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quinta-feira, dezembro 18, 2025

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100 anos de Rádio no Brasil – Tecnologia no dial: os sinais do futuro no NAB Show 2025

Por Álvaro Bufarah (*)

Se há um lugar no mundo onde é possível ver, ouvir e quase tocar o futuro do rádio, esse lugar é o NAB Show, realizado anualmente em Las Vegas. Mais do que uma feira tecnológica, trata-se de uma espécie de termômetro da alma da radiodifusão global, onde engenheiros, programadores, produtores e estrategistas se reúnem para debater − e lançar − as inovações que moldarão a escuta nos próximos anos.

Como já é tradição, a revista Radio World anunciou os vencedores do prêmio Best of Show NAB 2025, reconhecendo os produtos mais relevantes apresentados no evento. A lista funciona como uma radiografia de tendências: automações sofisticadas, uso intensivo de inteligência artificial, sistemas baseados em nuvem, experiências sonoras personalizadas e integração IP plena. Tudo o que uma emissora − grande ou pequena − precisa saber para continuar viva no ambiente digital.

Entre os destaques, o aiTrack da ENCO chamou atenção por materializar uma previsão antiga: locução gerada por inteligência artificial com base em metadados musicais. A ferramenta oferece falas com entonação natural e conteúdo contextualizado, eliminando a necessidade de locutores ao vivo em determinadas faixas. Já plataformas como o Control Room da Super Hi-Fi levam a IA a um nível ainda mais criativo, permitindo transições sonoras automáticas, programação com voice-tracking sintético e inserções publicitárias dinâmicas − tudo ajustado à identidade da emissora e ao perfil do ouvinte.

A tecnologia também se estende à produção visual. A solução Visual Radio Air Chain, da parceria entre Nautel e Quu, sincroniza áudio com dados visuais em tempo real, permitindo que receptores modernos exibam informações complementares, como capa do álbum, letra da música ou inserções de patrocínio em tela, elevando o nível da experiência radiofônica para um padrão multimídia.

As soluções baseadas em nuvem também foram as grandes protagonistas do evento. O Broadcast.Radio Archive, por exemplo, permite gravar, armazenar e reproduzir conteúdos ao vivo com segurança, enquanto o ZettaCloud, da RCS, e o Content Controller, da Radio.Cloud, garantem redundância de sinal e automação remota total − um sonho para programadores que trabalham em regime híbrido ou para emissoras com operações em múltiplas localidades.

Na mesma lógica de integração inteligente, o Marketron NXT, aliado ao Traffic, representa o que há de mais sofisticado na convergência entre vendas tradicionais e campanhas digitais, criando uma plataforma unificada para monetização de audiência.

A engenharia do som também deu show. O Optimod 5950 HD, da Orban, e o Neuron, da Wheatstone, levaram para Las Vegas processadores de áudio multibanda com controle IP e latência mínima, ideais para emissoras FM e HD que desejam ajustar sua sonoridade com precisão cirúrgica. Complementam essa sofisticação o Rulebreaker Final Clipper, da Thimeo, que permite alto impacto sonoro sem distorção, e o Wheatstream Duo, que garante transporte de áudio IP com redundância integrada − evitando interrupções críticas no fluxo entre estúdios e transmissores.

Outro eixo de destaque foi a automação de larga escala. O DJB Zone permite controle remoto de múltiplas estações com sincronização de conteúdo e inserções regionais. O NextKast onAir, por sua vez, oferece uma suíte de automação completa com agendamentos dinâmicos e integração com metadados, facilitando desde a programação musical até a veiculação publicitária. O MusicMaster CS Web, consagrado software de playlisting, agora em versão online, fecha o pacote para diretores musicais em movimento.

E não faltou precisão no monitoramento: o MaxxKonnect RMT 416 permite escutar e gerenciar até 16 sinais simultâneos remotamente, enquanto o INOmini 645, da Inovonics, garante monitoramento via IP em tempo real, essencial para engenheiros de plantão.

