Da esquerda para a direita: Eduardo Ribeiro, diretor da Jornalistas Editora, João Anacleto e Fernando Soares, editor do J&Cia Auto
Andrea Ramos, Boris Feldman e Karina Simões, e as publicações Quatro Rodas, Autoesporte, Jornal do Carro, FullCast, AutoPapo e Acelerados também foram premiados pelo concurso
Foram homenageados na noite dessa segunda-feira (25/4), em São Paulo, os +Admirados da Imprensa Automotiva 2022. O concurso, que chegou neste ano à quarta edição, elegeu João Anacleto, de A Roda, como o +Admirado Jornalista do Ano.
Da esquerda para a direita: Eduardo Ribeiro, diretor da Jornalistas Editora, João Anacleto e Fernando Soares, editor do J&Cia Auto (Foto: Doug Zuntta)
Dois representantes de Pernambuco completaram o pódio, que teve na segunda posição Jorge Moraes, apresentador dos programas AutoMotor e CBN Auto, e colunista do UOL Carros, e Silvio Menezes, do programa Carro Arretado, em terceiro lugar. Boris Feldman, do AutoPapo, e Bob Sharp, do Autoentusiastas, ocuparam, respectivamente, a quarta e a quinta posições.
Nas categorias temáticas, João Anacleto levou mais um troféu, desta vez como +Admirado Influenciador Digital. Além dele, foram premiados os jornalistas Karina Simões (KS1951), em Jornalista Especializado em Duas Rodas; Andrea Ramos (Estradão), em Jornalista Especializado em Veículos Pesados; e Boris Feldman (AutoPapo), como Colunista.
Já entre as publicações, os prêmios foram para Fullcast (Fullpower), na categoria Áudio – Podcast; AutoPapo, Áudio – Rádio; Jornal do Carro, em Jornal/Caderno Automotivo; Quatro Rodas, em Revista e Vídeo/Redes Sociais); Autoesporte, em Site; e Acelerados, em Vídeo/Programa de TV.
Além dos resultados anunciados durante a cerimônia (confira a transmissão na íntegra no YouTube), uma edição especial, que circulará nesta sexta-feira (29/4), trará detalhes da festa e da emoção dos premiados.
+Admirados da Imprensa Automotiva 2022 (Fotos: Doug Zuntta)
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A eleição dos +Admirados da Imprensa Automotiva conta com os apoios de Abraciclo, Audi, Bosch, General Motors, Honda, Scania, Volkswagen e Volkswagen Caminhões e Ônibus.
Confira a relação completa dos homenageados na quarta edição dos +Admirados da Imprensa Automotiva 2022:
Autor de livro-reportagem de maior sucesso no Brasil, Laurentino Gomes fica na segunda colocação
Patrícia Campos Mello
Pela segunda edição consecutiva, o Ranking dos +Premiados da Imprensa Brasileira, iniciativa promovida desde 2011 por Jornalistas&Cia, com o apoio deste Portal dos Jornalistas, apontou a repórter especial e colunista da Folha de S.Paulo Patrícia Campos Mello como a jornalista mais premiada do ano no Brasil. Foi a primeira vez, não apenas de forma consecutiva, que um profissional repetiu a liderança da pesquisa.
No total, ela conquistou 150 pontos, cinco a mais do que em 2019, a partir de três prêmios de jornalismo. Dentre eles, destaque para o Maria Moors Cabot, mais antiga premiação de jornalismo do mundo, concedido pela Universidade Columbia, de Nova York. Ela também faturou neste ano o Mulher Imprensa de Contribuição ao Jornalismo e o Prêmio Folha, na categoria Reportagem, pelo especial Desigualdade Global.
Estes reconhecimentos são fruto do excelente trabalho investigativo que Patrícia vem realizando nos últimos anos. Em 2018, após publicar a reportagem Empresários bancam campanha contra o PT pelo WhatsApp, que denunciava investimentos não declarados de R$ 12 milhões por apoiadores do então candidato Jair Bolsonaro, ação vedada pela Justiça Eleitoral, ela passou a receber inúmeros ataques e ameaças nas redes sociais. Ainda como desdobramento desse trabalho, em fevereiro deste ano ela foi alvo de insultos de cunho sexual durante a CPMI das Fake News por parte de membros do governo.
