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ESPN afasta jornalistas após programa com críticas à CBF

ESPN afasta jornalistas após programa com críticas à CBF
Gian Oddi (esq.), William Tavares, Victor Birner e Paulo Calçade (Crédito: ESPN Brasil/YouTube)

A ESPN afastou seis jornalistas após a exibição do programa Linha de Passe, na segunda-feira (7/4), que repercutiu denúncias publicadas pela revista piauí sobre práticas de Ednaldo Rodrigues, presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Foram afastados da emissora Dimas CoppedeGian OddiPaulo CalçadePedro Ivo AlmeidaVictor Birner e William Tavares, que adotaram tom crítico em relação à CBF durante o programa. As informações são do UOL.

Segundo o portal, após a exibição do Linha de Passe, a CBF procurou a ESPN e reclamou sobre o programa. A diretoria da emissora teria ficado irritada por não ter sido comunicada previamente sobre o conteúdo que iria ao ar. Vale lembrar que a ESPN tem acordo com a CBF para a transmissão da Série B do Campeonato Brasileiro deste ano.

De acordo com o UOL, os jornalistas foram afastados na terça-feira (8/4). No mesmo dia, a mesa do Linha de Passe teve uma escalação diferente, com participação de André Pilhal, André Kfouri, Breiler Pires, Eugênio Leal e Leonardo Bertozzi.

A volta dos jornalistas afastados estava prevista para a noite desta quarta-feira (9/4). Em princípio, nenhum dos seis foi demitido, mas uma fonte ouvida por este Portal dos Jornalistas afirma que provavelmente haverá alguma demissão por causa desse caso.

Esta matéria será atualizada ao longo da semana com novas informações.

Reportagem da piauí

A reportagem da revista piauí, com o título As extravagâncias sem fim da CBF, repercutida no Linha de Passe, traz denúncias sobre a gestão de Ednaldo Rodrigues. Assinada por Allan de Abreu, a matéria cita, por exemplo, o uso de R$ 3 milhões para pagar mordomias à comitiva de 49 convidados da entidade na Copa do Mundo de 2022, no Qatar, incluindo hotel cinco estrelas, voos em primeira classe e atendimento VIP no aeroporto de Doha.


12º Prêmio Sebrae de Jornalismo abre inscrições

12º Prêmio Sebrae de Jornalismo abre inscrições
Crédito: Agência Sebrae de Notícias

Estão abertas até 9 de junho as inscrições para a 12ª edição do Prêmio Sebrae de Jornalismo, que reconhece e incentiva trabalhos jornalísticos sobre o universo do empreendedorismo. O prêmio tem quatro categorias principais: Texto, Áudio, Vídeo e Fotojornalismo, além da categoria especial Jornalismo Universitário.

Podem ser inscritos trabalhos veiculados entre 3 de junho de 2024 e 8 de junho de 2025. O regulamento do prêmio sugere alguns temas a serem abordados nas produções inscritas, como Bioeconomia; Pequenos Negócios e COP-30; Inovação e Startups, Produtividade e Competitividade; Inclusão Produtiva e Desenvolvimento Territorial; Transformação Digital; Empreendedorismo Feminino; Políticas Públicas e Legislação, Acesso a Crédito e Gestão Financeira; e Empreendedorismo Social.

O Prêmio Sebrae é realizado em três etapas, a primeira em caráter estadual, que classificará os concorrentes para a segunda etapa, de nível regional. E dela, serão definidos os finalistas que concorrem na terceira e última fase do prêmio, na etapa nacional. Os vencedores de cada uma das quatro principais categorias receberá um notebook. Entre os quatro, será selecionado o vencedor do Grande Prêmio, que será premiado com um celular de última geração, mesmo prêmio concedido para o vencedor da categoria Jornalismo Universitário.

O evento de premiação da etapa estatual está prevista para ser realizada em setembro. E a premiação nacional, em Brasília, entre novembro e dezembro, com data ainda a ser confirmada.

