A Band-RS anunciou na última semana o nome de Luiz Eduardo Rezende como novo gerente de Telejornalismo da emissora. Ele deixa o SBT, onde desde 2010 era editor executivo do SBT Rio Grande, e havia ajudado a implantar a versão matutina do jornalístico, e por lá também acumulou a função de chefe de redação. Esta será sua segunda passagem pelo grupo, onde em 1994 começou sua carreira como redator na Rádio Bandeirantes. Esteve por 12 anos no Grupo RBS, onde editou e dirigiu os programas Galpão Crioulo, Garota Verão, Anonymous Gourmet e Patrola, e durante três anos, atuou no Canal Rural. Antes de sua ida para o SBT, atuou em 2008 como editor do Balanço Geral, da TV Record. Em entrevista ao Coletiva.net, o Luiz Eduardo falou sobre esse novo desafio. “A Band respira Jornalismo e tem muita tradição no ramo, o que é inspirador e renovador para qualquer jornalista. O desafio, junto com meus novos colegas da emissora, é fazer o respeitado Jornalismo da Band chegar a novos lares, conquistando mais telespectadores, sem perder suas diretrizes”, explica.
Memórias da Redação – A morte misteriosa de Castelo Branco
A história desta semana é uma reprodução autorizada de um trecho do livro Eu vi, que Helle Alves lançou na última semana em São Paulo. A morte misteriosa de Castelo Branco Na tarde de 1° de abril de 1964, ao chegar ao jornal vi meus colegas alvoroçados, amontoados numa mesa com o rádio ligado. Eram notícias da Revolução de 64, só anunciada dia 1° de abril, mas com os fatos apontando a véspera, 31/3, dia por que ficou conhecida. O Brasil ingressava numa fase escura, que iria durar 21 anos. E apenas 19 anos depois da abertura de 1945. O primeiro presidente da República nomeado pelo Congresso Nacional, já “limpo” de seus representantes “nocivos”, foi Humberto de Alencar Castelo Branco, um cearense nascido em Fortaleza, no dia 20/9/1887. Homem duro, austero e de fisionomia trancada, foi muitas vezes a atos públicos em São Paulo e outras cidades. Todos diziam que ele era competente e honesto e não sei de nada que conteste essa opinião geral. Apenas uma vez ele me marcou como uma pessoa insensível. Foi em Campinas, na inauguração de um conjunto habitacional que o governo entregou aos operários e o fato não tem nada a ver com as palavras dos discursos, iguais a todas. Foi depois, quando ele já esperava o carro oficial, numa esquina. Havia escolas na rua, de duas delas vieram correndo até ele bandos de crianças, gritando a plenos pulmões: “presidente, presidente”. Acompanhei bem: ele não deu atenção, sequer viu ou ouviu as crianças que chegaram a encostar nele. O presidente simplesmente entrou no carro e partiu, inatingível. Quero contar como foi a minha cobertura sobre a misteriosa morte de Castelo Branco e do acidente aéreo que o matou, em Fortaleza, no dia 18 de julho de 1967, apenas quatro meses depois de ele passar a faixa ao marechal Costa e Silva, segundo presidente da Ditadura Militar. Cheguei na redação às 12h de um dia muito frio de inverno e recebi ordens de fazer o necrológio do ex-presidente, falecido havia poucas horas em Fortaleza, de desastre aéreo. Nem comecei a pesquisa e fui chamada às pressas com a ordem de estar no aeroporto de Congonhas para pegar um voo para Fortaleza às 13 horas. Também recebemos ordens, eu e meu fotógrafo, de pegar na TV Associada de Iá um