“A morte é uma sacanagem. Sou cada vez mais contra,” dizia
* Por Cristina Vaz de Carvalho, editora de Jornalistas&Cia no Rio de Janeiro
Luís Fernando Veríssimo morreu neste sábado (30/8), aos 88 anos, em Porto Alegre (RS), sua cidade natal. Ele estava internado há cerca de três semanas, no hospital Moinhos de Vento, com uma pneumonia, e o quadro se agravou. Enfrentava sérios problemas de saúde, como o mal de Parkinson e cardiopatias, desde 2021, quando sofrera um AVC. O corpo foi velado, no mesmo dia, em cerimônia aberta ao público na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul. Mais tarde, o sepultamento, restrito à família, ocorreu no cemitério São Miguel e Almas. Veríssimo deixa viúva e três filhos.
Filho do escritor Érico Veríssimo, mudou-se aos 16 anos, com a família, para os Estados Unidos, onde o pai trabalhou como professor na Universidade da Califórnia. Lá desenvolveu o amor pelo jazz, tornando-se mais tarde saxofonista. Ele próprio descreveu seu início de carreira, numa entrevista para a revista Época: “Comecei a escrever tarde, com mais de 30 anos. Até então só tinha feito traduções do inglês e não tinha a menor intenção de ser jornalista ou escritor. Quando me deram um espaço assinado no jornal, eu, por assim dizer, me descobri. … O resto, os contos e os romances são decorrências do trabalho como cronista”. Assim, manteve colunas e tiras em O Estado de S.Paulo, O Globo, Veja e Zero Hora.
Sua versatilidade para transitar, com muita qualidade, entre a crônica, o romance, os quadrinhos e os livros infanto-juvenis, fez dele um dos principais nomes da literatura brasileira contemporânea, como definiu Felipe Souza, da CNN. Veríssimo teve mais de 70 livros publicados e 5,6 milhões de exemplares vendidos. Foi ainda roteirista de programas de sucesso para a Globo. Torcedor apaixonado pelo Inter, time de Porto Alegre, com frequência escreveu sobre futebol em suas colunas diárias de jornais e em livros. “Sou um gigolô das palavras. Vivo à custa delas. E tenho com elas a exemplar conduta de um cáften profissional. Abuso delas”, resumiu ele, com o costumeiro humor.








