O Portal Migalhas, veículo especializado na cobertura do mundo jurídico, completou neste mês de novembro 25 anos de existência. Fundado em 2000 por Miguel Matos, o projeto teve início como uma simples lista de e-mails enviadas por Miguel a seus amigos, com algumas informações que ele julgava serem importantes. Com o tempo, o Migalhas tornou-se referência em trazer informações confiáveis sobre as principais decisões e acontecimentos do Poder Judiciário.
Miguel, fundador, CEO e editor do Migalhas, trabalha ao lado da chefe de Redação Marcela Congio no comando do veículo. A redação do portal conta com 22 pessoas, sendo 14 jornalistas, dois editores de vídeo, dois designers e quatro estagiárias. Além do trabalho do dia a dia do site, o Migalhas tem também uma editora, que conta com mais 30 funcionários, responsável pela realização de eventos e a produção de livros assinados por juristas, advogados e referências do Direito brasileiro.
O Portal dos Jornalistas conversou com Miguel Matos sobre os 25 anos do Migalhas, a importância do marco, o trabalho de cobrir o setor jurídico e as perspectivas para o futuro. Leia na íntegra:
Portal dos Jornalistas – Como nasceu o Migalhas? De onde veio a ideia?

Miguel Matos – Migalhas surgiu sem grandes pretensões. Eu tinha acabado de me formar na Faculdade de Direito de Franca, mas a verdade é que meu sonho sempre flertou com o jornalismo. Quando comecei a advogar, bem no comecinho mesmo, sentia falta de um veículo ágil, direto, feito para o mundo digital, com informações rápidas e objetivas.
No começo era só uma lista de e-mails enviada para alguns amigos. Eu acordava cedo, lia os jornais, selecionava o que achava importante, fazia um comentário rápido e enviava. Era início dos anos 2000, não existia spam, e a caixa de entrada era um lugar sossegado. Um paraíso para quem queria começar algo do zero. Hoje isso seria impensável.
Portal – Quais são os desafios de trabalhar com informação jurídica?
Miguel – Como todo veículo especializado, o jornalismo jurídico também tem suas manhas. Precisamos usar o discurso do leitor. Assim, um termo em latim aqui e ali não assusta ninguém. Em um jornal generalista, seria heresia.
Mas também é preciso entender o Direito com alguma profundidade. Não dá para tratar de temas complexos de forma descuidada, se não a credibilidade desmorona.
Portal – O que mais mudou o trabalho do Migalhas nos últimos anos?
Miguel – A pandemia virou o mundo jurídico de cabeça para baixo. Quem não vive nesse ambiente nem imagina: fóruns esvaziados, processos totalmente digitais, audiências virtuais. A nova geração do Direito talvez nunca veja uma audiência presencial com todo mundo reunido na mesma sala. Isso muda como as pessoas estudam, trabalham e, claro, consomem informação. O nosso desafio é acompanhar esse público novo: entender o que ele quer, o que come, onde vive… rsrs.
Portal – Como o Migalhas enxerga o problema do assédio judicial a jornalistas? Como lidar com essa enxurrada de processos que buscam intimidar?
Miguel – É um tema urgente. Enquanto presidi o Conselho de Comunicação Social do Congresso Nacional, até maio deste ano, recebi muitas denúncias desse tipo de abuso.
Existem caminhos possíveis. Um deles seria o CNJ criar um comitê específico para monitorar ações desse tipo, o que também ajudaria os juízes na condução desses casos. Outro ponto é retirar essas ações dos Juizados Especiais e limitar a gratuidade. Quem quiser entrar com a ação entra, mas se perder, arca com o custo. Isso, por si só, já desencoraja aventureiros. Há mais ideias, mas deixemos algumas para a próxima entrevista.
Portal – O que significa um veículo jurídico como o Migalhas comemorar 25 anos? E o que vem pela frente?
Miguel – Primeiro, é uma alegria enorme chegar até aqui. No jornalismo, e especialmente no jurídico, o tempo é um grande avalista. Vinte e cinco anos dizem muito sobre credibilidade e constância.
Migalhas sempre quis ser um ponto de encontro dos profissionais do Direito. Virtual, claro, mas um ponto de encontro. Chegar ao aniversário de um quarto de século mostra que isso fez sentido para muita gente.
E sobre o futuro, seguimos como sempre: pensando no que melhorar, no que reinventar, no que os leitores precisam. Olhos estão no amanhã, mas os pés seguem fincados no chão. Já a cabeça, essa está cheia de ideias.
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