No conjunto, o NAB Show 2025 não mostrou apenas tecnologias − mostrou direções. Uma nova era de rádio se consolida: mais automatizada, mais personalizada, mais híbrida entre plataformas, mas ainda profundamente humana em sua essência. O rádio que sobrevive é o que se reinventa, seja em ondas hertzianas, em fluxos de dados ou no ouvido de um algoritmo que aprendeu a falar com a sua audiência.

Fontes consultadas:

Álvaro Bufarah

Você pode ler e ouvir este e outros conteúdos na íntegra no r, um blog que teve início como uma coluna semanal na newsletter Jornalistas&Cia para tratar sobre temas da rádio e mídia sonora. As entrevistas também podem ser ouvidas em formato de podcast neste link.

(*) Jornalista e professor da Fundação Armando Álvares Penteado (Faap) e do Mackenzie, pesquisador do tema, integra um grupo criado pela Intercom com outros cem professores de várias universidades e regiões do País. Ao longo da carreira, dedicou quase duas décadas ao rádio, em emissoras como CBN, EBC e Globo.

ABCPública inicia Ciclo de Boas Práticas em Comunicação Pública com case da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos – CPTM

A Associação Brasileira de Comunicação Pública (ABCPública) deu início em 9 de junho ao seu Ciclo de Boas Práticas em Comunicação Pública. Realizado de maneira virtual e gratuita com inscrição prévia, o Ciclo foca em estratégias inovadoras e casos exitosos de práticas de comunicação pública.

O case apresentado na primeira sessão foi o da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), representada por Eduardo Ghirardelli, responsável pela equipe de redes sociais da empresa. A atividade foi mediada por Paulo Beraldo, membro da ABCPública em São Paulo, e foi marcada por grande interação dos participantes – associados e não associados.

Para dar uma dimensão da companhia, Ghirardelli comentou que a CPTM transporta diariamente cerca de 1,7 milhão de passageiros em 18 municípios da Região Metropolitana de São Paulo. Tem 57 estações e um quadro de 5,3 mil funcionários.

Após a apresentação institucional da CPTM, o foco passou para sua atuação nas redes sociais. Nesse ambiente, a empresa tem cerca de 2,14 milhão de seguidores, divididos entre as seguintes redes: X (ex-Twitter), Facebook, Instagram, Linkedin, Youtube, Threads e TikTok. Esse último, inclusive, foi de onde surgiu a ideia de começar a atuar dessa forma nas redes.

Mas onde surgiu a ideia de produzir conteúdos lúdicos para as redes sociais?

Ghirardelli explicou que a virada de chave veio após uma requisição da Secretaria de Comunicação do Governo de São Paulo, que recomendou que as empresas públicas paulistas fizessem contas no TiKTok e produzissem conteúdo adaptado para essa rede. O ano era 2020.

Desde então, Ghirardelli e a equipe de mais quatro funcionários concursados têm trabalhado produzindo conteúdos que “furaram a bolha” dos usuários paulistas e ajudaram a fortalecer a imagem da companhia. A avaliação positiva da empresa chegou ao seu nível mais alto em 2024, com 86,9%, em comparação a 59,4% em 2014.

“Procuramos sempre aliar o bom humor e a linguagem jovem aos nossos conteúdos, fazendo uso de memes, áudios, trends e materiais de utilidade pública para atrair novos seguidores, principalmente da Geração Z, entrantes no mercado de trabalho e que nem sempre conhecem nosso serviço”, explicou o profissional, lembrando que as viagens a trabalho representam 69% do total.

Foram apresentados alguns vídeos que viralizaram, como um sobre a limpeza que chegou a 31 milhões de pessoas no Instagram e outro sobre segurança das estações que atingiu 18 milhões de visualizações no Youtube. Também foi exibido o vídeo que viralizou ao comparar o trem da CPTM a um Bentley, seguindo uma trend das redes sociais. Essa peça alcançou grande repercussão e até foi destaque na imprensa.

‘Pessoas, atenção e informação’

A estratégia que orienta a atuação da CPTM nas redes sociais é baseada no conceito “PAI” – sigla para pessoas, atenção e informação. A empresa tem apostado na humanização da comunicação ao usar seus profissionais “como atores” nos vídeos para reforçar a ideia de ser uma companhia “feita de pessoas para pessoas”.

