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domingo, dezembro 7, 2025

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Estudo revela que brasileiros confiam mais no empregador que nas instituições tradicionais

Edelman Trust Barometer

Edelman Trust Barometer 2019 revela que ainda são instituições não confiáveis na opinião dos brasileiros o Governo, apesar de ter subido dez pontos em período eleitoral, alcançando 28% no nível de confiança (0-100), e a Mídia, que caiu dois pontos e agora está com 41%.

O estudo mostra também que as ONGs, cujo nível de 57% não oscilou no último ano, e as Empresas, que foram de 57% para 58%, são consideradas neutras no quesito. Mas seguindo forte tendência global, a figura do “meu empregador” subiu cinco pontos no País, alcançando a marca dos 77% e reinando como a mais confiável. De acordo com a pesquisa, instituições com níveis de 1-49 são consideradas não-confiáveis, de 50-59, neutras, e de 60-100, confiáveis.

O estudo, realizado globalmente pela Edelman, mede os índices de confiança no Governo, Empresas, ONGs e Mídia. Nesta edição, a pesquisa ouviu mais de 33 mil pessoas em 27 países, com o trabalho de campo realizado entre 19 de outubro e 16 de novembro de 2018. Mais informações com Isabela Galeote (11-3060-3102 e [email protected])

Elas por Elas registra casos de feminicídio contados por profissionais de comunicação

Logo Elas por Elas

O Portal Metrópoles iniciou o ano com um projeto editorial para dar visibilidade às tragédias provocadas pela violência de gênero. O Elas por Elas conta histórias de todas as vítimas de feminicídio do DF.

Os perfis são escritos por mulheres jornalistas, fotógrafas, artistas gráficas e cinegrafistas, com o propósito de aproximar as pessoas da trajetória de vida dessas mulheres. O primeiro perfil foi contado pela editora do projeto Erica Montenegro. O segundo, em 24/3, por Carol Pires. Para os próximos já estão escaladas Ana Beatriz Magno, Juliana Nunes e Cristina Serra.

Até 22/3, 3.387 mulheres já haviam procurado delegacias de polícia para relatar casos de agressões. Este ano já foram registrados seis feminicídios e 16 tentativas. O Metrópoles propõe manter em pauta, durante todo o ano, o tema da violência contra a mulher para alertar a população e as autoridades sobre as graves consequências da cultura do machismo que persiste no País.

Desde 1°/1, um contador está em destaque na capa do portal para monitorar e ressaltar os casos de Maria da Penha registrados na região. Para a publicação, o mais importante é humanizar as estatísticas frias, que dão uma dimensão da gravidade do problema, porém não alcançam o poder da empatia, o único capaz de interromper a indiferença diante dos pedidos de socorro de tantas brasileiras. “Elas podem ser suas filhas, mães, irmãs, amigas, esposas. Elas, na verdade, podem ser você!”, finaliza o editorial de lançamento do projeto.

Lilian Tahan

Lilian Tahan, diretora-executiva do Metrópoles, falou a J&Cia sobre a iniciativa:

Jornalistas&Cia – Quando começou a veiculação do Elas por Elas? E como surgiu a ideia do projeto?

Lilian Tahan – Começamos no dia 1º de janeiro. Mas a ideia surgiu muito antes da virada do ano, no final de 2018, a partir da nossa percepção sobre o aumento dos casos de violência contra a mulher. São muitos, milhares, e estão fora do alcance de nossa produção diária de notícias. Se fôssemos nos dedicar a veicular todos os episódios, não faríamos mais nada. Essa certeza não nos impediu de buscar um jeito de reportar absolutamente todas as ocorrências, não importando o custo e o trabalho que essa decisão nos gerasse. O que poderia ser mais importante?

J&Cia – Sabemos que a maior parte da equipe do Metrópoles é composta por mulheres. Como o projeto impactou na dinâmica da redação?

