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quarta-feira, julho 9, 2025

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Teorias da conspiração: cinco perfis dos oportunistas que as disseminam sem acreditar nelas

Crédito: Joshua Hoehne/Unsplash

Por Luciana Gurgel

Luciana Gurgel

A motivação de quem espalha teorias da conspiração nem sempre está relacionada a uma crença genuína nessas ideias, mas sim a interesses específicos, o que torna ainda mais difícil combatê-las com estratégias tradicionais.

Esse tema é explorado no livro Taking Conspiracies to Extremes, que analisa a violência gerada pelo extremismo.

Uma das autoras, a professora de psicologia social H. Colleen Sinclair, da Universidade da Louisiana, destaca que muitos disseminadores dessas teorias são oportunistas. Eles buscam gerar conflito, caos, recrutar seguidores, lucrar ou simplesmente chamar atenção, sem necessariamente acreditar no que propagam.

No entanto, os efeitos são devastadores. Em um artigo para o portal The Conversation, Sinclair alerta que até mesmo os oportunistas podem acabar acreditando nas mentiras que espalham. Além disso, transformam outras pessoas em “idiotas úteis”, que, sem perceber, ajudam a difundir a desinformação.

A professora detalha cinco tipos de disseminadores de teorias da conspiração, presentes tanto nas redes sociais quanto na mídia tradicional.

Entre eles estão os “conspiracionistas buscadores de atenção”, que muitas vezes nem leem o que compartilham. Frases típicas de seus posts incluem perguntas como “será que é verdade?” ou afirmações como “pode ser algo próximo da realidade”. O objetivo é participar de discussões ou ganhar curtidas e compartilhamentos, explica Sinclair.

Os “conspiracionistas do caos”: só querem criar confusão

Outro grupo é o dos “conspiracionistas do caos”, motivados pelo desejo de criar confusão, sem intenção de convencer. Um exemplo é a tentativa de assassinato de Donald Trump, quando um troll inventou uma acusação falsa visualizada mais de 300 mil vezes.

Há também os movimentos radicais, que usam teorias da conspiração como “isca” para atrair novos membros. Segundo Sinclair, eles experimentam várias teorias até encontrarem uma que funcione como “portal” para a radicalização.

Um exemplo é o grupo Boogaloo Bois, que gerou mais de 610 mil tuítes contra o lockdown da pandemia, dos quais 58% tinham o objetivo de provocar e radicalizar. Curiosamente, os próprios membros admitiram não acreditar no que espalhavam, mas o faziam para “provocar o governo”, explica a professora.

Sinclair também menciona o uso de conspirações por governos, algo que ocorre há muito tempo. Um exemplo clássico é o documento Os Protocolos dos Sábios de Sião, fabricado pelos russos em 1903, que disseminou a falsa ideia de uma conspiração judaica global. Recentemente, plataformas digitais têm derrubado redes de desinformação apontadas como apoiadas por países como Rússia, China e Irã.

Outro tipo de disseminador é o “conspiracionista comercial” − de influenciadores até redes de mídia.

O americano Alex Jones, que criou um império comercial apoiado em uma rede de mídia, admitiu que seus seguidores “comprariam qualquer coisa” dele. Sinclair também cita o caso da Fox News, que apoiou a tese de fraude eleitoral nas eleições de 2020 para manter a audiência, embora, nos bastidores, muitos dentro da empresa não acreditassem nessas narrativas.

Ela conclui ressaltando a importância de cautela com o que se compartilha, questionando sempre as  intenções por trás de cada conteúdo.


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2º Diálogos Agrojor terá apoio de 15 veículos

2º Diálogos Agrojor terá apoio de 15 veículos
Crédito: Rede Brasil de Jornalistas Agro

Um grupo de 15 veículos de mídia confirmou apoio à segunda edição do Diálogos Agrojor, evento que será realizado pela Rede Brasil de Jornalistas Agro (Rede Agrojor) em 29 de outubro. Em formato híbrido, mesclando presencial e online, o encontro discutirá transformações e tendências do jornalismo no Digital e o Jornalismo de Dados.

Confirmaram apoio ao evento, em ordem alfabética, AgFeed, Agro Mais, Agro Hoje, Agrofy News, Balde Branco, Canal Rural, Clima Tempo, DBO, Forbes Agro, Globo Rural, INC Magazine, Notícias Agrícolas, Record News, SBT Agro e Terra Viva.

