4.8 C
Nova Iorque
domingo, dezembro 21, 2025

Buy now

" "
Início Site Página 67

ABCPública Lança Prêmio Beth Brandão de Comunicação Pública

Aracaju/SE – 12 de abril de 2025 – Está oficialmente aberto o processo de seleção para o Prêmio Beth Brandão de Comunicação Pública 2025, promovido pela Associação Brasileira de Comunicação Pública (ABCPública). A homenagem será concedida durante o III Congresso Brasileiro de Comunicação Pública (III ComPública), que será realizado de 20 a 22 de outubro, no campus São Cristóvão da Universidade Federal de Sergipe (UFS). A iniciativa visa reconhecer pessoas relevantes para o campo da comunicação pública no Brasil, seu trabalho e trajetória.

O Prêmio é uma homenagem à jornalista, relações públicas, pesquisadora, consultora e professora Elizabeth Pazito Brandão, uma profissional de grande atuação e engajamento na área de comunicação no Brasil. Brandão dedicou-se ao ensino, à pesquisa e a diversas atividades profissionais, sempre buscando o aprimoramento da comunicação, especialmente aquela voltada à qualidade da informação e ao relacionamento entre instituições e sociedade.

A premiação visa valorizar profissionais cuja atuação tenha contribuído significativamente para o uso estratégico da comunicação na construção da cidadania no Brasil. A escolha do(a) agraciado(a) será feita por uma comissão de três especialistas indicados pela Diretoria Executiva da ABCPública, com base em critérios como relevância da trajetória, contribuição acadêmica ou profissional, e alinhamento aos princípios da entidade.

“O Prêmio Beth Brandão é mais do que uma homenagem. É um reconhecimento àqueles que fazem da comunicação uma ferramenta de transformação social e de fortalecimento da democracia”, afirma Jorge Duarte, presidente da ABCPública.

A entrega oficial do prêmio será realizada na noite de abertura do III ComPública, no dia 20 de outubro, em Aracaju. A expectativa é reunir cerca de 400 participantes de todo o país, entre estudantes, pesquisadores e profissionais da área, para discutir temas como emergência climática, direito à informação e as práticas contemporâneas da comunicação voltada ao interesse público.

Organizado pela ABCPública em parceria com a UFS, o congresso contará com uma programação intensa de palestras, mesas temáticas, oficinas e apresentação de artigos científicos.

O prêmio Beth Brandão foi entregue pela primeira vez no II ComPública à professora Heloiza Matos, pela sua notória contribuição ao quadro da comunicação pública no Brasil e também por sua atuação que se liga fortemente à missão da ABCPública. Heloiza é doutora em Ciências da Comunicação e pesquisadora, sendo sócia-honorária da ABCPública desde 2019 e referência na Comunicação Pública.

Cronograma do prêmio Beth Brandão 2025

  • Formação da comissão de seleção: abril de 2025
  • Indicação à Diretoria da ABCPública: até 31 de julho
  • Decisão final: até 31 de agosto
  • Divulgação do resultado: 20 de setembro
  • Entrega do prêmio: 20 de outubro, durante o III ComPública

A premiação consistirá em um troféu e um diploma de reconhecimento. Todos os integrantes da comissão de seleção também receberão certificados pela participação.

Leia o edital! Mais informações acesse o site https://doity.com.br/iii-compublica

Sobre o III ComPública

Em outubro de 2025, será realizado o III Congresso Brasileiro de Comunicação Pública (III ComPública) no Campus São Cristóvão da Universidade Federal de Sergipe (UFS). O evento discutirá diversos temas relevantes para a comunicação pública no Brasil, com ênfase no papel dos profissionais de comunicação frente à emergência climática e no direito à informação. O congresso é destinado a estudantes, pesquisadores e profissionais da área.

A Associação Brasileira de Comunicação Pública (ABCPública) é uma associação civil instituída em 2016, com o objetivo de fortalecer e promover a comunicação pública no Brasil.