Lilian – Houve uma pronta aceitação do projeto por parte das colegas. Sabíamos que a campanha nos demandaria muita energia de trabalho, mas sempre estivemos convictas da importância social que seria denunciar todos os dias, ao longo de um ano inteiro, as barbaridades que as mulheres passam no século XXI, mesmo acolhidas na capital de um país onde imagina-se que haja mais acesso à educação, às informações e, quando necessário, apoio do Estado. Assim, juntas, fizemos um mutirão para atualizar em tempo recorde o número de ocorrências dos atos violentos praticados contra as mulheres. Abrimos uma janela no site, em posição de destaque, justamente onde ficava um de nossos espaços publicitários mais rentáveis, para exibir esse contador da violência. Todas as vezes que alguém entra na home do Metrópoles é impactado por esse volume avassalador de vezes que mulheres do DF foram espancadas, quase sempre por seus próprios companheiros, com quem dividem a vida, os sonhos, a criação dos filhos.

J&Cia – A violência e os feminicídios são uma realidade cada vez mais frequente no País. Quais as razões de tantos casos surgidos em Brasília e no Entorno? Há políticas públicas de apoio a essas mulheres na capital do poder?

Carol Pires

Lilian – Se nem na capital do País estamos a salvo, onde estaremos? Essa conclusão é sintomática e nos leva à reflexão de como ainda estamos distantes de uma rede de proteção eficiente. Além do contador da violência e da publicação de matérias diárias sobre o assunto, tomamos também a decisão de enxergar, em profundidade, a história daquelas mulheres que morreram vítimas de feminicídio. Em menos de três meses, morreram seis mulheres. Se o Estado não é capaz de deter homens assassinos, quem poderá? Como os nossos braços seriam insuficientes para contar todos os episódios de agressões, decidimos estender a missão e dividi-la com colegas não necessariamente integrantes da redação do Metrópoles. Foi assim que a jornalista e roteirista Carol Pires escreveu, na última semana, o perfil da Diva, uma senhora de 69 anos que viu o próprio filho ser atingido a balas pelo marido e depois foi morta por ele. Na época do episódio, todos os jornais noticiaram a tétrica história, mas foi Carol quem nos trouxe o fato de que, antes de ser assassinada, Diva morreu um pouco por dia ao longo de 50 anos de um casamento opressor.

Aberje amplia atuação na Bahia

Logo do encontro Aberje Bahia ll

A Aberje promove em 5/4, pela manhã, o 4º Encontro Aberje Bahia, no auditório da Coelba (av. Edgar Santos, 300 – Salvador), com o tema Revolução Criativa na Bahêa: o que a comunicação tem a ver com isso.

O evento será aberto por Nelson Barros, gerente de Comunicação do Esporte Clube Bahia. Em seguida, a curadoria do Capítulo Aberje Bahia, liderado por Marcelo Gentil, criou uma “Mesa Criativa” que abordará a transformação digital e os impactos na comunicação. Temas como games, mapping e webséries serão abordados respectivamente por Alexandre Santos (Strike Games), José Enrique Iglesias (SSA Mapping) e Milena Anjos (Êpa Filmes).

Inscrições e mais informações disponiveis no site da Aberje.

Inscrições abertas para a 7ª edição do Prêmio Gabo

Prêmio Gabo 2019

Inscrições abertas até 23/5 para o Prêmio Gabo de 2019, que reconhece os melhores trabalhos jornalísticos da Ibero-América. Os prêmios são distribuídos em quatro categorias: texto, imagem, cobertura e inovação. O trabalho jornalístico deve ter sido concluído entre 1º de abril de 2018 e 31 de março de 2019, e pode ser em espanhol ou português, de acordo com a FNPI.

Os trabalhos inscritos vão passar por três rodadas de julgamento e os vencedores finais serão reconhecidos no Festival Gabo 2019 em Medellín, na Colômbia, em outubro.