Neste ano, Diálogos Agrojor terá a participação de Marc Tawil, jornalista que é 1° Linkedin Top Voices Brasil e estrategista de comunicação; e Glória Vanique, jornalista e podcaster. Os dois estarão em um painel sobre oportunidades, tendências e desafios para os jornalistas em meio às transformações da carreira e dos meios digitais. A mediação será de Aleksander Horta, chefe de redação do Notícias Agrícolas.

Kátia Brembatti, presidente da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), fará uma palestra sobre práticas e estratégias para a aplicação da análise de dados para o trabalho jornalístico, da pauta à investigação. E Lilian Munhoz, associada da Rede Agrojor, será a apresentadora do evento.

Para Vera Ondei, presidente da Agrojor, o evento “tem um propósito diferente dos eventos tradicionais da Agrojor: ele traz a visão de colegas que não atuam no Agro.  Neste sentido, construímos uma programação que busca atender às ‘dores’ dos jornalistas do setor, com um debate que trará insights sobre o papel dos comunicadores frente às grandes mudanças do digital”.

Mais informações e inscrições aqui.

Abraji e Transparência Internacional lançam curso sobre democracia ambiental e climática

Abraji e Transparência Internacional lançam curso sobre democracia ambiental e climática
Crédito: NOAA/Unsplash

Estão abertas até 31/10 as inscrições para o curso Democracia Ambiental e Climática. Promovido pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) e a Transparência Internacional, o curso incentiva o debate sobre mudanças climáticas e oferece ferramentas para a defesa da democracia ambiental.

A capacitação, gratuita e online, será realizada de 2 a 6 de dezembro e é destinada a jornalistas, ativistas, defensores ambientais, membros de organizações da sociedade civil e servidores públicos.

O curso contará com 12 aulas e 3 dinâmicas interativas, com emissão de certificado. Haverá também uma aula preparatória para a COP 30, que ocorrerá em Belém, em 2025.

Inscrições e mais informações aqui.

Hélia Araujo deixa a Portos do Paraná e vai para Comunicação da Arteris

Hélia Araujo deixa a Portos do Paraná e vai para Comunicação da Arteris
Crédito: Reprodução/Linkedin

Hélia Araujo assumiu agora em outubro a Gerência de Comunicação Regional da Arteris, função que inclui a coordenação de iniciativas integradas de comunicação institucional, relações públicas, comunicação interna e externa, além de eventos e redes sociais. Chega de uma experiência de 1 ano na Gerência de Comunicação da Portos do Paraná.

No Linkedin, a comunicadora agradeceu pelo período na antiga empresa: “Sou imensamente grata por ter feito parte desta trajetória e por ter aprendido tanto sobre o setor portuário e de infraestrutura. Um conhecimento que levarei para toda a vida, especialmente agora, prestes a abraçar novos desafios no setor privado, após 14 anos de dedicação à comunicação pública”.

CNBC Brasil contrata Diego Mendes, Fabrício Julião e Julia Lindner

A CNBC Brasil anunciou as contratações de Diego Mendes, Fabrício Julião e Julia Lindner, que chegam para integrar a equipe de repórteres e analistas de negócios do novo canal focado em jornalismo de negócios, que estreia em novembro.

Diego Mendes tem 15 anos de experiência na televisão. Foi produtor e repórter de negócios na TV e no portal da CNN Brasil, além de apresentador do CNN Mercado. Antes, trabalhou em CNT, SBT e Record.

Fabrício Julião fez parte da primeira equipe da CNN Brasil. Atuou também como repórter de mercados na Agência TC Mover, em São Paulo, e depois cobriu política no Poder360, diretamente de Brasília.

Julia Lindner tem quase dez anos de experiência na cobertura de política e negócios em Brasília. Trabalhou nos jornais Estadão e O Globo. Até recentemente, estava no Valor Econômico e deixou o veículo para assinar com a CNBC Brasil.

Os contratados se juntam a uma equipe formada por nomes como Fabio Turci, Christiane Pelajo, Marcelo Torres, Natália Ariede, Carol Barcellos e, mais recentemente, Zeca Camargo. Novas contratações de analistas e comentaristas de negócios devem ser anunciadas nos próximos dias. A CNBC Brasil terá 15 horas de jornalismo ao vivo todos os dias.

