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Omnicom adquire Interpublic Group e redefine a indústria global de publicidade e comunicação

Omnicom adquire Interpublic Group e redefine a indústria global de publicidade e comunicação

Por Luciana Gurgel

Luciana Gurgel

Em um movimento que altera o equilíbrio de forças na indústria global de publicidade e comunicação, o Omnicom anunciou em 9/12 a aquisição do Interpublic Group, em uma transação bilionária.

A fusão, já aprovada pelos conselhos de administração de ambas as empresas, resultará no maior conglomerado do setor no mundo. A receita combinada dos dois grupos ultrapassou US$ 25,6 bilhões em 2023, enquanto o atual líder de mercado, WPP, faturou US$ 17,3 bilhões no mesmo período.

Impacto no mercado de relações públicas

A fusão deverá impactar o segmento de relações públicas, já que ambas as holdings possuem agências renomadas, algumas operando no Brasil.

O Omnicom é proprietário de FleishmanHillard, Ketchum, Porter Novelli e MMC, enquanto o Interpublic controla The Weber Shandwick Collective (incluindo a Weber Shandwick) e Golin. Segundo o Anuário de Comunicação Corporativa 2024, as agências do Omnicom lideram em faturamento entre as internacionais que atuam no mercado brasileiro, com as do Interpublic em terceiro lugar.

Negociações reveladas pelo The Wall Street Journal

No domingo (8/12), o The Wall Street Journal revelou que as negociações estavam avançadas. No dia seguinte, o acordo foi oficialmente anunciado, sendo descrito por analistas e publicações especializadas como a maior transformação do setor em décadas.

Omnicom e Interpublic são integrantes do grupo conhecido como Big Six, que inclui ainda o britânico WPP, os franceses Publicis e Havas, e o japonês Dentsu.

No campo de propaganda e marketing, o Interpublic controla agências como McCann, FutureBrand e MullenLowe, enquanto o Omnicom é responsável por marcas como BBDO e TBWA.

Detalhes da aquisição

A transação será realizada por troca de ações. Após a conclusão, os acionistas do Omnicom deterão 60,6% da nova empresa, enquanto os do Interpublic ficarão com 39,4%.

A operação está sujeita à aprovação de autoridades regulatórias nos Estados Unidos, onde ambos os grupos estão sediados e empregam, juntos, mais de 100 mil pessoas. A conclusão está prevista para o segundo semestre de 2025.

Sinergias e desafios à frente

Embora o comunicado oficial não mencione cortes, fusões de marcas ou mudanças na operação atual, a expectativa de sinergias anuais de US$ 750 milhões levanta especulações sobre possíveis transformações estruturais.

Agências que oferecem serviços semelhantes ou que competem pelos mesmos clientes podem ser impactadas, como ocorre frequentemente em fusões desse porte.

Por outro lado, integrações no setor de publicidade e comunicação enfrentam o risco de perda de clientes devido a conflitos entre marcas concorrentes. Assim, cada passo deve ser cuidadosamente estudado para não gerar perdas significativas que afetem as receitas.

Liderança da nova empresa

John Wren, atual presidente e CEO da Omnicom, continuará no cargo, enquanto o vice-presidente e CFO Phil Angelastro também permanecerá em sua posição.

Philippe Krakowsky, CEO do Interpublic, e Daryl Simm ocuparão os cargos de copresidentes e COOs da Omnicom. Krakowsky também será copresidente do comitê de integração pós-fusão.

Rumo à nova era do marketing

A aquisição reforça a estratégia de consolidação das duas empresas em um mercado publicitário e de relações públicas moldado pela transformação tecnológica e pelo avanço da inteligência artificial.

“Juntos, Omnicom e Interpublic estarão fortemente posicionados para crescer na nova era do marketing”, destacou o comunicado que confirmou a transação.


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IA é aliada na otimização do trabalho, mas apenas com supervisão humana, aponta pesquisa

IA é aliada na otimização do trabalho, mas apenas com supervisão humana, aponta pesquisa
Crédito: Markus Winkler/Unsplash

A segunda fase da pesquisa A inteligência artificial para jornalistas brasileiros, realizada pelo grupo de pesquisa Tecnologias, Processos e Narrativas Midiáticas da ESPM, formado por professores do curso de Jornalismo da ESPM-SP, com apoio e divulgação do J&Cia, indica que jornalistas brasileiros estão incorporando ferramentas de inteligência artificial em sua rotina de trabalho para tarefas mais automatizadas, como revisão de textos, pesquisa de dados e transcrição de áudios. Na avaliação dos profissionais, a IA tem se mostrado uma boa aliada na otimização do tempo e na melhoria da qualidade do conteúdo jornalístico produzido. Mas eles destacam a necessidade de supervisão humana permanente.

