Por Assis Ângelo

As mil e uma noites é um livro conhecido por quase todo mundo, ou quase todo mundo. Reúne o número de histórias que o título indica. Nessa obra destacam-se o rei Shariar e a bela e astuta Sherazade.

Eu cresci ouvindo aqui e ali histórias do mundo de Alá. Ainda guardo na memória algumas delas. Tem umas de cego, muitas.

Conta-se que um ambicioso mercador do Iraque antigo tudo que queria na vida era, simplesmente, ser o cara mais rico da sua região. Já tinha 80 camelos e dificuldade financeira nenhuma. Seu nome: Baba-Abdala.

Esse Baba um dia topou no caminho com um velho de fala e movimentos brandos. Seu modo simples era tocante. Do bem, como se diz.

O ambicioso mercador contou do seu sonho de ser o cara mais rico. O velho riu e disse que poderia ver isso. Assim dito, levou Baba a uma caverna atulhada de ouro e prata e tudo o mais. Encurtando a história:

Baba-Abdula encheu de joias tudo quanto era saco que tinha, carregando o quanto pôde nos seus camelos.

O trato era que os camelos carregados fossem divididos em duas partes iguais. Mas o mercador findou por ficar com tudo. Até com um vaso de ouro contendo uma pomada ou coisa que o valha o ambicioso mercador resolveu ficar. O velho avisou que se passasse a pomada no olho esquerdo veria tesouros e tesouros que estariam à sua disposição. Se passasse no olho direito, ficaria completamente cego.

Não crendo no que ouvira, Baba-Abdala continua cego até hoje.

Pois é, né?

Quem já não ouviu falar da capital da Síria, hein?

Damasco é uma cidade citada na Bíblia.

Em junho de 2025, Damasco foi atacada por forças de Israel.

Foi a caminho dessa cidade que Saulo teve um “encontro” com Deus. Ouviu Saulo uma voz perguntando-lhe porque perseguia os cristãos.

Sami era um cristão e Muhammad, mulçumano. O primeiro tinha o corpo disforme, como o nosso mineiro barroco Aleijadinho. Seus olhos eram perfeitos. O segundo era grandão e de corpo atlético. Era cego. Tornaram-se amigos e durante o tempo que Samir viveu, Muhammad o carregava às costas.

Sem Samir às suas costas, Muhammad não podia ver. Enfim, ambos se completavam pelas ruas estreitas de Damasco.

Mais uma historinha:

Tinha um rei que reinava num lugar qualquer do Oriente Médio. Havia muitos roubos nas ruas do tal reino. Um dia, o rei decidiu fazer uma lei determinando que todo e qualquer sujeito que roubasse teria os olhos arrancados.

E bom tempo se passou sem que roubo algum fosse praticado.

Porém − há sempre um porém: um jovem foi preso em flagrante com a mão na cumbuca.

Até aí tudo bem. O diacho é que o preso vinha a ser o filho do rei.

Neste nosso mundinho de Deus e do diabo há histórias do arco da velha.

Não é de se duvidar de que não nascemos para nos salvar.

Dentro e fora da Bíblia há casos de arrepiar.

Na Antiguidade teve um cara chamado Constantino. O pai morreu quando ele tinha nove anos de idade. A mãe, Irene, ocupou o lugar de rainha enquanto o filho não podia assumir o trono deixado pelo pai. É uma história sangrenta, de tortura e morte. De pessoas pagando com os olhos os pecados dos outros.


Contatos pelos [email protected], http://assisangelo.blogspot.com, 11-3661-4561 e 11-98549-0333

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