Da esquerda para a direita: Eduardo Ribeiro, diretor da Jornalistas Editora, João Anacleto e Fernando Soares, editor do J&Cia Auto
Andrea Ramos, Boris Feldman e Karina Simões, e as publicações Quatro Rodas, Autoesporte, Jornal do Carro, FullCast, AutoPapo e Acelerados também foram premiados pelo concurso
Foram homenageados na noite dessa segunda-feira (25/4), em São Paulo, os +Admirados da Imprensa Automotiva 2022. O concurso, que chegou neste ano à quarta edição, elegeu João Anacleto, de A Roda, como o +Admirado Jornalista do Ano.
Da esquerda para a direita: Eduardo Ribeiro, diretor da Jornalistas Editora, João Anacleto e Fernando Soares, editor do J&Cia Auto (Foto: Doug Zuntta)
Dois representantes de Pernambuco completaram o pódio, que teve na segunda posição Jorge Moraes, apresentador dos programas AutoMotor e CBN Auto, e colunista do UOL Carros, e Silvio Menezes, do programa Carro Arretado, em terceiro lugar. Boris Feldman, do AutoPapo, e Bob Sharp, do Autoentusiastas, ocuparam, respectivamente, a quarta e a quinta posições.
Nas categorias temáticas, João Anacleto levou mais um troféu, desta vez como +Admirado Influenciador Digital. Além dele, foram premiados os jornalistas Karina Simões (KS1951), em Jornalista Especializado em Duas Rodas; Andrea Ramos (Estradão), em Jornalista Especializado em Veículos Pesados; e Boris Feldman (AutoPapo), como Colunista.
Já entre as publicações, os prêmios foram para Fullcast (Fullpower), na categoria Áudio – Podcast; AutoPapo, Áudio – Rádio; Jornal do Carro, em Jornal/Caderno Automotivo; Quatro Rodas, em Revista e Vídeo/Redes Sociais); Autoesporte, em Site; e Acelerados, em Vídeo/Programa de TV.
Além dos resultados anunciados durante a cerimônia (confira a transmissão na íntegra no YouTube), uma edição especial, que circulará nesta sexta-feira (29/4), trará detalhes da festa e da emoção dos premiados.
+Admirados da Imprensa Automotiva 2022 (Fotos: Doug Zuntta)
1 de 98
A eleição dos +Admirados da Imprensa Automotiva conta com os apoios de Abraciclo, Audi, Bosch, General Motors, Honda, Scania, Volkswagen e Volkswagen Caminhões e Ônibus.
Confira a relação completa dos homenageados na quarta edição dos +Admirados da Imprensa Automotiva 2022:
Autor de livro-reportagem de maior sucesso no Brasil, Laurentino Gomes fica na segunda colocação
Patrícia Campos Mello
Pela segunda edição consecutiva, o Ranking dos +Premiados da Imprensa Brasileira, iniciativa promovida desde 2011 por Jornalistas&Cia, com o apoio deste Portal dos Jornalistas, apontou a repórter especial e colunista da Folha de S.Paulo Patrícia Campos Mello como a jornalista mais premiada do ano no Brasil. Foi a primeira vez, não apenas de forma consecutiva, que um profissional repetiu a liderança da pesquisa.
No total, ela conquistou 150 pontos, cinco a mais do que em 2019, a partir de três prêmios de jornalismo. Dentre eles, destaque para o Maria Moors Cabot, mais antiga premiação de jornalismo do mundo, concedido pela Universidade Columbia, de Nova York. Ela também faturou neste ano o Mulher Imprensa de Contribuição ao Jornalismo e o Prêmio Folha, na categoria Reportagem, pelo especial Desigualdade Global.
Estes reconhecimentos são fruto do excelente trabalho investigativo que Patrícia vem realizando nos últimos anos. Em 2018, após publicar a reportagem Empresários bancam campanha contra o PT pelo WhatsApp, que denunciava investimentos não declarados de R$ 12 milhões por apoiadores do então candidato Jair Bolsonaro, ação vedada pela Justiça Eleitoral, ela passou a receber inúmeros ataques e ameaças nas redes sociais. Ainda como desdobramento desse trabalho, em fevereiro deste ano ela foi alvo de insultos de cunho sexual durante a CPMI das Fake News por parte de membros do governo.
Laurentino Gomes
Na segunda colocação, com 110 pontos, aparece o premiado escritor de livros-reportagem Laurentino Gomes. Maior vencedor do Prêmio Jabuti, ele ergueu mais uma vez o tradicional troféu da literatura brasileira neste ano, com o livro Escravidão Volume I – Do primeiro leilão de cativos em Portugal até a morte de Zumbi dos Palmares.
Ele já havia conquistado a premiação anteriormente em outras três oportunidades com a trilogia 1808 (2008), 1822 (2011) e 1889 (2014). Também foi reconhecido neste ano com o prêmio Personalidade da Comunicação, concedido pela Mega Brasil.
Completando o pódio, aparece Rafael Ramos, da Record TV, que integrou as equipes do programa Câmera Record que venceram em 2020 os prêmios Rei da Espanha – Televisão, Vladimir Herzog – Multimídia e República – TV.