Juliana Dal Piva participa de evento internacional em Nova York sobre ataques à imprensa

Juliana Dal Piva participa de evento internacional em Nova York sobre ataques à imprensa
Crédito: Columbia Journalism School/YouTube

Juliana Dal Piva, repórter do ICL Notícias e integrante do Centro Latinoamericano de Investigação Jornalística (CLIP, na sigla em espanhol), participou no começo da semana de um evento internacional em Nova York sobre ataques à liberdade de imprensa e ao trabalho jornalístico ao redor do globo. No debate A Luta pela Liberdade de Imprensa Global, organizado pela Escola de Jornalismo da Universidade de Columbia e pelo jornal The New York Times, a brasileira falou sobre os ataques que sofreu durante seu trabalho, especialmente de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Juliana citou o podcast A Vida Secreta de Jair, sobre o envolvimento do ex-presidente e de seus filhos em esquema de desvio de salários de assessores do seu gabinete quando era deputado federal. Ela comentou os ataques que sofreu de Frederick Wassef, advogado da família Bolsonaro, após a publicação do podcast.

“Ele é uma pessoa muito difícil de lidar, para dizer o mínimo, me ameaçou diversas vezes por causa do meu trabalho”, disse Juliana. “Após publicarmos o podcast, ele me escreveu uma mensagem contendo ameaças contra mim. Tornei a ameaça pública e entrei na Justiça contra ele. Mas, antes disso, ele chegou a dizer para mim, durante um telefonema, algo como ‘você se sente muito poderosa aí no prédio em que você trabalha, mas quando está na rua, você é que nem qualquer outra pessoa que pode a qualquer momento levar um tiro na cabeça, porque o Rio de Janeiro é uma cidade muito violenta, e o presidente está trabalhando arduamente contra a violência’. Em outras ocasiões, fez comentários sobre minha aparência, comentários misóginos”.

Em primeira instância, a Justiça chegou a condenar Wassef por danos morais, mas a própria a jornalista também foi condenada por invasão de privacidade, após ter tornado públicas as ameaças do advogado. Em 2023, o Tribunal de Justiça de São Paulo revogou a condenação de Juliana e manteve a de Wassef, de indenizá-la em R$ 10 mil.

No debate, Juliana também comentou de um caso recente, no qual apoiadores de Bolsonaro e pessoas próximas a Wassef começaram a criar narrativas falsas de que ela estaria envolvida em um esquema para incriminar Bolsonaro e colocá-lo na cadeia.

“Eu meio que já aceitei que sempre serei um alvo que eles veem e eles precisam derrubar de alguma forma”, desabafou Juliana. “Existe uma espécie de violência psicológica, quase fiz uma pausa na carreira depois de tudo o que aconteceu. Eu achei que o pior havia passado. Mas nesse último caso, de criar falsas narrativas sobre mim, eu não estava nem trabalhando, eu estava fazendo um curso aqui nos Estados Unidos, e eles inventaram mentiras a meu respeito. Eu acordei um dia e havia milhares de mensagens sobre isso, e fiquei três meses tendo que resolver e lidar com ameaças, comentários misóginos, pessoas dizendo que estavam me observando na rua, coisas do tipo. Demorou um tempo para que eu pudesse recuperar o controle da minha própria vida”.

Quando questionada sobre como combater essas ameaças ao trabalho jornalístico, Juliana destacou a importância de os próprios jornalistas e veículos discutirem questões de segurança e integridade física e mental dos profissionais, antes, durante e depois da cobertura, além de incentivar que os jornalistas processem quem os ameaçou.

Patrícia Campos Mello, por exemplo, é outra repórter brasileira que também sofreu ataques e foi vítima de comentários misóginos”, disse Juliana. “E quando eu estava sofrendo os ataques que citei, a própria Patrícia, que já havia sofrido ameaças antes, me recomendou levar o caso à Justiça. E isso é algo que nós não estamos costumados a fazer. Os veículos, as empresas, não querem ver seus jornalistas processando fontes. O advogado que citei, um dia, foi uma fonte. Não só para mim, mas para outros repórteres. Então, apesar da solidariedade e carinho que recebi de colegas quando sofri os ataques, existe também este lado, das empresas jornalísticas não quererem ver seus jornalistas processando fontes”.