Já no eixo da atenção, a CPTM mantém monitoramento constante das redes para aproveitar tendências, memes e temas em alta, inserindo a marca em diferentes contextos com o objetivo de atrair a atenção dos usuários. No pilar da informação, o foco está em manter os seguidores bem informados sobre os serviços prestados, campanhas de segurança, obras, novidades operacionais e conteúdos de utilidade pública.

Ghirardelli destacou que o sucesso da estratégia digital da CPTM está ligado ao trabalho dedicado da equipe, à confiança dos gestores e à liberdade criativa para desenvolver as ações. Segundo ele, a agilidade nos processos de aprovação é fundamental para aproveitar o timing das redes sociais. Ressaltou também que os resultados obtidos fortalecem ainda mais esse ciclo de confiança e respaldo às ações comunicacionais dentro da instituição.

Rodrigo Cayque, integrante da equipe de redes sociais da CPTM, também participou do encontro e deixou uma recomendação aos profissionais de comunicação pública de outras instituições: “Simplificação é a palavra-chave”. Segundo ele, a orientação vale tanto para os processos internos quanto para a linguagem e a forma de dialogar com os diferentes públicos.

Próximo ciclo:

O segundo encontro do Ciclo de Boas Práticas em Comunicação Pública traz o case da Câmara Municipal de Barueri, que passou a ser fonte primária de informação ao adotar uma abordagem voltada à comunicação pública. A mudança estratégica ampliou de forma espontânea a presença da Câmara na imprensa regional e melhorou a qualidade da informação oferecida à sociedade. O expositor será Érison Martins, no dia 7 de julho, às 19h30. Link para inscrição no próximo ciclo:

https://doity.com.br/boas-praticas-em-comunicacao-publica-encontro-2-camara-de-barueri


Rafael Ihara assina com o InfoMoney

Rafael Ihara deixa o Times Brasil CNBC
Crédito: Instagram

O InfoMoney anunciou a contratação de Rafael Ihara, jornalista especializado em economia, negócios e finanças. Ele chega para atuar como apresentador de programas no site. Segundo Matheus Lombardi, CEO do InfoMoney, a chegada de Rafael representa um movimento importante do veículo para “se posicionar como referência em conteúdo audiovisual” sobre economia.

Rafael deixou o Times Brasil CNBC, onde atuou como âncora do telejornal Agora, focado na cobertura de economia e finanças nacionais e internacionais. Antes, foi repórter do Grupo Globo durante seis anos, cobrindo o dia a dia da região metropolitana de São Paulo. Fez reportagens e entradas ao vivo para os telejornais Jornal NacionalJornal HojeBom Dia Brasil, entre outros. Foi ainda editor do G1 e repórter do GloboCop.

Trabalhou também na FSB Holding como editor-chefe da Bússola Exame, plataforma de produção de conteúdo sobre economia, negócios e reputação. É diretor-geral e fundador da plataforma de educação Oriente Educação.

Sérgio Aguiar deixa a Record após 6 anos

Sérgio Aguiar deixa a Record após 6 anos
Sérgio Aguiar (Crédito: Instagram)

A Record TV anunciou a saída do apresentador Sérgio Aguiar após seis anos de casa. Ele comandava, ao lado de Christina Lemos, o Jornal da Record. Eduardo Ribeiro, que já estava cobrindo as férias de Aguiar, assume a bancada do telejornal de forma definitiva.

Além de âncora do Jornal da Record, Aguiar atuava na apresentação do Fala Brasil, ao lado de Mariana Godoy. Paloma Poeta, apresentadora do Fala Brasil da edição de sábado, será promovida a âncora titular. Ela também trabalha como repórter do Domingo Espetacular.

Sergio Aguiar iniciou a carreira em 1990, como estagiário da Rádio Tupi, no Rio de Janeiro. Três anos mais tarde, assinou com a rádio CBN. Posteriormente, trabalhou também na TV Manchete. Em 1996, integrou a equipe fundadora da GloboNews. Apresentou programas como Em Cima da Hora, Conta Corrente e Em Pauta. Também fez reportagens para o Fantástico. Foram mais de 22 anos de trabalho no Grupo Globo.