Cenas de truculência policial e autoritarismo marcaram na tarde desta terça-feira (9/12) os trabalhos na Câmara dos Deputados, em Brasília. Entre as vítimas, diversos jornalistas que cobriam o protesto do deputado Glauber Braga (PSOL-RJ), que, repetindo a ação ocorrida em agosto deste ano, quando parlamentares apoiadores de Jair Bolsonaro (PL-RJ) ocuparam por 48 horas a mesa diretora da Câmara pedindo a anistia do ex-presidente pelos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, também tomou o lugar do mandatário da casa, dessa vez em protesto à sessão que poderia resultar na cassação de seu mandato.
Após duas horas ocupando o espaço destinado a Hugo Motta (Rebuplicanos-PB), Braga foi retirado à força do local por policiais legislativos, mas antes que a ação ocorresse, os jornalistas que trabalhavam no Salão Verde foram empurrados com truculência para fora do local, em um caso em que as associações Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), Nacional de Editores de Revistas (Aner) e Nacional de Jornais (ANJ) classificaram, em nota com junta, como “incompatível com a liberdade de imprensa”.
Durante a expulsão dos profissionais, alguns jornalistas chegaram a ser agredidos, entre eles os repórteres Ana Flor e Guilherme Balza, da GloboNews, e Carol Nogueira, do UOL, e a produtora Debora Cardoso, da Record TV. Além das agressões, o sinal da TV Câmara também foi cortado instantes antes de Braga ser retirado do local, limitando assim a transmissão da ação policial.
Retirada de jornalistas foi ordem de Hugo Motta
Guilherme Balza, que acompanhou de perto a confusão e foi inclusive um dos jornalistas agredidos, relatou para a GloboNews o que aconteceu. Ele conversou com Marcelo Guedes, chefe da Polícia Legislativa, que declarou que a decisão de esvaziar o plenário e expulsar os jornalistas do local partiu do próprio Hugo Motta.
Guedes explicou que a ideia era que, após ser retirado, Glauber Braga daria uma entrevista coletiva na parte externa, mas que os jornalistas estariam atrapalhando a saída do parlamentar. O chefe da Polícia Legislativa decidiu, portanto, retirar os profissionais de imprensa à força, sob orientação do próprio presidente da Câmara dos Deputados. Em seu perfil no X (ex-Twitter), Motta escreveu que determinou a “apuração de possíveis excessos em relação à cobertura da imprensa”.
Entidades repudiam ocorrido, pedem providências e convocam para ato na Câmara
Entidades defensoras da liberdade de imprensa repudiaram as agressões a jornalistas e pediram providências das autoridades. Como citado anteriormente, em nota conjunta, Abert, Aner e ANJ declararam que “o impedimento do trabalho de jornalistas e o corte de sinal da TV Câmara são incompatíveis com o exercício da liberdade de imprensa. Cobramos a apuração de responsabilidades para que tais práticas de intimidação não se repitam e que sejam preservados os princípios da Constituição Brasileira, que veda explicitamente a censura”.
O Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC) descreveu o ocorrido como um episódio de “brutalidade”: “A TV Câmara teve seu sinal cortado às 17h34, mesmo horário em que os jornalistas começaram a ser retirados do plenário. As imagens da brutalidade, no entanto, foram registradas por outros parlamentares e outras pessoas que permaneceram no plenário e logo ganharam os principais portais noticiosos”.
Para a Associação Brasileira de Imprensa (ABI), a Câmara dos Deputados viveu “cenas nunca vistas, nem nos piores tempos da ditadura militar. A ABI exige explicações do presidente da Câmara, Hugo Motta, e a sua responsabilização direta pelas agressões aos jornalistas, parlamentares e servidores, pelo desligamento do sinal da TV Câmara e pelo cerceamento do trabalho destes profissionais”.
A ABI, inclusive, anunciou nesta quarta-feira (10/12) que tomará três iniciativas jurídicas e institucionais contra Hugo Mota: Uma representação na Procuradoria Geral da República, por crime de responsabilidade pelo fato ocorrido no interior da Câmara de Deputados, com afetação ao direito à liberdade de imprensa e expressão; um informe-denúncia Internacional à Relatoria Especial de Liberdade de Expressão da Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA; e uma representação na Comissão de Ética da Câmara de Deputados contra o Presidente Hugo Motta, por quebra de decoro parlamentar e infração disciplinar.
A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Distrito Federal (SJPDF) descreveram como “extremamente grave o cerceamento ao trabalho da imprensa e à liberdade e ao direito de informação da população brasileira. Não podemos admitir que medidas autoritárias, que remontam às vividas em um período não tão distante durante a ditadura militar, sejam naturalizadas e se repitam em nosso Congresso Nacional – que deveria ser a Casa do povo e não de quem ataca os direitos da população. Seguimos atentos e acompanhando os desdobramentos desse lamentável e absurdo episódio”.
A Fenaj e o SJPDF convocaram a categoria para o ato Basta de Censura! Em defesa dos jornalistas e pela PEC do Diploma, nesta quarta-feira (10/12), a partir das 14h, na Câmara dos Deputados, em Brasília. Segundo as entidades, o ato, que marca a abertura do 40° Congresso Nacional de Jornalistas da Fenaj, “ganha ainda maior relevância após os episódios de violência, sem precedentes, contra jornalistas ocorrido no Parlamento”.