vídeo gravado contendo a reportagem que eles fizeram no local do acidente. Lá fomos nós, eu vestida como um urso: uma saia e um grosso pulôver de Iã em cima do corpo, sem blusa por baixo, o que não era meu costume, botas longas e meias de Iã. Eis como fui parar no Ceará. Lá, diretamente para o velório do ex-presidente, trabalhei o dia todo. O VT do acidente aéreo foi trazido a São Paulo pelo governador Abreu Sodré, meu velho conhecido desde seus tempos de deputado estadual, e que estava presente ao velório. Nosso governador regressou a São Paulo em avião oficial no mesmo dia e nós ficamos em Fortaleza para cobrir o funeral e levantar os detalhes do acidente. Fizemos a cobertura do velório, com a presença de muitos governadores e ministros e no dia seguinte continuamos depois de comprar roupas de verão (que alívio!). Em nosso trabalho levantamos sérias suspeitas de que o acidente aéreo que matou Castelo Branco tinha sido tramado. Assistindo ao enterro do piloto do avião acidentado, encontramos a família muito revoltada. Ouvi da esposa, de familiares, amigos e colegas presentes a seguinte história: o ex-presidente havia regressado há pouco do exterior e fora visitar sua amiga, Raquel de Queiroz, em Quixadá, de trem. Mas o trem em que Castelo viajava havia sofrido um atentado. Por isso, ele não quis voltar de trem e pediu ao governador que mandasse o jato buscá-lo. O ex-presidente estava sendo perseguido pela ala chamada “linha dura” do presidente Costa e Silva, a quem não havia apoiado e foi voto vencido na cúpula militar. A família do piloto morto tinha a certeza de que o acidente não foi casual, mas provocado. Contaram-me como as coisas aconteceram e eu anotei com todos os nomes e os depoimentos entre aspas. Pediram-me inclusive que procurasse no hospital o copiloto, que sobreviveu ao acidente e estava internado. Procurei-o e ele me confirmou toda a história: o avião já estava entrando no campo de pouso do aeroporto de Fortaleza quando encontrou um treinamento da Aeronáutica constituído de cinco jatinhos voando em formato de estrela. Nesse tipo de voo, só o avião-madrinha controla o trajeto; os outros quatro jatinhos voam de olho na asa do madrinha. Naquele dia especificamente, o jatinho lateral que colidiu com o avião sinistrado era pilotado por um cadete filho de militar do grupo de Castelo (a ala chamada da Sorbonne), enquanto o piloto do avião madrinha pertencia à “linha dura”, ala de Costa e Silva. Com o acidente e morte do ex-presidente, quem iria responder pela colisão seria o cadete do jatinho lateral, cuja inocência seria facilmente comprovada e a colisão considerada acidente, e o complô ficaria impune. Além disso, aquele espaço aéreo era especifico da aviação comercial. Ninguém sabia explicar porque naquele dia estava sendo usado para manobras militares. Com esta explicação, colocando todos os respectivos nomes e entre aspas todas as conclusões, ilações e deduções, mandei a matéria para o meu jornal, em São Paulo. Por sorte, meus chefes barraram a publicação dessa reportagem. Caso contrário, eu teria sido presa e mandada para Fernando de Noronha, onde o colega Helio Fernandes, do jornal carioca Diário de Notícias, já estava cumprindo pena por artigo sobre o expresidente. Hoje escrevo o caso como me foi contado na época, mas sem dar nomes aos personagens.