“Então, é importante pensar nisso, sobre os jornalistas se defenderem judicialmente, processarem quem os ameaçou, mesmo que sejam fontes. Claro que existem injustiças no próprio sistema judiciário, com decisões duvidosas, mas é uma forma de nos defendermos e defendermos o nosso trabalho. E é essencial também discutir a segurança dos jornalistas durante a cobertura, e não apenas antes, ou depois, como uma forma de se preparar para o que pode acontecer”, concluiu Juliana.

Além de Juliana, participaram do debate Aida Alami, professora da universidade James Madison; András Pethő, cofundador e diretor do Direkt36 (Hungria); e Siddharth Varadarajan, fundador e editor do portal de notícias digitais The Wire e ex-editor do The Hindu (Índia). A moderação foi de Sheila Coronel, professora de prática profissional em jornalismo investigativo e diretora do Centro Toni Stabile de Jornalismo Investigativo na Escola de Jornalismo de Columbia.

Assista ao debate completo no YouTube (em inglês).

Termina nesta quinta-feira (24/4) o 1º turno da eleição dos +Admirados da Imprensa do Agro 2025

Termina nesta quinta-feira (24/4) o 1º turno da eleição dos +Admirados da Imprensa do Agro 2025

Jornalistas e profissionais da comunicação têm até esta quinta-feira (24/4) para fazerem suas indicações no primeiro turno da eleição dos +Admirados da Imprensa do Agronegócio 2025. Em sua quinta edição, a iniciativa reconhecerá os jornalistas e veículos preferidos na cobertura do Agro pela avaliação dos demais colegas de profissão.

Nesta primeira fase, os eleitores poderão indicar livremente até cinco candidatos por categoria. Os nomes mais lembrados serão classificados para o segundo turno. Além da categoria profissional, que destacará os TOP 50 +Admirados Jornalistas do Ano, serão reconhecidos os TOP 3 +Admirados Veículos nas categorias Agência de Notícias, Áudio, Canal de Vídeo, Periódico Especializado, Programa de TV Especializada, Programa de TV Geral, Site/Portal e Veículo Geral.

Os mais citados em cada categoria, que se classificam para a fase final de votação dirigida, serão anunciados em uma edição especial que circulará na próxima terça-feira (29/4). Para participar, basta acessar o link de votação, preencher um rápido cadastro e informar até cinco profissionais ou veículos por categoria. Não é necessário preencher todos os campos para validar os votos.

A eleição dos +Admirados da Imprensa do Agronegócio 2025 conta com os patrocínios de Cargill, Copersucar, Mosaic e Syngenta, apoios de Bosch, CNA, Elanco, Tereos e Yara, colaboração de Agrel, BRF e John Deere, e apoio institucional da Rede Agrojor. Empresas interessadas em associarem suas marcas à premiação podem obter mais informações com Vinicius Ribeiro ([email protected]).

Mariana Grilli é a nova apresentadora do Hora H do Agro

Mariana Grilli é a nova apresentadora do Hora H do Agro

A Jovem Pan News anunciou a chegada de Mariana Grilli ao comando do programa A Hora H do Agro. A estreia foi em 19 de abril. Com exibição ao vivo e formato multiplataforma, a atração está disponível na TV Jovem Pan News, no canal da emissora no YouTube, no Panflix e nos principais canais da FAST Channels.

“Me sinto muito feliz de retornar para a Jovem Pan, onde há 10 anos eu ajudava a criar a editoria de agro, ainda para o rádio”, lembra Mariana. “Agora neste formato multiplataforma podemos explorar ainda mais os diversos assuntos do agronegócio de forma estratégica, entregando a melhor análise para quem nos acompanha”.

Especializada em temas socioambientais e de sustentabilidade no agro, Mariana é colunista do UOL, idealizadora do podcast Arroz, Feijão & Clima e ao longo da carreira passou por Valor Econômico, Globo Rural, Exame, Um Só Planeta, AGFeed, Revista Espresso, The Beef e Futures.

Poder360 completa 25 anos

Poder360 completa 25 anos
Crédito: Logotipo Poder360

O Poder360 completou 25 anos em 18 de abril. Considerado uma das mídias digitais mais antigas do Brasil, o veículo tem como foco principal a cobertura dos Três Poderes, mas também se dedica a temas como economia, saúde, tecnologia, cultura e assuntos de relevância internacional.

