-0.3 C
Nova Iorque
sábado, dezembro 6, 2025

Buy now

" "
Início Site Página 1351

Paolo Mieli fala sobre liberdade de imprensa

O Globo recebeu em seu auditório, nesta 3ª.feira (15/5), em parceria com o Instituto Italiano de Cultura, uma palestra sobre liberdade de imprensa de Paolo Mieli, que foi diretor dos jornais La Stampa e Corriere della Sera e atualmente preside a editora RCS Libri. Ensaísta especializado em História e Política, com livros publicados, e jornalista desde os 18 anos, começou no jornal Espresso, e ali permaneceu por duas décadas. Trabalhou depois no Republica, onde tornou célebre seu estilo de jornalismo que trazia ao impresso elementos da televisão: o mielismo, um neologismo que ficou famoso na Itália. Mieli mudou seu posicionamento político ao longo dos anos, de extremista para moderado. Foi indicado, pela Câmara e o Senado italianos, para ser presidente da tevê estatal RAI, mas recusou o convite. Na palestra e no debate, mediados por Ancelmo Gois e Flávia Oliveira, Mieli traçou uma história da liberdade de imprensa, desde os primeiros jornais europeus ? que divulgavam o conhecimento autorizado pelos poderes públicos ? passando pela informação mais dinâmica dos autores britânicos Milton (de Paraíso Perdido) e Locke (do contrato social), no século XVII, pelo iluminista e liberal francês Voltaire, no século seguinte. Lembrou que o noticiário mais próximo do atual, de cobertura de fatos, teve sua origem na Revolução Francesa, quando havia jornalistas nos campos de batalha. Depois disso, a Guerra da Secessão Americana provocou na Europa uma demanda de notícias. Dessa época, ressaltou que a informação deturpada não era considerada falta grave na Europa, ao passo que, nos Estados Unidos, era considerada gravíssima. Daí resultaram alguns paradigmas seguidos até hoje: (1) a verdade, mesmo que provoque uma grande crise, obriga o repórter a dar a notícia; e (2) a concorrência faz com que o veículo antecipe qualquer detalhe. Citou Émile Zola, no caso Dreyfus, como um precursor do modelo de jornalismo apartidário, que não defende apenas os poderosos. Desde então, os melhores jornais procuram interpretar a notícia, sem explicitar quem é o dono da empresa, mas valorizando a figura do editor. Mieli citou a legislação americana que reconhece a boa fé, o que isenta o jornalista de culpa se publicar uma suspeita como se fosse um fato, e citou o caso Watergate. Sobre o conteúdo jornalístico mais recente, o palestrante o considera mais sereno, objetivo e menos agressivo. Os escândalos ? e exemplificou com as acusações contra o político italiano Berlusconi ? são divulgados intencionalmente pelos veículos para causar prejuízo político. Quanto ao noticiário na internet, vê uma grande alteração principalmente na legislação de controle. Sob um ponto de vista, dá-se uma grande batalha contra a censura da informação; sob outro ângulo, repete-se a antiga luta do liberalismo, resquício das ideias de Voltaire. Por muito tempo, os veículos dependeram de um provedor econômico ? ninguém publica coisa alguma desinteressadamente. E a internet é uma oportunidade para a liberalidade, na medida em que não depende do capital para se fazer ouvir. No debate que se seguiu, Ancelmo provocou a comparação com o caso Cachoeira e a revista Veja, e indagou se Mieli considerava lícitas as relações entre um jornalista e uma fonte mafiosa. Com a ressalva de não conhecer as instituições brasileiras, e o posicionamento de que tudo que não é feito às claras em algum momento vai aparecer, o convidado opinou: qualquer fonte é legítima, mas tudo que ela diz é propaganda em causa própria. No entanto, na História, assim como na pesquisa científica, as descobertas não se sucedem linearmente; pequenos detalhes fazem a diferença. Assim, o jornalista que traz um elemento, ainda que restrito, mas que ninguém mais tem, contribui para construir a verdade do fato. Flávia Oliveira argumentou que os veículos convencionais precisam ser sustentáveis financeiramente para bancar certas brigas. E o palestrante comparou a internet, que dá uma resposta complexa, em termos de conteúdo, e lembrou a verdadeira função de um jornal de escolher, entre milhares de informações fragmentadas, as poucas coisas importantes que o leitor precisa saber. Tem valor a capacidade profissional, reconhecida, de selecionar informação. Ainda respondendo a Ancelmo, sobre o fim da informação em papel, Mieli deu sua opinião ? ou não seria um jornalista europeu, que preza mais a opinião do que o fato. Além do rito que acompanha a leitura, como no livro, terá seguidores. O autor que quiser contar uma história em profundidade, terá que passar pelo impresso. O aumento da alfabetização de adultos no mundo cria um público novo, que pode ler o papel, mas talvez não tenha acesso ao texto virtual. Nas novas mídias, falta uma personalidade forte, como as que existem nos jornais, no rádio e na tevê. Sempre inserindo novas tecnologias, o texto impresso tende a ser elitista, e o jornal ? com a interpretação da notícia ? será um símbolo de status.

