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quinta-feira, dezembro 11, 2025

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André Chaves deixa o iG e provoca mudanças na cúpula do portal

O iG anunciou nesta 2ª.feira (3/2) uma importante reestruturação no comando de suas operações. Após um ano e meio à frente do portal, André Chaves desliga-se da empresa e parte para tocar um novo projeto na área digital, embora permaneça como conselheiro na BRZtch, empresa responsável pela operação do iG. Com a saída dele, o comando do portal foi dividido: passa a ser coordenado por João Carlos Fervença da Silva, que assume como CEO; Luciana Schwartz foi promovida a vice-presidente e COO; e o publisher Tales Faria foi alçado à posição de vice-presidente Editorial.

Márcia Raposo deixa o DCI

Jornal e demais veículos do Grupo Sol Panamby preparam-se para profundas mudanças Márcia Raposo deixou na última semana a Direção de Redação do DCI – Diário Comércio Indústria & Serviços, que também abriga o título Shopping News. Com a saída dela, assumiu interinamente a função a editora-chefe Liliana Lavoratti, que passou a se reportar ao diretor-executivo Rubens Pedretti Júnior. A empresa, por sua nova diretora geral, Fernanda Rei, nomeada por Alaíde Quércia, tem sinalizado que fará uma profunda reformulação em seus veículos de mídia, que incluem, além do DCI/Shopping News/Panorama Brasil, suas emissoras de televisão (TVB, afiliada Record em Campinas e Baixada Santista) e de rádio (Nova Brasil FM, com 12 unidades). Márcia estava no DCI/Shopping News havia 12 anos, tendo ali começado a convite de Getúlio Bittencourt e Roberto Müller Filho, à época executivos que cuidavam dos assuntos editoriais do grupo Sol Panamby, do ex-governador Orestes Quércia. Na primeira fase, atuou como editora-chefe e após a morte de Getúlio, então diretor de Redação, foi promovida à função. Foram basicamente dois os empregos que teve na vida, no jornalismo: o outro foi na Gazeta Mercantil, em que esteve por 22 anos, passando por várias funções e editorias, compondo uma das mais respeitadas e influentes equipes de jornalistas de economia do País, que fez escola e se projetou no mercado. Até definir os próximos passos profissionais, ela aproveita para cuidar de alguns assuntos familiares.

StartupMediaBrasil na Campus Party Brasil: calor no ambiente e nos debates

Inovação e empreendedorismo foram as palavras de ordem do StartupMediaBrasil (SMBR), evento promovido pelo OrbitaLab de 28 a 31 de janeiro, dentro da Campus Party Brasil, no Anhembi, em São Paulo. Dos quatro dias de evento, dois foram dedicados a palestras com jovens profissionais empreendedores e expoentes do jornalismo brasileiro, como Alberto Dines e Marcelo Leite (Folha de S.Paulo). Aos que conseguiram abstrair a sensação térmica de caldeira do pavilhão, o resultado foi um debate de alto nível, inquietante e estimulante. A discussão mostrou como pode funcionar bem o combo novas (e boas) ideias, persistência e atualização tecnológica aplicado ao segredo mais antigo e fundamental da excelência jornalística: o bom texto. Além dos painéis, o OrbitaLab promoveu quatro workshops, um hackathon (maratona de hackers, programadores, desenvolvedores e inventores em geral) e uma maratona de negócios. Tiago Mali, redator-chefe da Galileu, aproveitou para lançar o e-book Manual de Jornalismo de Dados (disponível para consulta no datajournalismhandbook.org/pt), cujo trabalho de tradução e ampliação coordenou junto à Abraji. “A ideia da OrbitaLab é criar cada vez mais esse tipo de oportunidade, onde profissionais de diferentes áreas, que antes não se envolviam –  jornalistas, desenvolvedores, designers e gente de negócios –, compartilhem suas ideias e se unam para realizar novos projetos que inovem a comunicação”, disse Adriana Garcia, idealizadora do OrbitaLab. “Recebemos aqui pessoas que são exemplos de que dá certo essa união, que têm projetos muito bacanas e diferentes do modelo comum do jornalismo, e queremos ver surgir cada vez mais parcerias como estas, e ajudar nesse processo de tirar a ideia do papel e fazer dar certo”. Mais informações sobre esse e outros eventos do OrbitaLab em orbitalab.com.br, no twitter @orbitalab, e na página Orbitalab e no grupo Orbital Midia, ambos no facebook.

