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quinta-feira, dezembro 25, 2025

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Reportagem da Rede Minas abordará história e situação atual das bancas de jornais

Reportagem da Rede Minas abordará história e situação atual das bancas de jornais
Carlos Augusto (Crédito: Divulgação/Rede Minas)

A Rede Minas vai exibir na sexta-feira (6/6), às 18h, uma reportagem especial com foco nas bancas de jornais, abordando a história das bancas em Belo Horizonte e no Brasil, e também a situação atual dos locais ocupados pelos jornaleiros, com a chegada da tecnologia.

Comandado pelo repórter Carlos Augusto, o conteúdo especial, que vai ao ar no Jornal Minas 2ª Edição, vai traçar uma linha do tempo sobre a trajetória das bancas de jornal no País, trazendo curiosidades como a história do imigrante que deu nome ao negócio no Brasil. Carlos também visitou algumas das 508 bancas de jornais em Belo Horizonte e mostra aquelas que se mantêm fiéis às publicações e outras que se adequaram à modernidade.

“Com a chegada da Internet, muitos leitores substituíram o papel pela tela. Hoje, suvenires, equipamentos eletrônicos e bebidas são alguns dos produtos que disputam espaço nas estantes”, diz release enviado pela Rede Minas sobre a reportagem especial.

A Rede Minas está no ar no canal 9; Claro TV (Net) 20 e Claro TV HD (Net) 520; Vivo 508; e através do satélite StarOne D2 para a América Latina. Também será possível acompanhar a reportagem no site da Rede Minas e na plataforma de streaming Minasplay.

Decisão do CNJ garante jornais como veículos oficiais de publicidade legal

Decisão do CNJ garante jornais como veículos oficiais de publicidade legal
Crédito: Utsav Srestha/Unsplash

O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) respondeu na quarta-feira (4/6) de forma favorável a uma reclamação de Associação Nacional de Jornais (ANJ), a Associação Brasileira das Agências e Veículos Especializados em Publicidade Legal (Abralegal) e a Associação dos Jornais do Interior do Brasil (Adjori), determinando a legitimidade dos jornais como veículos oficiais de publicidade legal.

Segundo as entidades, a decisão traz um avanço institucional que mantém os jornais (em formato impresso ou digital) como meio adequado, confiável e tradicional para a veiculação da publicidade legal, por serem produzidos por empresas jornalísticas que têm compromisso com a credibilidade, a transparência e o interesse público. “Ao preservar essa prática, fortalecemos os princípios da transparência, do acesso à informação e da segurança jurídica – pilares essenciais para a convivência democrática em nossa sociedade”, dizem as entidades, em nota sobre a novidade.

“A decisão torna nulos os provimentos estaduais que restringiam a divulgação de atos extrajudiciais exclusivamente a plataformas administradas por entidades cartoriais, o que limitava a liberdade de escolha dos cidadãos e comprometia o acesso a meios de comunicação jornalísticos legítimos e amplamente reconhecidos”, continua a nota. “A decisão também foi clara ao afirmar que não pode haver imposição obrigatória de uso de portais específicos, garantindo, assim, o direito de escolha dos interessados e promovendo a concorrência justa entre os prestadores desse tipo de serviço”.

Leia na íntegra a declaração conjunta das entidades aqui.

TalentsComms, Trivas e SmartPR unem-se para formar a Smart

A Smart, sob a liderança de sua fundadora, Silse Martel, anunciou neste início de semana um reposicionamento estratégico, pelo qual, como informa release distribuído para a imprensa, “a agência evolui para um hub de construção de autoridade de marca, com a integração de todas as frentes de comunicação estratégica: PR e comunicação corporativa, public affairs e sustentabilidade, conteúdo e comunicação interna”.

O movimento resulta da união de três marcas: TalentComms, Trivas e SmartPR, todas agora sob o guarda-chuva da marca Smart, e nasce com novos website (wearesmart.com.br) e logomarca.

Um dos destaques na apresentação ao mercado é o novo board da agência. Juntaram-se às VPs Fabiana Jacomini, Karina Lotze, Caru Fogaça e Thais Aguiar, que era CEO e partner da TalentComms, Caroline Arice Silva, ex-IBM e Liberty Seguros, como VP de Public Affairs e Sustentabilidade; Diego Iraheta, ex-Huffington Post e Alice, VP de Conteúdo; Edna Polito, ex-InPress Porter Novelli, VP de Operações; Bel Pocai, ex-Giusti, diretora de Atendimento; Rodrigo Varanda, ex-Netflix, que assume como diretor de Atendimento; e Silvia Helena Fernandes, ex-Matchbox, nova gerente comercial.