Laurentino Gomes
Na segunda colocação, com 110 pontos, aparece o premiado escritor de livros-reportagem Laurentino Gomes. Maior vencedor do Prêmio Jabuti, ele ergueu mais uma vez o tradicional troféu da literatura brasileira neste ano, com o livro Escravidão Volume I – Do primeiro leilão de cativos em Portugal até a morte de Zumbi dos Palmares.
Ele já havia conquistado a premiação anteriormente em outras três oportunidades com a trilogia 1808 (2008), 1822 (2011) e 1889 (2014). Também foi reconhecido neste ano com o prêmio Personalidade da Comunicação, concedido pela Mega Brasil.
Completando o pódio, aparece Rafael Ramos, da Record TV, que integrou as equipes do programa Câmera Record que venceram em 2020 os prêmios Rei da Espanha – Televisão, Vladimir Herzog – Multimídia e República – TV.
A Organização Não Governamental Repórteres Sem Fronteiras divulgou os resultados de 2025 de seu balanço anual de jornalistas mortos, presos, reféns e desaparecidos pelo mundo. O documento, que analisou dados divulgados entre 1º de dezembro de 2024 e 1º de dezembro de 2025 mostrou que o número de jornalistas assassinados voltou a aumentar neste ano, principalmente devido às práticas criminosas das forças armadas, regulares ou não, e do crime organizado.
Dos 67 jornalistas assassinados nos últimos 12 meses, 43% foram mortos em Gaza pelas forças armadas israelenses. Também se destacaram negativamente neste quesito as vítimas na Ucrânia, pelo exército russo, e no Sudão, país que se destaca como uma zona de guerra particularmente mortal para a profissão.
Outro número alarmante diz respeito aos jornalistas detidos, que somam 503 em todo o mundo. Neste quesito, a China lidera com 121 profissionais de imprensa detidos, seguido por Rússia (48) e Birmânia.
Além disso, um ano após a queda de Bashar al-Assad, vários de repórteres presos ou capturados durante o seu regime estão desaparecidos, tornando a Síria o país com o maior número – mais de um quarto do total – de profissionais da mídia desaparecidos em todo o mundo.
“Eis o resultado do ódio aos jornalistas!”, denuncia Thibaut Bruttin, diretor Geral da RSF. “Ele levou à morte de 67 jornalistas este ano, não por acidente, não como efeito colateral. Eles foram mortos, visados por causa de seu trabalho como jornalistas. Este é o resultado da impunidade: o fracasso das organizações internacionais, que já não conseguem fazer cumprir a lei sobre a proteção de jornalistas em conflitos armados, é consequência da falta de coragem dos governos que deveriam implementar políticas de proteção pública. De testemunhas privilegiadas da história, os jornalistas tornaram-se gradualmente vítimas colaterais, testemunhas inconvenientes, moeda de troca, peões em jogos diplomáticos, homens e mulheres a serem eliminados. Cuidado com os atalhos jornalísticos: ninguém dá a vida pelo jornalismo, ela lhe é roubada; jornalistas não morrem, são assassinados”.
Daniela Abravanel durante o lançamento do SBT News
Gerou grande repercussão a festa de lançamento do SBT News, novo canal de notícias do Grupo Silvio Santos, realizada no último dia 12 de dezembro, em São Paulo. Além de um discurso em holograma do próprio Silvio Santos (1930-2024), que completaria 95 anos no mesmo dia do evento, o encontro contou com as presenças e discursos de diversas autoridades, entre elas a do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), do vice-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Alexandre de Moraes, e do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB).
Insatisfeito com as presenças de Lula e Moraes, o cantor sertanejo Zezé de Camargo usou as redes sociais para atacar a emissora e as filhas de Silvio Santos, acusando-as de estarem “prostituindo” a emissora. Zezé, vale lembrar, é um grande aliado e admirador do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), atualmente preso na sede da Polícia Federal, em Brasília, após ter sido condenado, entre outros crimes, por tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa armada.
Em Carta Aberta divulgada na última segunda-feira (15/12), Daniela Abravanel Beyruti, presidente do SBT e filha de Silvio Santos, mesmo sem citar o cantor sertanejo, lamentou as críticas que sua família vinha sofrendo e ressaltou que a proposta do SBT News é entregar ao Brasil um jornalismo confiável, sem partido, sem lado. “Um jornalismo que não terá viés, não terá algoritmo, não provocará divisão e raiva entre as partes, não será nutrido por inteligência artificial e dará ao público apenas a notícia e a verdade dos fatos”, afirmou.