Mais informações e inscrições aqui.

João Paulo Cappellanes, da Band, vira réu por críticas a Ednaldo Rodrigues, presidente da CBF

Crédito: Instagram

A Justiça de São Paulo aceitou uma queixa-crime movida por Ednaldo Rodrigues, presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) contra João Paulo Cappellanes, da Bandeirantes. O comentarista virou réu por calúnia, injúria e difamação. O processo se refere a críticas feitas por Cappellanes ao trabalho de Rodrigues no programa Jogo Aberto, em fevereiro de 2024.

No programa em questão, Cappellanes questionou a postura da CBF após o ataque ao ônibus do time do Fortaleza por parte de torcedores do Sport. Pedras foram arremessadas contra o veículo, ferindo seis pessoas, entre jogadores e comissão técnica. No Jogo Aberto, o comentarista apontou falta de comando por parte da CBF diante da violência.

“Dá para esperar alguma coisa da CBF? Que tem um presidente frouxo? Que não tem comando? Que não sabe nada de futebol? Dá para esperar alguma coisa dessa entidade falida moralmente? Não dá, gente”, disse Cappellanes.

Para Rodrigues, o uso do termo “frouxo” ofendeu sua honra e ultrapassou os limites da crítica permitida pela liberdade de imprensa. Já o comentarista defendeu-se das acusações, alegando que estava exercendo seu direito à crítica jornalística. A juíza Aparecida Angélica Correia, da 1ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo, determinou em 4/4 que Cappellanes tem dez dias para apresentar sua defesa à Justiça.

Curso para jornalistas sobre cobertura de combate e emergência abre inscrições

Curso para jornalistas sobre cobertura de combate e emergência
Crédito: Spencer Davis/Unsplash

A Marinha do Brasil, com a Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros do Estado do Rio, oferece a segunda edição do curso Cobertura jornalística em área de combate e de emergências. No programa, há aulas teóricas e práticas sobre proteção individual, técnicas de negociação, armamento e munições, riscos NBQR – nuclear, biológico, químico e radiológico –, conduta em área urbana e em áreas com explosivos, análise de risco, conduta em situações de detenção e cativeiro, entre outros temas.

O curso tem o apoio da Abraji e aceita também participantes da imprensa internacional. Será realizado de 30/6 a 4/7, das 8h às 17h, no Centro de Operação de Paz e Humanitárias de Caráter Naval (COpPazNav), no complexo da Ilha do Governador. Gratuito, oferece hospedagem, transporte e alimentação aos participantes. Jornalistas de fora do Rio de Janeiro devem arcar apenas com o custo das passagens. As inscrições, que vão até a próxima quarta-feira (16/4), são limitadas e podem ser feitas por meio do formulário online.

Morreu Maurício Dinepi, último dirigente do Jornal do Commercio

Morreu Maurício Dinepi, último dirigente do Jornal do Commercio
Crédito: Ari Kaye/JCommercio/D.A Press

Maurício Dinepi morreu na madrugada de sexta-feira (4/4), aos 73 anos. Ele sofreu um infarto enquanto dormia, em sua casa no Rio. O velório foi no domingo (6/4), no Memorial do Carmo, no Caju, seguido de cremação do corpo. Deixa viúva a desembargadora Maria Regina Fonseca Nova Alves, dois filhos e duas netas

Publicitário e economista de formação, condômino dos Diários Associados, trabalhou na empresa por 50 anos. Esteve na TV Tupi e na revista O Cruzeiro. Por último, foi presidente do Jornal do Commercio, no Rio de Janeiro, e da Rádio Tupi.

Fundado em 1827, o Jornal do Commercio do Rio de Janeiro deixou de circular em 2016. Após 189 anos ininterruptos, foi o mais antigo jornal da América Latina a manter o mesmo nome. Especializado em notícias de economia e negócios, teve colaboradores como o Barão do Rio Branco, José de Alencar, Joaquim Nabuco, Rui Barbosa, Visconde de Taunay e Austregésilo de Athayde.