Rádio Gaúcha terá emissora em Santa Maria

A partir de 2/7, a Rádio Gaúcha, do Grupo RBS, terá pela primeira vez uma emissora própria fora de Porto Alegre. A nova unidade vai operar em Santa Maria no dial 105,7 FM e contará com a programação da Gaúcha e produção local de jornalismo geral, esportivo e de entretenimento, cobrindo toda a região central do Estado com equipe própria, que atuará integrada às redações do Diário de Santa Maria e da RBS TV. A emissora também estará acessível por internet e aplicativos de smartphones e tablets. A Rádio Itapema Santa Maria, que ocupava a frequência, continuará operando online.

Jornal da Record News completa um ano e renova contratos

O âncora do Jornal da Record News Heródoto Barbeiro está de férias mas voltará a tempo de apresentar na semana que vem a edição de primeiro aniversário do telejornal, na próxima 4ª.feira (23/5). A emissora renovou o contrato de Ricardo Kotscho por mais dois anos para fazer o Balaio do Kotscho no R7 e os comentários políticos no JRN, e para trabalhar num novo projeto ligado aos 60 anos da Record, que serão comemorados no próximo ano. Quando esse contrato vencer, em 2014, Kotscho estará completando 50 anos de profissão. Celso Teixeira, diretor Nacional de Comunicação da Rede Record, informa que permanecem no JRN os demais comentaristas e que a partir de 28/5 a emissora inicia sabatinas com os pré-candidatos à Prefeitura de São Paulo, mediadas por Heródoto, na seguinte ordem: 28/5 ? Celso Russomano (PRB), às 16h, e Carlos Giannazi (PSOL), às 16h30; 29/5 ? José Serra (PSDB), 16h, e Paulinho da Força (PDT), 16h30; 30/5 ? Soninha Francine (PPS), 16h, e Luíz Flávio D’Urso (PTB), 16h30; 31/5 ? Gabriel Chalita (PMDB), 16h, e Fernando Haddad (PT), 16h30; e 1º/6 ? Netinho de Paula (PC do B), 16h, e Levi Fidelix (PRTB), 16h30.

Business News lança portal PCMag no Brasil

A Business News lança no Brasil o portal PCMag, especializado em mídia de tecnologia e que está presente em América, Ásia e Oriente Médio. O lançamento faz parte da estratégia de expansão da Ziff Davis, proprietária da marca, que agora investe em mercados emergentes. O portal traz especificações técnicas, opiniões de usuários e resenhas sobre computadores, tablets, câmeras, celulares, aplicativos e artigos de áudio e vídeo, tanto para empresas como para o consumidor final. Nos textos são destacados os prós, os contras e a conclusão sobre o produto, e atribuído a ele um conceito. De acordo com pesquisa da International Data Corporation, o Brasil é o terceiro colocado em venda de computadores, atrás apenas da China e dos EUA. Sob comando de Helio Garcia, estão na equipe a diretora executiva Alessandra Garcia, o editor-chefe José Junior e os repórteres Vinicius Peixoto e Felipe Payão.