Repercussão internacional
A confusão na Câmara dos Deputados estampou as páginas de diversos veículos internacionais, que destacaram não só as agressões e o caos instaurado, mas também o protesto de Glauber Braga e a aprovação do PL da Dosimetria, que pode reduzir as penas dos condenados pelos atos golpistas, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro.
O episódio foi repercutido nos jornais El País, do Uruguai; Swiss Info, da Suíça; Bloomberg, dos Estados Unidos; TN, da Argentina; e Le Parisien, da França.
Morreu nesta terça-feira (9/12) Ede Cury, assessora de imprensa do cantor sertanejo Leonardo, aos 70 anos, em São Paulo. Além de Leonardo, ela trabalhou também com outros nomes do entretenimento, como a apresentadora Ana Maria Braga, a ex-dançarina Carla Perez e o grupo Harmonia do Samba.
Ede iniciou a carreira no mundo da assessoria de imprensa nos anos 1990. Era filha de Rosvaldo Cury, um dos proprietários da gravadora Copacabana. Atuou por três décadas na assessoria de Leonardo. Começou a trabalhar com o cantor em 1993, cuidando também da carreira de Leandro, na dupla Leandro & Leonardo, atuando posteriormente na carreira solo de Leonardo. Esteve presente em momentos marcantes da vida do cantor, como a morte de Leandro e o acidente de carro de Pedro Leonardo, filho dele. Com seu trabalho, tornou-se uma das figuras mais respeitadas dos bastidores da música sertaneja.
Nas redes sociais, Leonardo publicou uma homenagem a Ede: “Minha querida Ede, você sabe o quanto foi importante na minha vida e do meu irmão Leandro. Segurou muitas broncas, cuidou de mim como filho, e da minha família como sua. Colheu minhas lágrimas nos momentos mais difíceis, sempre com uma palavra amiga. Obrigado por tudo Ede, foram mais de 25 anos de cumplicidade e fidelidade. Para sempre estará no meu coração”.
O narrador esportivo Galvão Bueno, que estará à frente da transmissão da Copa do Mundo no SBT/NSports, convidou André Hernan para integrar a equipe de reportagem do projeto nos jogos da seleção brasileira. A equipe de transmissão contará ainda com o repórter Mauro Naves. As informações são de Gabriel Vaquer, do F5 (Folha de S.Paulo).
Segundo apurou o F5, para fazer parte do projeto, Hernan já conseguiu a liberação da ESPN, onde comanda o programa Fala a Fonte, e da Amazon, empresa na qual atua como repórter de jogos do Brasileirão e da Copa do Brasil, ao lado de Galvão, inclusive. A assinatura do contrato, porém, ainda não ocorreu, mas deve ser realizada nos próximos dias.
Em relação aos comentaristas das transmissões, Galvão terá ao seu lado o ex-jogador Alexandre Pato, que já atua na função em jogos exibidos no SBT. Caio Ribeiro, da Globo, também recebeu uma proposta para atuar como comentarista no projeto, e está negociando com o SBT/NSports.
O SBT e a NSports, empresa da qual Galvão é um dos proprietários, firmaram uma parceria para a transmissão da Copa do Mundo. Serão ao todo 32 jogos exibidos pelos dois veículos, incluindo todas as partidas da Seleção Brasileira. Galvão, que narrou 13 edições consecutivas da Copa do Mundo, comandará a transmissão de todos os jogos do Brasil e vai narrar também outras partidas importantes da competição. Outro nome que fará parte do projeto é Tiago Leifert, que também vai narrar jogos importantes e estará à frente de programas especiais que debaterão os principais resultados do torneio.
O Tribunal de Justiça do Acre ordenou a retirada de uma reportagem do Intercept Brasil sobre um latifundiário politicamente influente que está sendo investigado pela Polícia Federal. Além disso, o Intercept não pode publicar o nome do latifundiário em nenhum de seus textos.
Esta é a segunda decisão da Justiça do Acre sobre o caso que afeta o Intercept Brasil. O latifundiário em questão entrou com um processo contra o veículo e, após decisão judicial, o site foi obrigado a tirar do ar dois textos sobre o assunto. Agora, além de ordenar a retirada de uma terceira reportagem, a Justiça determinou que o Intercept não pode publicar o nome ou qualquer informações sobre os autores enquanto durar o processo, que já se arrasta há mais de um ano.
Essa disputa judicial começou em 2024, quando o Intercept publicou duas reportagens com denúncias gravesde crimes contra um latifundiário politicamente influente. Ele entrou na justiça e pediu a retirada dos textos. O Intercept chegou a publicar um editorial em repúdio à retirada dos textos, que também foi censurado. Posteriormente, o veículo publicou uma terceira reportagem, com novos fatos envolvendo um processo judicial ao qual o fazendeiro e sua família respondem, e agora a Justiça do Acre determinou a retirada do texto e também proibiu o site de publicar outras informações sobre os envolvidos.
Para o Intercept Brasil, enquanto não houver uma decisão em última instância, nada pode ser publicado sobre o tema, incluindo fatos ou relatos de investigações oficiais da Polícia Federal. Para o veículo, trata-se de uma “violação flagrante da Constituição. Se esse precedente se consolidar, o jornalismo investigativo deixará de existir no Brasil”. Vale lembrar que as reportagens publicadas pelo Intercept Brasil sobre o latifundiário, cujo conteúdo é de interesse público, foram produzidas após investigação e apuração minuciosas, com base em documentos oficiais e relatórios da Polícia Federal.