Em 2019, assinou com a Record TV, como um dos apresentadores substitutos do Jornal da Record e do Fala Brasil. Em 2022, passou a ancorar o Domingo Espetacular, ao lado de Carolina Ferraz. E em março deste ano, assumiu a titularidade do Jornal da Record, dividindo a bancada com Christina Lemos, em substituição a Celso Freitas.

Preciosidades do acervo Assis Ângelo: O cego na História (10)

Preciosidades do acervo Assis Ângelo: O cego na História (10)
Galileu Galilei, identificado (Crédito: Wellcome Library)

Por Assis Ângelo

Graciliano Ramos não era propriamente um tagarela, como o são geralmente os papagaios.

Embora faça eu essa pequena observação, a mim também não custa lembrar que Graciliano foi o escritor que mais papagaios pôs como “personagens” em suas histórias.

Histórias de Alexandre, de 1944, tem vários tagarelas plumados com a cor verde em destaque.

Na obra-prima Vidas Secas, o autor alagoano de Quebrângulo põe entre a família retirante um papagaio e uma cadela de estimação. Logo no começo, o papagaio é servido como alimento para saciar a fome da família em fuga da seca. E a dureza permanece braba no correr das páginas. Ali pela metade, a cadela é sacrificada a tiro de espingarda. E mais não digo.

Lembrei que Graciliano sofreu de cegueira nos seus primeiros anos de vida.

Como ele, houve outros autores que também experimentaram essa realidade. E até cientistas do calibre do inglês Isaac Newton (1643-1727).

Isaac, de tanto observar o céu sem fim, acabou ficando cego por alguns dias. Recuperou a visão após trancar-se no quarto, completamente escuro.

Bom, você sabe quem foi Nicolau Copérnico? E sua teoria sobre o movimento da Terra?

O italiano Galileu Galilei (1564-1642), também investigador dos mistérios universais, depois de muitos estudos concluiu que a teoria de Copérnico era fato. E que teoria era essa?

Galileu Galilei (Crédito: Wellcome Library)

O polonês Copérnico (1473-1543) tinha certeza de que a Terra sempre girou em torno do Sol. Quer dizer, pensamento completamente diferente do que divulgava a Igreja aos seus fiéis. Por isso, Galileu foi preso e condenado pelo tribunal da Santa Inquisição.

Como já era muito famoso, Galileu recebeu a “benção” dos inquisidores assassinos para cumprir a pena em casa. Morreu cego.

Cego também morreu o filósofo francês Denis Diderot (1713-1784).

É provável que tenha sido Diderot o primeiro filósofo a teorizar sobre a cegueira.

Em 1649, publicou Carta sobre os cegos para uso dos que veem. Nessa obra, o autor põe em movimento nas páginas três ou quatro cegos como personagens. Tem uma cega entre eles que diz que a cegueira na mulher é diferente da cegueira no homem.

Para escrever tal obra, Diderot costumava tapar os ouvidos e fechar os olhos. Fazia isso nos teatros, por exemplo. A ideia era sentir o que sentem as pessoas cegas.

A Igreja desceu-lhe o pau. Em palavras, ele disse: “O homem só será livre quando o último déspota for estrangulado com as vísceras do último padre”.

Denis Diderot (Crédito: Pintura de Louis-Michel van Loo/1767)

Entre os grandes nomes da Ciência e da Astronomia, quem não se deu bem foi Giordano Bruno. Esse foi amarrado vivo num mastro fincado no meio de uma grande fogueira e…

O pecado de Bruno foi discordar de tudo ou quase tudo do que pensava a Igreja, como a virgindade de Maria e a Terra como centro do Universo.

Dito isso, voltemos à literatura tupiniquim.

Você sabe quem foi o bom Romeu?

Chega aí na estante e pega Grande Sertão: Veredas, do mineiro João Guimarães Rosa (1908-1967).

Jovem Pan e Lance firmam parceria de conteúdo

Jovem Pan e Lance firmam parceria de conteúdo

A Jovem Pan Esportes e o Lance firmaram uma parceria de conteúdo que inclui o compartilhamento de informações esportivas, além da ampliação das duas marcas no meio digital e integração de conteúdo nos mais diversos canais, como site, redes sociais, rádio e TV.