A Smart também anunciou a chegada de novos clientes: Latam Airlines, com projeto de marca empregadora, Iberia Airlines, de relacionamento com a imprensa, e Bee2Be, para storytelling de sustentabilidade e relacionamento com imprensa. São marcas que se juntam aos cerca de 40 clientes da casa, como Pinterest, Think with Google, Duolingo, Airbus, Shopee, Bauducco, Iguatemi, Grupo HDI, Localiza, Wise, Assaí, realme, Monday.com, Senna Tower e Global Citizen.

O adeus a Izolda Cremonine Silva

Faleceu em São Paulo em 1º de junho, em decorrência de problemas respiratórios, Izolda Cremonine Silva, profissional que fez história em comunicação corporativa e relações públicas, tanto como consultora, com a sua C&M Comunicação, quanto como professora de escolas como ESPM e FGV.

Boa parte de sua trajetória dedicou também a instituições como Aberje e Abracom, integrando comitês e apoiando as múltiplas iniciativas focadas no mercado.

No início dos anos 1980, ao lado de colegas como Amauri Marchese, Marco Rossi, Renato Gasparetto Jr., Elizabeth Sanchez, Maria Aparecida Ferrari, Silvia Czapski e outros, integrou um grupo informal batizado de Grece – Grupo de Estudos da Comunicação Empresarial, que viria a mudar a face da atividade no País ao concorrer e vencer as eleições na Aberje.

Em editorial que publicou no site da Mega Brasil (ver aqui), Marco Rossi detalha a trajetória de Izolda, formada em relações públicas, publicidade e jornalismo. Ele e Eduardo Ribeiro, diretor deste J&Cia, fizeram uma das últimas entrevistas com Izolda para o projeto A Comunicação Empresarial no Brasil – a história contada por quem ajudou a contar a história. Aqui o link com a íntegra da entrevista.

O corpo dela foi sepultado no Cemitério do Morumbi em 2 de junho.

Radialista é executado a tiros no Pará; RSF pede proteção aos jornalistas da região Amazônica

Radialista Luisinho Costa é executado a tiros no Pará; RSF pede proteção aos jornalistas da região Amazônica
Crédito: Redes Sociais

Luís Augusto Carneiro da Costa, conhecido como Luisinho Costa, radialista da Rádio Comunitária Guarany FM, foi assassinado a tiros em 27/5, em Abaetetuba, no Pará, no seu local de trabalho, enquanto apresentava um programa ao vivo. Os tiros puderam ser ouvidos em tempo real por ouvintes da transmissão. A vítima morreu no local.

Segundo a Polícia do Pará, dois homens encapuzados entraram nas dependências da Guarany FM e perguntaram por Luís Costa. Em seguida, ao encontrarem o radialista, um deles atirou várias vezes na cabeça de Luís. Recentemente, a polícia prendeu um dos homens que admitiu o crime e contou que teve desavenças com Luís relacionadas à organização de eventos na região.

Com mais de duas décadas de atuação como radialista na Guarany FM, Luisinho Costa era também DJ, produtor de eventos e empresário. Ficou conhecido por divulgar grandes eventos de Abaetetuba, contribuindo para o crescimento de festas e atrações na região. É um dos fundadores do bloco carnavalesco Me Namora. Casado desde 1998, deixa a esposa e uma filha.

Entidades defensoras do jornalismo lamentaram o assassinato de Luisinho Costa. A Repórteres Sem Fronteiras (RSF) declarou que o crime ocorreu em um contexto de diversos ataques e violações à liberdade de imprensa na região amazônica. A entidade, que pediu que as autoridades brasileiras garantam a proteção dos jornalistas que atuam na região, destacou o relatório Amazônia: Jornalismo em Chamas, publicado em setembro de 2023.

Segundo a RSF, o relatório evidencia a “crescente hostilidade enfrentada por jornalistas que cobrem temas locais como conflitos fundiários, corrupção e crimes ambientais — incluindo ameaças de morte, agressões físicas, ataques armados e assédio judicial”.

Flow News encerra atividades depois de dois anos no ar

Flow News encerra atividades depois de dois anos no ar

O Flow News, projeto de notícias do Grupo Flow, anunciou na semana passada o fim de suas atividades. Em comunicado publicado em 30/5, a equipe da iniciativa, que estava há dois anos no ar, explicou que o projeto terá um novo formato, ao lado dos outros produtos do grupo.