Thomas Traumann passa a comandar a Secom da Presidência da República

O porta-voz da Presidência República Thomas Traumann tomou posse no comando da Secom nesta 2ª.feira (2/2), no lugar de Helena Chagas, que respondia pela Comunicação desde 2011. A Secom foi incluída na lista da reforma ministerial anunciada pelo governo na última 5ª feira (30/1), inicialmente prevista para substituir apenas os ministros que irão disputar as eleições de outubro. Mas, no mesmo dia, Helena, em carta à presidente Dilma, pediu afastamento do cargo. No texto, agradeceu a oportunidade e a confiança depositada no seu trabalho e na equipe que a acompanhou durante esses três anos: “Foi um período de significativas realizações do seu governo, cuja divulgação se deu com todo o entusiasmo e engajamento desta Secretaria”. Com a mudança em ano eleitoral, a presidente Dilma quer fortalecer a Comunicação do Planalto, alvo de críticas do PT e de ministros. Informações de bastidores revelam que Helena Chagas vinha sofrendo pressão de setores do partido que queriam maior influência da ministra para liberar verbas de publicidade federal. O PT também esperava da ministra uma postura de maior enfrentamento em relação às notícias negativas envolvendo o governo. Com a saída dela, ganha força o núcleo de coordenação de comunicação da campanha de reeleição da presidente, composto pelo marqueteiro João Santana e por Franklin Martins, que ocupou a pasta na gestão Lula. Embora não tenha informado seus planos, por lei, Helena deverá cumprir quarentena se decidir seguir para a iniciativa privada. Vale lembrar que, ao menos por enquanto, Traumann segue como porta-voz da presidente. Thomas Traumann foi assessor de imprensa do ex-ministro da Casa Civil Antonio Palloci. Ultimamente acumulava o cargo de porta-voz da presidente com o comando do gabinete digital do Palácio do Planalto, departamento que cuida, entre outras atividades, do blog e das contas de Dilma no twitter e no facebook. Nascido no norte do Paraná, filho de Michael Traumann, alemão refugiado de guerra, e de uma pedagoga norte-americana, Traumann formou-se em Jornalismo pela UFPR, em Curitiba. Por lá, foi correspondente da Folha de S. Paulo de 1990 a 1994, quando se mudou para a capital paulista para participar do núcleo da agência de notícias que gerou o portal UOL. Em 1995, transferiu-se para Veja, onde foi editor de assuntos gerais e participou de mais de 20 capas da revista. Retornou à Folha em 2000 como repórter especial. Especializou-se na cobertura do PT. No ano seguinte, seguiu para Época a fim de cobrir a campanha presidencial de Lula, com quem fez quatro entrevistas exclusivas. Em 2002, mudou-se para o Rio de Janeiro para chefiar a sucursal da revista e tornar-se colunista. Criou a newsletter O Filtro, em 2006, um resumo diário das principais notícias do dia distribuído a mais de 250 mil assinantes da revista. Em 2008, foi para a consultoria de comunicação espanhola Llorente & Cuenca, sendo responsável pela abertura do primeiro escritório em país não-hispânico. Em 2010, Traumann transferiu-se para a FSB, como encarregado da comunicação corporativa do Grupo Andrade Gutierrez, saindo no ano seguinte para trabalhar no governo.

