A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) fez um levantamento sobre os impactos que a pandemia trouxe aos salários dos jornalistas, principalmente no que se refere à MP 936, que, entre outros pontos, possibilita a prorrogação da redução de salário e jornada ou a suspensão do contrato de trabalho. Os dados obtidos indicam que mais de quatro mil jornalistas foram prejudicados com a MP.
Cerca de 3.900 profissionais de imprensa sofreram redução de salário e jornada durante a pandemia; 81 tiveram seus contratos de trabalho suspensos e 205 foram demitidos. O levantamento utilizou dados cedidos pelos sindicatos de jornalistas de Município do Rio de Janeiro, Distrito Federal, São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Ceará, Londrina, Maranhão, Espírito Santo, Pernambuco, Minas Gerais, Sergipe, Alagoas, Goiás, Mato Grosso do Sul e Paraíba.
A pesquisa analisou acordos individuais de redução de 25% do salário (3.808 jornalistas) e acordos coletivos para redução de 50 a 70% do salário (122 jornalistas) em aproximadamente 11 empresas de todo o País. As bases com maior número de acordos são do Estado de São Paulo e do Município do Rio de Janeiro, com 1.175 e 1.204 jornalistas afetados, respectivamente.
Rafael Mesquita, diretor do Departamento de Mobilização, Negociação Salarial e Direito Autoral da Fenaj, que participou da elaboração do levantamento, declarou que “os jornalistas foram incluídos entre os profissionais de atividades essenciais. Mas, diferentemente de trabalhadores da linha de frente, que em alguns casos conquistaram, merecidamente, algum tipo de adicional, nós fomos submetidos às medidas que reduzem direitos durante a crise sanitária. Enquanto arriscamos nossas vidas na cobertura noticiosa e nas assessorias de imprensa, somos massacrados pela redução salarial, as suspensões e as demissões”.