampliando o alcance global dos criadores.

A plataforma também está desenvolvendo novas ferramentas para garantir a segurança de seus usuários. Um projeto-piloto está sendo testado para permitir que figuras públicas tenham mais controle sobre como suas imagens e vozes são usadas por IA dentro do YouTube.

Mohan reforça que a empresa está comprometida em melhorar a experiência da plataforma, garantindo que os criadores tenham acesso a novas oportunidades e que os usuários desfrutem de um ambiente mais interativo e seguro. “Ao embarcarmos no próximo capítulo do YouTube, queremos continuar redefinindo a maneira como o mundo assiste, ouve e se conecta”, conclui o CEO.


Álvaro Bufarah

Você pode ler e ouvir este e outros conteúdos na íntegra no RadioFrequencia, um blog que teve início como uma coluna semanal na newsletter Jornalistas&Cia para tratar sobre temas da rádio e mídia sonora. As entrevistas também podem ser ouvidas em formato de podcast neste link.

(*) Jornalista e professor da Fundação Armando Álvares Penteado (Faap) e do Mackenzie, pesquisador do tema, integra um grupo criado pela Intercom com outros cem professores de várias universidades e regiões do País. Ao longo da carreira, dedicou quase duas décadas ao rádio, em emissoras como CBN, EBC e Globo.

Bárbara Coelho assina com a Cazé TV

Crédito: Instagram/Cazé TV

A Cazé TV anunciou no domingo (16/3) a contratação da apresentadora Bárbara Coelho, que deixou a Globo após 12 anos. Ela vai apresentar um programa aos domingos, após a transmissão do Brasileirão, que vai debater os principais resultados da rodada. Bárbara também vai participar de outros conteúdos para o canal.

Na semana passada, Bárbara anunciou sua saída do Grupo Globo após 12 anos de trabalho. Ela chegou à emissora em 2013, como apresentadora de programas do SporTV. Em 2018, assumiu o Esporte Espetacular, substituindo a Fernanda Gentil. Entrevistou diversas personalidades do esporte e cobriu quatro Copas do Mundo e três Olimpíadas.

Karine Alves e Fernando Fernandes assumem apresentação do Esporte Espetacular

Karine Alves e Fernando Fernandes assumem apresentação do Esporte Espetacular
Crédito: Divulgação/Globo

A Globo anunciou em 14/3 que Karine Alves e Fernando Fernandes são os novos apresentadores do Esporte Espetacular. A dupla estreia na apresentação do programa a partir do dia 30/3. Eles substituem a Bárbara Coelho, que deixou a emissora e assinou com a Cazé TV, e Lucas Gutierrez, que vai para os gols do Fantástico e continua no Segue o Jogo.

Além de estarem à frente do Esporte Espetacular, Karine e Fernando também farão reportagens e conteúdos especiais para o programa, como séries e entrevistas exclusivas. Na estreia, Fernando vai até a cidade de Bonito, no Mato Grosso do Sul, para gravar um desafio com a ex-atleta Laís Souza, e Karine vai entrevistar a ginasta Rebeca Andrade.

Karine Alves chegou ao esporte da Globo em 2020. Desde então, fez parte das equipes de cobertura da Copa do Mundo de 2022 e das duas últimas edições dos Jogos Olímpicos, em Tóquio-2020 e Paris-2024. Já Fernando, ex-atleta paralímpico, fez diversas séries e reportagens esportivas para a Globo e participou como comentarista e apresentador de coberturas olímpicas e paralímpicas.

Últimas notícias

pt_BRPortuguese