A história do veículo começou em 2000, originalmente como o Blog do Fernando Rodrigues no portal UOL. Em 2016, passou a se chamar Poder360 e, no ano seguinte, tornou-se uma plataforma independente. Em 2023, o jornal criou o Poder Monitor, uma ferramenta voltada ao monitoramento de dados públicos, que permite acompanhar projetos e decisões sobre diferentes temas, com informações de aproximadamente 400 órgãos governamentais.

Já em 2024, ele expandiu sua atuação com a abertura de uma sucursal em São Paulo. Atualmente, a empresa conta com 100 profissionais trabalhando em todas suas unidades. Além do jornal digital, o grupo mantém o PoderIdeias, voltado à realização de eventos e seminários, e o PoderData, responsável por pesquisas de opinião.

Para Fernando Rodrigues, diretor de Redação, a trajetória do veículo é um reflexo do compromisso com a informação de qualidade: “Muitos veículos digitais nasceram e morreram nos últimos 25 anos. Tudo parece ser mais fugaz na internet. Sobreviver um quarto de século no meio digital talvez seja o equivalente a durar 50 ou 100 anos na mídia impressa. Estar operando de maneira cada vez mais consolidada e ampliando a influência e credibilidade do Poder é um sinal de que a produção jornalística tem sido útil para o público que se informa por aqui. Sem o aval do leitor, não seria possível existir por tanto tempo”.

Morre Fábio Vanzo, aos 45 anos, em São Paulo

Morre Fábio Vanzo, aos 45 anos, em São Paulo
Crédito: Reprodução/Linkedin

Faleceu em 17/4, aos 45 anos, em São Paulo, o jornalista Fábio Vanzo. Ele estava internado no Hospital Sancta Maggiore, no bairro da Liberdade, onde tratava uma infecção. Com mais de duas décadas de trajetória no jornalismo, Vanzo atuava como revisor de textos em agências, editoras e, mais recentemente, no Poder360, onde também contribuía para a edição da newsletter Drive.

Formado pela Universidade Anhembi Morumbi, passou por diversas agências de comunicação e foi coordenador de Comunicação na Secretaria Executiva de Comunicação da Prefeitura de São Paulo. Entre 2012 e 2014, assinou a coluna O Melhor das #VanzoNews Desta Semana na revista eletrônica VICE Brasil. O corpo foi cremado na Vila Alpina. Fábio Vanzo deixa a companheira, a atriz Julia Bobrow.

Morre Matías Molina, referência do jornalismo econômico, aos 87 anos

Morre Matías Molina, referência do jornalismo econômico, aos 87 anos

Morreu na segunda-feira (21/4) Matías M. Molina, referência na cobertura de economia, aos 87 anos, em São Paulo. O velório e sepultamento ocorrem nesta terça-feira (22/4), no Cemitério Morumby. Ele deixa a mulher, Cynthia Malta, e os filhos José e Maurício Martinez.

Matías nasceu em 1937, em Madri, em meio à Guerra Civil Espanhola. Chegou ao Brasil com a mãe em 1955. Historiador por formação, foi um dos grandes nomes do jornalismo econômico brasileiro. Grande parte de sua carreira está ligada ao jornal Gazeta Mercantil, onde trabalhou por 29 anos, como diretor editorial, editor-chefe, secretário-geral, correspondente em Londres, editor de Finanças e de Internacional. Na publicação, fez parte da equipe liderada por Roberto Müller Filho, que adotou princípios e critérios que moldaram o jornalismo econômico de outros veículos especializados.

Na década de 1960, Matías foi editor-chefe do grupo de revistas técnicas da Editora Abril. Foi um dos fundadores e o primeiro editor da revista Exame. Trabalhou também na Folha de S.Paulo, como editor de economia e redator de Internacional. Atuou ainda na CDN Análise e Tendências, como diretor de análise internacional.

É autor de livros como Os melhores jornais do mundo – uma visão da imprensa internacional (Editora Globo) e A história dos jornais no Brasil (Companhia das Letras).