Memórias da Redação – O texto do Didi
Vicente Alessi, Filho, editor-chefe da Autodata (vi@autodata.com.br), presta uma homenagem a Edilson Coelho, falecido no último dia 6/4. O texto do Didi Concordo amplamente com a síntese que Zé Paulo Kupfer fez do personagem Didi, Edílson Gomes Coelho, no J&Cia 892. Conheci a figura em 1982, na redação de Quatro Rodas, ainda na rua do Curtume. Ele se apresentava como estudante de jornalismo e aprendiz de jornalista e sua função era auxiliar o mal-humorado Waldemar Shoen na produção gráfica da revista na própria redação, numa época ainda de laudas e pestapes, na companhia do louquinho Duílio – tudo sob a coordenação do Gordo Luizinho, Luiz Antônio Pereira Franco. A primeira vez que seu nome saiu no expediente foi na edição de abril de 1982. O Didi cumpria, então, a sua via dolorosa de trabalhar e de frequentar a faculdade, e logo, logo, ficou claro que seus escritos requeriam muito, muito lustro. Sou testemunha disso: cansei de redigir trabalhos de escola para ele. Didi sobreviveu até os 54 anos driblando as dificuldades da vida, irmão mais velho que criou os mais novos dentro da rota da melhor civilidade enquadrando um a um, mas naquela época, escrever, para ele, era exercício além das suas capacitações. Mas todos nós dávamos força ao garotão que desejava abandonar o aprendizado para tornar-se militante. A oportunidade surgiu quando a revista Moto, trimestral, ganhou periodicidade mensal: lá se foi o Didi, feliz como criança, achando que agora se tornaria jornalista. Aquele foi seu primeiro emprego como repórter, é verdade, e terminou em poucos meses com o insucesso da revista nas bancas e a sua descontinuação. Era preciso buscar recolocações para as pessoas e o primeiro alvo eram as outras redações da própria Editora Abril. Sabia que o amigo e companheiro Wílson Palhares, um dos editores da revista Exame – dirigida por Guilherme Velloso, Zé Roberto Nassar e Rui Falcão – tinha uma vaga de repórter júnior e tratei de vender a ida do Didi para lá. Foi uma negociação um pouco confusa pois implicava que eu não dissesse a verdade toda ao Palha, que tinha uma boa pergunta a fazer a respeito do candidato: “Mas ele sabe escrever?”. Escapei dizendo que Didi tinha as deficiências típicas de qualquer iniciante e que se destacava pelo caráter, pela lealdade, pela solidariedade, pelo empenho, pela vontade de aprender. Ele acreditou, Didi foi elevado ao décimo-segundo andar do Edifício Panambi e eu logo sumi de circulação diante da fúria do Palhares ao descobrir que Didi tinha algumas deficiências a mais do que aquelas consideradas comuns. Edílson voltou à escola, fez cursos e, com a assistência e a paciência de Cida Damasco e do próprio Palhares, e de tantos outros, tornou-se, sim, o jornalista militante que perseguia ser descrito pelo Zé Paulo. E eu perdi um amigo que não precisava se identificar ao telefone. Ele só dizia: “O Palhares ainda está atrás de você!”.
Jornalista encabeça campanha para doação de sangue e medula óssea
Jornalistas e publicitários de Rondônia lançam a Campanha nacional casa comigo: sou doadora de sangue e medula óssea para estimular essas doações em todo o País. A iniciativa é de Lu Braga (lubraga2@hotmail.com), que, ao doar sangue, em 2012, descobriu que o hemocentro local só contava com uma bolsa de sangue do seu tipo. Ela, então, se deixou fotografar ao lado de bolsa de sangue com um cartaz dizendo Casa comigo? Sei fazer miojo e sou doadora de sangue. A imagem foi compartilhada com o Ministério da Saúde e virou meme na internet. Este ano, a ideia se tornou vídeo, que você confere aqui.
Roberto Agresti estreia como colunista do G1
Estreou há alguns dias no G1 a coluna Dica de Motos, de Roberto Agresti. Editor da Revista da Moto e integrante das equipes de AUTOentusiastas, de Bob Sharp, e GPTotal.com.br, de Eduardo Correa, Agresti irá trazer quinzenalmente ao leitor informações de pilotagem, segurança, tendências do universo das duas rodas e dicas de produtos disponíveis no mercado. “Publiquei esta coluna no UOL por 38 semanas consecutivas (lá era semanal) e em novembro passado acabei acertando minha ida para o G1, mas por razões pessoais e burocráticas minha estreia se deu apenas agora”, explica. “Costumo dizer, com orgulho, que não há ninguém na imprensa especializada em motos que esteja há tanto tempo nas bancas de jornal. Foram cerca de 150 edições de Moto Show, antes de se transformar em Motor Show, e mais 211 edições de Revista da Moto até o momento. Lá se vão mais de 30 anos”.