O objetivo da parceria é ampliar a quantidade e a qualidade do conteúdo esportivo publicado pelos dois veículos. A Jovem Pan deve abrir espaço em sua programação para informações do Lance, e o Lance deve ter uma área dedicada ao conteúdo publicado pela Jovem Pan.

“É um primeiro passo importante na direção de uma colaboração mais ampla entre dois nomes que representam tradição, credibilidade e paixão pelo esporte. Vamos trabalhar juntos para entregar ainda mais conteúdo relevante e com a agilidade que o público exige hoje”, declarou Gabriel Dias, diretor de esportes da Jovem Pan.

“Conectar duas potências da comunicação que compartilham a mesma paixão por conteúdo de qualidade é uma conquista importante para os fãs de esporte. Essa parceria com a Jovem Pan vai ampliar o alcance da informação e da emoção — no portal e nas redes sociais”, comentou Pedro Henrique El Bainy, Head de Parcerias e Novos Negócios do Lance.

Notícias Populares, peça humorística sobre a busca pela audiência, estreia no YouTube

Notícias Populares, peça humorística sobre a busca pela audiência, estreia no YouTube

A Cia. de Comédia Os Melhores do Mundo publicou na quinta-feira (12/6) a gravação da peça Notícias Populares no canal do grupo no YouTube. Inspirado no jornal homônimo que marcou época com manchetes sensacionalistas, o espetáculo foi criado em 1997. A gravação disponível no YouTube é de uma apresentação da peça em março deste ano, no Teatro da CAESB, em Águas Claras (DF), em comemoração aos 30 anos de trajetória da Cia brasiliense.

Notícias Populares é uma grande sátira sobre a busca pela audiência, abordando com humor os exageros da cobertura jornalística. A peça é composta por esquetes independentes, cada uma delas abordando temas como política, segurança pública, cultura pop e comportamento. A apresentadora, interpretada por Adriana Nunes, anuncia as “notícias” que serão encenadas pelos atores Adriano Siri, Jovane Nunes, Ricardo Pipo, Victor Leal e Welder Rodrigues. A direção de filmagem e edição é de Rodrigo Fernandes.

O espetáculo tornou-se um clássico do grupo Os Melhores do Mundo. Em 2006, ganhou projeção nacional quando uma icônica cena do personagem Joseph Klimber foi exibida no programa de Jô Soares e viralizou nas redes sociais.

“Agora, quase três décadas após sua estreia nos palcos, Notícias Populares chega em formato audiovisual para uma nova geração de espectadores, e também para os fãs nostálgicos que acompanharam sua trajetória”, escreveu a Cia, em release sobre a novidade.

O jornal Notícias Populares, que inspirou o espetáculo, foi uma publicação que circulou em São Paulo por 38 anos, publicado pelo Grupo Folha. Fundado em 1963 e encerrado em 2001, o jornal, que utilizava o slogan Nada mais que a verdade, tinha em suas capas manchetes chocantes e sensacionalistas, com nudez, teorias da conspiração e eventos sobrenaturais, com o objetivo de chamar a atrair (e divertir) o público.

Assista à peça na íntegra aqui.

Making Waves: estudo do Pulitzer Center aponta baixo espaço na mídia para a saúde dos oceanos

Por Luciana Gurgel

Enquanto a cidade de Nice, na França, recebe durante esta semana a 3ª Conferência das Nações Unidas sobre o Oceano (UNOC3), um dado inquietante chama atenção: apesar da relevância global do tema, a saúde do oceano não tem o espaço que deveria na cobertura jornalística.

Luciana Gurgel

Um estudo recente do Pulitzer Center, intitulado Making Waves, traz evidências dessa realidade, que muda quando há um grande evento como o encontro de líderes globais na cidade francesa − mas na maior parte do tempo as questões ligadas ao mar ficam em segundo plano.

O relatório revela que, mesmo reconhecendo a importância vital do tema, a mídia ainda trata a saúde do oceano como um nicho ambiental, deixando de conectá-lo com outras grandes questões globais, além de enfrentar dificuldades para a cobertura, que incluem orçamentos limitados e treinamento.