Estas são algumas conclusões da segunda fase do estudo (a primeira fase pode ser conferida aqui). Ele revela ainda que os jornalistas consideram baixo seu conhecimento sobre essa tecnologia e que há uma percepção de falta de treinamento oferecido pelas empresas de comunicação. Preocupações sobre a importância de respeitar direitos autorais e de manter a transparência sobre o uso de IA, além da falta de  originalidade do material produzido, são recorrentes. Os profissionais destacam também a importância da definição de parâmetros para o uso responsável da IA no jornalismo, porém apontam a carência de manuais organizados pelos meios de comunicação em que atuam, com regramentos nesse sentido.

A próxima edição de J&Cia, que circulará excepcionalmente na segunda-feira (16/12), trará um resumo dessa segunda fase da pesquisa.

Grupo In Press anuncia reestruturação de seu board

Kiki, de azul, e Roberta (à esquerda dela), com o board do Grupo In Press

Vice-líder do mercado brasileiro de relações públicas e uma das agências mais importantes do País, que tem como sócio desde 2014 o poderoso Omnicom Group, o Grupo In Press, fundado e dirigido há 37 anos por Kiki Moretti, anunciou no início desta semana uma reestruturação em seu board.

Kiki continuará com atuação executiva no grupo, como revelou em algumas das entrevistas que deu logo após o anúncio das mudanças, mas agora concentrando sua atuação no Conselho de Administração, criado em 2021 e que ela passa a presidir.

A transição, com a escolha de Roberta Machado para sucedê-la na Presidência Executiva do Grupo In Press, não traz qualquer surpresa. Roberta − que estava à frente da marca líder do Grupo, a agência InPress Porter Novelli, já há quase 7 anos − tem a absoluta confiança de Kiki e integra o grupo desde março de 1998 (esteve fora entre 1999 e 2000, quando passou temporada de 1 ano na Light). São, portanto, mais de 24 anos e meio atuando na companhia, inicialmente no Rio, onde trabalhou até o final de 2009, e desde então em São Paulo.

O desafio maior foi escolher o sucessor de Roberta, na liderança da InPress Porter Novelli, a agência líder do grupo e, de certo modo, a marca referência para o mercado. Rodrigo Pinotti, que aceitou o convite de Kiki e Roberta e, junto, o desafio de levar adiante a história de sucesso da agência, ali chega recomendado pela experiência de quase 5 anos de atuação na líder FSB Comunicação (os últimos 18 meses como CEO da Giusti Creative PR, uma das marcas da FSB Holding) e de 3 anos como diretor-geral da operação brasileira da JeffreyGroup.

Já a FleishmanHillard Brasil seguirá sob a liderança de Ana Domingues, que ali chegou em janeiro passado, após pouco mais de 13 anos e meio na própria InPress Porter Novelli.

Ao deixar a operação do dia a dia para pilotar o Conselho Executivo, Kiki tem como missão e objetivo exercer uma função mais estratégica, com foco na expansão dos negócios das várias marcas que hoje compõem o grupo, casos da própria InPress Porter Novelli e da FleishmanHillard, além da Brodeur Partners (a terceira marca com atuação direta em PR), da Vbrand (projetos audiovisuais de branded entertainment), da Critical Mass (mídia e UX) e da The Buzz Now (marketing de influência e marketing de conteúdo). E ainda das outras duas agências em que é sócia, a Oficina Consultoria, de RP, que tem sede em Brasília, liderada por Patrícia Marins; e a Dialog, HR tech, dirigida por Hugo Godinho.

Fez parte ainda desse movimento a criação de cinco diretorias executivas especializadas, que atuarão para todo o ecossistema: Negócios & Mercado, que terá como líder o recém-chegado Lorenzo Mendonza, que foi por pouco mais de 3 anos líder de vendas (Ofertas de Crescimento e Inovação de Produtos) na Accenture Song; Produtos & Serviços, com Thaís Szpigel; Métodos & Processos, com Camila Alvarenga de Paula Pinto; Administrativo/Financeiro, com Soraya Segantim; Pessoas & Cultura, com Sheila Farah; e Experiência do Cliente, com Silvia Szarf.