Além disso, haverá dois outros reconhecimentos concedidos na cerimônia em Medellín: o Prêmio Clemente Manuel Zabala, para um editor colombiano exemplar, e o Prêmio de Reconhecimento à Excelência. Estes são escolhidos por um painel de especialistas e pelo conselho diretor da premiação, respectivamente. Inscrições disponiveis no site do Prêmio.

Márcia Costa expõe imagens sobre demonstrações de fé – RJ

Expo Márcia Costa

Márcia Costa inaugurou a exposição fotográfica Expressões da fé, no Buriti Sebo Literário (rua do Carmo, 9/902, no Centro). Em saídas para fotos em diversas igrejas, templos e eventos religiosos, Márcia registrou a forma como cada indivíduo manifesta sua fé: seja retirando-se para lugares isolados, seja dançando em comunidades ou rezando em grandes eventos.

A mostra está aberta ao público até 18/4, das 10h às 19 horas.

Coletivo Junta Com! instala-se no Porto e programa evento – RJ

Coletivo
Coletivo

Um grupo de jornalistas reuniu comunicólogos e empreendedores no coletivo Junta Com! para um intercâmbio de conhecimento e a formação de profissionais alinhados com as novas necessidades do mercado.

Entre eles estão Caio Martello e Wagner Mendes Trece, da Raiz; Isabel Ferraro, da Essenzia; Renato Dias, RP na Ascese; Jéssica Flausino, executiva de Novos Negócios da LaPresse; e Luana Clara, sócia-fundadora da LaPresse.

A sede do coletivo é a Casa Empreendedor (av. Cidade de Lima, 86 – Santo Cristo), na revitalizada Região Portuária do Rio. O primeiro passo, em público, será o evento Descomplicando a comunicação, programado para 10/4, das 9h às 12 horas. O encontro vai abordar as inovações em marketing digital, assessoria de imprensa, branding e as possibilidades de mercado além da redação. Inscrições no link.

Google News Initiative completa um ano com novas ferramentas e programas para a imprensa

Google News Initiative

O Google News Initiative completou um ano. Nesse período, a iniciativa focou esforços na criação de programas para ajudar a imprensa a evoluir seus modelos de negócios, valorizar o jornalismo de qualidade e criar uma nova cultura de inovação digital nas redações.

Na semana passada, o Google fez uma série de anúncios para ampliar o seu apoio para a imprensa. Entre eles, duas novas ferramentas de checagem de fatos; suporte para modelos de monetização com base em contribuições e associações; o GNI Digital Subscriptions Lab, que vai ajudar publicações selecionadas a desenvolver um modelo de negócios baseado em assinaturas digitais; o programa GNI Cloud será ampliado para formar profissionais de 14 empresas de jornalismo em aprendizado de máquina; e uma campanha global de alfabetização midiática no valor de 10 milhões de dólares.

Além disso, o Google também apresentou novas ferramentas e programas para ajudar as empresas de jornalismo a trabalhar melhor com os seus dados e na tomada de decisões, uso na criação de estratégias e diagnóstico das suas capacidades e gaps em dados.

Lançada em São Paulo a edição 2019 do Prêmio Jatobá PR

Logo Prêmio Jatobá

Novidades foram apresentadas em café da manhã com a participação de 65 agências

Foi lançada em 29/3 num café da manhã, no Hotel Renaissance, em São Paulo, a edição 2019 do Prêmio Jatobá PR, que tem, entre suas novidades cinco novas categorias e um renovado e repaginado Banco de Cases.

Dirigentes de 65 agências de comunicação puderam conferir as principais novidades desta terceira edição do prêmio, entre elas as cinco novas categorias que passam a compor a premiação e que seguem uma nova vertente, a de premiar segmentos de mercado, ao lado das verticais de especialização técnica.