J&Cia Cultura Popular comemora aniversário com entrevista de Inezita Barroso
Ignez Magdalena Aranha de Lima Barroso, cantora, atriz, instrumentista, folclorista, professora, apresentadora de rádio e televisão, fez 88 anos agora em março. Para Assis Ângelo, que a conhece há cerca de 30, ela é simplesmente Inezita, Inezita Barroso. Ele diz que, no caso, simplesmente não é força de expressão, porque, apesar do nome pomposo e do imenso cabedal de conhecimento e cultura, Inezita é a simplicidade em pessoa. Admira tanto a amiga que foi sobre a infância dela o primeiro livro infanto-juvenil que escreveu: A menina Inezita Barroso (Cortez Editora, 2011, São Paulo). E é a ela que dedica a edição de aniversário de Jornalistas&Cia Memória da Cultura Popular, na qual reproduz uma entrevista publicada em 8/1/1990 no extinto suplemento D. O. Leitura, do Diário Oficial do Estado de São Paulo, que integra o acervo do seu Instituto Memória Brasil (IMB). Entrevista atualíssima, apesar de passados já 23 anos, e que pode ser conferida aqui.
De papo pro ar ? Mortos em carnavais
Pixinguinha teve uma vida muito atribulada e morreu em 17 de fevereiro de 1973, pouco antes do carnaval, numa igreja durante batismo do filho de um amigo. Ele bebia muito, mas jamais provocou ou participou de brigas. Era pacato e solícito. Conheceu o flautista Benedito Lacerda – que não bebia – e dele logo virou amigo. Todos diziam, porém, que aquela amizade não duraria muito, por uma razão: Benedito tinha fama de sovina e de tomar para si obras alheias. Um dia, Pixinguinha o procurou para pedir dinheiro emprestado, pois estava com o aluguel atrasado etc., no que foi prontamente atendido. A amizade dos dois cresceu e se estendeu até 16 de fevereiro de 1958, um domingo de carnaval, quando um infarto levou Benedito.
O 100º aniversário de Clóvis Meira
O revisor aposentado Clóvis Meira, que atuou em diversas editoras e jornais de São Paulo, entre eles o Estadão, completou em 14/4 seu 100º aniversário junto a alguns amigos, parentes e vizinhos. Natural de Aracaju, ficou órfão de pai em 1918. Fez os estudos primários em sua cidade natal e como não pôde fazer um curso superior tornou-se autodidata. Em 1951, por motivos políticos, migrou para São Paulo, onde se radicou. É autor de As três faces de Lima Barreto (Scortecci, 1994) e deve lançar em breve Manuel Antônio de Almeida, desconhecido, no qual revela fatos que passaram despercebidos pelos que escreveram sobre a curta existência do autor de Memórias de um sargento de milícias. Ele tem um terceiro já escrito, Perfis e lembranças, ainda sem previsão de lançamento, em que procura tirar do esquecimento fatos e figuras de relevo de nossa História política e literária como o próprio Lima Barreto, Borges da Fonseca, André Rebouças, Antônio Pedro de Figueiredo, Paula Brito, Artur Azevedo e Gustavo de Lacerda, entre outros. Presente à festa, Vera Moraes, que com ele trabalhou entre 1976 e 1977, diz que “aprendi com o Sr. Clóvis tudo que sei sobre a língua portuguesa no ano em que trabalhamos juntos no Estadão, e muito mais do que nos três anos de faculdade”. Outra amiga que convive com ele desde 1974, Nilcéia Cleide da Silva Baroncelli, enviou a J&Cia o depoimento a seguir: “No último domingo, 14 de abril, o jornalista sergipano Clóvis Mello Meira, radicado em São Paulo, completou cem anos. A família convidou alguns amigos para uma reunião, e tivemos o prazer de estar mais uma vez com nosso querido jornalista, em data tão especial e tão rara, mesmo nos dias de hoje. Clóvis Meira mora em São Paulo desde 1951, quando foi obrigado a deixar sua cidade natal, Aracaju, por motivos políticos. Pouco mais de ano e meio depois, enfrentou o empastelamento e fechamento do