Jairo Leal cria editora e assume controle da Gosto

Jairo Mendes Leal, que deixou a Abril em outubro do ano passado, após mais de 40 anos de empresa (o último, já fora da operação, deslocado que foi para o Conselho da Abrilpar, holding que controla as áreas de logística e educação do grupo), está de volta ao mercado editorial como acionista majoritário da revista Gosto, de J. A. Dias Lopes, especializada em enogastronomia e cultura. Com isso, Ângelo Rossi, da Rickdan, que a vinha editando desde meados de 2011, deixa a sociedade, formada ainda pelo próprio Dias, pelo enólogo Guilherme Rodrigues e José Maria Santana, que integra o time de colaboradores desde o primeiro número. Segundo Dias Lopes, que é diretor de Redação da Gosto e colunista do caderno Paladar, do Estadão, o novo controlador tem planos para aumentar a circulação da revista e desenvolver outras iniciativas. A nova editora, que se chama Tipuana, fica na av. Angélica, 672, conj. 31 e 32, na capital paulista, onde a redação já está instalada. O contato, provisoriamente, é o celular 11-942-705-151. Por enquanto, integram a equipe, além de Dias Lopes, o redator-chefe Walterson Sardenberg Sobrinho, a repórter Isabella Hotte, o diretor de Arte Ken Tanaka e sua assistente Ayami Tanaka (apesar do sobrenome, não são parentes). Entre os colaboradores estão Thomaz Souto Corrêa, Washington Olivetto, Luís Maciel, Braulio Pasmanik, Luís Pato e Luiz Carlos Zanone.

Fenaj adia para 17/3 prazo para inscrições no 36º Congresso dos Jornalistas

A Executiva da Fenaj decidiu prorrogar de 10 para 17/3 o prazo de envio de teses e inscrição de delegações ao 36º Congresso Nacional dos Jornalistas, que está marcado para o período de 2 a 6 de abril, em Maceió. A mudança deveu-se ao fato de que grande número de Sindicatos dos Jornalistas optou por realizar seus congressos estaduais para eleição de delegados e aprovação de teses nos dias 8 e 9 de março. São os casos, por exemplo, de Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e Município do Rio de Janeiro. Em Minas Gerais o Congresso Estadual está confirmado para 15 de março. No Distrito Federal o evento será dias 14 e 15. Nos próximos dias a Fenaj encaminhará aos Sindicatos as teses-guias para o processo deliberativo nas plenárias do 36º CNJ. Os Sindicatos poderão emendá-las ou propor sua troca por teses aditivas, supressivas ou substitutivas, bem como apresentar novas teses (avulsas) que não estejam contempladas nas teses-guia. Todas, porém, deverão passar por prévia deliberação de Congressos, Encontros ou assembleias da categoria. Não serão aceitas teses individuais de delegados ou observadores. O prazo final para inscrição de teses e delegados é o dia 17 de março. Observadores, professores e estudantes de Jornalismo já podem fazer inscrição, também até 17/3, e obter informações gerais sobre o evento no site exclusivo. O Congresso será aberto no dia 2/4, às 20h30, com a conferência sobre o tema central O jornalista, o jornalismo e a democracia. Na mesma data, durante o dia, acontecerá o I Encontro Nacional de Jornalistas pela Igualdade Racial (I Enjira) e reunião ampliada da Comissão da Verdade dos Jornalistas da Fenaj com as comissões estaduais instituídas pelos sindicatos. Ao todo, o encontro terá seis painéis, quatro Rodas de Conversa e seis oficinas. Entre os palestrantes confirmados estão o ministro dos Esportes Aldo Rebelo, o presidente da EBC Nelson Breve e o sociólogo francês Dominique Wolton, além de Alberto Dines, do Observatório da Imprensa, Juca Varela, repórter-fotográfico da Folha de S.Paulo, e os professores e jornalistas Eduardo Meditsch (UFSC), Fábio Fernandes (PUC/SP), Juremir Machado (PUC/RS) e Pollyana Ferrari (ECA/USP). Mais informações com Fátima Almeida (82-9973-3168).