Preciosidades do acervo Assis Ângelo: O cego na História (parte 2)

Por Assis Ângelo

“A intolerância é cega e a cegueira é um elemento do erro. O conselho e a moderação podem corrigir e encaminhar as inteligências, mas a intolerância nada produz que tenha as condições de fecundo e duradouro.” (texto extraído da matéria intitulada Ideal do Crítico, de Machado de Assis, publicada em 8 de outubro de 1865 no Diário do Rio de Janeiro).

Pois é, o nosso Machado estava na casa dos 20 anos quando escreveu com sobriedade, profundidade e clareza texto que orientava decididamente o caminho dos futuros profissionais da crítica literária. O bambambã da época, José Veríssimo (1857-1916), babou na gola da camisa e virou amigo de infância do jovem escritor que o futuro coroaria como mestre das palavras ditas e escritas em todos os gêneros, da poesia ao teatro, cá no Brasil.

Em 5 de abril de 1858, o moçoilo Machado topou desafio de Francisco de Paula Brito (1809-1861). O desafio se transformaria num debate envolvendo a figura do cego. Quem o enfrentou foi um certo Jq. Ambos subiram e desceram polemicamente sem baixar de nível no desenvolvimento do mote proposto por Brito, este: “Qual dos dois cegos mais sente o penoso estado seu: o que cegou por desgraça, o que cego já nasceu?”.

Lá pras tantas, diz Machado:

“A resignação e a capacidade de adaptação são fatores que influenciam a forma como cada cego lida com a cegueira”.

No correr da vida, Machado de Assis voltaria a abordar a cegueira nos seus textos. Num deles, escreve: “Não se deve falar de luz aos cegos”. Está no livro intitulado Contos Fluminenses, de 1870.

Machado de Assis

Em 1884, o autor de Iaiá Garcia (1878) publicou no jornal Gazeta de Notícias o conto Ex Cathedra. Nesse conto, o personagem central, Fulgêncio, lê como ninguém. É um viciado na leitura. Lê de manhã, de tarde e de noite. Faz isso antes e depois de tomar o café da manhã, antes e depois do almoço e toda hora mais ou menos que lhe dá na veneta. É um ser sereno. Entre os muitos assuntos de sua predileção se acham Matemática, Geografia, Filosofia, Direito… O seu é  comportamento automático. Lê sentado, lê andando e até no banheiro. Se voasse, leria voando…

Fulgêncio mora com mucamas e uma sobrinha de nome Caetaninha que o chama de padrinho. Ela cuida da casa e dele.

Fulgêncio é uma figurinha de anos que já lhe fazem dobrar o corpo. Sabe de tudo ou quase tudo. É viúvo e rico, porém simples. Agora ele se vê nos caminhos do Naturalismo.

Curioso eterno, o personagem aí chega a fazer estudos sobre os olhos humanos. Depois de muita pesquisa, ele chega a uma conclusão fantástica: os olhos veem.

Enquanto isso, a menina que vive com o padrinho passa a namorar e pensa em se casar. E mais não digo, a não ser o nome do sujeitinho: Raimundo.

A cegueira de que foi vítima Joaquim Maria Machado de Assis durou três meses, tempo suficiente para deixá-lo quase doido. Foi a sua companheira, Carolina,  a pessoa que lhe segurou as pontas naqueles momentos tão difíceis. A cura, digamos assim, veio dos ares e da paz reinantes em Nova Friburgo, RJ.

Até hoje são desconhecidas as razões que vitimaram os olhos do bruxo do Cosme Velho.

O cego passeia em tudo quanto é página e tela do mundo todo. Como diriam os mais antigos: o cego está sempre em tela…

No Brasil, os cegos se movimentam como podem nos romances e poemas dos nossos pequenos e grandes autores. E autoras. Que o diga Machado.

Bom, e sabem o que eu continuo achando?

Eu acho que a cegueira não é o fim, como afirmei à revista Veja em 16/2/2018.


