Por Assis Ângelo

Padre Antonio Vieira (1608-1697) nasceu em Lisboa e veio para o Brasil com os pais e irmãos quando tinha 7 anos de idade. Começou os estudos em Salvador. Após ordenar-se, voltou a Portugal uma ou duas vezes. Numa dessas vezes como exilado, pois fora expulso pelos poderosos do Maranhão.

A inteligência e brilho de Vieira encantavam plateias. Falava e escrevia com rara facilidade em pelo menos sete línguas, aprendidas entre os originários desta nossa boa terra.

Ficaram famosos os seus mais de 200 sermões.

Padre Antonio Vieira

Deixou muitos outros escritos de cunho analítico, incluindo cerca de 700 cartas.

A citação que abre este texto foi extraída do livro Sermões, volume IV. A propósito, o padre chegou a mergulhar fundo nas questões que tanto afligem pessoas portadoras de mazelas gerais, incluindo a cegueira. Ele:

“O livro é um mudo que fala, um surdo que responde, um cego que guia e um morto que vive”.

A Igreja é historicamente uma das mais poderosas organizações do mundo. São milhares e milhares de padres, bispos e arcebispos, cardeais e milhões e milhões de seguidores mundo afora.

Historicamente, não custa lembrar, a Igreja tem um passado lamentável, recheado de tudo quanto é denúncia de malfeitos.

São raríssimos os representantes da Igreja que, cegos, oficializam missas.

Tiago Varanda foi o primeiro cego português a ordenar-se padre, em julho de 2019. Ficou cego aos 16 anos, vitimado por glaucoma. Chegou a pensar que seria preterido no Seminário. Mas se enganou. Hoje ele oficia a missa lendo em Braille.

O primeiro sacerdote cristão cego do Brasil foi Francisco Ferreira de Azevedo (1765-1854). Nasceu na Bahia e encantou-se em Goiás. Entrou para a história como o Bispo Cego.

A Igreja por si só tem acumulado pecados desde tempos os mais remotos.

Pela Igreja, incluindo a sede no Vaticano, religiosos profanaram a memória divina roubando, matando, estuprando e tudo mais impensável pela inteligência comum.

Houve cardeais e papas que abusaram dos cargos investidos.

No correr dos tempos, vieram à tona horrores praticados por muitos e muitos “representantes” de Deus na Terra. Teve um até que foi pai 12 vezes. Outros que tiveram várias amantes e também, entre os 266 papas, os que montados em robustos e briosos cavalos provocaram perseguições e morticínios à frente das temíveis cruzadas.

Sem falar num moleque de 18 ou 20 anos transformado em papa por interesse dos papagranas daqueles tempos d’antanho.

Papa Clemente XII

Pois é, tempos aqueles malucos da Idade Média.

A cadeira de papa também foi ocupada por homens que seguiram à risca o que reza a Santa Igreja.

O papa italiano Clemente XII (1730-1740), na pia batismal recebeu o nome de Lorenzo Corsini. Morreu aos 87 anos. Seis anos antes, ficou cego. Marcou época pelas boas coisas que fez. Entre essas, a investigação do desvio de muita grana dos cofres do Vaticano à época do papa que o antecedeu, Bento XIII.

Contatos pelos assisangelo@uol.com.br, http://assisangelo.blogspot.com, 11-3661-4561 e 11-98549-0333

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