Terra muda para oferecer conteúdo e publicidade personalizados

Resultado de uma pesquisa interna e no mercado ao longo de 2013 e de um investimento de cerca de US$ 10 milhões, o Terra está se preparando para oferecer conteúdo e publicidade personalizados a seus usuários. A mudança, que, internamente, está sendo chamada de Novo Terra e tem caráter global, começará em 31/3 em Brasil, Estados Unidos e México, passando a operar em abril nos demais países onde o Terra atua. A partir do conceito de card design, o portal afirma que terá a possibilidade de entregar até 100 milhões de páginas personalizadas por dia. O objetivo, segundo o portal, é acompanhar a evolução do comportamento do usuário na forma de consumir conteúdo, simplificando a busca por informação e entregando o que ele quer e tem a ver com seu perfil. No Brasil, o processo envolve um time de cerca de 150 profissionais da casa. Com base em seus estudos, o Terra enxergou que o usuário chega aos sites noticiosos a partir de diversas portas: ao ter despertado seu interesse por determinado assunto, por exemplo, usa buscadores atrás de mais informações e então chega ao portal para consumir conteúdo. Pensando nesse processo e visando a oferecer mais conteúdo relevante ao usuário é que o Novo Terra, entre outras inovações, terá apenas três tipos de páginas: Assunto (que reúne todos os artigos relacionados a um mesmo tema), Conteúdo (a página daquela notícia específica) e Capa (home). E com informações de navegação do usuário (cookies), logins e de parceiros, o Novo Terra será capaz de entregar publicidade e conteúdos segmentados para cada visitante, dependendo de seu perfil. Com isso, os conteúdos vistos em cada perfil também serão divididos em três grupos: MEU (conteúdos, editorial e publicitário, próximos e relevantes para o usuário), SEU (conteúdos chancelados pelo Terra e que são importantes para todos os perfis) e NOSSO (conteúdos do Terra chancelados pelos usuários nas redes sociais, com likes, comentários e compartilhamento). O processo incluirá também novos formatos publicitários. Luciane Aquino, CMO do portal, que integra o estafe de desenvolvimento do Novo Terra (com Roni Cunha Bueno, CCO; Rafael Kuhn, CTO; Paulo Castro, CEO Global, e Rafael Davini, country manager Brasil), disse ao Portal dos Jornalistas que a mudança não implicará nenhuma alteração no Jornalismo, “cuja essência é levar informação relevante com credibilidade aos cidadãos. Até pelo contrário: a nova experiência faz com que o jornalista preste ainda mais atenção em cada unidade de conteúdo, aprimorando a edição e usando todas as ferramentas disponíveis para satisfazer os usuários. Continuamos produzindo, comprando e curando informação de qualidade. Na prática, a única mudança é o fato de que não haverá mais uma capa única para editar. Como cada usuário receberá uma página diferente segundo o seu perfil, a tarefa dos editores será a de indicar quais são os conteúdos essenciais que devem estar nas páginas de todos os usuários. Esses artigos, fotos e vídeos vão se misturar dentro do portal a outros que serão oferecidos de maneira personalizada. Nesse cenário, por exemplo, um artigo sobre a morte do Mandela (distribuído para todos os usuários) estará ao lado de uma notícia sobre a greve de ônibus local e de um vídeo dos gols do time do usuário”.

Alpha Autos lança seção exclusiva para testes

O jornal Alpha Autos lançou este mês uma nova editoria, Alpha Teste, espaço exclusivo que passa a divulgar todas as avaliações realizadas pela equipe. “As avaliações são muito importantes para os leitores e entendemos que elas precisavam ter espaço próprio, facilitando a sua localização”, comenta o editor Sérgio Dias. “Esperamos que a editoria facilite a consulta dos leitores e que também aumente o número de visitas ao site e redes sociais do jornal”. Dentre as sete avaliações do primeiro mês no espaço, destaque para o Fiat Bravo Wolverine, os novos Nissan Sentra e Renault Logan, o Volvo XC60 e a Triumph Tiger Explorer.