Josemar Gimenez, desde 2023 presidente dos Diários Associados e da Rádio Tupi, lamentou a morte de Dinepi: “A gente perde não somente um sócio, uma pessoa de visão extraordinária sobre o nosso negócio, a gente perde um amigo, amigo correto, sempre preocupado com os interesses do grupo. Vai fazer muita falta”.

No ano passado, Aziz Ahmed mandou mensagem para Dinepi, avisando que Nilo Dante havia falecido. Ele respondeu lembrando que Ahmed era o único ex-editor do JC e ele o único ex-dirigente do JC e da Tupi ainda vivos. E brincou observando: “Somos resistentes”. Dinepi foi resistente.

100 anos de Rádio no Brasil: Rádio mantém liderança global em consumo de áudio

(Crédito: https://dercio.com.br/)

Por Álvaro Bufarah (*)

Em um cenário marcado pela crescente fragmentação da atenção midiática e pela ascensão de novas plataformas digitais, o rádio segue como protagonista no ecossistema do áudio. É o que aponta o mais recente relatório da World Radio Alliance (WRA), que reúne entidades de radiodifusão e comercialização de mídia de 16 mercados globais. Com dados de fontes como Edison Research, Ipsos, Mediametrie, Nielsen e GfK, o estudo reforça que o rádio permanece como líder absoluto de consumo, alcance, confiança e mobilidade no ambiente sonoro global.

Ele continua sendo o formato de áudio mais consumido no mundo. Em diversos países, como Alemanha, França, Reino Unido, Bélgica, Austrália e Estados Unidos, o tempo diário dedicado à escuta de rádio ao vivo (FM, AM, DAB ou online) supera amplamente o dedicado a outras formas de áudio, como música por streaming, podcasts e vídeos musicais. Na Alemanha, por exemplo, 71% do tempo de escuta de áudio é dedicado ao rádio, enquanto nos EUA o índice é de 63%, e no Reino Unido, 66%.

Além disso, o rádio representa a maior fatia da escuta de áudio com suporte publicitário, superando com folga plataformas como Spotify (versões gratuitas), YouTube Music, podcasts e serviços de vídeo com anúncios. Essa presença dominante reforça o papel do rádio como plataforma-chave para anunciantes que buscam escala e resultados no meio sonoro.

O relatório também destaca que o rádio mantém índices massivos de penetração semanal. Em países como Itália, Espanha, França, Reino Unido e Canadá, mais de 80% da população escuta rádio semanalmente. No caso da Irlanda e da Alemanha, o número sobe para 88% e 90%, respectivamente. Nos Estados Unidos, segundo o Nielsen Radar, o alcance semanal do rádio entre maiores de 12 anos também se mantém acima dos 80%, consolidando-se como o único meio sonoro com verdadeira capilaridade populacional.

(Crédito: https://dercio.com.br/)

Outro ponto de destaque é a relação de confiança entre o público e o rádio. De acordo com dados do Eurobarômetro 2024, o rádio é considerado o meio de comunicação mais confiável entre os cidadãos da União Europeia, com 69% de aprovação, superando televisão (62%), sites de notícias (43%) e redes sociais (31%). Em países de fora da UE, a percepção é ainda mais favorável: 70% dos entrevistados afirmam confiar no rádio.

Essa confiança também se estende à publicidade: no Canadá, por exemplo, 75% dos entrevistados consideram os anúncios de rádio (FM/AM ou via streaming) mais confiáveis do que os veiculados em redes sociais, vídeos online ou banners digitais. Isso posiciona o rádio como uma das mídias mais eficazes para construção de marca e engajamento de longo prazo.