Daniela Abravanel durante o lançamento do SBT News
Confira a íntegra da Carta Aberta:
“Nos últimos dias, minha família tem sido alvo de críticas, antes mesmo de apresentarmos a nossa proposta para o SBT News. Isso é exatamente o que queremos combater: a falta de diálogo entre um povo que tem muitas virtudes e que amamos tanto.
Nos últimos cinco anos, o SBT foi reconhecido pelas pesquisas realizadas pelo Instituto Reuters como o jornalismo de maior confiança e credibilidade. Nosso jornalismo segue uma carta com princípios do meu pai e fundador.
Foi justamente por conta dessas pesquisas e dessa carta com esses princípios que tomamos coragem para abrir um canal de notícias com a proposta de entregarmos mais do que somos e temos. Somos imparciais e isentos. Cabe a nós mostrarmos os fatos e, ao público, julgá-los.
O lançamento do projeto, na última sexta-feira, 12/12, refletiu essa pluralidade e o respeito a todas as instituições. Tivemos representantes do Executivo, do Judiciário e do Legislativo.
Ditas todas essas coisas, lamento a forma como temos sido mal interpretadas. Antes de as pessoas verem nosso trabalho, decidiram julgá-lo.
Queremos entregar ao Brasil um jornalismo confiável, sem partido, sem lado. Um jornalismo que não terá viés, não terá algoritmo, não provocará divisão e raiva entre as partes, não será nutrido por inteligência artificial e dará ao público apenas a notícia e a verdade dos fatos.
Amamos nosso país, torcemos por ele, amamos nosso povo, trabalhamos para ele e convidamos a todos a embarcarem nesse projeto que deseja amenizar os ânimos.
A todos os que têm dúvidas ou receios, faço um convite: assistam ao SBT News. Vocês verão, na prática, o jornalismo de qualidade e independente, que é a nossa marca”.
Já está no ar o Especial Jornalismo no Brasil em 2026, projeto desenvolvido pelo Farol Jornalismo em parceria com a Abraji e apoio do Projor. Em sua décima edição, o projeto apresenta uma seleção de conteúdos dedicados a discutir temas relevantes da prática jornalística no país.
Nesta edição, os conteúdos abordam temas como as eleições de 2026, extremismo político, jornalismo local, jornalismo na era digital, Inteligência Artificial (IA), feminismo, entre outros tópicos. As publicações são de autoria de Letícia Cesarino, Ester Borges, Anderson Meneses, Juliana Lourenço (Nidéwãna), Marcelo Soares, Ana Carolina Araújo, Cristina Zahar, Fernanda Lara, José Kaeté, Larissa Noguchi, Daniel Nardin e Vinícius Valfré.
As projeções para 2026 mostram um cenário em que o jornalismo precisará lidar simultaneamente com os impactos da economia da atenção, o avanço da desinformação impulsionada por IA generativa e o ambiente político marcado pelo extremismo. As análises reunidas nesta edição apontam que, em ano eleitoral, a pressão por velocidade e engajamento tende a aprofundar vulnerabilidades já conhecidas, fazendo com que jornalistas e redações revisem métodos e assumam uma postura mais consciente diante das novas dinâmicas digitais.
Os textos também destacam que a resposta aos desafios de 2026 passa pela retomada de vínculos sociais, pela valorização do jornalismo local e pela colaboração entre diferentes atores do setor. Da segurança de jornalistas durante a cobertura eleitoral à necessidade de novas estratégias coletivas diante das plataformas, as reflexões apresentadas oferecem pistas sobre como o campo pode reafirmar seu papel democrático em um contexto informacional cada vez mais acelerado e adverso.
Agora, meus amigos e amigas, vamos para a parte final do papo que mantive com Glauco Mattoso (Pedro José Ferreira da Silva), o mais prolífico autor brasileiro de sonetos. Digo brasileiro, mas pode ser o mais prolífico autor de sonetos do mundo desde sempre – para ler a primeira parte, clique aqui; vale lembrar que ele é cego e responde em português arcaico por um programa de transcrição de voz chamado DOSVOX. Vamos lá!
Assis Ângelo – Você também tem escrito textos em prosa? E textos para música?