Mário Magalhães recebe prêmio internacional por Marighella

Mário Magalhães
Mário Magalhães

A biografia Marighella – O guerrilheiro que incendiou o mundo (Companhia das Letras), de Mário Magalhães, recebeu na última 5ª.feira (30/1) o Prêmio Literário Casa de las Américas 2014, concurso latino-americano que está em sua 55ª edição.

O anúncio dos vencedores foi realizado em uma cerimônia em Havana, e a obra foi reconhecida na categoria Literatura Brasileira, que em edições anteriores premiou, entre outros, trabalhos de Moacyr Scliar, Rubem Fonseca, Lêdo Ivo, Chico Buarque, Ana Maria Machado, Luiz Ruffato e Luiz Bernardo Pericás, que conquistou nesta edição o Prêmio Ezequiel Martínez Estrada, pela edição em espanhol do seu livro Che Guevara y el debate económico em Cuba.

Segundo o júri, a escolha de Marighella se deu “pelo rigor e consistência da investigação sobre a vida e trajetória do protagonista, pela qualidade do texto e por se tratar de um personagem-chave na vida política do Brasil e da América Latina”. Este é o quinto prêmio que Mário ganha com Marighella; os outros foram Jabuti, APCA, Direitos Humanos e Botequim Cultural.

Memórias da redação ? Uma pífia carta de vinhos

Esta semana voltamos a contar com uma história de Igor Ribeiro, que foi, entre outros, repórter de Folha de S.Paulo e Estadão, editor da revista Imprensa e do Jornalistas&Cia, e atualmente edita Mídia no Meio & Mensagem. Uma pífia carta de vinhos Antes dos aplicativos para smartphones, o Guia da Folha costumava ser uma das principais agendas culturais da capital paulista, rivalizando com a Vejinha. Sem desmerecer, ele ainda é uma baita referência, mas dez anos atrás não havia nenhum conceito parecido com smartphone e mesmo os guias de internet não prestavam muito. Em 2003 tive o privilégio de trabalhar com uma turma muito boa no suplemento semanal (*). Uma redação jovem, talentosa e cheia de vontade. A integração era ótima e ultrapassava os limites do prédio na Barão de Limeira. Como bons amigos que éramos, as pegadinhas corriam soltas, os famosos trotes do Guia. Tratava-se de uma tradição sem vítima específica, embora os novatos atraíssem certa predileção. Claro, eu também caí numa, a do “disque lide”, nos meus primeiros meses de Guia. Feito para usar no bolso ou na bolsa, a revista tem um formato pequeno, no qual não cabe muito texto. A gente tinha que escrever de forma direta, enxuta, e essa prática dificultava, depois de certo tempo, a criação de um lide muito original, algo bacana, que já não tivesse sido feito antes. Às vezes, simplesmente faltava aquele estalo inicial que daria vazão ao texto todo. Ou ainda era só preciosismo demais mesmo, ao querer inventar firulas para cada texto sobre uma nova hamburgueria. Certa vez, compartilhei com os amigos um dos meus brancos de texto. De imediato, Sandro Macedo, então responsável pelos roteiros de cinema e hoje no caderno de esportes, sugeriu que ligasse para certo ramal. Era o Disque-Lide. Achei estranho, mas a Folha sempre foi conhecida por certos traquejos corporativos que não se acham em outros jornais. Liguei e quem atendeu foi Thaís Nicoleti, consultora de língua portuguesa do grupo. “Não, eu não vou te dar ideias, mas posso te ajudar com alguma dúvida de português ou do manual”, ela disse, entre risos. Eu não devia ser o primeiro a cair no trote do Disque-Lide, que depois descobri ser uma armação comum do Sandro com Tereza Novaes, que estava de editora interina quando cheguei ao Guia. Adriana Küchler foi outra vítima das pegadinhas. Hoje ela é uma sagaz repórter da revista Serafina, mas em meados de 2005 era uma caloura de Guia da Folha. Uma rápida análise de perfil a