Contatos pelos [email protected], http://assisangelo.blogspot.com, 11-3661-4561 e 11-98549-0333

100 anos de Rádio no Brasil: Consumo de áudio digital bate recorde nos EUA

Por Álvaro Bufarah (*)

O relatório The Infinite Dial 2025, elaborado pela Edison Research, confirma que os hábitos de consumo de áudio digital nos Estados Unidos estão em franca transformação e atingiram níveis históricos neste ano. O estudo, reconhecido como o levantamento mais duradouro sobre comportamento midiático digital no país, revela que o áudio digital − incluindo rádios online, streaming, audiolivros e podcasts − alcançou 228 milhões de pessoas com 12 anos ou mais, o equivalente a 79% da população dessa faixa etária.

O aumento da conectividade, o crescimento de dispositivos móveis e a consolidação de plataformas de áudio sob demanda são apontados como fatores-chave para esse desempenho. O dado de escuta semanal também reforça essa tendência: 210 milhões de americanos escutam áudio digital ao menos uma vez por semana, o que corresponde a 73% da população 12+, contra 70% em 2024. Esse crescimento reflete a crescente integração do áudio digital na rotina cotidiana, impulsionado especialmente pela penetração de smartphones (com 262 milhões de usuários) e smartvs (presentes em 75% dos lares).

Entre as plataformas mais populares, o Spotify lidera em notoriedade (87%), seguido por Pandora (85%) e Apple Music (77%). Já quando se trata de uso efetivo no último mês, Spotify segue na frente com 35%, acompanhado de YouTube Music (28%) e Pandora (17%). A disputa entre as plataformas de streaming tem se intensificado, com destaque para o crescimento do consumo em alto-falantes inteligentes, presentes agora em 101 milhões de residências. Entretanto, a escuta por esses dispositivos apresentou ligeira retração no último ano.

Os podcasts representam uma das áreas de maior expansão no universo do áudio digital. Em 2025, 158 milhões de americanos ouviram ou assistiram a um podcast no último mês − uma taxa de penetração de 55% da população 12+, contra 51% em 2024 e apenas 32% em 2020. Quando observamos o consumo semanal, o número chega a 115 milhões, consolidando os podcasts como um dos formatos de conteúdo mais populares da atualidade.

A familiaridade com o formato também é notável: 245 milhões de pessoas nos Estados Unidos dizem conhecer o termo “podcast”. Além disso, 70% da população americana já escutou ou assistiu a algum conteúdo em formato de podcast ao menos uma vez. A combinação de áudio e vídeo está ganhando força, com 48% dos entrevistados afirmando consumir podcasts em ambas as formas, enquanto 22% apenas escutam e 3% apenas assistem.

A plataforma preferida para escuta de podcasts é o YouTube (33%), superando Spotify (26%) e Apple Podcasts (14%), o que reforça o papel estratégico do vídeo na difusão de conteúdos sonoros. A mudança de comportamento evidencia um deslocamento da audiência para formatos híbridos e aponta para a necessidade de adaptação por parte dos criadores e distribuidores de conteúdo.

Na esfera do áudio automotivo, a digitalização dos veículos também impulsiona novos hábitos. Apesar do rádio AM/FM continuar predominante (74% dos usuários de automóveis), o áudio online (55%) e os podcasts (31%) já se consolidaram como fontes importantes de consumo dentro dos carros. A presença de sistemas como Apple CarPlay e Android Auto já está em 40% dos veículos nos EUA, e sua utilização efetiva alcança 33% dos motoristas, facilitando o acesso a streaming e conteúdos sob demanda.

A adoção de mídias digitais no carro mostra diferenças geracionais marcantes: entre os ouvintes de 18 a 34 anos, 84% ainda escutam rádio tradicional, mas 78% já consomem áudio online, e 54% escutam podcasts. Entre os mais velhos (55+), o rádio ainda lidera com 84%, mas o podcasting representa apenas 17% da audiência, o que indica uma lacuna de engajamento por faixa etária.

No ambiente das redes sociais, a pesquisa revela que 82% da população 12+ usa ao menos uma plataforma social, com o Facebook ainda liderando (66%), seguido por Instagram (48%) e TikTok (34%). A divisão por gerações continua evidente: jovens de 12 a 34 anos preferem Instagram e TikTok, enquanto faixas etárias mais altas continuam com forte presença no Facebook. O debate sobre regulação de redes sociais também ganha força: 48% dos americanos defendem a proibição do uso por menores de 16 anos, com apoio mais expressivo entre os republicanos (58%) do que entre democratas (45%).