Blogueiro profissional

Paulo Cézar Guimarães ([email protected]), ou simplesmente PC, é o que se pode chamar de blogueiro profissional. Com cinco blogs na rede, cada um deles sobre um tema específico, PC diz que apesar de não ser um nerd sempre foi antenado em lançamentos tecnológicos: ?Quando lançaram o DVD, fui logo comprar. A mesma coisa com o celular. Gosto de descobrir quais recursos aquela nova tecnologia pode me oferecer?. Com blogs, em especial, a história foi um pouco diferente, mas não menos curiosa. ?Como professor universitário [da Facha, no Rio de Janeiro], levei meus alunos para acompanhar o fechamento de O Globo, com meu amigo Jorge Antônio Barros. Quando terminou a visita, já de madrugada, eu e ele fomos jantar. No caminho, fomos abordados com certa agressividade por policiais em uma blitz. Eu tenho cabelo e barba branca, o Jorge é evangélico e nós nos identificamos. Não havia necessidade de tudo aquilo?, conta. Após o episódio, Jorge comentou que publicaria o acontecido em seu blog. Curioso, PC diz que logo se interessou pela explicação do amigo sobre o que era o tal blog. ?Logo depois, o Blog do PC Guima estava na rede?, lembra. Os demais vieram em consequência do primeiro. ?Após um período publicando assuntos variados no Blog do PC Guima, notei que eram muitos os comentários sobre esportes. Então resolvi focar sobre o assunto no blog, mas não queria deixar de lado o conteúdo que postava para meus alunos da faculdade?. Foi assim que no ano seguinte ? 2007 ? PC estreou seu segundo ?filho virtual?, o Blog do Professor PC Guima. Um ano mais tarde, este se desmembrou e deu origem a outro blog, agora específico para crônicas, o Crônicas do PC Guima. O espaço mais recente de PC é o Livros de Jornalismo, em que dá dicas de obras importantes para estudantes, professores e profissionais da área.  Além de seus blogs independentes, PC escreve sobre o Botafogo para o portal do JB. Também utiliza a ferramenta com seus alunos da Facha. ?Dependendo da disciplina que estou ministrando, escolho o enfoque do blog. Já fizemos blogs sobre os 100 anos de Noel Rosa, Beatles e Woodstock. Agora estamos fazendo um explorando a revista Realidade?, conta. Sobre a relação internet e Jornalismo, ele comenta: ?A internet valorizou a nossa profissão de todas as maneiras, mas também trouxe muitos aventureiros. Por exemplo, um blogueiro que escreve sobre o Flamengo no JB é advogado ? muito competente, por sinal. Quando ele se intitula jornalista, periodista ou cronista, eu rebato dizendo que jornalista sou eu. Ele é um advogado blogueiro?. PC atribui o sucesso de suas publicações justamente ao olhar diferenciado do jornalista. ?O leitor entra no blog pra ver uma brincadeira, comentários sobre coisas que saíram na grande imprensa (que, inclusive, eu replico no meu espaço). Porém, já tive chamada de posts publicados no site do JB?, afirma. E completa, assertivo: ?Li muitos livros sobre blogs, inclusive estrangeiros. Manter o blog atualizado é o segredo, senão você perde o leitor?. ?O blog que começou como diversão, tornou-se um meio de trabalho. A única coisa que ainda não consegui com eles foi ganhar dinheiro?, brinca o jornalista, que hoje também faz blogs sob encomenda.