A WRA reforça ainda o papel do rádio como o meio de massa mais móvel e acessível do planeta. Seja em casa, no trabalho, em veículos ou no celular, o rádio acompanha os ouvintes ao longo do dia, com acesso fácil, sem necessidade de olhar para a tela, e com funcionalidades ao vivo e sob demanda. Essa multiplataformização do rádio − presente em apps, smart speakers, rádios digitais e dispositivos conectados − garante sua permanência no cotidiano das pessoas, inclusive em faixas etárias mais jovens.

Mesmo com a ascensão de podcasts, streaming e algoritmos, o rádio mantém sua força em tempo real, alcance populacional e influência cultural. Em meio à transformação do consumo de áudio, o rádio oferece aos anunciantes um território seguro, confiável e eficaz para mensagens publicitárias, ao mesmo tempo em que promove proximidade, companhia e relevância local para seus ouvintes.

Para a World Radio Alliance, o futuro da mídia sonora será híbrido − com múltiplos formatos coexistindo −, mas o rádio seguirá como âncora de confiança, escala e impacto. Em um ambiente saturado por feeds e recomendações automatizadas, o rádio reafirma sua vocação: conectar comunidades por meio da voz humana e do conteúdo ao vivo.


Você pode ler e ouvir este e outros conteúdos na íntegra no RadioFrequencia, um blog que teve início como uma coluna semanal na newsletter Jornalistas&Cia para tratar sobre temas da rádio e mídia sonora. As entrevistas também podem ser ouvidas em formato de podcast neste link.

(*) Jornalista e professor da Fundação Armando Álvares Penteado (Faap) e do Mackenzie, pesquisador do tema, integra um grupo criado pela Intercom com outros cem professores de várias universidades e regiões do País. Ao longo da carreira, dedicou quase duas décadas ao rádio, em emissoras como CBN, EBC e Globo.

Petrobras lança programa de bolsas para reportagens sobre Ciência e Diversidade

Petrobras lança programa de bolsas para reportagens sobre Ciência e Diversidade

A Petrobras lançou a Seleção Petrobras de Jornalismo, programa que fornecerá 15 bolsas para a produção de reportagens sobre Ciência e Diversidade. Serão ofertadas três bolsas para cada região do Brasil. As inscrições vão até 11 de maio.

Serão aceitas propostas de reportagem nos mais diversos formatos de áudio, vídeo e texto. Serão ao todo 15 bolsas no valor de R$ 20 mil cada, somando um investimento total de R$ 300 mil. O objetivo do programa é incentivar a produção de conteúdo jornalístico sobre a “produção cientifica realizada por pessoas de grupos sub-representados ou sobre ciência que tenha por objeto de pesquisa a diversidade”, diz o edital da iniciativa.

Para fazer a inscrição, é preciso preencher um formulário online no site da Agência Petrobras, contendo dados pessoais e informações para contato do jornalista responsável pela pauta (do jornalista representante em caso de reportagem em equipe); veículo em que a reportagem será publicada; descrição detalhada da pauta em até 2000 caracteres; e um plano de reportagem indicando todas as etapas de produção do material.

As propostas serão analisadas por um comitê composto por nove pessoas, sendo seis jornalistas e três especialistas da Petrobras nos temas de Ciência e Diversidade. Serão utilizados como critérios a pertinência da sugestão de pauta em relação ao tema do edital; o interesse jornalístico da pauta; a relevância da proposta; e a viabilidade do plano de reportagem.

Os selecionados serão divulgados no site da Agência Petrobras em data ainda a ser anunciada. Mais informações e inscrições aqui.

Thilde Rocha e Sílvia Caldeira Costa fundam a It’s OK Comunicação para Líderes

Thilde Rocha e Sílvia Caldeira Costa fundam a It’s OK Comunicação para Líderes
Crédito: Reprodução/Linkedin

Thilde Rocha, que deixou a sociedade na Link Comunicação em dezembro, após quase 24 anos e meio de casa, abriu uma nova agência, a It’s OK Comunicação para Líderes, tendo como sócia a também ex-companheira de Link Sílvia Caldeira Costa, que lá foi diretora de atendimento por 21 anos. Ambas levaram para o novo projeto, como executiva, a até então consultora de treinamento Carla Alves, outra oriunda da Link e que lá esteve por pouco mais de 4 anos.