Outro dado revelador é o crescimento do consumo de audiolivros, que atingiu 104 milhões de ouvintes em 2025, contra 36% da população em 2015. O avanço mostra como o público vem diversificando seu repertório de escuta, combinando entretenimento, informação e educação em formatos acessíveis e móveis.

O relatório reforça que o áudio digital, em suas diversas expressões, tornou-se um eixo estruturante do ecossistema de mídia nos Estados Unidos. A expansão contínua do consumo, a popularização dos podcasts e o uso de tecnologias móveis e conectadas apontam para uma reconfiguração do mercado. Assim como ocorre no mercado global de música gravada, a bifurcação entre plataformas de distribuição e produtores de conteúdo − além da crescente autonomia dos criadores − exigirá estratégias inovadoras para manter relevância, receita e público.


Álvaro Bufarah

Você pode ler e ouvir este e outros conteúdos na íntegra no RadioFrequencia, um blog que teve início como uma coluna semanal na newsletter Jornalistas&Cia para tratar sobre temas da rádio e mídia sonora. As entrevistas também podem ser ouvidas em formato de podcast neste link.

(*) Jornalista e professor da Fundação Armando Álvares Penteado (Faap) e do Mackenzie, pesquisador do tema, integra um grupo criado pela Intercom com outros cem professores de várias universidades e regiões do País. Ao longo da carreira, dedicou quase duas décadas ao rádio, em emissoras como CBN, EBC e Globo.

Wilson Figueiredo deixa um legado para as novas gerações

Wilson Figueiredo

Wilson Figueiredo morreu na noite de domingo (20/4), em casa, no Rio, aos 100 anos de idade, de causas naturais. Deixou quatro filhos e oito netos. O corpo será sepultado na terça-feira (22/4), no cemitério São João Batista, em Botafogo.

Nascido em Castelo, no Espírito Santo, sua família mudou-se para Minas Gerais, de início no interior e depois em Belo Horizonte. Lá ele começou o curso de Letras Neolatinas, mas não o concluiu. Logo começou a trabalhar no jornalismo, como redator e tradutor da Agência Meridional, que pertencia então ao jornal Estado de Minas, e foi secretário na Folha de Minas.

Como um dos idealizadores da revista Edifício, em 1946, o veículo deu nome a uma geração de escritores, entre eles Autran Dourado e Sábato Magaldi. São desta época dois livros de poesia que Figueiredo publicou – Mecânica do azul e Poemas narrativos – e mais tarde rejeitou. Em 1957, transferiu-se para o Rio e trabalhou na Última Hora e em O Jornal.

Seu pouso definitivo, onde conquistou notoriedade como jornalista, foi no Jornal do Brasil, por 45 anos. Começou como repórter, passou a editor, colunista, editorialista e finalmente, diretor, e o apelido de Figueiró, que ganhou nas redações, permaneceu com ele. Participou da reforma gráfica e editorial de 1959 – com Odylo Costa, filho, Jânio de Freitas e Amílcar de Castro –, o que teve repercussão internacional e mudou a maneira de se fazer jornal no País.

Também colaborou com as revistas Manchete e Mundo Ilustrado. Depois de se aposentar do Jornal do Brasil, aos 81 anos e ainda ativo, trabalhou para a comunicação corporativa na FSB, até 2002. Foi autor de Os Mineiros – Modernistas, Sucessores & Avulsos; 1964: o último ato; e De Lula a Lula. Aos 88 anos, lançou a biografia E a vida continua: a trajetória profissional de Wilson Figueiredo. Na ocasião, brincou sobre o longo tempo na profissão: “Evito pensar que possa ser o mais antigo jornalista em atividade no País. Há de haver outro desgraçado, e ainda mais velho, por aí”.

No obituário publicado em O Globo, um jornal em ele não trabalhou, está: “A morte de Wilson Figueiredo representa o fim de um capítulo importante do jornalismo brasileiro. Um profissional cuja trajetória se confunde com a própria história da imprensa no Brasil, e cuja voz, lúcida e poética, deixa um legado que atravessa gerações”.

Últimas notícias

pt_BRPortuguese