Congresso Abraji: Lei de Acesso será um dos temas principais

A Lei de Acesso a Informações Públicas, que entra em vigor nesta 4ª.feira (16/5), será um dos principais assuntos em debate durante o 7° Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo, entre os dias 12 e 14/7, em São Paulo, que conta com o apoio de divulgação de Jornalistas&Cia. O mecanismo é importante para a produção de reportagens e será um dos temas de painéis como Transparência Pública e Lei de Acesso: o papel da mídia, comandado pelo diretor-executivo da ONG Transparência Brasil Cláudio Weber Abramo; Lei de Acesso: primeiros meses de implementação, com Guilherme Canela (Unesco) e Vânia Vieira (Controladoria Geral da União); e Projetos de transparência na mídia, em que Rubens Valente, da Folha de S.Paulo, falará sobre o projeto Folha Transparência. Outro destaque será o Mapa de Acesso a Informações Públicas, estudo realizado anualmente pela Abraji, que será apresentado pelos associados Fernando Rodrigues (Folha de S.Paulo) e Ivana Moreira (Veja BH), trazendo um diagnóstico da transparência de entidades públicas no Brasil. Demais palestrantes já confirmados para o evento são José Paulo Kupfer, Eliane Brum, Juca Kfouri, Elvira Lobato, Míriam Leitão, Roberto Cabrini, Marcelo Tas, André Trigueiro, Fernando Mitre e Sérgio Dávila, entre outros.  Inscrições e programação completa aqui.

Saem finalistas do Prêmio Adpergs de Jornalismo

A Comissão Julgadora do Primeiro Prêmio Associação dos Defensores Públicos do Estado do Rio Grande do Sul (Adpergs) de Jornalismo selecionou as 12 reportagens finalistas nas quatro categorias do concurso. A presidente da Associação, Patrícia Kettermann, destacou o sucesso da primeira edição pela abrangência nacional dos trabalhos: “Recebemos 55 matérias de diversos estados brasileiros nas quatro categorias. O objetivo ? aproximar os comunicadores da Defensoria Pública ? foi amplamente alcançado?. Os vencedores serão conhecidos durante jantar nesta 6ª.feira (18/5), no restaurante Épico, no Grêmio Náutico União, em Porto Alegre. Os finalistas são:Impresso ? Humberto Trezzi e Francisco Amorim, de Zero Hora (Condenado por engano), e Letícia Barbieri Flores, do Diário Gaúcho (com duas reportagens: Luta para resgatar uma vida e O defensor é público: procure por ele);Televisão ? Sérgio Luiz Gomes Galdino, da TV Justiça (Acesso à Justiça: um direito de todos), Priscila Simões Dias Casagrande, da Record RS (Gaúchos processam mais ? A luta da Defensoria pelo acesso à saúde no Rio Grande do Sul), e Keli Flores Oliveira Karczeski, da TV UPF (Incentivo à adoção);Rádio ? Marília Alves Banholzer e equipe, da Rádio Jornal do Comércio/RS (Cidade de reféns), José Renato da Silva Freitas Andrade Ribeiro, da Rádio Gazeta AM 1180/RS (Rede ilícita comercializa bebês no Estado), e Renina Sangermano Valejo, da Rádio Senado (Comissão da verdade ? Uma história a ser contada);Novas Mídias ? Aurélio Luís Moreira, de www.ovale.com.br (Pinheirinho, a história real), Natália Pianegonda e Walmor Parente, da Agência Radioweb (série Defensorias Públicas garantem acesso à Justiça e à cidadania) e Marigleide de Araújo Mora, de www.primeiraedicao.com.br (Defensoria Pública entra com ação para garantir atendimento a paciente com glaucoma).

O TREM Itabirano, ?fumaça ardente nos olhos do atraso?