Livro de Luis Nassif analisa o impacto da Lava Jato no Brasil atual

Livro de Luis Nassif analisa o impacto da Lava Jato no Brasil atual
Crédito: Contra Corrente

Em evento que contou com bate-papo, sessão de autógrafos e roda de chorinho, Luis Nassif lançou na última semana A conspiração da Lava Jato: o jogo político que comprometeu o futuro do país (Contra Corrente), obra que traz uma análise cronológica e aprofundada da Operação Lava Jato e seus desdobramentos, com base nas informações apuradas e divulgadas pelo jornal GGN desde 2005 até a tentativa de golpe em 8 de janeiro de 2023. O encontro, realizado na sede da ABI, no Rio de Janeiro, contou com as participações de Octavio Costa e Hildegard Angel entre os debatedores.

Na obra, Nassif defende a tese de que a Lava Jato não foi uma mera operação, e sim uma ação impulsionada inicialmente pelos grupos de mídia e que foi sustentada a partir da complacência de instituições de setores relevantes da sociedade.

Record reforça equipe de Esportes para transmissão do Campeonato Brasileiro

Record reforça equipe de Esportes para transmissão do Campeonato Brasileiro
Crédito: Reprodução/Instagram

A Record TV contratou reforços para sua equipe de Esportes, visando a transmissão do Campeonato Brasileiro de Futebol a partir de 2025. A emissora fechou acordo com os times da Liga Forte União e transmitirá 38 jogos do torneio por ano até 2027. Embora não haja confirmação por parte da Record, diversos veículos de mídia publicaram que os profissionais estão fechados ou apalavrados com a emissora.

Entre os contratados estão a apresentadora Paloma Tocci e a comentarista Duda Gonçalves. Tocci atuará como apresentadora e repórter especial na Record. A jornalista deixará no final de outubro a Bandeirantes, onde está há 15 anos. E Gonçalves será uma das principais repórteres dos times de São Paulo, cobrindo o dia a dia das equipes. A jornalista estava na ESPN desde o início de 2022.

Outro que estaria apalavrado com a Record é o comentarista Maurício Noriega, que chegaria para comentar jogos do Campeonato Brasileiro e do Campeonato Paulista de Futebol.  A Record deve transmitir 54 jogos ao vivo ao longo da temporada, sendo 38 partidas do Campeonato Brasileiro e 16 do Paulistão. Novas contratações para o setor de Esportes devem ser anunciadas em breve.

Rodrigo Caetano anuncia saída da Exame

Rodrigo Caetano anuncia saída da Exame
Crédito: Leandro Fonseca

Após cinco anos na Exame, o editor de ESG Rodrigo Caetano anunciou na última semana sua saída da publicação. Em conversa com o J&Cia, ele informou que a decisão foi pessoal e que após duas semanas de férias iniciará um novo projeto pessoal focado na cobertura freelancer da COP30. Publicações e empresas interessadas podem obter mais informações pelo rrcaetano@gmail.com.

Com passagens por DCI, Computerworld Brazil e IstoÉ Dinheiro, Rodrigo é coautor, ao lado de Pedro Paro, de Empreendedorismo Consciente: como melhorar o mundo e ganhar dinheiro (Alta Books).

Na Exame, Lia Rizzo, que coordenava projetos especiais em diversidade, será a nova editora de ESG.

Preciosidades do acervo Assis Ângelo: Licenciosidade na cultura popular (LXXXI)

Por Assis Ângelo

Meu amigo, minha amiga: você sabia que a boneca Barbie foi inspirada numa prostituta?

Em 1952, o chargista Reinhard Beuthien passou a publicar no jornal Bild tirinhas com uma personagem a que deu o nome de Lilli.

De corpo escultural, Lilli não tinha papas na língua. Sincera e brincalhona, e também provocativa, não deixava pergunta nenhuma sem resposta. Segundo seu criador, era de dia secretária e de noite disputada mulher entre os homens. Logo ganhou muitos leitores e leitoras. Daí pra virar Barbie, foi um passo.

 

Conta-se que em 1959 a norte-americana Ruth Handler (1916-2002), em viagem à Suíça, deparou-se na vitrine com a boneca de Beuthien. Abriu a bolsa e comprou. O resto é história.

Pois é, como se vê, do real ao imaginário é um pulo.

Nessa linha podemos dizer que muitos escritores e escritoras foram longe.

A jornalista paulistana Márcia Denser (1949-2024) tinha 26 anos de idade em 1977 quando lançou o primeiro livro: Tango Fantasma. Esse foi um livro bem recebido pela chamada crítica literária. Tratava da vida feminina, da mulher moderna livre, que define e desbrava seus próprios caminhos. É dela o conto Hell’s Angels, publicado em 1986. Nele, a protagonista Diana conhece um tal de Robi e com ele tem um trelelê. O cara tem 19 anos e está em ponto de bala e ela, aos 30, encara a parada e depois deixa o moço a ver navios. Nessa história, tem uma boneca. E mais não digo.