Carolina Ercolin em sua testreia pela BandNews FM São Paulo, na manhã desta terça-feira (9/12)
O Expresso São Paulo, programa exibido de segunda a sexta-feira, das 5h às 7h, pela BandNews FM, voltou a contar com uma trinca de apresentadores nesta terça-feira (9/12). Depois de dez anos, Carolina Ercolin está de volta ao Grupo Bandeirantes para comandar a atração ao lado dos âncoras Fábio França e Luana Pereira. Ela entra na vaga que até o mês passado era ocupada por Roberta Russo, que deixou a emissora após acertar com SBT News, novo canal de notícias do Grupo Silvio Santos.
Em sua primeira passagem pela Band, de 2004 a 2015, Carolina atuou como repórter e apresentadora da Rádio Bandeirantes. Após sua saída, teve uma rápida passagem pela BTN (Brazilian Traffic Network), esteve por dois anos na Jovem Pan e nos últimos oito anos foi editora e âncora do Jornal Eldorado, na Rádio Eldorado. Antes, também foi editora de TV do Terra e repórter da Rádio ABC.
Carolina Ercolin em sua testreia pela BandNews FM São Paulo, na manhã desta terça-feira (9/12)
“Estou muito feliz, muito honrada de estar com vocês aqui hoje”, celebrou na abertura de seu programa de estreia. “Uma honra estar aqui nos microfones da BandNews FM, uma casa que eu tenho muito carinho. É uma alegria compor esse trio, esse timaço ao lado dos competentes Fabio e Luana”.
É sério, como se vê, o papo cego, este papo cego que iniciamos no dia 15 de abril de 2025, neste espaço. Há pouco, enviei uma dúzia de perguntas ao camarada Glauco Mattoso. O cabra é bom. Bom, não: é ótimo.
Glauco Mattoso
As perguntas que pediram respostas podem não ser o suprassumo de um caboclo como eu, mas as respostas são pra lá de ótimas. Dividimos este papo pelas ondas da Internet em duas partes. Na primeira, Glauco conta de si e dos outros, findando com citação ao mestre inglês John Milton. Esse Milton, autor do clássico Paraíso Perdido, nasceu no 9 de dezembro de 1608. E deste planetinha despediu-se em no dia 8 de novembro de 1674. Bom, vamos nessa e digam o que acharam.
(N.daR: o leitor que não estranhe, mas Glauco faz questão de escrever em português arcaico)
Assis Ângelo – Glauco, conte-nos um pouco sobre a sua vida incluindo filiação, irmãos etc…
Glauco Mattoso – Ja fallei e escrevi muito sobre tudo isso e muito ja escreveram sobre mim. Mas neste caso nossa conversa é como si fosse battepappo entre collegas no bar. Vale repisar toda a coisa. Para começar, quem lê para você vae reparar que escrevo pela antiga orthographia neste computador fallante. A orthographia é uma de minhas muitas manias e faz parte da rebeldia que me characteriza. No caso, contra um sacco de gattos pingados que se acha no direito de cagar regras a toda uma communidade lusophona. Ser retrô, às vezes, significa ser anarchista, até vanguardista.
Mas vamos la. Sou Ferreira da Sylva só por parte do avô paterno, mas os outros antepassados são italianos, os Canettieri e os Torrezani. Sou da Zona Leste de Sampa, redondezas da Mooca. Mais velho de trez irmãos. Só eu nasci com glaucoma, como o Ray Charles e o filho do Roberto Carlos. Ray Charles não era rico e perdeu a visão ainda creança. O filho do Roberto, mesmo rico, tambem accabou perdendo. Eu, da classe media baixa, passei por oito cirurgias, perdi primeiro o olho direito e, ja muito myope, o olho esquerdo depois dos quarenta. Suppondo que ficaria cego, e sem poder fazer tudo que a molecada fazia, virei leitor e escriptor desde cedo. Melhor alumno tambem, claro. Por causa disso sempre me bullyingavam, dentro e fora da eschola, e por causa disso virei sadomasochista: me fizeram lamber pés e chupar paus. Molecada typica de peripheria: nos annos cincoenta os arredores da avenida Sapopemba ainda eram muito baldios e os mattagaes o melhor scenario para curras entre moleques. Trauma duplo, o da deficiencia visual e o das curras, mas a litteratura serviu para desabbafar e a poesia para glosar. Para gozar, bastava a punheta. Até que eu encontrasse minha turma, nos annos septenta, nos gruppos de theatro e de militancia gay. Emquanto isso, me formei bibliothecario, trabalhei como bancario e desbundei como um dos poetas “marginaes” daquella geração.
O que me destaccou foi um poezine muito anarchico, chamado JORNAL DOBRABIL (parodiando o JORNAL DO BRAZIL), que era uma folha dobravel, ou seja, “dobrabil”. Recyclei a anthropophagia oswaldiana, mas, como sou mais escatologico, a minha foi uma “coprophagia”. Durante a dictadura, tal irreverencia chamou a attenção dos artistas e intellectuaes. Virei discipulo do Augusto de Campos e do Millor Fernandes, que me davam força. Até Caetano Velloso deu. Esse pamphleto virou livro e se tornou meu chartão de visita. Em seguida escrevi um romance autobiographico, o MANUAL DO PODOLATRA AMADOR: ADVENTURAS E LEITURAS DE UM TARADO POR PÉS, onde narro essa porra toda. Mas o que eu queria mesmo era ser poeta. Junctei os poemas do DOBRABIL em livro, mas não eram os sonnettos que hoje faço. Essa disciplina e esse rigor vieram depois da cegueira completa, ou talvez por causa della, ja que a metrica e a rhyma adjudam a memorizar e a compor na cabeça antes de passar para o computador fallante. Prompto, fallei, por fallar nisso.