Esse cenário de visibilidade limitada preocupa, já que a saúde do oceano está diretamente ligada ao clima, à economia e ao bem-estar humano.

Entretanto, segundo o Pulitzer Center, a cobertura jornalística não reflete toda essa complexidade e urgência, oferecendo ao público apenas vislumbres fragmentados do problema.

O estudo do Pulitzer Center buscou embasar estratégias para fortalecer a narrativa sobre a saúde do oceano na mídia.

Para isso, adotou uma metodologia mista. Na fase qualitativa, foram realizadas 11 entrevistas em profundidade com especialistas de diversas áreas: biologia marinha, economia, conservação, comunicação e ONGs, todos com o oceano no centro de seus trabalhos para impulsionar mudanças.

Na etapa quantitativa, jornalistas de um banco de dados interno participaram de um questionário online de cinco minutos, disponível em inglês, espanhol, francês, português e bahasa indonésio.

No total, 78 jornalistas de 30 países responderam − 63% freelancers e 37% vinculados a organizações de mídia. A maioria (77%) já havia abordado temas como conservação, impactos das mudanças climáticas, predatória, saúde pública, pesquisa científica, disputas territoriais e crimes ambientais.

O estudo analisou ainda a visibilidade nas mídias sociais, usando ferramentas como Brand24, BuzzSumo e Media Cloud. Foram monitoradas palavras-chave relacionadas a aquecimento global, poluição e perda de biodiversidade.

Os dados revelaram que a cobertura é pontual, com pouca continuidade e dificuldade de conectar o tema à realidade das comunidades costeiras e ao cotidiano das pessoas.

Leia a matéria completa em MediaTalks.


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Esta semana em MediaTalks

Violência contra jornalistas em Los Angeles choca o mundo; vídeos mostram repórter atingida por bala de borracha e policiais investindo contra jornalistas. Leia mais

Estudo de Oxford mostra explosão de deepfakes pornô de mulheres feitos com imagens de repositórios de IA. Leia mais

Assassinato de jornalistas holandeses em El Salvador: sentença histórica condena militares após 40 anos de impunidade. Leia mais

O presente e o futuro do jornalismo – Insights: Próximo encontro discutirá experiências digitais no jornalismo

O quarto encontro do ciclo O presente e o futuro do Jornalismo – Insights, que J&Cia realiza como parte das comemorações de seu 30º aniversário, em parceria com a ESPM São Paulo, está marcado para o dia 30 de junho, das 9h30 às 12h30, no auditório da ESPM Tech (rua Joaquim Távora, 1.240, Vila Mariana).

O debate terá como tema Nativos Digitais: Experiências digitais que estão transformando e revitalizando o Jornalismo brasileiro. Participarão Lilian Tahan (diretora executiva do Metrópoles), Mateus Netzel (diretor executivo do Poder360) e Murilo Garavello (diretor de Conteúdo do UOL). A mediação será de Maia Fortes (diretora executiva da Associação de Jornalismo Digital − Ajor). As inscrições, gratuitas, podem ser feitas por este link. Haverá transmissão ao vivo pelo Youtube.

Condenação do STJ a Octávio Costa e Tábata Viapiana é mácula à liberdade de imprensa no País

Condenação do STJ a Tábata Viapiana e Octávio Costa é mácula à liberdade de imprensa no País

Não foi uma condenação qualquer. Ao determinar que os jornalistas Octávio Costa e Tábata Viapiana paguem R$ 150 mil de indenização ao ministro decano do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, corrigidos monetariamente desde a publicação da reportagem Negócio Suspeito, na revista IstoÉ em 2017, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) abre um preocupante precedente na história da liberdade de imprensa no País, não só pela decisão em si, mas por tudo que a cerca.

Importante ressaltar que o recurso foi impetrado por Gilmar Mendes ao STJ em maio de 2021, após perder na primeira e na segunda instâncias. Na ocasião, o ministro Villas Bôas Cueva, relator do caso no STJ, rejeitou a apelação em uma decisão monocrática. No entanto, quase quatro anos depois, sem nenhum fato novo, o mesmo Cueva mudou de entendimento e afirmou que a matéria está “permeada de ironias e insinuações” contra o ministro, defendendo a condenação da revista e dos jornalistas, no que foi seguido por outros quatro magistrados.

