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sexta-feira, abril 26, 2024

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A essência da coragem

Elisa Prado

Por Ceila Santos

Ceila Santos

Entrar em contato com a história de Elisa Prado, nas circunstâncias da pandemia, significou ouvi-la com as interferências de estar dentro do espaço geográfico que representa o meu nascimento. Ouvi Elisa enquanto estava na casa dos meus pais, que moram em São Tomás de Aquino, uma cidade com cerca de 7 mil habitantes, no interior de Minas Gerais. No coração do meu Brasil.

Foi a partir deste significado geográfico que reconheci o tema que deveria tocar neste artigo, para trazer um pouco daquilo que aprendo nas práticas antroposóficas, diante da força que Elisa inspirou em mim ao contar sua biografia de líder, que acaba de passar por um dos fenômenos mais comuns nas grandes organizações, que é definir o propósito diante da nova realidade que o século XXI traz às invenções humanas.

Pergunto a você: quando pensa na dimensão territorial do Brasil, considera sua cidade natal o coração do que significa ser brasileiro diante do papel que ocupa agora no nosso país?

É uma pergunta que nos leva para dois lugares importantes quando o tema é a essência da coragem, porque nos questiona sobre as raízes de onde viemos e nos traz a conexão com o presente das escolhas que fizemos. Eis, então, uma bela linha pra reconhecer seus valores, pois a coragem é uma virtude relacionada às batidas daquilo que é caro, e raro, para o espaço em que você ocupa no mundo.

A Força!

Elisa tem a força da coragem. Traz frases curtas na sua fala que dissipa todas as dúvidas que vivi diante dos encontros com os líderes que vieram antes dela. O tom da voz de Elisa não é alto, mas eu a escutava como gritos dentro de mim, porque ela dizia tudo que eu ainda precisava ouvir para sentir a coragem de valorizar princípios tão fortes em mim como ética e coerência, os quais eu sentia vergonha de ter. Motivo?

Como escrevi no artigo de Viviane Mansi, o motivo era a indignação. Não via organismos inventados pelos homens onde tais qualidades tivessem expressas nas ações ou atitudes daquilo que eu conheço como Comunicação. Me perguntava: por que não se faz o óbvio, se todos são tão pensantes, conscientes e criam mensagens maravilhosas sobre tudo que o nosso Brasil precisa?

Elisa me mostrou o amor pelo achado que Viviane me apresentou: as chamadas Relações Públicas. Contou através da coragem tudo o que ela sentia que fazia: “Sou uma integradora, a favor da coerência. Comunicação começa de dentro pra fora, serve para conectar, integrar e relacionar público com empresas e negócios por meio de narrativas que contam histórias e trazem informações com transparência”.

Ela não falou essa frase desse jeito, mas trouxe essas palavras em diferentes momentos e eu resolvi sintetizar pedaços que acalantaram meu coração. Uma comunicação que começa por dentro, eis o sonho que acredito na voz de uma mulher que expressa a qualidade da coragem na sua fala.

Eu não vejo o que Elisa fala do lugar que eu ocupo no mundo. Mas sinto que ela fala a partir da ação. Coragem é pura ação. Dá até pra fazer trocadilho com a palavra: cor-agem – agem com a cor do coração.

Na pele do outro

Inspirar a coragem de Elisa para expirar este conteúdo, cuja chama é a Liderança Colaborativa, me fez pensar o quanto as virtudes podem ser uma esperança para cada indivíduo que deseja transformar a realidade social no lugar que ocupa. Então, a dica que consigo deixar para fechar o ciclo dos nove líderes que cuidam da Comunicação Corporativa é de investigar a sua força de presença.

Ela, às vezes, manifesta no seu lugar de fala, na herança hereditária do seu corpo físico, no lugar de onde veio, nas escolhas que fez da vida e, principalmente, naquilo que o outro reconhece em ti.