As cinco novas categorias são PR Automotivo, PR Esportes, PR Saúde e Bem-Estar, PR Tecnologia e PR Varejo. Elas se somam a outras dez, que são: Assessoria de Imprensa/Relações com a Mídia, Comunicação Integrada, Comunicação Interna, Digitais/Redes Sociais, Evento, Mídia Corporativa, Pesquisa, Projeto Especial, Public Affairs e PR Internacional.

O objetivo de criar as novas categorias foi conceder às agências a oportunidade de mostrar a sua capacitação também por áreas de negócios, e não apenas por especialização técnica, ampliando o círculo de reconhecimento e excelência.

Inscrições serão abertas nesta terça-feira (2/4)

As inscrições para a edição 2019 do Prêmio Jatobá PR serão abertas nesta terça-feira (2/4), para agências de comunicação de todo o País. O endereço do site é www.jatobapr.com.br. Não há limitações de cases, mas um mesmo case só poderá ser inscrito em no máximo três das 15 categorias.

Todas as categorias premiarão em igualdade de condições cases de grandes agências e de agências-butique com troféus (para os cases campeões) e certificados (para os cases que integrarem a shortlist). E, além dessas premiações, também estão previstas seis premiações especiais: Destaque – Grande Agência, Destaque – Agência-Butique, Case do Ano – Grande Agência, Case do Ano – Agência-Butique, Grande Agência do Ano, Agência-Butique do Ano.

Evolução

O Prêmio Jatobá PR recebeu 105 inscrições em 2017 e 151 em 2018 e as agências participantes saltaram de 38 para 54. A meta, para 2019 é chegar aos 200 cases, com participação de 70 agências.

Também espera-se um crescimento no número de finalistas para 110, contra os 80 de 2017 e 83 de 2018.

Do mesmo modo, com a inclusão da premiação também para os clientes, espera-se um avanço no número de troféus entregues: dos 29 em 2017 e 47 em 2018, para 68 em 2019.

Banco de Cases – Arma para gerar negócios

Outra importante novidade do Prêmio Jatobá PR é a reestruturação e a repaginação do Banco de Cases, que já conta em seu acervo com os 250 cases inscritos em 2017 e 2018. A navegação é bem simples e amigável e o acesso é gratuito, permitindo consultas por especialidade, ano de realização, segmento de mercado etc.

Ele foi concebido para ser a continuidade da premiação, criando no mercado da comunicação uma potente e diversificada vitrine, em condições de alavancar e estimular negócios e relacionamentos. Todos os cases da edição 2019 do Prêmio Jatobá PR integrarão o Banco de Cases automaticamente. E ali serão tagueados e certificados pelo desempenho obtido na premiação (campeão, finalista ou participante).

Paralelamente, o GECOM – Grupo Empresarial de Comunicação (*), organizador da premiação, criou e está colocando à disposição dos interessados em uma maior visibilidade um pacote comercial, com quatro formatos de participação e preços e serviços diferenciados.

Outras informações com : Mayumi Yoshinaga ([email protected] e 11 99182-0969)

(*) Fazem parte do GECOM as empresas Business News, Jornalistas Editora, Maxpress e Mega Brasil.

ANS abre concorrência para comunicação corporativa

Logo ANS

Depois de abrir concorrência para agências de publicidade, há cerca de um ano, a Agência Nacional de Saúde (ANS), órgão do Ministério da Saúde, lança agora uma licitação para serviços de comunicação corporativa.

Sob a direção de comunicação de Isabella Eckstein , a ANS destinou uma verba de mais de R$ 4 milhões, para relacionamento com a imprensa, criação de materiais de comunicação corporativa e conteúdo multimídia. A ANS aceita propostas até 24 de abril. A dica é de Márcio Ehrlich, na Janela publicitária.