Um jornal independente de Itabira, em Minas Gerais, tem chamado atenção por seu conteúdo ?democrítico?, nas palavras do editor Marcos Caldeira Mendonça. Com linguagem áspera e ao mesmo tempo bem-humorada, O TREM Itabirano circula mensalmente desde 2005. Além de editar O TREM, Marcos é colaborador do Observatório de Imprensa. Fez carreira na própria Itabira, passando pelos jornais Hora H, Diário de Itabira, A Semana, O Cometa Itabirano e pela revista DeFato. Também atuou na assessoria de Comunicação da Prefeitura local por dois anos. Em entrevista ao Portal dos Jornalistas, Marcos conta como começou a se interessar pelo Jornalismo, a ideia de fazer um jornal ?diferente? e a repercussão da publicação no dia a dia da cidade. Portal ? Qual foi o seu primeiro contato com o Jornalismo? Marcos Caldeira Mendonça ? Foi em mesa de boteco, aos 16 anos, por aí. Um amigo meu, de nome bastante esquisito (Roneijober Andrade), informou lá que estava montando um jornal. Fui o primeiro a dizer: me arrume um emprego. ?De quê??, ele perguntou. ?De qualquer coisa?, eu disse. Entrei como gerente de circulação, ou seja, tinha a nobre função de acompanhar a distribuição gratuita do jornal e dedar para o chefe quem não trabalhava direito. Um dia, vi uma máquina de escrever na mesa do chefe, de nome Luiz Müller, e fui batucar nela. Ele me pegou no flagra. Achei que tomar ia uma bronca, mas ele me incentivou. Disse a mim: é isso aí. Me incentivou, me deu dicas de redação, mandou ler livros. Comecei a escrever notícias sobre furtos, agressões, facadas, tiros e tal. Nunca mais parei de ler, escrever e isso já faz 20 anos. Portal ? Como e quando surgiu a ideia de lançar um jornal com essa linguagem bem-humorada e crítica ao mesmo tempo? Marcos ? A primeira edição d?O TREM saiu em junho de 2005, portanto, estamos completando 7 anos. A ideia de montar um jornal ?democrítico? (democrático e crítico) em Itabira vinha sendo fermentada havia anos. Primeiro, por minha paixão pelo jornalismo. Segundo, porque a imprensa itabirana, salvo um ou outro órgão, é de uma submissão vergonhosa aos poderes locais. Daí a necessidade de um jornal diferente. Faltava apenas o empurrão decisivo. Veio em 2004. Um sobrado antigo, com biblioteca, foi incendiado por negligência da Prefeitura, que retirou a vigilância do imóvel, e uma revista daqui, ao noticiar o fato, escreveu isto: ?Há males que vêm para bem?. Eu li isso, pus a mão direita na testa, disse um tonitruante ?puta que pariu? e soliloquiei: ?Não tem mais jeito, vou montar O TREM?. Montei. Itabira é ótimo lugar pra fazer um jornal como O TREM. Temos um monte de políticos trabalhando de graça para nós. A produção de besteiras aqui é superabundante e o jornal se nutre disso. Exemplos? Em 2010, a Prefeitura promoveu um Pavilhão Literário sem literatura, apenas com um músico, um professor e uma jornalista. Em 2011, a cidade comemorou o Dia do Disco de Vinil com sorteio de CDs numa rádio. Aqui há uma gaiola com canário na fachada da rádio Voo Livre. Recentemente, um locutor, comentando terremoto, disse isto no ar: ?Foi terrível, oito graus na escala Hitler?. Tremor, portanto, tão cruel quanto o nazismo. Convido todos vocês para visitar Itabira…  Portal ? Como é feita a distribuição? Está disponível online?  