Kiki, de azul, e Roberta (à esquerda dela), com o board do Grupo In Press

“O objetivo maior dessa reestruturação”, disse Kiki ao J&Cia, “é garantir uma visão integrada de cada cliente, de seus negócios, de suas dores, e oferecer soluções também integradas, estratégicas e criativas, com o apoio de nossas equipes e profissionais especializados. Além de maior eficiência operacional, esse novo modelo organizacional estará obsessivamente focado em entregas de valor, estratégicas e criativas”.

Se, nesse novo modelo de gestão, se desobriga de funções operacionais, como as de RH, por exemplo, Kiki assume outras no Conselho, que continuarão a ocupá-la intensamente, caso de olhar com mais atenção para o mercado, com vistas a parcerias, aquisições e outros negócios; e também para dentro, já que passará a coordenar alguns dos comitês do grupo, entre eles o de Finanças, Gente e Inovação/Transformação.

Quanto ao ano de 2024, Kiki diz que o grupo deve novamente crescer, mas um pouco menos que em anos anteriores, pois o ano foi, como ela garante, de olhar para dentro e para essa reestruturação que permitirá à agência um novo salto de qualidade e de desempenho no mercado.

Farol Jornalismo lança especial sobre projeções para Jornalismo em 2025

Farol Jornalismo lança especial sobre projeções para Jornalismo em 2025
Crédito: Farol Jornalismo

O Farol Jornalismo lançou o Especial Jornalismo no Brasil em 2025, que reúne dez textos sobre temas essenciais para o Jornalismo no ano que vem, sob a perspectiva de autores e autoras convidados. Os temas incluem crise climática e suas consequências, influenciadores digitais na comunicação, inteligência artificial e saúde mental dos jornalistas.

Esta edição tem textos de Amanda Miranda, Bibiana Maia, Elane Gomes, Elizabeth Saad, Eloisa Loose, Izabela Moi, Juliana Albuquerque, Mariana Alvim, Moisés Costa Pinto e Thiago Borges. O projeto, realizado há nove anos, é feito em parceria com a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), com o apoio do Instituto para o Desenvolvimento do Jornalismo (Projor).

Um dos temas abordados no especial é a cobertura climática. O artigo de Juliana Albuquerque, da Rede Wayuri, por exemplo, destaca a importância de dar espaço a iniciativas de comunicadores indígenas, que realizam a cobertura das consequências das mudanças climáticas de forma qualificada e com conhecimento local.

Outros temas incluem a adaptação do jornalismo a novas tecnologias como a Inteligência Aritificial, e como aumentar a audiência nos meios digitais, principalmente com o surgimento de influenciadores que exercem o papel de comunicadores nas redes. Além disso, o especial conta com um artigo sobre condições de trabalho e saúde mental para jornalistas, temas essenciais e que devem ser mais discutidos em 2025.

Leia o especial na íntegra aqui.

Conheça os vencedores da 32ª edição do Prêmio RSF

Conheça os vencedores da 32ª edição do Prêmio RSF
Crédito: AFP/Samuel Corum

Foram anunciados os vencedores da 32ª edição do Prêmio Repórteres sem Fronteiras, que reconhece o trabalho de jornalistas e veículos que tiveram destaque na defesa e promoção da liberdade de imprensa. A cerimônia de entrega do foi em 3/12, no National Museum of Women in the Arts, em Washington (EUA).

Na categoria Coragem venceu Waël al-Dahdouh (Palestina). Diretor da Al Jazeera em Gaza, ele tornou-se símbolo de resiliência ao continuar informando mesmo após perder vários familiares em ataques israelenses. Ferido em um ataque de drone, permanece em tratamento no Catar.

Em Impacto a vencedora foi Natalya Gumenyuk (Ucrânia). Diretora do Public Interest Journalism Lab, ela documenta crimes de guerra na Ucrânia. Suas investigações ajudaram a emitir mandados do Tribunal Penal Internacional (TPI) contra Vladimir Putin e Maria Lvova-Belova por deportações de crianças. Ravish Kumar (Índia) conquistou o Independência. Destaque no jornalismo independente na Índia, ele resistiu à repressão governamental após ser expulso do canal NDTV e segue denunciando desigualdades e políticas públicas.

Em Investigativo Africano o destaque foi para Mariam Ouédraogo (Burkina Faso), do Sidwaya, que investiga violência sexual e terrorismo, assim como mulheres e crianças em situações vulneráveis. Gaël Turine (Bélgica), que ganhou Fotografia, foi responsável por documentar os efeitos devastadores do tranq, droga potente que agrava a crise de opiáceos nos EUA.

