O Observatório
da Imprensa publicou em 19/2 novos dados sobre os desertos de notícias no
Brasil a partir do levantamento do Atlas da Notícia,
iniciativa para mapear veículos jornalísticos no território brasileiro e
fornecer dados a pesquisadores, empreendedores e jornalistas a fim de gerar
novos conhecimentos sobre jornalismo local no País. As repórteres Ana Terra Athayde e Elvira Lobato estiveram em Cidade
Ocidental – município goiano a menos de 50 km de Brasília, com 70 mil
habitantes – que não tem emissoras de rádio ou TV locais nem veículo
impresso com circulação, ao menos, quinzenal.
Em Cidade
Ocidental, elas encontraram uma situação que, certamente, se repete em outras cidades
do País. A presença de um único jornal impresso sem periodicidade definida e
dependente do poder público – o que inviabiliza a autonomia e editorial. E
canais de informações nas redes sociais que não seguem os protocolos
jornalísticos como checagem de fatos e busca dos diversos lados da história.
Num deserto de notícia fica mais difícil, como demonstra Elvira Lobato, a
população informar-se a respeito de decisões do poder público que afetam
diretamente o seu cotidiano.
As reportagens
em textos e vídeos reproduzem o modelo já publicado nas edições do Observatório da Imprensa no
final do ano passado, quando Ana e Elvira estiveram em Mariana (MG) e Arapiraca e Palmeiras dos Índios, em Alagoas. Na cidade mineira,
elas demonstraram como a imprensa local cobriu o rompimento da barragem do
Fundão, e nos municípios alagoanos a pauta foi a concentração dos veículos
informativos nas mãos de políticos e as ameaças e atentados contra jornalistas.
Segundo o OI, a
imersão em Cidade Ocidental revela novas faces da realidade do jornalismo local
no interior do País e, principalmente, os efeitos de sua ausência: “A pouca
distância entre o município goiano e a Capital Federal evidencia o contraste
que diz muito sobre o Brasil”, escreveu a equipe do OI na apresentação dos
dados. “No centro do poder todos os holofotes midiáticos; em Cidade Ocidental,
a ausência de uma mediação jornalística contribui para a propagação da
desinformação e da falta de uma cobertura crítica dos poderes e instituições”.
E prossegue:
“Com as reportagens de campo, o Observatório
da Imprensa, através do projeto Atlas
da Notícia, debruça-se sobre um tema pouco discutido: a realidade do
jornalismo – ou a sua falta – no interior do País. Num momento em que a
atividade vê-se desafiada a provar sua importância, é preciso olhar também para
essas comunidades em que o excesso de conteúdos a partir das redes sociais
estão dissociados da informação averiguada e contextualizada. Essa é,
sobretudo, uma questão de cidadania que se reflete, como os fatos o tem
demonstrado, no ambiente macropolítico”.
A segunda edição
do Atlas da Notícia é financiada
pelo Facebook.
O projeto está aberto a sugestões.
A cobertura
completa em Cidade Ocidental está nos seguintes links:
http://observatoriodaimprensa.com.br/atlas-da-noticia-2-0/historias-que-nao-foram-contadas/
http://observatoriodaimprensa.com.br/atlas-da-noticia-2-0/isso-e-cidade-ocidental/
http://observatoriodaimprensa.com.br/atlas-da-noticia-2-0/o-papel-das-redes-sociais-em-um-deserto-de-noticias/
http://observatoriodaimprensa.com.br/atlas-da-noticia-2-0/sem-imprensa-local-moradores-de-cidade-ocidental-buscam-se-informar-pelo-whatsapp-e-facebook/
http://observatoriodaimprensa.com.br/atlas-da-noticia-2-0/dois-lados-da-mesma-moeda/