“Ao longo de dois anos, o Flow News discutiu notícias com responsabilidade, pluralidade, bom humor e, claro, sempre carregando o jeito Flow. Tivemos programas incríveis, com grandes comunicadores que compartilhavam o mesmo propósito. Foram mais de 1.200 episódios, 278 mil inscritos e mais de 45 milhões de visualizações no YouTube. Até mesmo promovemos o primeiro debate totalmente on-line com os candidatos à prefeitura de São Paulo, em um formato inédito e inovador. Fizemos história! Agora, é hora de encerrar um ciclo para iniciar algo novo. O Flow News ganhará um novo formato dentro do Grupo Flow, então fique de olho”, diz o comunicado.

Faziam parte do Flow News nomes renomados do jornalismo brasileiro, entre eles Carlos Tramontina, Gloria Vanique, André Marinho, Carol Moreira, Marcela Rahal e Paulo Cruz. Criado em 2023, o projeto tinha como objetivo ser o canal de notícias do Grupo Flow, informando com “abordagem plural, bem-humorada e com estilo informal”.

Última semana de inscrições para o 47º Prêmio Vladimir Herzog

47º Prêmio Vladimir Herzog abre inscrições neste sábado (10/5)

Termina na próxima terça-feira (10/6) o período de inscrições para a 47ª edição do Prêmio Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos, que valoriza e reconhece trabalhos jornalísticos que defendam a democracia, a justiça e os direitos humanos.

A principal novidade desta edição é a inclusão de uma nova categoria, a Categoria Extra: Defesa da Democracia, que vai reconhecer trabalhos sobre política nacional, ataques ao Estado democrático de direito e como as instituições brasileiras estão atuando na defesa da democracia. Para esta categoria especificamente, serão aceitas inscrições até 23 de setembro.

Além da Defesa da Democracia, o prêmio segue com suas sete categorias tradicionais:  Arte, Fotografia, Produção Jornalística em Áudio, Produção Jornalística Multimídia, Produção Jornalística em Texto, Produção Jornalística em Vídeo e Livro-Reportagem. A comissão julgadora do prêmio também concederá menções honrosas em cada uma das categorias.

A sessão pública de julgamento e divulgação dos vencedores será marcada para 7 de outubro, às 14h, com transmissão ao vivo pelo YouTube e pelas plataformas do Prêmio Vladimir Herzog. E a tradicional roda de conversa com os ganhadores, além da solenidade de premiação, será em 27 de outubro, no Tucarena, em São Paulo.

Mais informações e inscrições aqui.

CNN volta a operar no Rio de Janeiro

Por Cristina Vaz de Carvalho, editora do Portal dos Jornalistas no Rio

A CNN Brasil comunicou em 2/6 que voltará a ter um estúdio próprio no Rio de Janeiro, depois de ter-se retirado da cidade no final de 2022. Aparentemente, a emissora não volta apenas à cidade do Rio, mas a todo o Estado. Foi o que ficou claro quando João Camargo, presidente do Conselho da CNN, anunciou a nova fase em conjunto com o governador do Estado, Cláudio Castro. Nada foi divulgado ainda sobre o local e a estrutura da nova sucursal.

Ao iniciar as atividades no Brasil, o canal mantinha uma área de 400 m2 no Centro do Rio, com vista privilegiada para o Pão de Açúcar, e empregava 60 pessoas. Devido a dificuldades financeiras, em agosto de 2022 demitiu cerca de 30% dos colaboradores. Em dezembro daquele ano, fechou o estúdio no Rio. Manteve apenas quatro repórteres e um cinegrafista, trabalhando em um escritório de coworking, sem muito apoio da estrutura editorial da sede em São Paulo.

Preciosidades do acervo Assis Ângelo: O cego na História (8)

Graciliano Ramos

Por Assis Ângelo

Há um tempo que nunca acaba. Esse tempo é o tempo de ontem, mas também pode ser o tempo de hoje. Em tese. Tempo, tempo, tempo…

Há quem diga que o Nordeste brasileiro é um nordeste violento, carregado de coisas piores herdadas da Idade Média.

Pois, pois!

Tanto ontem quanto hoje, a violência carregada de absurdos grassou e grassa mundo afora.

Jesus, o JC, nasceu nas bandas do Oriente Médio pregando a paz e o bom viver.

Bom, o judeu é um povo historicamente sabido. E lá atrás, bem lá atrás, judeus botaram pra quebrar levando JC a se explicar ao bambambã Pilatos. Esse lavou as mãos e… Os romanos fizeram o que não deveriam ter feito: mataram o Salvador.

Voltemos, voltemos…

Pais, principalmente pai, no tempo d’antonte, descarregavam no lombo dos filhos a insatisfação e frustração que tinham consigo. Na verdade, até hoje.

O escritor Graciliano Ramos (1892-1953) comeu na mão da mãe e do pai o pão que o diabo amassou. Dos dois, pai e mãe, o bom Graça chegou a levar chicotadas e não foram poucas.