jornal Última Hora, de Samuel Wainer, naqueles dias de perseguição cerrada ao então presidente Getúlio Vargas, perseguição que culminou no suicídio e na comoção popular que tomou conta do País. Ele mesmo me contou que todos os jornalistas desse órgão, ele inclusive, tiveram de sair às escondidas, colados às paredes do prédio, enquanto lá fora a multidão ameaçadora os cercava. Testemunhou muitos outros eventos políticos, talvez até tenha sido personagem de algum, mas, não obstante a confiança que depositava em minha pessoa, a quem considerava como uma filha (como me disse muitas vezes), nunca entrou em detalhes sobre isso. Só uma vez, em que eu estava esboçando uma possível peça de teatro sobre acontecimentos que havia presenciado, ele teve uma reação fortemente emocionada. Eu escrevi que o personagem lia instruções, decorava e depois destruía o papel. Para mim, era puro efeito teatral. Mas ele, com a voz embargada, comentou: ‘Eu tive de fazer isso muitas vezes…’. Acredito que tenha sido sempre um devorador contumaz de livros de literatura brasileira. Seu conhecimento é vasto, e as observações que fez a respeito de alguns de seus autores favoritos, muito pertinentes e mesmo surpreendentes. Seu perfil de autodidata revela um agudo senso de observação e uma capacidade de atualização notável, o que demonstra que tudo o que se aprende por vontade própria permanece por mais tempo na memória. O interesse revelado pela literatura brasileira o levou a escrever dois livros. O primeiro, Três faces de Lima Barreto, escrito quando ele já contava mais de setenta anos, foi publicado em 1994, logo depois da perda de sua esposa, Dona Erosina Matos Meira. O segundo, escrito com mais de oitenta, é Manuel Antonio de Almeida, desconhecido. Tive oportunidade de ler os originais e me surpreendeu muito o desenvolvimento tão alentado de aspectos da história de vida e da obra do autor de Memórias de um sargento de milícias. Este, um livro que foge do enquadramento que se dá às escolas literárias, e ao qual se atribui a adjetivo ‘picaresco’, sempre divide opiniões. Neste trabalho, em vias de publicação, Clóvis Meira comenta inclusive a larga fortuna crítica que acompanhou o romance ao longo de suas várias edições, e os vários enfoques com que a crítica vê as produções literárias, o que me sugere que o livro de ‘seu’ Clóvis seja uma obra de literatura comparada quanto à crítica. Mesmo agora, aos cem anos, enxergando e ouvindo muito pouco, seu rosto guarda a mesma expressão de antes: discreta, mas com um brilho muito especial nos olhos. Com este brilho, ele nos recebeu no domingo. Talvez seja o jornalista mais idoso de São Paulo, talvez até do Brasil. Mas é ainda bem jovem. Por isso, se na próxima visita que lhe fizermos ele contar que escreveu ainda um outro livro, não vou me espantar. Pode ser, pode ser…”
Jornalistas&Cia apresenta especial sobre Helle Alves
Aos 86 anos, Helle Alves viveu na noite desta 5ª.feira (18/4) um dos momentos mais emocionantes de sua vida, com o lançamento de Eu vi – Quando mataram Che Guevara e outros momentos da História, na Livraria do Espaço. Estimulado por Chico Lelis, editor do Diário do Comércio, e Ivani Cardoso, amigos de longa data dela e conhecedores de sua impressionante saga, Jornalistas&Cia somou-se a eles numa homenagem mais do que merecida, com uma edição especial em que aproveita para contar um pouco da vida de Helle e para convidar a todos os seus leitores para esta noite mais do que especial de lançamento de Eu vi. Desafiada por J&Cia, Ivani em dois dias produziu o texto para o especial edição, que conta um pouco da história de Helle Alves, pioneira no jornalismo, assim como foi sua irmã, Vida Alves, na televisão brasileira. Confira aqui.
