Por Luciana Gurgel

A venda do jornal britânico conservador Daily Telegraph, anunciada em 22/11, por £ 500 milhões, coloca fim a um longo enredo, que se estende desde 2023, quando o Lloyds Bank confiscou o título devido a uma dívida bilionária dos então donos, os irmãos Barclay. E representa muito mais do que uma transação comercial.
O novo dono é o grupo DMGT, que possui um vasto portfólio de publicações, liderado pelo tabloide de direita Daily Mail. Ele é comandado por Lord Rothermere, um dos descendentes da família que fundou o Daily Telegraph em 1896.
A aquisição é vista como um golpe de mestre. Isso porque, após o confisco em 2023, os irmãos Barclay tinham chegado a recuperar temporariamente a propriedade do Telegraph, pagando £ 1,2 bilhão ao Lloyds.
Em seguida, venderam a empresa para o consórcio RedBird IMI, que nunca exerceu controle direto por falta de aprovação das autoridades regulatórias. O jornal seguiu no limbo, sem “chefe”, comandado apenas pela redação – que não queria o RedBird como novo proprietário.
O fundo capitulou na semana passada, ao ver reduzidas suas chances de aprovação. E deixou o Telegraph de presente para Rothermere, que tinha sido um dos interessados no início, mas ficou pacientemente aguardando os ventos soprarem a seu favor.

A transferência do controle do Telegraph acontece no contexto de uma inclinação do país para a direita – ou, mais precisamente, para a extrema direita. O partido Reform, do controvertido Nigel Farage, está em primeiro lugar nas intenções de voto nas próximas eleições.
Como a imprensa britânica tem predileção política declarada, a propriedade dos meios de comunicação tem relação direta com eleições. E, no cenário atual, foi lamentada pela esquerda e por meios como The Guardian, diante do risco de contrinbuir para um resultado eleitoral que assombra progressistas e moderados. E de comprometer a pluaralidade da impensa, pilar da democracia.
Os temores não são infundados, mas carregam uma dose de exagero e frustração injustificada, pois não foi um desfecho inesperado. E nem vai mudar tanto assim o contexto atual.
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