A deputada federal Júlia Zanatta (PL-SC) foi apontada como uma das principais autoras de assédio judicial contra jornalistas no Brasil pelo Monitor de Assédio Judicial da Abraji. Desde 2021, Zanatta abriu ao menos 12 processos contra jornalistas sob acusações de difamação, calúnia e injúria.

De acordo com a Abraji, o assédio judicial é o uso de medidas judiciais como meio de intimidar e silenciar profissionais do jornalismo. A parlamentar foi classificada pela associação como “litigante contumaz”, alguém que processa múltiplos profissionais. Seus alvos incluem comentaristas de TV e repórteres que a criticaram ou trouxeram à tona dados públicos que comprometem sua atuação política. Entre os casos mais conhecidos está o de um comunicador que a apelidou de “Barbie fascista” por causa de uma foto que a mostrava carregando armas de alto calibre.

Em entrevista à LatAm Journalism Review (LJR), Letícia Kleim, coordenadora jurídica da Abraji, afirma que essa prática gera um “efeito amedrontador” na imprensa: “É o chamado chiling effect, que impede que informações de interesse público sobre esses litigantes contumazes cheguem à população e inibe investigações futuras”.

Procurada pela LJR, Júlia Zanatta justificou suas ações como defensivas: “Como cidadã e ser humano, tenho o direito natural e legal de me defender de acusações que visam, primeiro, me desumanizar e, depois, me destruir”. A deputada negou que suas ações tenham caráter intimidatório, afirmando: “A quantidade de processos é proporcional ao número de ataques recebidos e não é uma tentativa de intimidar ou silenciar a imprensa”.

No ranking do monitor, os três maiores litigantes são o empresário Luciano Hang, com 53 processos, seguido pelo advogado Guilherme Henrique Branco de Oliveira, com 47, e pela ONG Associação Nacional Movimento Pró Armas, com 17 ações.

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