Assis – Sei que o seu nome de batismo é Pedro José Ferreira da Silva. Como surgiu o pseudônimo Mattoso? Conte detalhes.
Glauco – Paresce piada prompta. O portador de glaucoma é glaucomatoso. Claro que eu percebi a analogia com Gregorio de Mattos, outro satyrico e fescennino. Mas a intenção era usar meu logar de falla como deficiente para sacanear todas as deficiencias como parte duma “missão” sadomasochista, ja que meu pae era kardecista e eu, embora não siga nenhuma chartilha, me tornei uma mixtura de antagonismos: sou exsistencialista e espirita. A contradicção e o paradoxo são outra de minhas manias. Gosto de explorar os conflictos humanos, a dupla personalidade, entre a perversão e a perversidade, entre a compaixão e a humanidade, em tudo e em todos. Por isso desdenho das censuras, que só visam a apparencia pornographica exterior, ignorando contehudos mais profundos. Nem sei o que é peor, a censura de “bons costumes” da direita ou a “politicamente correcta” da esquerda. Para mim, pisar no callo dos excluidos me irmana a todos os injustiçados, os da graça divina e os da desgraça humana.
Assis – Particularmente, tenho muita dificuldade de aceitar com naturalidade o problema que me causou o descolamento de retina. Eu estava entrando na casa dos sessenta. Fui submetido a nove cirurgias em vão. E você, como recebeu a notícia dos médicos dando conta de que você estava cego? Passou por tua cabeça a ideia de suicídio?
Glauco – Como eu dizia, passei por oito cirurgias, a primeira aos oito annos e a ultima aos quarenta e quattro. A cada operação, os medicos repetiam que, si eu continuasse enxergando, estaria no lucro, pois meu glaucoma congenito é fatal. Perdi o olho direito depois dos vinte e o esquerdo depois dos quarenta. Ja sem visão no direito, fui morar no Rio para poder trabalhar como bibliothecario no Banco do Brazil, mas na verdade eu queria sahir da casa dos paes para não me suicidar emquanto la morasse, a fim de poupar a familia do choque directo. Elles receberiam a noticia à distancia.
No Rio os abysmos são faceis de accessar e eu queria seguir o exemplo de outros artistas que se precipitaram. Para mim a perda do olho esquerdo viria logo, mas não veiu e segui tocando a vida, mas ja convivendo com gente do meio artistico e intellectual. Foi la que comecei a editar o DOBRABIL. Isso me entreteve e accabei addiando o suicidio.
Na volta a Sampa, comecei a morar em appartamento (no Rio a pensão ficava num casarão), primeiro num segundo andar, depois num nono, donde planejei me jogar assim que perdesse o olho esquerdo. Depois da perda total, mamãe veiu morar commigo uns mezes e addiei de novo. Mais tarde, percebi que conseguia me virar sozinho dentro de casa e, de repente, o sobrenatural interferiu. Traduzi Borges juncto com o professor Jorge Schwartz, ganhamos um Jaboty pela traducção, e adquiri meu primeiro computador fallante, installado com o programma DOSVOX, da UFRJ, editor de texto que uso até hoje. Esse programma me permittiu digitar tudo que vinha na cabeça, inclusive uma poesia rhymada e metrificada que eu nem imaginara poder compor. No primeiro anno, passei dos trezentos sonnettos e, no terceiro, dos mil. Hoje passei dos quattorze mil poemas, interrompi varias vezes a producção poetica para escrever e publicar outras coisas e, depois de duzentos livros, entendo que esse affan me dissuadiu do suicidio, appesar duma cegueira cada vez mais soffrida com a chegada da velhice e de outras doenças, como a neuropathia diabetica.
Entretanto, a coincidencia com Borges não foi só na cegueira progressiva e na perda em meia edade: foi tambem na vida conjugal, ja que, a exemplo da Maria Kodama, tambem me casei com um japonez, cuja companhia me reforçou a decisão de ir addiando o suicidio, que não está definitivamente deschartado, ja que a morte assistida do Antonio Cicero me suggere que agora a coisa fica mais viavel.
Assis – Pra falar a verdade, ainda não me considero com a cabeça totalmente no lugar. Ainda entro em depressão… A literatura me faz bem. É como se fosse remédio. Ouço livros e dito textos a pessoas queridas como a historiadora Flor Maria. E você ouve muito livro, mexe na internet com facilidade?