Sobre a nova agência, que será orientada exclusivamente para desempenho de comunicação de líderes e para gestão de crises, diz Thilde: “Resultado do sonho de ter uma agência hiperfocada, com uma abordagem diferenciada, que fosse fruto de muita maturidade, mas trouxesse algo completamente novo, refrescante”.

XII Seminário de Pesquisa em Jornalismo Investigativo da Abraji segue com inscrições abertas

O XII Seminário de Pesquisa em Jornalismo Investigativo, que faz parte da programação do 20º Congresso Internacional da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), será realizado entre 10 e 13 de julho na ESPM, no campus Álvaro Alvim, em São Paulo.

Além do tradicional encontro entre pesquisadores e estudantes de jornalismo, o seminário terá pela primeira vez a Mostra Abraji de Jornalismo Investigativo para Estudantes de Jornalismo, iniciativa que tem como objetivo estimular a produção de reportagens de alunos em formação.

O seminário segue com inscrições abertas até quinta-feira (10/4) para TCCs e Mostra e até 30/4 para artigos científicos. Os selecionados terão acesso gratuito ao evento. Mais informações e inscrições aqui.

Preciosidades do acervo Assis Ângelo: Licenciosidade na cultura popular (CV – final)

Assis Ângelo

Por Assis Ângelo

Um mês depois da festa cá na fazenda, eu me achava lendo debaixo de um pé de manga.

O relógio da igrejinha acabara de badalar quatro vezes. De repente, Flor Maria me chama e diz que os convidados para a entrevista já estão chegando. São pontuais, hein?

E lá estavam trazidos por Balzac os ícones da literatura que têm por matéria-prima a alma do povo. Entenda-se por isso os desejos e sonhos mais safados da espécie humana.

Pietro Aretino

Confesso que não conhecia pessoalmente Balzac. Li tudo ou quase tudo que ele escreveu, mas não o conhecia. Foi ótima ideia de ele vir com seus amigos num mesmo voo.

Depois dos cumprimentos, fomos molhar a garganta pra melhor fluir as ideias. Tinha vários tipos de bebida, incluindo licor e vinho. Aretino arregalou os olhos quando viu uma garrafa cheia de algo parecendo água.

− O que é isso?

Eu disse ser cachaça produzida pelo pessoal do nosso engenho.

Ansioso, Aretino pegou um copo e o encheu. Cheirou, lambeu as bordas e de uma vez só engoliu tudo. Menos o copo.

A cena deixou boquiabertos Sade e Restif.

Achei graça e ofereci vinho.

Nicolas Restif de la Bretonne

Depois de beber mais um pouco, Aretino antecipou-se dizendo que:

− Já estamos cheios de tanto vinho, pois isso é o que mais tem nas nossas terras.

Esse parece ter sido o sinal para Casanova, Sade e Restif pegarem os copos e, depois de enchê-los, beber. Cachaça da boa, diga-se.

Após amaciarmos o gogó e saborearmos tacos de carne de sol e tira-gostos que tais, fomos à biblioteca para o bate-papo tão esperado.

Olégna Cameron − Antes de mais nada, sejam bem vindos ao Brasil.

Pietro Aretino − Eu sempre quis conhecer o Brasil. Quando o Brasil foi descoberto, em 1500, eu tinha oito anos de idade.

Nicolas Restif − Tinha oito anos e já era safado, um perigo para as moçoilas.

Aretino − Menos, menos. Na verdade, eu era muito tímido.

Giacomo Casanova − Hummm….

Donatien de Sade

Olégna − Sade, conte-me um pouco sobre você. Pra começo, diga-nos o seu nome completo.