Marcos ? A distribuição é feita via Correios e em edições em PDF. Temos assinantes em todo o País. Sobre esse lance de internet, site etc., estamos só observando, por enquanto. Vamos deixar os outros quebrarem a cara, aprender com o erro deles e mais à frente decidir qualquer coisa. Mas juro: se acabar mesmo o jornal em papel, O TREM será o último a abandonar o velho suporte. E tem mais: acho que o sonho de todo texto na internet é ser impresso em papel para se dar bem na vida.    Portal ? É comum haver reação de autoridades, por exemplo, incomodadas com o que é publicado no jornal? Já sofreu algum tipo de ameaça? Marcos ? Ameaça de violência física, não, nunca sofri. Mas já se recusaram a imprimir o jornal. No terceiro número, levei para rodar na gráfica Diocesana, de Itabira. Combinamos preço, acertamos tudo, mas o gerente, após ler títulos e notas, me avisou: ?Não posso imprimir porque vocês criticam a Prefeitura?. Senti-me no século XV, mas foi um incentivo e tanto. Lembrei-me do inglês George Orwell (?Jornalismo é publicar o que alguém não quer que seja publicado?) e saí com a certeza de que o jornal estava incomodando o poder, ou seja, cumprindo a obrigação. Desde então, a locomotiva é impressa em João Monlevade, vizinha a Itabira. Outra dificuldade que superamos com trabalho é a censura econômica imposta pela Prefeitura e Câmara de Vereadores da cidade. Eles anunciam até em paralama de carroça quebrada, mas nunca n?O TREM. Nunca puseram um centavinho no jornal. Estamos no index prohibitorum do Poder Público local. Somos detestados pelos políticos ?sacanalhordas? [segundo Marcos, um neologismo para sacanas, canalhas e calhordas], mas, em compensação, temos um leitorado fiel, que, por meio de assinaturas, mantém O TREM nos trilhos. Portal ? O TREM já foi elogiado por importantes nomes do jornalismo brasileiro, como Lucas Mendes e Chico Maia. O que o jornal tem de diferente para se destacar dentre tantos outros produzidos pelo País? Marcos ? Gosto de dizer que jornal só há de dois tipos: chapa-branca ou chapa-quente. Há uma peça publicitária nossa que diz assim: O TREM atira fumaça ardente nos olhos do atraso, jamais publicou matéria paga, pratica altaria, tem um timaço de colaboradores, vale por um bom livro, nunca dependeu de dinheiro público, rechaça o sensacionalismo e enriquece culturalmente. Convido os leitores do Portal dos Jornalistas para ler O TREM e ver se é isso mesmo ou se é propaganda enganosa nossa. Portal ? Quem faz parte da equipe do jornal? Marcos ? Em Itabira, temos uma equipe de seis pessoas, entre jornalistas, diagramador, comercial e distribuição. Soma-se aí um timaço de colaboradores. Entre tantos outros, como você pode ver no nosso expediente: Affonso Romano de Sant?Anna, Fernando Jorge, Mariza Guerra de Andrade, Lúcio Vaz Sampaio, Robinson Damasceno, Joana d´Arc Tôrres de Assis, Olga Savary, Themistocles Rivadávia, Altamir Barros, Domingo Cruz, Renato Furst Alvarenga, Renato Sampaio, Flávio de Andrade Goulart, Genin Quintão Guerra, Edmílson Caminha, Jorge Fernando dos Santos, Flávio Almeida, Hermínio Prates, Carlos Lúcio Gontijo, Jeán Kadar Prévoust, Cláudio Alecrim, Luís Pimentel, Sylvio Abreu, Silas Corrêa Leite, Cunha de Leiradella e Ulisses Tavares. Todo dia chega um colaborador novo, e gente de talento. Estou precisando passar o jornal para 120 páginas. Chegaremos lá…Assinaturas podem ser feitas pelo [email protected] ou 31-3835-1329.