Novo curso de Jornalismo do Insper quer provocar impactos e fortalecer a democracia

Logo Insper
João Gabriel de Lima

Está nascendo este ano um novo curso de pós-graduação em Jornalismo, de período integral, assinado pelo Insper, instituição reconhecida pela excelência dos cursos em várias disciplinas. Ele tem como coordenador João Gabriel Santana de Lima, ex-diretor de Redação de Época e Época Negócios, que tem uma larga vivência na grande imprensa e na própria universidade.

Atualmente trabalhando paralelamente em um novo projeto da operação digital do Estadão, ele se vale de seus estudos e pesquisas para unir prática e ensino nos dois universos em que transita. “Pesquisei para o curso novos modelos digitais e simultaneamente estou aplicando no Estadão algumas coisas que aprendi aqui; e estou trazendo para o Insper algumas coisas que pesquisei lá. É a popular via de mão dupla”, diz sobre essa dupla jornada.

João Gabriel recebeu Jornalistas&Cia para falar desse novo trabalho que está iniciando no Insper e sua confiança é um testemunho da crença no fortalecimento do Jornalismo de qualidade e diferenciado.

Jornalistas&Cia – Qual o nome e como surgiu a ideia do curso?

João Gabriel – Ele se chama Programa Avançado em Comunicação e Jornalismo do Insper. A ideia nasceu em 2017, após visita de alguns diretores do Insper à Universidade de Columbia, nos Estados Unidos. E nasceu com o objetivo de focar na prática da profissão e nas transformações em curso, subordinado ao núcleo do curso de Políticas Públicas

J&Cia – Alguma razão especial para essa subordinação?

João Gabriel – Esse núcleo foi criado com o objetivo de formar profissionais para melhorar a gestão pública e, a partir daí, provocar impactos positivos na sociedade. No mesmo espírito, o Insper considera que o bom Jornalismo pode ajudar a melhorar a qualidade da democracia brasileira. Com a decisão tomada, fizemos estudos em algumas universidades norte-americanas para saber como elas estão se aparelhando para atender às novas demandas do mercado.

J&Cia – Todos sabemos dos desafios e dificuldades para se construir uma carreira no Jornalismo. Como vocês veem essa questão?

João Gabriel – Há duas coisas muito centrais no nosso curso. Antes, as pessoas entravam em Jornalismo pensando em fazer carreira em algum veículo. Hoje o foco é uma carreira em reportagem, fruto de um novo ambiente jornalístico: há as empresas de legado, mas também muitas startups de Jornalismo e profissionais atuando como empreendedores, criando negócios. J&Cia é um deles. Nos Estados Unidos esses dois últimos são muito comuns. Por isso partimos para um curso contemplando essas duas vertentes.

J&Cia – O que você chama de mídia de legado?

João Gabriel – No Brasil, as grandes empresas, como Estadão, Folha, Globo, Record… Esse termo popularizou-se nos Estados Unidos para indicar os veículos tradicionais, cuja credibilidade repousa no fato de estarem aí há muito tempo. Só que lá há também grandes veículos jornalísticos que não são de legado, como Vox, Maxis, que não têm 100 anos; mesmo caso do Brasil, onde temos Nexo, Jota, Poder360, que já nasceram nesse novo ambiente. Daí a nossa crença de que o universo jornalístico vai ser cada vez mais diversificado e que o jornalista precisará estar preparado para atuar em qualquer uma dessas áreas. Diferentemente de anos atrás, quando buscava fazer carreira. Para além disso, o jornalista atua cada vez mais em áreas de comunicação de empresas e de governos. Elaboramos o curso para atender a essa variedade de demandas.

J&Cia – Qual a principal pegada do curso?

João Gabriel – O coração de todo curso de Jornalismo são as técnicas e os princípios jornalísticos. Hoje, mais do que nunca, os princípios são decisivos. Embora uma relação ética e transparente com o leitor sempre tenha sido importante, hoje, por causa desse modelo de negócio, em que predomina a assinatura, isso é primordial. Então, o nosso é um curso de pós-graduação lato sensu, muito forte em princípios e técnicas de Jornalismo, mas que tem também um tronco digital – o aluno vai aprender a trabalhar muito com novas formas de apuração, base de dados, minerando dados em diversas plataformas; na edição, terá de saber contar histórias em diversas plataformas (texto, vídeo, podcast, storytelling e uma mistura de tudo isso); e entender cada vez mais o leitor por meio de métricas.