Eleição na ABI, marcada para 26/4, está na alçada da Justiça
Segue o impasse diante da eleição na ABI. Nesta 3ª.feira (16/4), a juíza Maria da Glória Bandeira de Mello, titular da 8ª Vara Cível do Rio de Janeiro, negou o pedido da chapa de oposição Vladimir Herzog para suspender o processo eleitoral e determinou que a eleição ocorra em caráter condicional (sub judice), até que a ABI responda às alegações contidas no processo. Caso sejam acatadas as reivindicações, será realizada nova eleição. Caso contrário, permanece a administração vencedora até uma eventual decisão em contrário. Mauricio Azêdo, presidente da ABI e candidato à reeleição na chapa Prudente de Morais, repete a indignação que já expressou na mídia: “A ABI está sendo alvo de uma campanha de mentiras, e responde aos ataques com os argumentos de que dispõe. Lideram a pretensa chapa, que não consegue se registrar, diretores que não renunciaram aos cargos e se uniram a pessoas que nem jornalistas são”. Seu desabafo se complementa com uma agressão verbal ao opositor Domingos Meirelles: “Temos confiança de que vamos derrubar as pretensões de Domingos Meirelles, moleque e oportunista”. A advogada Maria Arueira Chaves, do escritório Siqueira Castro Advogados, que representa a ABI, não conseguiu obter, em cartório, uma cópia do processo antes que a juíza – que ela considera muito cautelosa – desse o despacho. Depois que tomou conhecimento da ação pelo site do Tribunal de Justiça, e viu que a juíza pretende reapreciar a decisão após a ABI apresentar sua resposta, a advogada prepara sua defesa, mas aguarda que a entidade seja citada, o que ainda não ocorreu. A chapa de oposição entrou com processo pleiteando o adiamento da eleição por não conseguir seu registro a tempo. Também nesta 3ª.feira (16/4), representantes da chapa participaram de uma reunião extraordinária do Conselho da ABI para apresentar o que consideram as muitas irregularidades cometidas – sobre a escolha da comissão eleitoral e os prazos estabelecidos, entre outros aspectos –, “sempre contrariando o estatuto da entidade”. Em seguida, encontraram-se com seus advogados para decidir se devem entrar com um agravo ou o recurso contra uma decisão não definitiva. No despacho mencionado, a juíza considera que, por enquanto, a ação não tem provas suficientes. Paulo Jerônimo de Souza, o Pajê, protesta: “Quer mais prova que apresentar o estatuto e mostrar que não foi obedecido?”. Um dos entraves que a oposição encontrou foi a exigência de os candidatos estarem em dia com o pagamento das mensalidades, ao mesmo tempo em que a ABI não recebe esses pagamentos, por ter dado férias ao funcionário responsável, e se recusar a emitir boletos de cobrança. Para comprovar a diferença de tratamento dispensado às duas chapas, a oposição teve acesso à cópia do cheque pessoal de Mauricio Azêdo, nominal à ABI, destinado ao pagamento de mensalidades de fevereiro de 2013 de 17 associados em atraso, quase todos candidatos da situação. Uma curiosidade é que, na listagem desses associados, aparece o nome de Arcanjo Antonino Lopes do Nascimento, o Tim Lopes, morto tragicamente em 2002. Parece ter sido apenas uma confusão, já que o irmão dele, Miro Lopes, é candidato na chapa Prudente de Morais, da situação. Marcada para 26/4, com chapa única, esta eleição não parece reservar surpresas. Mas seu desenrolar, talvez. J&Cia reproduz a seguir carta encaminhada pelo movimento de oposição Vladimir Herzog e que está circulando na internet: Quando a primeira vítima é a verdade Nos últimos dias, Maurício Azêdo mentiu a todos os jornais que o procuraram para falar sobre a crise política e financeira que abala a ABI, a mais longeva guardiã das liberdades. Mentiu a O Globo, Estadão e Folha de S.Paulo sem nenhum constrangimento. Mentiu à repórter Laura