 

CNseg realiza na quinta-feira (12/12) coletiva com balanço e projeções para 2025

A Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg) realiza na quinta-feira (12/12), a partir das 14h30, uma coletiva de imprensa de fim de ano, na qual vai apresentar um balanço dos resultados alcançados em 2024 e as projeções para o setor em 2025. A coletiva será conduzida por Dyogo Oliveira, presidente da CNseg.

Além do balanço e das projeções, a Confederação vai lançar oficialmente a Casa do Seguro, projeto especial desenvolvido exclusivamente para a COP 30, em Belém. A coletiva ocorrerá no Hotel Intercontinental (Alameda Santos, 1123 – Jardim Paulista), em São Paulo.

Depois da coletiva, os presentes serão convidados a participar de um coquetel de confraternização, que terá a presença de lideranças do setor. O coquetel será na Casa Bisutti (Rua Casa do Ator, 577 – Vila Olímpia).

Mais informações aqui.

Acordo entre TV Tribuna, TV Capixaba e Rede Sim pode reorganizar afiliações de emissoras no ES em 2025

Acordo entre TV Tribuna, TV Capixaba e Rede Sim pode reorganizar afiliações de emissoras no ES em 2025
Crédito: SBT News/YouTube

Um acordo entre TV Tribuna, TV Capixaba e a Rede Sim promete reorganizar as afiliações de emissoras no Espírito Santo em 2025. A partir de 1º de janeiro, a TV Tribuna deverá retransmitir a programação da Band, enquanto a Rede Sim assumirá como nova afiliada do SBT e a TV Capixaba ficará responsável pela Record News. Conforme informado por A Gazeta, o entendimento foi discutido em uma reunião entre representantes jurídicos e comerciais, mas ainda precisa ser formalizado. A iniciativa busca encerrar disputas judiciais relacionadas às afiliações no estado.

As negociações foram motivadas por desentendimentos entre o SBT e a TV Tribuna, que enfrentaram impasses desde o início de 2023. Apesar de o SBT ter assinado contrato com a Rede Sim, a Justiça de Pernambuco determinou a continuidade do vínculo com a TV Tribuna, considerando os investimentos feitos pela emissora. Esse cenário impulsionou a Rede Tribuna, de Recife, a buscar uma parceria com a Band, alinhando interesses com a Rede Sim e a TV Capixaba para reorganizar o mercado local.

No novo arranjo, a TV Capixaba, do grupo Sá Cavalcante, assumirá apenas a programação da Record News, sem mudanças na rádio BandNews. A TV Tribuna deve manter a programação local, podendo incluir conteúdos da Band, enquanto a Rede Sim ajustará sua grade para abrigar a programação do SBT. As emissoras envolvidas não comentaram oficialmente o acordo, que, se formalizado, deverá estabilizar as operações no estado e encerrar as disputas.

Relatório denuncia estratégias de censura estatal na América Latina

Relatório denuncia estratégias de censura estatal na América Latina
Crédito: Reprodução/Fenaj

A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e outras 24 organizações da sociedade civil de sete países latino-americanos apresentaram à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) um relatório sobre tendências de censura indireta à liberdade de expressão na América Latina. O documento identifica três estratégias principais para o enfraquecimento da democracia: estigmatização da imprensa por líderes políticos, controle social por tecnologias de vigilância e judicialização abusiva de questões de interesse público.

O relatório aponta o uso de narrativas oficiais que atacam jornalistas, ferramentas como reconhecimento facial e cyberpatrulhamento para vigilância, e processos judiciais desproporcionais que visam silenciar críticos, podendo levar até ao exílio.

As organizações pedem à CIDH ações para monitorar os Estados, priorizar casos pendentes e reforçar compromissos com a liberdade de expressão, assim como a criação de um protocolo sobre comunicação digital estatal e a publicação de relatórios específicos sobre. O documento reforça a urgência de medidas concretas para prevenir violência online e offline contra jornalistas e proteger a democracia na região.

Leia o relatório completo (em espanhol) aqui.

Polícia de Santa Catarina exige que Intercept revele fontes de reportagem sobre caso Mari Ferrer

Polícia de Santa Catarina exige que Intercept revele fontes de reportagem sobre caso Mari Ferrer
Crédito: Tingey Injury Law Firm/Unsplash

A Polícia Civil de Santa Catarina está exigindo que o Intercept Brasil revele as fontes da reportagem sobre o caso Mari Ferrer, assinada pela repórter Schirlei Alves em 2020. O texto denunciou humilhações sofridas no tribunal pela influencer Mariana Ferrer, que declarou ter sido vítima de estupro em 2018. O Intercept negou o pedido.