J&Cia – E em relação ao empreendedorismo?

João Gabriel – Esse é o outro lado forte do curso. Os profissionais vão precisar cada vez mais entender o negócio jornalístico, seja para montar sua própria empresa, seja para trabalhar numa startup. Fizemos uma pesquisa junto a startups e apuramos que os jornalistas que nelas trabalham já sabem quanto vale o conteúdo que produzem e o que fazer para comercializá-lo. E achamos que esse tipo de profissional também é cada vez mais valorizado inclusive na mídia delegada.

J&Cia – Seriam então três os pilares do novo curso?

João Gabriel – Não. Temos um quarto e último pilar, sobre fundamentos, inspirado em Columbia. Teremos nele matérias que não são sobre Jornalismo ou teoria da comunicação, mas que abordam conhecimentos importantes para o jornalista e que inexistem na graduação, casos de ciência política, economia, história e políticas públicas. Vamos, é claro, aproveitar o diferencial do Insper nessas áreas, com professores como o economista Marcos Lisboa e o Ricardo Paes de Barros, um dos criadores do bolsa-família, que darão aulas no curso.

J&Cia – Quando ele começa?

João Gabriel – Em 20 de julho. Terá duração de um ano, em período integral, e vai se passar dentro de uma redação, com todos os conhecimentos que citei sendo aplicados no dia a dia do trabalho jornalístico. Será direcionado a recém-formados em Jornalismo ou em início de carreira, e também a formados em outras áreas que pretendam exercer o Jornalismo.

J&Cia – Vocês não pensam em ter também cursos de especialização com duração menor?

João Gabriel – Sim, sobretudo para jornalistas que já estão no mercado, em meio de carreira… várias coisas vão sair. Já fizemos alguns deles no ano passado, como de Economia para Jornalistas, com Marcos Lisboa. Temos seis previstos para este ano. Tendo demanda, faremos.

J&Cia – Como será contemplada no curso a vertente da comunicação empresarial?

João Gabriel – Nosso objetivo é formar profissionais para o mercado, mas não apenas jornalístico, e sim de comunicação de forma geral. E falo isso porque nossos alunos estarão aparelhados para fazer planejamento estratégico de comunicação, comunicação empresarial e assessoria de imprensa. Quem aprende a criar conteúdo e a entender a audiência no nível de excelência que esse curso vai proporcionar também estará preparado para atuar nessas outras áreas.

J&Cia – Sabemos que a profissão vem encolhendo e que as agências de comunicação cada vez mais contratam profissionais de outras áreas que não o Jornalismo. Vocês fizeram alguma pesquisa para definir o público-alvo?

João Gabriel – Fizemos um levantamento de outros cursos de pós-graduação e nenhum tem essas características. Mas a decisão do Insper de criar o curso tem a ver um pouco com essa questão do impacto. Temos clareza de que essa é uma profissão que vem encolhendo, embora isso não queira dizer que é definitivo. Visitei redações em seis países, tanto pelo Insper quanto pelo Estadão, e notei que começa uma virada. O Jornalismo diminui de tamanho porque seu grande financiador, a publicidade, migrou para outros meios. Desde 1850 o Jornalismo era um agregador de comunidades e angariava a publicidade de quem queria falar com elas. Hoje há milhares de outros agregadores. A nossa avaliação de negócio é que o Jornalismo enfrenta um período de crise porque perdeu publicidade e por não saber quais seriam suas novas fontes de receita. Agora a gente vê jornais recuperando receitas e audiência a partir do momento em que se fixaram no modelo mais voltado para o leitor e para assinaturas, principalmente digitais. Por isso, acreditamos numa recuperação.