Antunes, de O Globo, ao negar a existência de uma crise financeira, informando que a ABI estava, inclusive, realizando reformas no prédio com recursos próprios. A repórter ignorava que o andaime cenográfico montado na 6ª.feira de carnaval, em volta do edifício-sede, foi instalado apenas para enganar a imprensa e o corpo social. Não se viu até hoje nenhum operário trabalhando na fachada do prédio. Quem tiver alguma dúvida, basta consultar os inquilinos das lojas do andar térreo, os principais prejudicados com o emaranhado de ferragens que dificulta a circulação de pedestres e a entrada e saída de clientes. Se não existisse crise financeira, não teria sentido Azêdo participar pessoalmente das audiências na Justiça do Trabalho, ao lado do advogado da ABI, para pedir que as indenizações devidas aos empregados, todos demitidos pela mulher, fossem parceladas em seis e até doze meses. A alegação para o pagamento parcelado é de que a ABI “não se encontra em boa situação financeira”. Azêdo mentiu ao Estadão ao afirmar que a entidade tem três mil associados. Fornadas de jornalistas abandonam a cada ano a ABI, descontentes com os rumos da atual administração. No seu corpo social existem apenas 600 associados em dia. Nas eleições realizadas anualmente, para a renovação do terço do Conselho Deliberativo, pouco mais de 100 associados aparecem para votar. Azêdo foi grosseiro com os integrantes da Chapa Vladimir Herzog ao qualificá-la como um “bando de oportunistas”. Uma chapa que tem entre seus integrantes Alberto Dines, Ziraldo, Carlos Chagas, Zuenir Ventura, Flávio Tavares, Joseti Marques e Domingos Meirelles, além de outros companheiros com uma trajetória profissional respeitável, merece ser tratada com mais respeito. Azêdo mentiu aos três jornais ao negar a existência de uma crise política. Os desentendimentos com a diretoria não começaram agora, mas em 2005, oito meses depois de ser eleito pela primeira vez (atualmente encontra-se no terceiro mandato e é candidato pela quarta vez). Naquele ano, metade da diretoria demitiu-se oito meses depois da posse por não concordar com métodos autoritários do atual presidente da ABI. A segunda crise ocorreria dois anos depois, em 2007. Um funcionário nomeado com superpoderes por Azêdo, à revelia da Diretoria, agrediu fisicamente a diretora-administrativa. O caso terminou na polícia e o agressor foi condenado na Justiça. Apesar de não ter assistido à cena, Azêdo assumiu a defesa do funcionário. Sustentou que a diretora é que o havia esbofeteado. As comemorações do Centenário da ABI, no Teatro Municipal, em 2008, provocaram a terceira grande crise. Os membros da diretoria foram encaminhados pela mulher de Azêdo para um camarote distante. Do outro lado do salão, Azêdo recebia convidados especiais numa festinha privê, em meio a salgadinhos, canapés, champanhe, uísque e vinho importado. Audálio Dantas, então vice-presidente da ABI, chegou atrasado e, sem saber, dirigiu-se ao salão onde o presidente festejava os 100 anos da instituição ao lado de amigos particulares. Ao tentar entrar, acreditando que a diretoria estava também reunida naquele local, foi barrado pelas recepcionistas porque seu nome não constava da lista de convidados. Audálio demitiu-se da ABI meses depois. A quarta crise ocorreu em 2010. Durante uma assembleia-geral tumultuada, onde foi alvejado com graves ofensa pessoais, o presidente da ABI conseguiu remover o artigo 44 do Estatuto que limitava a reeleição a dois mandatos. Sem o artigo 44, ele poderá reeleger-se ad eternum. A crise de 2013, que levou à formação da Chapa Vladimir Herzog, foi provocada pela grave situação em que se encontra a entidade, com quase todos os seus andares sob penhora como garantia de dívidas previdenciárias e tributárias, que chegam a cerca de R$ 8 milhões.