Glauco – Não gosto de audiolivros. Prefiro ler/ouvir um texto no computador fallante, digitado por mim mesmo ou por outros auctores. Meu esposo lê para mim, inclusive jornaes, e ouço radio para me informar do noticiario. Tambem ouço muita musica em CD e cheguei a produzir CDs de punk rock em sociedade com o membro duma dessas bandas. Um desses CDs, chamado MELOPÉA, junctou gente que musicou meus sonnettos, desde Arnaldo Antunes ao cearense Falcão. Mas o DOSVOX só me permitte trocar emails, pois nas redes é meu esposo Akira, alem do meu editor Lucio Medeiros, quem monitora o facebook, o instagram e o twitter. Nada disso remedia a depressão, a insomnia e a angustia exsistencial, todavia. Continuo maldizendo a cegueira e, ao contrario de Borges, não acho que seja uma dadiva divina. Dadiva foi a veia poetica, graças à assistência espiritual de Borges, Homero, Milton, Joyce, sem fallar no Cego Adheraldo…
Assis – Eu sempre li autores diversos, nacionais e estrangeiros. E você, de quais autores mais gosta? E gêneros literários como romance, conto, poesia…?
Glauco – As influencias directas são do Augusto de Campos na poesia e do Millor no livre pensar. Com elles convivi e dialoguei. Mas as influencias remotas vão da sexualidade violada à cantoria violeira, passando por Sade, Masoch, Aretino, Bocage, Gregorio e chordelistas da “litteratura de bordel”, practicantes da chamada glosa fescennina, herdeira dos epigrammas latinos e dos goliardos medievaes. Sou, portanto, um legitimo expoente da tradição pornographica na literatura canonica, ja que sou estudado em theses de universidades nacionaes e extrangeiras. Na prosa tambem curto Genet, Henry Miller, Orwell e Burgess, mas, como tenho a cultura encyclopedica dos bibliothecarios, apprecio muitos classicos universaes, de Boccaccio a Rabelais.
Assis – Acabei de escrever uma série sobre licenciosidade na cultura popular. Nesse trabalho, que pretendo que vire livro sob o título Do Popular ao Erudito: o Sexo como Expressão Artística, tem de tudo, incluindo obras de autores como Gregório de Matos e Guerra, Dalton Trevisan, Hilda Hilst, Marquês de Sade, Restif de La Bretonne, entre muitos outros. Você é um apaixonado pelo Boca do Inferno. O que tem escrito sobre ele? E no campo propriamente poético, do que você mais gosta: quadra, redondilhas, sextilhas, décimas ou sonetos?
Glauco – Estou nas principaes anthologias eroticas, inclusive a da Eliane Robert Moraes e a do Alexei Bueno, subtitulada DE GREGORIO DE MATTOS A GLAUCO MATTOSO. Em Gregorio sigo a linha satyrica, não só sexual mas tambem politica, alem do modello sonnettistico camoneano. Minha producção mais volumosa é de sonnettos (onze mil, um recorde), mas já glosei muito motte e pellejei com gente de respeito, como o Moreira de Acopiara, que publicou nosso folheto. Não satisfeito, inventei gêneros alternativos, como o dissonnetto de quattro quartettos ou o “infinitilho” de estrophes illimitadas, cada estrophe sem limite de versos, mas rhymadas na sequencia das anteriores, typo ABCDEFG… O exemplo barroco de Gregorio é instigante no sentido de crearmos jogos de palavras e eschemas estrophicos/rhymaticos engenhosos. O concretismo tambem me estimulou nesse terreno. Em alguns cyclos narrativos mais longos usei formatos estrophicos variados, como decima seguida de quartetto, oitava camoneana e verso livre, mas a cegueira sempre predominando como thema, como em “São Sansão, Sancta Dalilah”, “Evangelho de Judas Izrahiah” ou “Historia da cegueira”, estes reunidos no livro OBSCURAS ESCRIPTURAS, satyrizando a mythologia biblica, a exemplo do John Milton, que revisitou a lenda de Sansão.
Meu amigo, minha amiga: você está gostando desse nosso papo? Tem mais. Aguarde…
Mariana Becker (Crédito: Lucas Java Brito/Instagram)
A repórter Mariana Becker, especializada no cobertura de automobilismo, deixará no final de 2025 o Grupo Bandeirantes e também cobertura da Fórmula 1 em tevê aberta após 20 anos. A emissora perdeu os direitos de transmissão da F1, que passa a ser exibida na Globo a partir de 2026. O último trabalho de Becker foi no Grande Prêmio de Abu Dhabi, no último final de semana, com o inglês Lando Norris como campeão mundial. Becker esclarece, porém, que pretende seguir próxima ao automobilismo. As informações são de Ana Clara Cottecco, do F5 (Folha de S.Paulo).
Em suas redes sociais, a repórter explicou que não se trata de uma aposentadoria, e que a ideia é, na verdade, buscar uma melhor qualidade de vida e desacelerar um pouco da rotina corrida, com menos voos, fusos e fins de semana a trabalho. Além disso, ela pretende tocar novos projetos, que devem ser anunciados nos próximos meses.
Um deles é uma iniciativa, ainda em desenvolvimento, com foco em turismo, cultura e viagens: “Tem coisas que acontecem em comum em vários lugares. Quero ver como essas coisas são feitas em lugares diferentes”, declarou ao F5. Outro projeto é um canal de entrevistas, que deve ser transmitido em televisão mas também nas redes sociais. Becker deve lançar também, no ano que vem, seu segundo livro de crônicas, escrito durante viagens a trabalho. A jornalista explicou que agora terá mais tempo para organizar o material e entregar à editora.