J&Cia – Essa é a sinalização?

João Gabriel – Sim. Em alguns países os jornais já estão voltando a dar dinheiro. O novo modelo de negócios tende a crescer, o que não acontecia até três ou quatro anos atrás. Nós, e inclusive o pessoal do Google com que conversei há alguns dias, acreditamos que essa virada tem se dado em função do ingresso de profissionais com esse novo perfil nas redações. Profissionais que o pessoal do Google chama em tom de brincadeira de unicórnios. São jornalistas que têm técnicas e princípios rígidos, mas são capazes de ler métricas, apurar e editar em linguagem digital e a empreender, descobrindo novas maneiras de atingir o leitor e de fazer negócios. Nós queremos colaborar com essa virada colocando esses unicórnios no mercado.

J&Cia – Essa nova mídia que chega, sem a interferência da publicidade, teoricamente tem uma independência maior. É uma vantagem sobre as grandes empresas, principalmente familiares?

João Gabriel – No modelo jornalístico clássico, a publicidade é sempre separada do conteúdo editorial. A não ser em casos em que o vício se sobrepôs à virtude, vamos dizer assim, o próprio modelo da imprensa liberal – que é o modelo americano, anglo-saxão – não tem a interferência da publicidade no conteúdo editorial. O famoso Igreja-Estado. Se no modelo clássico não poderia haver essa interferência sob pena de perda de credibilidade, hoje então não se fala disso, porque o principal negócio da mídia em muitos lugares já não é a publicidade – embora no Brasil ainda seja, mesmo que em queda. Na Economist, por exemplo, 65% do faturamento vem das assinaturas digitais. Todos os veículos caminham para isso.

J&Cia – Quantos alunos estão esperando angariar?

João Gabriel – Na primeira turma, uns 20 mais ou menos. Depois vamos crescendo. Fizemos um planejamento para cinco anos. Temos inclusive doações para conceder algumas bolsas. Como acontece em outros cursos do Insper.

J&Cia – O que os levou a estruturar o curso em período integral?

João Gabriel – Visitamos diversas universidades americanas. Lá, com algumas exceções, elas seguem o modelo da Columbia. Ela tem dois tipos de curso: o integral, de um ano, e o de meio período, em dois anos. Mas as referências que tivemos é que o integral de um ano é muito superior em termos de aproveitamento do aluno. As medições que eles fazem mostram isso. Resolvemos, portanto, partir para esse formato e avaliar se será compatível com a realidade brasileira.

J&Cia – Qual o valor do curso?

João Gabriel – Recomendamos que os interessados confiram no nosso site, porque há várias modalidades de bolsas. Mas dado que temos como público-alvo alguém formado há pouco tempo, acreditamos que talvez essa pessoa resolva investir num curso que vai fazer diferença. Isso acontece nos Estados Unidos e trabalhamos com essa hipótese. É o que temos agora.

J&Cia – O corpo docente já está definido?

João Gabriel – Além de mim, temos já dois professores contratados: o Carlos Eduardo Lins da Silva, que atuou na Folha, no Valor e tem uma carreira acadêmica maravilhosa, que vai coordenar o eixo de técnicas e princípios; e o Pedro Burgos, uma referência em Jornalismo de dados e digital no Brasil, que tem mestrado na City University of New York (Cuny) e que vai coordenar a área digital. Vamos ter também um professor da Cuny, Jeremy Kaplan, dando aulas de empreendedorismo em Jornalismo num curso de curta duração antes do início do programa, mais para formar nossos professores. O cientista político Lucas Martins Novaes, que passou a maior parte da carreira em Berkeley e na Universidade de Toulouse, está voltando ao Brasil para ser uns dos coordenadores da área de Ciência Política do Insper e vai coordenar o pilar de fundamentos. Já falei do Marcos Lisboa e do Renato Paes de Barros. E estamos fazendo contato com outros do mesmo nível.