As exigências da polícia fazem parte de um inquérito para apurar o suposto vazamento de informações do processo judicial do caso Mari Ferrer. Em texto publicado na semana passada, o Intercept revelou que a polícia está exigindo a “identificação detalhada das fontes de informação usadas na preparação da reportagem, incluindo dados que indiquem a origem do conteúdo confidencial mencionado”, além de “informações sobre como o material divulgado foi obtido”.

O Intercept Brasil classificou a investigação como “escandalosa” e negou as exigências da polícia, afirmando que elas “violam nossos direitos constitucionais”. O veículo destacou que o sigilo de fonte é um direito garantido pela Constituição para profissionais da imprensa: “O Estado brasileiro e seus agentes não podem compelir jornalistas a entregar seus instrumentos de trabalho, sob pena, além da mais completa nulidade destas provas, de eventual responsabilidade por excessos que cometer, na forma da lei. (…) Esforços de relativização do sigilo de fonte são reminiscências de um inverno autoritário de tristíssima memória”.

Em nota, a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo repudiou as exigências da polícia e também relembrou que o sigilo de fonte é um direito constitucional do jornalismo: “Está garantido no inciso XIV do art. 5º. E é condição pétrea para o exercício profissional, sobretudo no que diz respeito a denúncias de interesse público. Este é o caso da reportagem, que acabou ensejando a aprovação de uma lei para evitar que vítimas de violência sexual sejam humilhadas em julgamentos”.

Vale lembrar que Schirlei Alves, autora da reportagem, enfrenta diversos processos judiciais em decorrência de seu trabalho. A jornalista chegou a ser condenada a um ano de prisão em regime aberto e R$ 400 mil de multa por difamação após a publicação da reportagem. Em abril deste ano, relatoras da ONU ligadas aos diretos das mulheres enviaram uma carta ao Estado brasileiro na qual pedem a anulação de processos contra a repórter.

Caso Mari Ferrer

Em novembro de 2020, a repórter Schirlei Alves, do Intercept Brasil, publicou uma reportagem que denunciou humilhações sofridas no tribunal pela influencer Mariana Ferrer, que declarou ter sido vítima de estupro em 2018.

O texto expõe falas ofensivas e humilhantes direcionadas a Mariana Ferrer pela defesa do empresário André de Camargo Aranha, acusado de estuprá-la. A influenciadora chegou a chorar e implorar por respeito após ter sido desqualificada pelo advogado de defesa, Cláudio Gastão da Rosa Filho. Aranha foi absolvido em 2021.

A reportagem de Alves levou à aprovação da Lei Mariana Ferrer, sancionada em 2021, que protege vítimas e testemunhas de crimes sexuais no contexto de julgamentos.

Projor inicia coleta de dados para 7º Atlas da Notícia

Projor inicia coleta de dados para 7º Atlas da Notícia

O Instituto para o Desenvolvimento do Jornalismo (Projor) iniciou o processo de coleta de dados para a 7ª edição do Atlas da Notícia, projeto que mapeia o jornalismo local e identifica os desertos de notícias no Brasil. O resultado do censo será divulgado em julho de 2025.

O Atlas vai coletar dados de veículos de jornalismo local em cada um dos 5.570 municípios brasileiros. Nesta edição, o foco será em novos meios de comunicação surgidos em municípios até então considerados desertos de notícias; na atualização da base de dados; e no acompanhamento do fechamento de veículos de comunicação impressos e digitais.

Sérgio Lüdtke, presidente do Projor e coordenador geral da pesquisa, destaca a importância do projeto: “A atualização anual do Atlas da Notícia serve como um retrato do estado do jornalismo local no país, permitindo perceber os movimentos, os aumentos e recuos da cobertura jornalística nos territórios, além de identificar os modelos de organização que povoam o ecossistema de notícias no país”

O censo é conduzido por um coordenador de pesquisa em cada região brasileira. São eles Jéssica Botelho (Norte), Angela Werdemberg (Centro-oeste), Mariama Correia (Nordeste), Dubes Sônego Júnior (Sudeste) e Marcelo Crispim da Fontoura (Sul). Os coordenadorem vão comandar o trabalho de estudantes de comunicação e voluntários que se oferecem para colaborar com a coleta de dados. Interessados em contribuir com o Atlas da Notícia podem se inscrever neste formulário.

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