Glauco Mattoso – Sim, fiz parceria com musicos de varias tendencias, geralmente
pondo melodia em meus sonnettos. Mas fiz pausas na producção poética para escrever trez volumes de contos, um romance parodico, A Planta da Donzella (pervertendo a podolatria do José de Alencar em A Patta da Gazella), e em tractados orthographicos e estichologicos, alem de ensaios sobre sadomasochismo e fetichismo, chronicas e columnas na imprensa, como na revista Caros Amigos.
Assis – No dia a dia você ouve rádio, TV, CD, LP, que mais? Cinema, teatro…?
Glauco – Fiz parte do gruppo de theatro do Paschoal da Conceição (discípulo do Zé Celso) emquanto ainda enxergava, mas agora não vou mais a shows, peças nem filmes. Sahir de casa é muito sacrificado e inseguro. Prefiro curtir som nos phones de ouvido e ouvir filmes pela TV, com áudio descripção do meu esposo. Meus cineastas predilectos são Kubrick, Ken Russell, Pasolini, David Lynch e Almodovar. Nenhum brazileiro. Todos, aqui, são bundas molles. Só Zé do Caixão passa perto do que quero. Ja que o cinema não me faz tanta falta, preencho o meu quotidiano como posso. Nestes dois sonnettos dou idéa, practica e theorica:
Territorio Transitorio [4454]
Si longa for demais a minha estrada,
talvez nem haja tempo de voltar.
Si houver, voltar aonde? A qual logar
pertenço? Algo acharei, voltando, ou nada?
Na duvida, prosigo. Penso, a cada
momento, si na vida vou deixar
alguma coisa prompta e, quando o par
de botas pendurar, si a coisa aggrada.
A vida passa rapido! Me enganno
achando que algum plano poderia
fazer, pois muda tudo, ao fim dum anno.
Melhor, mesmo, é prever uma utopia
mensal, ou semanal, cumprindo um plano
a cada minutinho do meu dia.
///
Dia do Braille [10.692]
Cansei ja de fallar! Essa mania
que todos os que enxergam teem me cansa,
pois acham que mais pesa na ballança
dum cego si elle em braille se vicia!
Àquelle que ja viu e que ja lia
nas lettras normaes, é desesperança
total que, nuns ponctinhos, haja mansa
leitura pelo tacto! Nem podia!
Ponctinhos appalpar é como ousar
ler algo por um pão com gergelim
ou, por um brigadeiro, solettrar!
Prefiro, pois, comel-os! Para mim,
programmas de informatica logar
tomaram desse braille tão ruim!
///
Assis – Glauco, dá uma resumida da vida vivida até aqui.
Glauco – Não recompensou mas compensou. Não recompensou porque sancto de casa não faz milagre. Si eu fosse francez ou inglez ja teria sido reconhescido, seja pela qualidade, seja pela quantidade, seja pelo contehudo pornô, seja pelo lado mais “nobre” e “elevado” da thematica philosophica, mas nem siquer tenho contracto com uma editora commercial. Só pela Braziliense publiquei ensaios sobre poesia marginal e tortura e, pela Record, um diccionario bilingue de palavrões, mas para a poesia não exsiste editor. Tenho eu mesmo que publicar, pelo meu sello Casa de Ferreiro, os livros de poemas, preparados pelo Lucio: um catalogo de
cento e cincoenta titulos, na maioria e-books e alguns impressos. Ou seja, compensou nesse sentido, da obra produzida, publicada e estudada no meio academico. Por fallar em academia, sou membro benemerito da Abrasso, Academia Brazileira de Sonnettistas.
Glauco Mattoso
Assis – E essa coisa de família, amor, esperança… Você tem medo da morte? E da violência que grassa no mundo, hein? Nós humanos temos salvação, nascemos para ter felicidade?
Glauco – Salvação? Necas de tupybirybas! Si me perguntarem si sou racista, respondo que sim: acho que a raça humana deveria ser exstincta por um cometa ou por um attaque extraterrestre. Só tenho pena do viralatta caramello e do basset hound, as raças mais fofas. Meu esposo ainda me deixa accreditar no affecto e no companheirismo. A culinaria italiana e as sobremesas mineiras me deixam accreditar no lado approveitavel da vida, desaffiando o quadro diabetico. Serve de consolo.
Assis – Em 1905, Olavo Bilac e Guimarães Passos publicaram um livro intitulado Tratado de Versificação. Você tem um livro com esse mesmo título. Fale da sua obra e de quantos livros publicou até agora. Tem pensado em roteiro para cinema?