J&Cia – Vai haver algum tipo de financiamento?

João Gabriel – Como falei, vamos ter bolsas. Temos vários doadores. O Insper é uma instituição sem fins lucrativos e funciona mais ou menos como uma universidade americana. Formatamos nosso plano de negócios e temos contribuição de pessoas que querem ajudar a causa do Jornalismo como uma das políticas públicas. Já temos uma pequena dotação que nos vai permitir dar algumas bolsas para o curso. Mas não vamos deixar de fora um aluno muito bom porque ele não pode pagar. Como numa universidade americana. Larry Page e Sergey Brin, fundadores do Google, estudaram nessa base em Standord, uma universidade muito cara. O Insper segue o mesmo princípio: não vamos deixar de fora o próximo Carl Berstein porque ele veio de uma família de agricultores pobres e não pode pagar.

J&Cia – Vocês vão também trabalhar os veículos, a exemplo do que faz o ISE, para que banquem o curso para alguns de seus profissionais?

João Gabriel – Temos conversado com os veículos nesse sentido, mas ainda não temos nenhuma parceria fechada. Estamos abertos a negociações.

J&Cia – Aquele projeto que o Roberto Civita estruturou na ESPM teve alguma influência na decisão de vocês?

João Gabriel – Não, mas essa é uma questão interessante. O projeto do Civita era maravilhoso, mas diferente desse. Cheguei a dar algumas aulas lá. O projeto dele era formar administradores para empresas jornalísticas. Mas ele precisava de financiamento para funcionar, o que a família decidiu não continuar fazendo. Roberto financiava com dinheiro próprio, como pessoa física. Um dos coordenadores do curso era o Eugenio Bucci, que por acaso é meu orientador na USP, além de meu amigo. Ele esteve aqui no Insper, colaborou informalmente conosco, deu-nos várias dicas, inclusive sobre o projeto da ESPM, que de alguma forma inspira o nosso eixo de empreendedorismo. Mas o nosso curso é mais amplo. Aquele era um curso para formar gestores de Jornalismo, o nosso é para formar um jornalista completo.

J&Cia – Vocês terão colaboradores avulsos, para temas específicos?

João Gabriel – Sim. Como eu disse, o curso tem quatro eixos. Na verdade, cinco, porque separamos apuração digital de edição digital. São o que chamamos de cinco objetivos de aprendizagem. No Insper tudo é muito estruturado, queremos que fique bem claro aonde pretendemos que o aluno chegue. Cada um desses objetivos tem um coordenador, mas ele não vai dar todas as aulas. Por exemplo, o Lucas, que é o coordenador do eixo de fundamentos, vai dar as aulas de Ciência Política, mas Economia vai ser o Marcos Lisboa. Da mesma forma, quem for coordenar edição digital, se for um profissional de vídeo, não vai dar necessariamente as aulas de podcast ou de visualização de dados, que deve ficar a cargo de algum diretor de arte de jornal, e assim por diante. A ideia é agregar muita gente.

J&Cia – Pensam também em atividades complementares, capazes de atrair outros jornalistas para o Insper?

João Gabriel – Uma faculdade de Jornalismo não é só um curso; ela tem de ser um lugar onde se discute o tempo todo. Por isso, e vendo a experiência de Columbia, iniciamos a estruturação de projetos de pesquisa, área que o Carlos Eduardo vai liderar. Paralelamente, queremos convidar jornalistas para falar de grandes matérias, furos de reportagem, no momento em que forem publicados. Queremos que venham falar também de novas técnicas, novos negócios. A ideia é discutir, trocar ideias e criar uma tradição, coisa em que Columbia é forte. O tempo todo há jornalistas lá conversando com outros jornalistas sobre coisas que dizem respeito à profissão. Isso é o que queremos fazer no Insper.

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