Relembrando sua trajetória, Becker refletiu sobre o aumento (ainda longe do ideal) da presença de mulheres no automobilismo em todas as vertentes, entre estrategistas, engenheiras e mecânicas, além de torcedoras: “É muito bom ver mais mulheres ali. Sempre achei estranho um ambiente onde só tem um gênero. É saudável ter essa troca”, afirmou.
Ao menos duas jornalistas foram vítimas de violência no domingo (7/12), dia da última rodada do Campeonato Brasileiro de futebol masculino. Aline Gomes, da CazéTV, teve seu microfone arrancado com violência nas dependências da Vila Belmiro, em Santos, e Nani Chemello, da Rádio Inferno, teve seu fone de ouvido puxado, de forma hostil, por um jogador do Internacional.
Após o jogo entre Santos e Cruzeiro, na Vila Belmiro, em Santos, Aline entrou ao vivo na CazeTV para falar sobre uma confusão entre torcedores do lado de fora do estádio, que terminou com gás de pimenta. Enquanto relatava o que estava acontecendo, um homem, ainda não identificado, passou correndo e deu um tapa com força no microfone da repórter, que acabou machucando a orelha, pois ela estava usando um ponto eletrônico que estava ligado no microfone derrubado. O mesmo homem tentou derrubar a câmera e feriu também o cinegrafista da equipe. Após a agressão ao vivo, os apresentadores Casimiro Miguel e Igor Rodrigues repudiaram o ocorrido e pediram para Aline ficar em segurança.
“Não estou bem, mas vou ficar. Estou processando tudo. Quando fui entrar ao vivo, começou uma confusão. Eu só estava relatando”, desabafou Aline em suas redes sociais. “Tive o cuidado de me afastar pela nossa segurança e pelo gás de pimenta. Foi uma agressão forte, ele puxou com agressividade a câmera também. Foi pesado, nunca passei por isso. Foi chocante e eu tive uma crise de ansiedade depois”. A jornalista declarou que o Santos deu todo o apoio necessário a ela e solicitou as imagens registradas para ajudar a identificar o agressor.
Outro caso de hostilidade contra jornalistas ocorreu no jogo entre Internacional e Red Bull Bragantino, no estádio Beira-Rio, em Porto Alegre, que decretou a permanência do time gaúcho na primeira divisão do futebol brasileiro no ano que vem. Após o término do jogo, o lateral argentino Alexandro Bernabei, do Internacional, abordou de forma hostil a repórter Nani Chemello, puxando seu fone de ouvido e gritando “fala agora, fala agora!”. Ao longo da temporada, a jornalista fez comentários críticos sobre o desempenho do atleta dentro de campo.
No Instagram, Nani se pronunciou sobre o caso, afirmando que se sentiu “intimidada e incomodada” com a atitude do jogador: “Se faço uma crítica para ele e, depois do jogo, ele quiser conversar comigo, tudo bem. Mas, mexer no meu equipamento? Tirar o meu fone para gritar perto do meu rosto? Não tem necessidade. Não gostei nem um pouco”. A repórter falou que, após o ocorrido, Andrés D’Alessandro, diretor esportivo do Internacional, e André Mazzuco, diretor executivo, pediram desculpas em nome do clube.
Onde os racks antes ocupavam salas técnicas agora são apenas memórias de um padrão que se despede. No IBC 2025, o encontro global dos atores de mídia, entretenimento e tecnologia, registraram-se 43 858 visitantes de mais de 170 países, reunidos com 1.300 expositores e centenas de sessões que se dedicaram a revelar o futuro da transmissão. O que sobressaiu, contudo, não foi apenas o tamanho da convenção, mas a ênfase: nuvem, virtualização e inteligência artificial tomaram o palco como vetores de transformação concreta – não apenas promessas.
(Crédito: IBC Show)
Para o rádio – mídia que desde o início viveu de ondas e microfones – essa transformação ganha contornos de revolução silenciosa. Equipamentos físicos de estúdio, consoles de mixagem, racks de hardware, enlaces dedicados – tudo isso passa a poder ser entregue “como código”, como serviço em nuvem, como plataforma distribuída. Um artigo de apoio aponta que o custo de infraestrutura caiu entre 50% e 70% para emissoras que adotaram automação em cloud, e o tempo de entrada de novos serviços reduziu significativamente. Esse cenário significa que até uma emissora em cidade menor, com poucos recursos, pode competir em qualidade e flexibilidade com redes maiores – bastam conexão, automação e um bom conteúdo.
As fabricantes não perdem tempo. No IBC foram apresentados consoles como o AEQ Capitol IP Plus, o Myriad Cloud da Broadcast Radio (com operação nativa na Microsoft Azure), o axia Altus SE Virtual Radio Mixer da Telos Alliance, e soluções para transcrição automatizada, roteirização híbrida e playout remoto. Essas ferramentas sugerem que “estação de rádio” deixa de ser um prédio com antena e vira “fluxo operativo” em múltiplos locais, dispositivos ou ambientes de estúdio remoto. O benefício: mobilidade, escalabilidade e redução de barreiras geográficas. Um repórter pode trabalhar de qualquer lugar – o que antes exigia sala técnica, agora requer apenas uma conexão de internet.