Glauco – Meu tractado tinha o titulo de Osexo do verso: machismo e feminismo na regra da poesia, typo uma these, mas accabou sahindo impresso com o titulo mais obvio. Ja o reeditei pelo meu sello. Já publiquei mais de duzentos livros, na maioria digitaes, pela Casa de Ferreiro, alguns impressos em pequena tiragem. Todos serão raridades nos sebos virtuaes ou physicos do paiz… Para cinema quem me ropteirizou e dirigiu foi Gustavo Vinagre, no premiado Filme para poeta cego, mas almejo um longa-metragem para meu romance lyrico Raymundo Curupyra, O Caypora, todo composto em sonnettos, mas de enredo repleto de acção,
adventura e sexo, ambientado em Sampa, que até ganhou um Jaboty. Não creio num director nem numa productora capazes de encarar um argumento tão violento e cruel, que aliaz termina em suicidio, sem querer querendo dar spoiler.
Capa Caypora
Assis – O seu sobrenome é o mesmo sobrenome de um caboclo pernambucano chamado Virgulino e que entrou para a história como Lampião. Esse era cego de um olho e dizia que não precisava de dois porque para acertar no alvo tinha de fechar um deles. Pergunta: dá pra comparar a violência lampiônica com a violência praticada ora em dia pelos soldadecos do crime organizado?
Glauco – Não. Lampeão foi mais malvado ainda. Umas lendas dizem que elle perdeu um olho galopando pela caatinga, de raspão num cacto, mas outras dizem que elle tambem teve glaucoma. Seja como for, elle me fascina e já foi thema de meus poemas. Ja sonhei que entrava para o bando delle só para poder massagear os pés delle e dos demais jagunços… Por fallar nisso, me especializei na massagem podotherapeutica, chamada reflexologia, e frequento uma clinica onde todos os massagistas são cegos. La sou massageado e tambem massageio. O effeito é relaxante e allivia o estresse do dia a dia. Emfim, os pés não são somente fonte de fetichismo, mas tambem de tractamento holistico. Outra de minhas manias, essa especie de bruxaria do bem. A bruxaria do mal eu deixo para revidar o mau olhado dos meus inimigos, que não se conformam que um cego possa ser escriptor… Mas, para não perder a deixa, observo que, si sou xará do Lampe pelo sobrenome, sou pelo prenome xará do Pedro José Constancio, um pornô contemporaneo do Bocage. Versejei sobre esses xarás e dou exemplo abbaixo, num sonnetto que virou dissonnetto (com quattro quartettos) e numa ode decasyllaba.
Preto no Branco [4113]
Que eu tenha o sobrenome de Ferreira
da Sylva, que é tambem do Virgulino,
não causa expanto algum, sendo destino
commum a muita gente brazileira.
Mas, caso de outros dados alguem queira
saber, e quando os factos examino,
descubro que o bandido nordestino
estava, num dos olhos, com cegueira.
Glaucoma tambem teve Lampeão,
molestia que, supponho, a ponctaria
em nada lhe affectara no olho são
nem sua vida activa affectaria.
Bandidos, todos somos, todos são.
Commigo algo em commum a mais teria
aquelle cangaceiro: uma visão
normal da crueldade, noite e dia.
O rádio que pensamos ontem – microfone, antena, fone de ouvido – está sendo redesenhado por bits, clicks e dados. O segundo trimestre de 2025 nos EUA ofereceu uma fotografia clara: a receita digital para emissoras de rádio não é mais “opção” ou “futuro”, é estratégia central. Grupos como iHeartMedia, Beasley Media Group, MediaCo Holding e Townsquare Media mostraram nos resultados financeiros que a parte digital da operação já sustenta – ou ao menos equilibra – a queda da transmissão tradicional. Para o Brasil, esse movimento serve de alerta e de roteiro.
A iHeartMedia relatou que a receita de áudio digital aumentou 13% e que os podcasts cresceram 28%, enquanto o rádio AM/FM tradicional caiu. A receita totalizou US$ 934 milhões, com o segmento digital atingindo US$ 324 milhões. Já a MediaCo viu sua receita digital subir de US$ 3,4 milhões para US$ 9,4 milhões e reduziu perdas de US$ 49,3 milhões para US$ 9,1 milhões em um ano. A Townsquare afirmou que mais da metade de sua receita em 2025 já vem do digital. Essas empresas movem o rádio para o eixo “digital-first”.