elegeu vítima potencial do trote do “Ataque Hacker”. Consistia em se aproveitar da formatação das baias na redação para fazer a repórter pensar que sua máquina estava sendo invadida por terceiros. Explico: os computadores, aqueles beges com monitores enormes e entrada para disquete, ficavam em bancadas que se encontravam num “X”, com cada terminal numa das quinas. A gente simplesmente trocava os cabos e plugues dos teclados e mouses do computador da vítima com o do lado oposto – o terminal do editor de Arte Rodrigo Buldrini, hoje diretor na Época Negócios. Num primeiro momento, Adri não conseguiu mexer o cursor após ligar o computador. Depois ficou louco, rodopiando pela tela aleatoriamente – controlado, do outro lado, pelo mouse do Buldrini, que se contorcia para segurar a risada. Aflita, a moça pediu ajuda aos colegas que, mui solícitos, foram “examinar” a máquina, enquanto em segredo destrocavam o cabo do mouse; o do teclado continuava invertido. Aconselharam, como hoje ainda se sugere em panes variadas, que ela reiniciasse o computador. PC ressuscitado (o tecnológico, não o tesoureiro), Adri achou que havia reconquistado o controle da máquina, já que o mouse a obedecia. Ao clicar no espaço destinado ao login, porém, nada respondeu às primeiras batidas sobre as teclas. Depois, apareceram no espaço três pontinhos: –… Adri arregalou os olhos e balbuciou “Meu Deus…”. Buldrini passou a digitar, pausada e secretamente, a seguinte mensagem: – a t a q u e h a c k e r E depois disparou a digitar: – ataque hacker ataque hacker ataque hacker ataque hacker ataque hacker ataque hacker ataque hacker ataque… Aproveitou-se da informação de que Adri então aniversariava para finalizar com: – feliz aniversário!!! Adri, branca de susto, desligou o computador, chamou o helpdesk e passou a brandir: “Ele sabe quem eu sou! Ele sabe quem eu sou!”. Se não me engano, Luciano Arnold, também da Arte, ficou impassível e segurou o trote mesmo na presença do técnico que, inicialmente, achou tudo estranho, não entendeu, disse que tinha de trocar o teclado. Naquela altura, Buldrini estava na varanda do oitavo andar recuperando o fôlego… Outro trote foi ideia minha e envolveu um veterano da casa. Às 2as.feiras, eu tinha costume de levar dezenas de Dadinhos para reunião de pauta. (Observação às novas gerações: Dadinho, aqui, tem nada a ver com aquele objeto de jogo de sorte ou com algum toy art em homenagem ao personagem de Cidade de Deus; era um docinho clássico, feito à base de amendoim.) Geralmente os comprava no Péssimo, apelido carinhoso que dávamos ao restaurante do décimo andar da Folha. Durante as reuniões, Rogério Canella, editor de Fotografia do Núcleo de Revistas, costumava detonar as balas em prazo recorde, restando poucas para adoçar o encontro, que demorava um pouco. Apesar do alerta reincidente para que Canella não fosse à forra com os Dadinhos e deixasse um pouco para a geral, raramente ele levava a gente a sério. Um dia notei que o Dadinho era muito parecido, em cor e consistência, com um tablete de caldo de galinha. Com a ajuda de Buldrini e Sandro, substituímos uns três pacotinhos por tabletes e os deixamos estrategicamente próximos à posição do Canella na mesa de reuniões. Exceto o editor de foto, todo mundo foi devidamente avisado que havia balas “batizadas” e que esperasse o bote do Canella. Não foi no primeiro, no segundo, nem no terceiro docinho… Estava difícil se concentrar na reunião enquanto se disfarçava a ansiedade pela reação do Canella que, inadvertidamente, continuava a ouvir as pautas, atento a quais poderiam render boas fotos. Foi só na quarta bala que Canella, com uma careta, falou: – Que merda é isso