Donatien de Sade − Meu nome completo é Donatien Alphonse François de Sade. Sou filho de Jean Baptiste François Joseph de Sade e Marie Eléonore de Maillé de Carman. Filhos tive dois: um menino e uma menina. Nasci no palácio La Coste, em Paris, França.

Olégna − Olha só! Na Paraíba nasceu também uma grande figura no Palácio. Essa figura tinha por nome Ariano Suassuna e o Palácio, da Redenção. Em pleno centro da Capital paraibana, João Pessoa.

Aretino − Sade não tinha nem oito anos de idade quando já corria atrás de rabo de saia.

Olégna − É verdade, Sade?

Sade (com sorriso maroto) − Não me lembro.

Casanova − Hummm…

Restif − Por que você só faz hummm…?

Giacomo Casanova

Casanova (ajeitando-se na cadeira e passando a mão nos cabelos) − É que estou achando engraçada a fala do Aretino e agora a do Sade. O Aretino foi meu professor e Sade continua sendo um grande cabra safado!

Aretino − Poooxa! Eu não sabia que sabia tanto.

Restif − Antes do Aretino, que fez muita mulher feliz, existiu na sua terra, Itália, outro poeta que era um danado. Seu nome: Caio Valério Catulo. E antes de Caio ou pouco depois teve Mallanaga Vatsyayana, que escreveu o Kama Sutra. Era indiano.

Olégna − Nas origens, o Kama Sutra tinha mais de 500 posições sugeridas para o prazer de quem queria prazer. Sexual, claro. Agora eu gostaria de saber de Casanova se pra fazer o que fez com as mulheres inspirou-se no Vatsyayana ou no nosso querido Pietro Aretino. Qual a melhor posição para a obtenção de um orgasmo gigante?

Casanova (explodindo numa gargalhada) − Esse negócio de Kama Sutra, de manual sexual, pra mim não funciona. Tesão é tesão, ou tem ou não tem.

Restif − Você teve muitas mulheres?

Casanova − No começo, confesso, cheguei até a contar e a anotar num caderninho. Eu era muito novo. Tinha uns 20 e poucos anos. E anotados por mim já havia uns cento e pouco nomes.

Restif − Perdeu a conta, é? Eu continuo anotando. A minha lista já tem 735 nomes de mulheres lindas.

Olégna − Poxa, desse jeito vai passar de Don Juan. Esse era um espanholzinho muito safado. Dizem que ele traçava todas, feias e bonitas. Não tinha limite. Não enjeitava magrinha, gordinha, branquinha, pretinha, baixinha, altinha, pobrinha, riquinha…

Casanova − Hummm…

Restif − Lá vem ele com esse negócio de hummm…

Olégna − Casanova, eu gostaria que você contasse agora de quem você é filho e como virou o “bon vivant” que todos conhecem e seguem, de certo modo.

Casanova − Sou filho de um ator e de uma atriz, que infelizmente não alcançaram o sucesso. Tive irmãos, um deles pintor.

Restif − O nome desse irmão era Francesco Giuseppe Casanova, autor de um bonito retrato seu?

Casanova − Sim, sim. Ele viveu um bom tempo em Paris e eu também. Era um bom rapaz e um talento incrível! Sua obra, digo sem medo de errar: é ma-ra-vi-lho-sa!

Olégna − Na França do seu tempo só dava você nos salões grã-finos e até nos cabarés de má fama. Confirma?

Casanova (subindo no muro) − Talvez sim, talvez não. Não me lembro de muita coisa. A verdade é que o populacho fala muita besteira a meu respeito.

Sade − Querido Casanova…

Casanova − Opa!

Sade − Meu negócio é mulher, rapaz! Sempre. Você foi o cara que pegou muita mulher em Paris. Foi também o cara que ganhou e torrou muita grana. Algum arrependimento?

Casanova − Não, arrependimento não. Eu poderia ter tido mais juízo, isso sim!