A proporção de gastos com publicidade local de rádio nos EUA que era digital (19% em 2022) está projetada para subir para 25,1% até final de 2025. Essa migração de verba mostra que os anunciantes não estão abandonando o rádio – estão exigindo que o rádio esteja no digital, no streaming, no podcast, no ecossistema online.
A receita digital permite modelos mais flexíveis: streaming ao vivo da emissora, inserções de anúncios no player, banners em apps, podcasts próprios, branded content, redes sociais monetizadas e até compra programática de mídia fora do inventário da estação. Emissoras menores, comuns no Brasil, geralmente trabalham com streaming simples + site + post patrocinado; os grandes grupos já oferecem pacotes 360°, com rádio, digital, social, CTV, programática.
Para quem produz rádio, a consequência é dupla: precisa manter a excelência da transmissão tradicional (porque o alcance ao vivo importa) e ao mesmo tempo investir em formatos digitais – podcast, streaming, app – com monetização e venda de inventário digital. Quem ignorar o digital “complementar” corre risco de ver a base de anunciantes migrar para canais que entregam dados, interação, segmentação.
No Brasil, a rádio ainda domina grandes audiências locais e a publicidade tradicional permanece relevante. Mas se os EUA já mostram o digital encurtando caminho, o Brasil tem vantagem: pode saltar etapas. Em vez de “apenas rádio com streaming”, pode imaginar “rádio + podcast + serviço de dados + publicidade digital regional”. A tecnologia e os modelos estão disponíveis – cabe à emissora local adotá-los.
É preciso coragem para rever modelos de venda, treinar equipes de comercialização, abraçar dados de audiência sob demanda, entender perfil da escuta digital, e vender como “plataforma de mídia” e não apenas “espaço no ar”. O ouvinte que ouvia no carro agora ouve no app, no celular, no smart speaker – e exige formatos curtos, personalização, interação.
Pense em uma estação comunitária de cidade média: o técnico liga o servidor, aciona o streaming, lança podcast semanal, oferece app de escuta e ativa banner digital no site. Um anunciante local compra spot no ar, streaming, publicação no Instagram da rádio e podcast patrocinado. A conta fecha. Antes a venda era “um spot às 8 h”; agora é “pacote digital + rádio + podcast + interatividade”. O microfone continua, mas o login, o click e o dado passam a contar.
A audiência, por sua vez, mudou: a pessoa não espera mais o horário da rádio; ela abre o app, escolhe episódio, volta episódio, comenta no chat, aumenta a velocidade, pula o bloco. O rádio não perdeu sentido – apenas se integrou ao mundo digital que já existe. E a receita do rádio sobrevive, cresce, se transforma – se souber acompanhar.
A revolução é silenciosa, sem antena pegando fogo, sem companhia de “mais ou menos audiência”. É na taxa de retenção, no app rodando em segundo plano, no podcast patrocinado por marca regional, no banner exibido enquanto a música toca. É no clique que escolhe e no dado que monitora. O rádio que escolhe não desaparecerá – se adaptar, prosperará.
Fontes:
Radio Ink – “Digital se consolida como fonte estratégica de receita para as emissoras de rádio” (12 out. 2025)
iHeartMedia – Relatório 2T2025 (US$ 324 mi de áudio digital; podcasts +28%)
Townsquare Media – Relatório 2T2025 (digital >50% da receita)
eMarketer / Insider Intelligence – Previsão de publicidade no rádio local digital: 25,1% até 2025
Você pode ler e ouvir este e outros conteúdos na íntegra no RadioFrequencia, um blog que teve início como uma coluna semanal na newsletter Jornalistas&Cia para tratar sobre temas da rádio e mídia sonora. As entrevistas também podem ser ouvidas em formato de podcast neste link.
Álvaro Bufarah
(*) Jornalista e professor da Fundação Armando Álvares Penteado (Faap) e do Mackenzie, pesquisador do tema, integra um grupo criado pela Intercom com outros cem professores de várias universidades e regiões do País. Ao longo da carreira, dedicou quase duas décadas ao rádio, em emissoras como CBN, EBC e Globo.
Foram anunciados os vencedores da 25ª edição do Prêmio Fundação FEAC de Jornalismo, que valoriza e reconhece trabalhos jornalísticos sobre iniciativas e ações capazes de impulsionar melhorias estruturais na Região Metropolitana de Campinas. Nesta edição, o tema era Desenvolvimento Territorial – Integrando Esforços para Alavancar Transformações Duradouras.