Estadão lança site sobre cultura pop

O Estadão lançou o site E+, que concentra as notícias sobre cultura pop produzidas pelos jornalistas do Grupo. O nome surgiu em pesquisa realizada entre seguidores do twitter e reflete a busca por maior interatividade. Essa é uma das características que deve ajudar a compor o novo canal, que pretende incrementar o contato com leitores via redes sociais e o espaço destinado a fotos e vídeos, além dos textos extras de reportagens, colunistas e blogueiros. O conteúdo é organizado em seis editorias: Televisão, Gente, Cinema, Música, Radar Pop e Horóscopo. O editor do E+ é João Luiz Vieira, apoiado pelos redatores Gabriel Perline Leano e Stefanie Privado dos Santos. A editora-chefe de Conteúdos Digitais do Grupo Estado é Claudia Belfort.

Memórias de uma guerra suja toca em feridas da ditadura

O recente lançamento de Memórias de uma guerra suja (Topbooks), obra de Marcelo Netto e Rogério Medeiros, causou um misto de choque e curiosidade. O livro traz o relato do ex-delegado capixaba Cláudio Guerra, de 71 anos, sobre sua participação e testemunho da repressão a militantes de esquerda durante a ditadura militar. Entre as partes mais polêmicas, está o episódio da incineração ? numa usina de açúcar pertencente à família do ex-governador fluminense Heli Ribeiro Gomes ? de dez corpos de torturados, citados nominalmente: Ana Rosa Kucinski Silva (ALN), David Capistrano (ex-integrante do PCB), Eduardo Collier Filho (APML), Fernando Augusto Santa Cruz Oliveira (APML), João Batista Rita (M3G), João Massena Mello (PCB), Joaquim Pires Cerveira (FLN), José Roman (PCB), Luiz Ignácio Maranhão Filho (PCB) e Wilson Silva (ALN). Guerra, que diz ter sido agente do Dops, afirma que ele próprio executou guerrilheiros e fez parte do atentado do Riocentro em 1981, entre outras ações. Também é controversa a passagem na qual defende como queima de arquivo a morte do delegado Sérgio Paranhos Fleury, figura mais conhecida da repressão, e não consequência de um acidente em alto-mar, conforme a versão oficial. Guerra ficou conhecido como personagem atuante no crime organizado do Espirito Santo há cerca de 20 anos. Foi apontado pela CPI do narcotráfico em 2000 como integrante da Scuderie Detetive Le Cocq, famoso grupo de extermínio dos anos 1980. Em 1989 chegou a ser preso pela Polícia Federal, acusado pelos assassinatos de um bicheiro, de sua primeira mulher e da cunhada, pelo que cumpriu sete anos de prisão. Apesar do histórico, era considerado coadjuvante no aparelho repressor da ditadura. ?Essa pessoa nunca apareceu nas listas de agentes da repressão?, disse à Folha de S.Paulo Vitória Garbois, presidente no Rio do grupo Tortura Nunca Mais. Percival de Souza, biógrafo de Fleury que teve acesso aos laudos de sua morte e acompanhou o enterro, disse a CartaCapital que a nova versão sobre a morte é ?ridícula? e que ?só agora estou ouvindo falar nesse Cláudio Guerra?. O ex-delegado teria decidido expor-se motivado por arrependimento, pois se tornou pastor evangélico. Ele se diz disposto a depor na Comissão da Verdade. Os autores de Memórias de uma guerra suja têm passagens por diversos veículos da imprensa nacional. Medeiros trabalhou nos jornais capixabas A Tribuna, O Diário e A Gazeta, onde chegou a editor-chefe, e depois no Jornal do Brasil e no Estadão. Participou do roteiro e da direção de oito documentários e é autor de vários livros. Netto foi preso pela ditadura quando ainda exercia a Medicina ? passou 12 meses na cadeia, nove deles em solitária. Depois, tornou-se repórter e editor de vários jornais do Espírito Santo, passando posteriormente por Correio Braziliense, Folha de S.Paulo e Veja. Foi diretor de O Globo e da TV Globo em Brasília e presidente da Radiobras.

Últimas notícias

pt_BRPortuguese