Saber exatamente qual é a virtude que representa? Como ela funciona? Lembrem-se: as virtudes estão vivas nas histórias da mitologia. Coragem, por exemplo, é representação de Artemis, Modi, Leão e Marte. Ouvir as histórias, pintá-las, desenhá-las ou fazer uma escultura de algum personagem que representa a virtude que o mundo reconhece em ti pode lhe despertar insights e, se você estiver ocupando a cadeira da liderança da Comunicação, esses insights podem mudar o mundo.

Todos os comunicadores sabem e reconhecem o poder da arte para a inovação, mas usam pouco dessa sabedoria. Eu, pelo menos, nunca soube de equipes que fazem aquarela, pintam ou bordam dentro da comunicação.

Outra dica que nos leva à essência das virtudes é reconhecê-las na natureza. O que você observa nos reinos da natureza – pedras, plantas, animais, esferas planetárias, processos orgânicos, sistemas corpóreos – que pode lhe remeter à coragem ou a força que os outros reconhecem em ti.

O que a natureza te traz de informação quando você atribui a ela essa qualidade que está investigando para compreendê-la. Tal investigação pode lhe ajudar a identificar a tabelinha SWOT da sua força e lhe orientar a como equilibrar as virtudes para ir além da potência que subsiste na sua essência. Porque até as essências podem se desenvolver pelo amanhã que o Brasil urge agora.

Box do Líder

Elisa Prado


Elisa Prado
Vivo
Líder:
Coragem e ousadia
Filosofia: Budista
Referência:
Buda

Tempo da Jornada
Jornalismo: não atuou como jornalista
RP: 10 anos
Destaque: AAB, Ogilvy & Mather, CaliaAssumpção Associados e TV-1
Corporativo: 23 anos
Destaque: Vivo, Tetra Pack e Deutsche Bank
Formação: Comunicação Social – PUC-Campinas

De Pouso Alegre, Sul de Minas, Elisa Prado reconheceu nas Relações Públicas o que queria fazer para sempre: conectar pessoas com histórias. Educada para seguir o que faria sentido para si, ela saiu de casa cedo para fazer o que queria na PUC-Campinas.

Fez estágio num hotel cinco estrelas, conheceu seu atual marido e assumiu de vez a coragem, que sempre lhe acompanhou, para morar em São Paulo, onde foi secretaria de um banco até encontrar a agência de RP AAB Ogilvy & Mather, onde aprendeu tudo sobre RP na prática.

“Nada mudou”, diz ela, referindo-se ao conceito da coerência e reputação que as Relações Públicas trazem na sua essência diante da urgência que a Responsabilidade Social invoca aos negócios para que haja o próximo passo da evolução humana.

Antes de encontrar a escola que Lalá Aranha e Rolim Valença lhe proporcionaram na AAB, Ogilvy & Mather, onde cuidava da conta da Coopersucar, ela viajou muito (a estudo) para o exterior. Fala alemão e inglês. Depois passou pela Tetra Pak, época que reconheceu a necessidade de começar a deixar seu legado no mundo e contratou Luiz Márcio Caldas Júnior como editor para produzir seu primeiro livro. Um capítulo por final de semana gerou o A Era da Transparência, da Aberje Editorial, lançado em 2013.

“Minha vida foi pautada por defesa de causas”, conta ao explicar o trabalho realizado no Deutsche Bank e na Vivo. Passou três anos na TV-1 para viver experiências que ainda não tinha vivenciado como diretora executiva e gestora de um negócio.

Desenvolveu um padrão interessante na sua carreira: esteve duas vezes na Tetra Pak e faz o mesmo na Vivo, para onde voltou em 2018 com uma missão específica, que incluía alguma evolução da própria organização. Escreveu seu segundo livro em 2017: Reputação – Riscos, crise e imagem. Dá aula na ESPM e sempre avalia como pode passar para a frente tudo o que aprendeu. Casada há 38 anos, Elisa conta da trajetória profissional de Julia, Joaquim e Luiza, com uma alegria de quem conhece a essência das organizações que contribuem para o desenvolvimento humano: Júlia está no marketing do Nubank, Joaquim, no mercado financeiro na BRZ, e Luiza, trainee na Alpargatas.

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