Na categoria Televisão, a vencedora foi Nathália Henrique, da Educa TV Campinas, com a reportagem Horta comunitária de Campinas é premiada por semear transformação social, sobre a horta comunitária do Jardim Florence, espaço que promove convivência, bem-estar e desenvolvimento local.
A Associação Nacional de Jornais (ANJ) realizou o painel “IA e o futuro do jornalismo”, que reuniu lideranças de redações para debater o uso da Inteligência Artificial nos veículos jornalísticos do País. O evento ocorreu durante a cerimônia de premiação do Prêmio ANJ de Liberdade de Imprensa de 2025, na ESPM Tech, em São Paulo.
Participaram do debate Alan Gripp, diretor de Redação de O Globo; Sérgio Dávila, diretor de Redação da Folha de S.Paulo; Eurípedes Alcântara, diretor de Jornalismo do Estadão; e Patricia Blanco, presidente do Instituto Palavra Aberta. A mediação foi de Marta Gleich, diretora-executiva de Jornalismo e Esporte do Grupo RBS.
Os participantes falaram sobre dois princípios básicos do uso de IA nas redações: supervisão humana, verificando as informações geradas pela tecnologia, e transparência total, apontando com clareza onde e como a IA foi utilizada. Além disso, foi debatido um importante tópico, que é a importância de não só pensar em como as redações usarão IA, mas também refletir como a sociedade será treinada para consumir conteúdo gerado ou manipulado por IA.
Ao final do evento, a ANJ homenageou 13 jornais centenários e entregou ao Instituto Palavra Aberta o Prêmio ANJ de Liberdade de Imprensa 2025. Leia mais sobre o debate aqui.
A Associação Mundial de Editores de Notícias (WAN-IFRA) e a Federação Internacional de Editores de Periódicos (FIPP) anunciaram no começo da semana a fusão das duas entidades, que passará a valer a partir de janeiro do ano que vem. Juntas, as associações representam uma rede global de mais de 20 mil marcas de mídia e empresas de tecnologia em 120 países.
“As funções essenciais dos negócios, incluindo criação de conteúdo, engajamento do público, estratégias de monetização e adoção de tecnologia, apresentam obstáculos comuns que são melhor superados por meio da inteligência coletiva e do compartilhamento de boas práticas”, diz o texto sobre a fusão. “A expertise da indústria de revistas em otimização comercial e diversificação de receitas pode beneficiar diretamente as editoras de notícias, e as sofisticadas estratégias de assinatura e retenção digital da mídia jornalística podem fornecer modelos valiosos para as marcas de revistas”.
A fusão entre as duas associação será baseada na colaboração, no networking e na troca de informações e experiências, com o objetivo de compartilhar melhores práticas e garantir um ecossistema de mídia sustentável. A nova comunidade, cujo nome é Consumer Lifestyle and Special Interest Media, será comandada por Alastair Lewis, CEO da FIPP. A iniciativa atuará sob a orientação de um Conselho Consultivo, formado por membros da FIPP e WAN-IFRA. Sobre eventos, o FIPP World Media Congress, organizado anualmente pela FIPP, seguirá existindo. Outro eventos da FIPP serão integrados ao portifólio para membros da WAN-IFRA.
“A integração da FIPP à família WAN-IFRA cria uma comunidade global sem precedentes para todos os meios de comunicação”, destacou Ladina Heimgartner, Presidente da WAN-IFRA. “Num ambiente em que a consolidação é fundamental para o fortalecimento, esta fusão consolida todo o ecossistema da mídia. Juntos, estaremos em melhor posição para defender os valores do jornalismo independente e criar novas oportunidades de crescimento e inovação”.
A Associação dos Cronistas Esportivos do Estado de São Paulo anunciou os jornalistas e veículos vencedores da 42ª edição do Troféu Aceesp, que valoriza e reconhece o trabalho de excelência no jornalismo esportivo, em votação feita pela própria categoria.
Além das categorias tradicionais, o prêmio concederá três homenagens especiais: O Troféu Regiani Ritter a Denise Thomaz Bastos, por seu trabalho inspirador no segmento esportivo; o Troféu Ely Coimbra a Helvidio Mattos pela carreira de grade relevância; e o Troféu Honra ao Mérito a Castilho de Andrade e José Isaías, por seus mais de 50 anos de carreira no jornalismo de esportes.