aqui? Todo mundo gargalhou e eu, entre engasgos, disse que era para ele aprender a deixar os Dadinhos para os amigos. Canella não viu graça e ficou chateado uma semana comigo. A terceira pegadinha era mais elaborada e foi capitaneada por Sandro Macedo e Rodrigo Buldrini, envolvendo colaborações de diversas partes, incluindo Adriana Ferreira Silva (atual Veja São Paulo) e Beatriz Peres (hoje no Fantástico). Tratava-se de um golpe sofisticado, gestado havia muitos meses, a espera das férias de Giuliana Bastos, atual editora da revista Espresso, que à época era crítica gastronômica e responsável pelo roteiro de restaurantes do Guia. Mais que isso, Giu era uma feroz guardiã da seção. Ela não só visitava restaurantes para tecer análises rigorosas (ainda que muito justas), mas também cuidava para que se publicasse só as casas merecedoras de bons gourmets – como eram muitas, havia uma escala de listas cuja engenhosidade era de provocar inveja em plantonista de hospital. Giu repartia seu zelo com o crítico oficial da Folha, Josimar Melo, que assinava uma coluna no Guia. Muitas vezes Giu coincidia seu almoço com alguma avaliação, mas quando o ritmo apertava, ela almoçava com a plebe no famoso Transa, apelido do restaurante pé-sujo que ficava (fica?) atrás da Folha, cujo nome oficial era (é?) Leão da Barão. A gente costumava brincar que ela deveria resenhar o Transa no Guia, avaliando seu criativo estrogonofe, que substituía champignon por palmito, ou o fornido bife a parmegiana, que bem alimentava dois padecentes de cirurgia bariátrica. Cada vez que a gente levantava aquela bola, Giu ria e emendava um “não viaja”. Naturalmente, o Transa não era digno do Guia, apesar de merecer a nossa visita semanal.  Mas bastou que Giu pisasse fora da redação para seu mês de férias para começarmos a articular um aguardado plano de produzir uma crítica falsa do Transa assinada por Josimar Melo. Nos esforçamos com primor na missão. Tiramos uma foto do ambiente do restaurante com gente no salão, como mandava a cartilha de nossas visitas. Analisamos duas entradas, três pratos principais e duas sobremesas. Cometemos, propositadamente, alguns erros localizados, como os faria qualquer jornalista apressado, devidamente destacados por uma revisão fictícia. No texto, aliás, abusamos do rococó estilístico do gênero, que encontrava palavras ainda mais peculiares no vocabulário do Josimar (e aqui vai uma lista meramente ilustrativa, pois não guardei cópia daquela página): “o prato, pasmem, não estava quente”, “o recheio do bolinho era imaginativo, porém confuso”, “a carta de vinhos era pífia”, “o pudim saboroso e vaporoso” etc.. Claro, demos bola preta para o Transa, a pior avaliação possível. Avisamos a todos sobre a farsa e deixamos o print falso sobre o teclado da Giu em meio a outros “reais”, com anotações de revisão e edição. Quando ela voltou, Bia, então editora do Guia, logo pediu que ela dessa uma olhada nas páginas da próxima edição e batesse as emendas com a Arte. Assim que viu a página enganosa, Giuliana fez uma cara de desgosto, mas não esboçou comentário sobre o fato de o crítico da Folha avaliar o pé-sujo da rua de trás. Olhou mais atentamente e, desconsolada, só conseguiu dizer uma coisa: – Não bastasse o Josimar resenhar o Transa, você ainda tinha que sair na foto, Igor? A redação veio abaixo. (*) Folha de S.Paulo, dezembro de 2003: Naief Haddad, Tereza Novaes, Adriana Ferreira Silva (hoje em Veja SP), Beatriz Peres (O Globo), Giuliana Bastos (Café Editora), Rodrigo Buldrini (Época Negócios), Emiliano Urbim (editor da Superinteressante), Rogério Canella e Suzana Singer.

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