Ao atingir o presidente da ABI, uma das mais importantes e respeitadas instituições do País, a decisão do STJ atinge frontalmente a própria liberdade de imprensa, já que praticamente passa um recado aos jornalistas e à sociedade de que os membros da corte suprema são intocáveis e podem se voltar contra qualquer profissional que, cumprindo o seu ofício, escreva sobre eles, independentemente do motivo. No caso em questão, a partir de reportagem amplamente documentada, como entenderam as instâncias inferiores.

Octávio Costa

Ironia do destino, Octavio trabalhou por quase um ano no STJ, primeiro como assessor do ministro Edson Vidigal e, depois, chefe da Assessoria de Comunicação, em 2004.

Chama a atenção o valor arbitrado, de R$ 150 mil, com correção monetária e juros moratórios a contar da data da publicação da matéria, podendo superar os R$ 300 mil, o que é excessivo e desproporcional. No caso de Octavio, atinge um profissional de 75 anos, que tem como única fonte de receita a aposentadoria pelo INSS, e que hoje se dedica única e exclusivamente a presidir a ABI, trabalho voluntário e não remunerado. E, no caso da repórter Tábata Viapiana, trata-se de uma profissional que vive do seu trabalho em uma assessoria de comunicação em Curitiba. Ou seja, nem em sonho os dois terão como pagar o que Gilmar quer receber.

Vale também lembrar que a Editora Três foi condenada no mesmo processo, mas que, como massa falida, não será atingida pela decisão.

A este J&Cia, Octavio informou que entrará com embargo no STJ tão logo seja publicado o acórdão com a íntegra da decisão. E que, em não tendo sucesso, apelará ao próprio STF, de Gilmar Mendes, esperançoso de que os demais magistrados da Suprema Corte, defensores intransigentes da liberdade de imprensa, revejam essa decisão absurda, que tantos riscos traz para a democracia e para as liberdades constitucionais, vindos do ministro decano do STF.

Para entender o caso

Tábata Viapiana

A Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça decidiu na noite de segunda-feira (9/6) condenar a Editora Três e os jornalistas Octávio Costa e Tabata Viapiana por danos morais ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes. Em 2017, Octávio e Tabata assinaram uma reportagem na revista IstoÉ sobre a venda, em 2013, de uma universidade da família do magistrado para o governo do Mato Grosso por R$ 7,7 milhões.

A matéria em questão, intitulada Negócio Suspeito, abordava uma investigação de improbidade administrativa relacionada ao processo de estatização da universidade, de Diamantino, no Mato Grosso. A instituição foi fundada por Mendes e a irmã, que permaneceu sendo uma das proprietárias até a venda investigada.

Em seu voto pela condenação dos jornalistas, o relator Ricardo Villas Bôas Cueva declarou que a reportagem está “permeada de ironias e insinuações que se voltam nitidamente contra Gilmar, sendo nítido o intuito de associá-lo, de forma pejorativa, à imagem de alguém que se distancia da ética e que visa apenas resguardar benefícios pessoais e favorecer pessoas próximas”. Acompanharam o relator os colegas Humberto Martins, Daniela Teixeira, Moura Ribeiro e Nancy Andrighi.

Mendes havia sofrido derrotas judiciais relacionadas ao caso, em primeira e segunda instâncias, no Distrito Federal, mas conseguiu reverter agora a situação no STJ. Antes da votação, entidades defensoras da liberdade de imprensa haviam alertado para o perigo da decisão sobre o caso, que poderia abrir um precedente de censura judicial contra jornalistas que atuam sem má-fé e em prol do interesse público. O processo também levanta discussões sobre o uso do sistema de Justiça por figuras públicas para intimidar repórteres e veículos de comunicação.

A origem de tudo

STJ condena jornalistas por reportagem sobre Gilmar Mendes
Gilmar Mendes (Crédito: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

A origem de tudo foi a compra, em 2013, pelo então governador de Mato Grosso, Silval Barbosa (MDB), da faculdade União de Ensino Superior de Diamantino (Uned), que pertencia a Maria Conceição Mendes França, irmã de Gilmar, por R$ 7,7 milhões. Ele transformou a instituição num dos campi da Universidade Estadual do Mato Grosso (Unemat), no município de Diamantino, cidade natal do ministro.