A cerimônia de entrega dos prêmio será na próxima segunda-feira (15/12), a partir das 19h30, no Museu do Futebol, no Pacaembu. Os apresentadores serão Edu Elias, da ESPN, e Duda Gonçalves, da Record TV.
Confira a lista completa dos vencedores do 42º Troféu Aceesp:
TV (Aberta e fechada)
Narrador: Everaldo Marques (TV Globo/SporTV)
Comentarista: Maurício Noriega (Record TV)
Repórter: André Hernan (Prime e ESPN)
Apresentadora: Renata Fan (TV Bandeirantes)
Rádio
Narrador: Oscar Ulisses (Rádio CBN) e Ulisses Costa (Rádio Bandeirantes)
Comentarista: Raphael Prates (Rádio CBN)
Repórter: Alinne Fanelli (Rádio Bandnews FM ), Maurício Ferreira (Rádio Bandnews FM) e Rafael Esgrilis (Rádio Energia 97 FM)
Apresentador: João Paulo Cappellanes (Rádio Bandeirantes)
Mídia digital/Online
Melhor veículo: Voz do Esporte
Melhor profissional do ano: André Hernan (UOL)
Opinião – Mídia Escrita (Impressa ou Digital)
Melhor colunista: PVC (UOL)
Interior
Rádio: Rádio CBN (Campinas)
TV: EPTV (Ribeirão Preto) e THATHI (Ribeirão Preto)
Jornal/site: Correio Popular (Campinas)
Litoral
Rádio: Rádio Caraguá FM
TV: TV Tribuna (Santos)
Jornal/site: Diário do Peixe
Ex-atletas
Melhor profissional do ano: Craque Neto (TV Bandeirantes)
Assessoria de Imprensa
Melhor profissional do ano: Don Roberto Costa (Portuguesa) e Vinícios Oliveira (Corinthians)
Destaques Esportivos do Ano
Feminino – Amanda Gutierres (Atacante do Palmeiras / Boston Legacy)
Masculino – João Fonseca (Tenista)
Melhores matérias escritas (Mídia Impressa ou Plataformas Online)
Ricardo Nogueira – O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, realiza a entrega do troféu ao time do Chelsea (ING), após a conquista da final do 1º Mundial de Clubes da FIFA, ocorrido nos EUA nos meses de junho e julho de 2025.
Homenagens especiais
Denise Thomaz Bastos – Troféu Regiani Ritter
Helvidio Mattos – Troféu Ely Coimbra
Castilho de Andrade e José Isaías – Troféu Honra ao Mérito
Depois de ter sido o primeiro país a obrigar plataformas digitais a pagarem por conteúdo jornalístico, em 2021, a Austrália volta a assumir a dianteira em políticas para o ambiente digital.
Desde 10/12 está em vigor uma lei pioneira no mundo que proíbe crianças e adolescentes com menos de 16 anos de terem contas em redes sociais como Instagram, TikTok, Facebook, YouTube e Snapchat.
A legislação australiana exige que essas plataformas excluam contas de menores e bloqueiem novos cadastros nessa faixa etária, sob pena de multas que podem chegar a US$ 25 milhões. Para isso, as empresas estão autorizadas a verificar a idade dos usuários com base em documentos oficiais, reconhecimento facial ou análise de comportamento – o que também levanta questões sobre privacidade.
Defendida pelo primeiro-ministro Anthony Albanese como uma das maiores mudanças sociais da história do país, a medida já inspira propostas semelhantes em países como França e Dinamarca. O Parlamento Europeu discute uma regulação geral que pode levar esse modelo a todo o bloco.
A aplicação da lei, porém, não será simples. Entre as brechas mais comuns estão o uso de VPNs, perfis falsos e até a permissão dos próprios pais para que os filhos burlem as regras, como mostram pesquisas. Críticos temem ainda que os jovens migrem para espaços digitais mais inseguros.
Mesmo com a oposição de gigantes como Meta, Google/YouTube e TikTok, a Austrália dá um passo decisivo na tentativa de limitar os danos das redes sociais sobre o público infanto-juvenil, que são admitidos até pelas plataformas. Eles incluem incentivo ao suicídio, bullying e agravamento de transtornos alimentares com base em corpos irreais e agora criados por ferramentas de IA, piorando o que já não era bom.
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