Laurentino Gomes, autor da trilogia de livros-reportagem 1808, 1822 e 1889, sobre a história do Brasil no período monárquico, anunciou nesta 2ª.feira (11/5) em sua página no facebook que partirá agora para outra trilogia, desta vez sobre a história da escravidão no País, com previsão de lançamento a partir de 2019.
Reproduzimos a seguir o que ele escreveu:
“Desde o lançamento do meu último livro, 1889, sobre a Proclamação da República, leitores e amigos têm-me perguntado com frequência qual seria a minha próxima obra. São muitos os temas que me atraem na história do Brasil. Por isso, relutei por algum tempo a dar uma resposta conclusiva. Chegou a hora de desfazer o mistério. Meu novo projeto editorial é uma série de três livros sobre a história da escravidão no Brasil, com previsão de lançamento a partir de 2019. Eu acredito que, 127 anos depois da assinatura da Lei Áurea pela Princesa Isabel, esse é um passivo histórico que os brasileiros ainda não conseguiram resolver. O grande abolicionista pernambucano Joaquim Nabuco afirmava que o Brasil estava condenado a continuar no atraso enquanto não resolvesse de forma satisfatória a herança escravocrata. Para ele, não bastava libertar os escravos. Era preciso incorporá-los à sociedade como cidadãos de pleno direito, o que até hoje não aconteceu de fato. Por essa razão, escolhi a escravidão como tema dessa nova trilogia. Acredito seja o assunto mais importante de toda a nossa história. O Brasil foi o maior território escravagista do hemisfério ocidental por mais de 350 anos. Estima-se que de um total de onze milhões de cativos africanos trazidos para as Américas 40% tiveram como destino as senzalas brasileiras. Foi também o país que mais tempo resistiu a por fim ao tráfico negreiro e o último do continente americano a abolir a mão de obra escrava pela chamada Lei Áurea, de 13 de maio de 1888 – quatro anos depois de Porto Rico e dois depois de Cuba. O tráfico de escravos era um negócio gigantesco, que movimentava centenas de navios e milhares de pessoas dos dois lados do Atlântico. Tenho vários outros projetos em andamento, incluindo iniciativas na área audiovisual e livros em coautoria que serão anunciados em breve, mas a escravidão é o tema que vai dominar minha agenda pelos próximos seis ou sete anos. É um trabalho de longo prazo, para ser concluído em 2021 ou 2022, porque exige pesquisas exaustivas em bibliotecas, museus e centros de estudos no Brasil e outros países. A bibliografia é enorme, com centenas de livros publicados aqui e no exterior. Como são livros-reportagem, vou percorrer três continentes – África, Europa e Américas – com o objetivo de entrevistar pessoas e visitar dezenas de lugares relacionados à história da escravidão, como os pontos de onde partiam os navios negreiros na costa da África e as regiões de desembarque no Brasil, no Caribe e nos Estados Unidos. Espero que os leitores tenham paciência de aguardar por tanto tempo essa nova trilogia – e, principalmente, que gostem do resultado!”