Em 2017, conforme informou o jornal Gazeta do Povo, do Paraná, “a IstoÉ teve acesso a investigação do MP sobre a negociação e publicou a matéria Negócio suspeito. A defesa do decano do STF acionou a justiça por considerar que a revista ‘se prestou a tecer uma série de impropérios, com a clara intenção de desabonar a honra e a imagem do Autor e de minar sua credibilidade’”.

Ressalta a Gazeta do Povo: “Gilmar perdeu na primeira e na segunda instância. O juízo de primeiro grau considerou o pedido improcedente e condenou o ministro ao pagamento das despesas processuais e de honorários advocatícios, fixados em 10% do valor da causa. Gilmar apelou, mas a Quinta Turma Cível, do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT), rejeitou o recurso por unanimidade. Para o TJDFT, a matéria jornalística foi publicada ‘nos limites do direito à livre expressão das atividades de comunicação, assegurado nos artigos 5º, inciso IX, e 220 da Constituição Federal, em que inexistiu ato ilícito por parte do suposto ofensor, não enseja a reparação civil por dano moral’. Os embargos de declaração de Gilmar, uma espécie de recurso após a decisão, também foram negados. Em um recurso especial, a defesa do ministro argumentou que o tom utilizado pelos jornalistas na matéria continha ‘maliciosa insinuação’ para ‘induzir’ seus leitores a acreditarem que Gilmar ‘exerceria suas atribuições como magistrado em desacordo com a legislação e a Constituição, flertando com ilicitudes das mais repugnantes’. Em maio de 2021, o recurso foi analisado pelo ministro Villas Bôas Cueva, relator do caso no STJ, que rejeitou a apelação do decano do Supremo em uma decisão monocrática. Em fevereiro deste ano, a defesa de Gilmar apresentou um agravo e o relator reconsiderou e levou o caso para análise da Terceira Turma.”

Entidades apontam “precedente de censura judicial” contra jornalistas

A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) destacou a preocupação com a liberdade de imprensa diante da possibilidade de condenação dos jornalistas, apontando para o risco da criação de um “precedente de censura judicial contra jornalistas que atuam sem má-fé e em prol do interesse público”.

“O processo também levanta discussões sobre o uso do sistema de Justiça por figuras públicas para intimidar repórteres e veículos de comunicação”, apontou a Fenaj. A Coalizão em Defesa do Jornalismo (CDJor) reforçou que “as decisões de primeira e segunda instâncias julgaram a ação improcedente, destacando a veracidade das informações publicadas e a legitimidade das críticas jornalísticas”.

A CDJor fez um apelo aos integrantes da 3ª Turma do STJ para que siguissem o “já consolidado entendimento do STF de que críticas dirigidas a autoridades públicas podem ser fortes e ácidas sem que isso gere o dever de indenizar”.

O caso Rubens Valente

Rubens Valente

Esse processo de Gilmar Mendes contra jornalista não foi o primeiro. São vários os que ele abriu contra profissionais.

Um dos mais emblemáticos foi contra o repórter Rubens Valente, que, condenado a pagar uma indenização da ordem de R$ 400 mil ao magistrado, em última instância, decidiu recorrer à Comissão Interamericana de Direitos Humanos, em processo acolhido contra o Estado brasileiro. O relatório de admissibilidade é de março de 2025. Valente, representado pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), alega que foi condenado a pagar uma indenização a um ministro do STF [Gilmar Mendes] após publicar um livro criticando sua atuação num caso sobre corrupção. Valente também afirma que o Poder Judiciário brasileiro teria determinado a inclusão da condenação em edições futuras do livro.

O caso seguirá para exame de mérito quando a CIDH, após alegações das partes, decidirá se o Brasil violou os direitos humanos da vítima à honra, à liberdade de expressão e à propriedade.

No caso de uma derrota final, Octavio Costa tenderá a seguir o mesmo caminho de Valente.

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