Aretino − Foi você mesmo o cara que inventou a loteria francesa?

Casanova (pigarreando e se ajeitando na cadeira) − Sim, eu mesmo. Antes e depois disso fiz parcerias com luminosos do meu tempo. Estive com barões, príncipes, princesas, rainhas…

Sade − Você traçou a Madame de Pompadour, o xodó de Luís XV?

Casanova − Não, não. Bom, acho que não. Só lembro que ela gostava muito de mim. Na verdade, éramos apenas bons amigos.

Sade − E Catarina, a Grande?

Casanova − Essa mulher era terrível. Ela chegou até a matar o próprio marido, pra reinar no seu lugar. E reinou. Quanto a mim posso dizer que também a temia. Agora, esse negócio de levá-la pra cama, só se eu fosse doido. Não sou, nunca fui. Gosto da vida que levo, na base da paz e de muito amor.

Restif − Vida agitada a sua, Casanova. É verdade que você chegou a ser preso?

Casanova − Sim, por uma besteira.

Restif − Que besteira foi essa?

Casanova (ajeitando a camisa, tossindo, pede algo pra beber) − Bom, questão de dívida. Eu jogava e gastava muito. Mulher comigo também nunca passou mal. Gosto de dar presente. Aí teve um pessoal que não esperou que eu quitasse o que devia. E aí, né? Me puseram numa cadeia de segurança máxima, mas de lá fugi pelo telhado. E corri mundo.

Sade − É verdade que você já foi dono de puteiro?

Casanova (mexendo-se na cadeira, meio perturbado) − Sim, sim, quer dizer… Ah! Isso foi na Inglaterra, depois que fugi da prisão.

Sade − Você já bateu em mulher, matou mulher, matou alguém?

Casanova (irritado) − Porra! Levei muita gente pra cama, mas nunca bati nem em homem e nem em mulher. Nunca matei ninguém! Não sou como você, que adora ver gente sofrer. A minha cartilha é a cartilha da alegria e do prazer.

Olégna − Calma, Casanova. O Sade fez essa pergunta certamente por saber que no Brasil o número de mulheres assassinadas por homens é enorme.

Sade − Pois é, apenas curiosidade.

Olégna − Casanova, é verdade que você prestou serviço para o pessoal da Inquisição?

Casanova − Sim, sim. Por pouco tempo. O Sade também passou por isso.

Sade − É verdade. Fui preso e não uma vez só, várias. Mas as prisões em que fui metido eram por outros motivos. Acusavam-me e ainda há quem me acuse de pornográfico e subversivo. Me prenderam até por sodomia. Quando não tinham um motivo, inventavam. Foi assim que me levaram para a Bastilha. Mas mesmo de lá consegui denunciar torturas e mortes cometidas atrás das grades, nos calabouços… Foi na Bastilha que escrevi vários livros, incluindo Os 120 Dias de Sodoma.

Aretino − É verdade que você foi condenado à morte?

Sade − Sim, duas ou três vezes. Mas como vê, escapei.

Restif − Por que Napoleão Bonaparte detestava você?

Sade − Sei lá, era um louco. Ele, sim, era um devasso!

Olégna − Restif é verdade que você inspirou os revolucionários franceses a derrubar a Bastilha?

Restif − Sim. Os meus escritos não se limitam apenas ao que diz respeito a sexo, erotismo, prazer, essas coisas que o corpo nos pede. Enfim, escrevi livros de conteúdos diversos. Até de política, por exemplo. Você já leu As Noites Revolucionárias, que publiquei em 1788? E La Semaine Nocturne? E Noites de Paris? Nesses livros, eu falo o que iria acontecer na Bastilha e o que aconteceu na Bastilha. É isso. E se não leu, leia! Espalhe por aí afora o que eu escrevi nessa vida louca que é a nossa. E quero deixar bem claro uma coisa: mulher é o ser mais importante que Deus pôs na terra. Sem mulher, não haveria vida inteligente.