Mas não se trata apenas de economia ou eficiência. Trata-se de contexto e audiência. A mídia sonora está cada vez mais on-demand, multiplataforma, distribuída. Essa nova infraestrutura permite experimentações com vozes geradas por IA, campanhas hiperlocalizadas, estações automatizadas que operam 24/7, e integração com streaming, podcast, rádio tradicional e vídeo. Logo, a tarefa do gestor de rádio se amplia: não basta tocar músicas ou transmitir programas ao vivo; é preciso orquestrar ecossistema – analisar dados de audiência em tempo real, personalizar oferta, adaptar conteúdo para voz, aplicativo, smart speaker, carro conectado. E tudo isso em um ambiente em que o hardware local – muitas vezes caro e lento para atualizar – perde centralidade.
Há, claro, tensões no horizonte. A dependência de nuvem exige conectividade robusta e confiável: em regiões onde a internet ainda oscila ou o custo de link é proibitivo, a vantagem se esgarça. A migração implica também mudança de cultura: operadores de rádio precisam aprender a lidar com plataformas, interfaces web, métricas de dados, licenciamento de cloud e segurança da informação. Há ainda o risco – debatido em painel do IBC – da homogeneização de vozes e programas: se uma estação “genérica” automatizada pode operar com custo mínimo, onde fica o diferencial local, a curadoria e a identidade comunitária do rádio?
No Brasil, isso é especialmente relevante. Em comunidades onde a rádio local é um pilar de comunicação, a adoção de plataforma cloud pode ser alavanca de impacto – mas também exige investimento em treinamento, conectividade e conteúdo relevante. Uma emissora que entende essa transição pode redescobrir seu papel: não apenas “falar na antena”, mas ser hub de convergência entre áudio tradicional, streaming, podcast, plataforma de dados, experiência em aplicativos e voz. O mercado global de soluções de transmissão cresce: estima-se que em 2025 o mercado de broadcasting solutions valerá US$ 10,33 bilhões, com taxa de crescimento de cerca de 9,7% até 2032. Isso significa que o cenário técnico e comercial está pronto para expansão – e quem se mover cedo pode ganhar vantagem competitiva.
(Crédito: zydigital)
Ao final, a crônica se fecha com uma imagem: o técnico de rádio abre seu laptop no sofá de casa, conecta-se à plataforma cloud da estação, gerencia o playout, ajusta o bloco comercial e responde a um alerta de automação que detectou interação elevada no app da emissora. Ele não liga um rack, não sobe em torre, não troca tubos de válvula – sua “sala técnica” cabe em wifi. A antena ainda está lá fora, o microfone ainda capta vozes, o rádio ainda faz companhia. Mas agora pode fazer muito mais – ouvir dados, adaptar ofertas, distribuir para dispositivos, identificar quem está ouvindo onde, e ajustar em tempo real. A transformação não elimina o rádio. Transforma-o. E para quem liga o dial amanhã, a mudança já está no ar.
Fontes
IBC 2025 – “IBC delivers innovation, energy, impact and business outcomes” (IBC press release) IBC 2025 (NEW)+1
Jutel – “What are the benefits of cloud-based radio automation software in 2025” Jutel
Broadcast Radio – Myriad Cloud Radio product overview broadcastradio.com
Coherent Market Insights – Global Broadcasting Solutions Market size and forecast (2025-2032) coherentmarketinsights.com
Álvaro Bufarah
Você pode ler e ouvir este e outros conteúdos na íntegra no RadioFrequencia, um blog que teve início como uma coluna semanal na newsletter Jornalistas&Cia para tratar sobre temas da rádio e mídia sonora. As entrevistas também podem ser ouvidas em formato de podcast neste link.
(*) Jornalista e professor da Fundação Armando Álvares Penteado (Faap) e do Mackenzie, pesquisador do tema, integra um grupo criado pela Intercom com outros cem professores de várias universidades e regiões do País. Ao longo da carreira, dedicou quase duas décadas ao rádio, em emissoras como CBN, EBC e Globo.
Quintino Gomes Freire restaurou o prédio onde funciona o Diário do Rio. O jornal é digital, mas tem, nas palavras dele mesmo, uma redação à moda antiga, na Travessa do Comércio 6, a poucos metros do Arco do Teles, no Centro. A nova redação foi inaugurada em 27/11, com a exposição O cotidiano no Rio no século XIX, com litografias aquareladas de Jean Baptiste Debret e objetos de época. Só o cenário já vale uma visita.
O prédio, construído no século XVIII, está localizada a poucos metros de onde funcionou seu antecessor impresso – o primeiro jornal diário a circular no Brasil, entre 1821 e 1878. O novo Diário do Rio, fundado em 2007, já operava em parte deste endereço. Com 14 metros de frente e três andares com pé direito de mais de 4 metros, a nova sede conta com estúdio de podcast, rádio e vídeo, tem fachada e interior com detalhes em vermelho, piso em ipê e forro em madeira pinho de riga.
E por falar em revitalização, o antigo edifício do jornal vespertino A Noite, que também foi sede da Rádio Nacional e da EBC, passa por um retrofit com previsão de término em 2027. O prédio – tombado pelo Iphan como o primeiro arranha-céu de concreto armado da América Latina – foi projetado por Joseph Gire, o mesmo do Copacabana Palace, em estilo art déco. Terá agora 447 apartamentos, três lojas, restaurante temático no 23º andar em homenagem à Rádio Nacional, e um mirante aberto ao público no rooftop.