É tocante até demais o conto que a baiana Sônia Coutinho (1939-2013) escreveu e intitulou de Toda Lana Turner tem seu Johnny Stompanato. Esse conto, envolvendo a atriz norte-americana Lana Turner (1921-1995), tem por base a vida real. Ela se apaixona por um mafioso nominado Johnny Stompanato, que a explora até não querer mais. Transa com ela muitas vezes na marra. O cabra acaba assassinado. Quem o teria matado? Lana ou a filha dela, Cheryl? Tãn, tãn, tãn, tãããnn…

É uma história que impressiona, essa escrita pela norte-americana Taylor Jenkins Reid. A personagem do título é uma cubana que vai se aventurar como atriz na Hollywood dos anos 1950. Rapidamente aprende com quase perfeição a língua dos gringos e segue em frente. Logo ganha fama com suas aparições na telona. Vira uma referência do cinema mundial. Seu primeiro casamento é com um jovem de 18 anos, que não dura muito. Depois, ela vai encontrando novos amores até que se vê apaixonada por uma colega do cinema, Célia St. James, vencedora de três Oscars.

Já beirando os 80 anos de idade, Evelyn Hugo convida uma jornalista emperrada na profissão para contar a sua história tintim por tintim. Surpreendi-me deveras com a leitura do livro Os Sete Maridos, de Hugo, publicado originalmente em 2017.

Bahia, Rio, São Paulo e Minas têm revelado para o Brasil muitos autores, como Fernando Sabino, Carlos Drummond de Andrade, Guimarães Rosa e Ivan Ângelo. É deste o conto Bar, que conta a história de uma jovem moderninha, bonitinha, vestindo uma sainha bem curtinha, que chega num bar com as portas quase fechando. É noite. Quer fazer uma ligação urgente. O cara do caixa deixa. De repente chega um sujeito esquisito e um tanto bêbado. Compra cigarro e fica por ali rondando, enquanto a menina fala. Quando ela percebe, está cercada por três marmanjos, com olhos gulosos. Ela consegue se safar… E mais não conto.

Fernando Sabino (1923-2004), destacou-se na imprensa e nos livros que escreveu. Em 1998 descreve uma situação vivida por um dos seus personagens, no conto O Homem Nu. É curiosíssimo, virou filme.

Das Dores é uma mulher que, como tantas, foi criada para os afazeres domésticos. Isto é, para cuidar de casa e tal. Ela sonha com um provável namorado imaginário. Ao armar o presépio natalino, ela imagina ver no menino nascido o homem que quer amar. O desejo aflora nela com ímpetos de violência. Aí está o poeta Drummond prosador.

Coisas esquisitas também colocou o jornalista João do Rio. João deixou muitas reportagens e muitos livros. Uma trintena, mais ou menos. Teatro e coisa e tal. Foi até tradutor de Oscar Wilde (1854-1900), com quem se identificava.

Em Dentro da Noite, João do Rio conta a história de um cara que namora uma mulher e com ela fica noivo. De uma hora pra outra ele sente uma vontade incontrolável de enfiar agulhas no corpo dela. Começa pelos braços e termina completamente viciado nisso, e ela a ele submissa. Quer dizer, estamos falando de um sádico.

Nessa mesma linha de submissão vive uma personagem criada por Nélida Piñon. Apaixonada pelo marido, faz tudo que ele pede. Tudo mesmo. O prazer dela é ver seu companheiro feliz. Essa personagem se acha no conto I Love My Husband. Coisa doida, né?

Ainda sobre esse tema, mas um pouco fugindo dele, é o bom punhado de contos inseridos nas 140 páginas do livro Insubmissas Lágrimas de Mulher, que a romancista e poetisa mineira Conceição Evaristo publicou em 2011. As histórias se interligam de certo modo em boa parte pela violência dos personagens masculinos. Chega doer em alguns momentos. A autora não nega a mistura que fez da realidade com a ficção. É bem escrito, muito bom.

 


Foto e Ilustrações de Flor Maria e Anna da Hora

Contatos pelos assisangelo@uol.com.br, http://assisangelo.blogspot.com, 11-3661-4561 e 11-98549-0333

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