Olégna − Poxa!!! O Sade escreveu Justine e em seguida você escreveu Anti-Justine. O que um tem a ver com o outro?

Restif − Foi uma brincadeira. Na verdade, eu gostei muito do livro do Sade. Aproveito a ocasião pra dizer do carinho que tenho por ele.

Sade − Obrigado, mestre.

Olégna − Bom, pessoal, antes de mais nada…

− Oi, oi, oi, oi, oi, oi! (É um poeta chegando)

Olégna − Quem é você?

O poeta − Não está lembrado de mim? Eu sou o Olavo!

Olégna − Olavo…

O poeta − Bilac!

Olégna − Olavo Bilac!?

O poeta − Sim, sim! Eu sou Olavo Bilac, amigo de todos os poetas que pensam e fazem boas poesias.

Olavo Bilac

Olégna − Sim! Já ouvi falar de você.

O poeta − Ora, vi estrelas!

Olégna − Você tem uma poesia muito bonita, uma poesia de amor… mas você nos interrompeu por que??

O poeta − É que eu vi essa mesa tão bonita, com tanta gente bonita do mundo da poesia…

Sade − Você já me leu, poeta?

O poeta − Eu li todos vocês. A vida é linda quando não temos preconceitos…

Restif − Tudo isso com amor!

Olégna − Que bom, pessoal. Quero agradecer a presença e o ótimo bate-papo que vocês nos propiciaram.

Aretino (pedindo a palavra) − Quero dizer da alegria que sinto por estar aqui. E que cachaça, hein!?

Restif − Faço minhas as palavras de Aretino.

Olégna − Casanova estudou bastante. Sei que fez até poemas. Gostaria que ele encerrasse essa nossa prosa contando a sua vida em versos.

Casanova − Dá pra arrumar uma violinha aí?

 

Rapidamente uma viola foi arrumada e, para surpresa de todos, Casanova mandou ver:

 

Comecei lendo livros

Lendo livros me formei

Certa vez eu quis ser padre

Mas a tempo recuei

Foi numa biblioteca

Que finalmente me achei

 

Pra mim foi tudo fácil

Fácil tudo se acabou

Amei muitas mulheres

Mas nenhuma me amou

Foi assim que descobri

Que pra mim a luz pifou

 

Ora, pois, eu sei que fui

Bom aluno e professor

Na escola aprendi

Os segredos do amor

Desde então eu parti

Pra viver com destemor

 

Eu sou o personagem

Das histórias de amor

Muitos mentem sobre mim

Comigo fazem terror

Eu não sou o que dizem

Tampouco sou sedutor!…

 

AGRADECIMENTOS

Assis Ângelo

Dou-me por satisfeito ao término deste trabalho que me tomou centenas e centenas de horas, desde 2023. Consumi a leitura de inúmeros folhetos de cordel, de autores os mais diversos. Consumi também o conteúdo de livros escritos por autores desde os tempos medievais, na Europa e em todo o canto, inclusive do Brasil, como Gregório de Matos e Guerra, José de Alencar, Machado de Assis, Júlia Lopes de Almeida, entre outros. Ouvi óperas e muita música popular que abordam, no geral, a temática por mim escolhida: licenciosidade, que em livro deverá ganhar o título de Do Popular ao Erudito – o Sexo como Expressão Artística.

Todos os campos da arte envolvendo amor e sexo foram por mim visitados.

Nos arquivos do Instituto Memória Brasil − IMB encontrei entrevistas que fiz com o rei do baião Luiz Gonzaga, com Chico Anysio e Ignácio de Loyola Brandão, com quem voltei a trocar ideias depois de muitos anos.

Aproveito a ocasião para agradecer às meninas Anna Clara da Hora e Flor Maria. E, claro, aos leitores que suponho terem gostado de tudo ou parte de tudo andei publicando nesta newsletter Jornalistas&Cia.

Assis Ângelo


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