Graciliano Ramos

Como eu disse, a violência não é marca registrada do Brasil, tampouco do nosso Nordeste.

Lá longe, no século 19, um caboco chamado Franz Kafka sofreu na mão do pai. E na mão do pai, a mãe também sofreu.

Não vou concluir aqui tema tão absurdo, porém normalizado no correr dos séculos e séculos.

Antes disso, não custa dizer ou lembrar que Graciliano Ramos de Oliveira começou a sofrer profundamente quando perdeu a luz dos seus olhos. Sua infância foi a de um menino cego, que vivia o tempo todo escondido num quarto com os olhos em sangue.

No livro Infância, de 1945, Graciliano lembra terríveis momentos que viveu, no capítulo Cegueira:

 

“Afastou-me da escola, atrasou-me, enquanto os filhos de Seu José Galvão se internavam em grandes volumes coloridos, a doença de olhos que me perseguiu na meninice. Torturava-me semanas e semanas, eu vivia na treva, o rosto oculto num pano escuro, tropeçando nos móveis, guiando-me às apalpadelas, ao longo das paredes. As pálpebras inflamadas colavam-se. Para descerrá-las, eu ficava tempo sem fim mergulhando a cara na bacia de água, lavando-me vagarosamente, pois o contato dos dedos era doloroso em excesso. Finda a operação extensa, o espelho da sala de visitas mostrava-me dois bugalhos sangrentos, que se molharam depressa e queriam esconder-se. Os objetos surgiam empastados e brumosos. Voltava a abrigar-me sob o pano escuro, mas isto não atenuava o padecimento. Qualquer luz me deslumbrava, feria-me como pontas de agulhas. E as lágrimas corriam, engrossavam, solidificavam-se na pele vermelha e crestada. Necessário mexer-me à toa, em busca da bacia de água”.

A crueldade praticada pelo pai e pela mãe deixou marcas profundas no corpo e na alma do escritor.

Antes e depois de escrever Infância, Graciliano não deixou de lembrar os sofrimentos e aperreios provocados pelos pais. A mãe o ignorava e dele só se lembrava quando estava por aqui de irritação.

As dores de infância que nunca abandonaram Graciliano aparecem sem pieguice em Memórias do Cárcere, obra de 1953, em quatro volumes.

Em 1934, Graciliano publicou São Bernardo. Escrita incrível, como os personagens e, particularmente, Paulo Honório.

Honório foi criado por uma vendedora de cocadas, pois órfão que era. E por esse tempo, meninote ainda, foi guia de cego, como sabe o bom leitor.

Em 1944, um ano antes de Infância, o mestre alagoano publicou um livro praticamente esquecido até hoje. Título: Histórias de Alexandre.

Alexandre é um senhor loroteiro. A mulher dele, Cesário, é conivente com suas mentiras. A plateia é basicamente formada por cego preto Firmino, o cantador de viola Libório, o curandeiro Mestre Gaudêncio e a beata rezadeira das Dores.

Não sei não, mas acho que o humorista Chico Anísio se inspirou na mulher de Alexandre pra criar Terta. Lembra? “É mentira, Terta?”.


Contatos pelos [email protected], http://assisangelo.blogspot.com, 11-3661-4561 e 11-98549-0333

100 anos de Rádio no Brasil: A luta das emissoras locais pela sobrevivência

(Crédito: Acaert)

Por Álvaro Bufarah (*)

O dial já não é mais território apenas de DJs, notícias comunitárias e velhos jingles. É também campo de batalha − entre gigantes da tecnologia, reguladores estatais e as vozes que ainda tentam se manter vivas no ar.

Nos Estados Unidos, uma coalizão formada por organizações multiculturais − como a National Hispanic Foundation for the Arts, a MANA (A National Latina Organization), a National Urban League e a Hispanic Federation − resolveu subir o tom. Enviaram uma carta contundente à Federal Communications Commission (FCC) pedindo a revisão urgente das regras de propriedade de emissoras de rádio e televisão, que ainda se baseiam em modelos regulatórios da década de 1940. O argumento é direto: se nada mudar, as rádios e TVs locais correm risco de desaparecer diante da concorrência desleal das big techs, que operam sem amarras regulatórias e devoram audiência e verba publicitária como se estivessem sozinhas no jogo (FCC, 2025).

A carta, assinada por lideranças latinas e afro-americanas, afirma que a restrição que limita a cobertura nacional de redes de TV a 39% da população precisa ser revogada. Segundo os signatários, essa barreira “engessa” o crescimento das emissoras locais e dificulta a produção de conteúdos voltados à diversidade cultural. E vão além: alertam que a radiodifusão local é a última trincheira da pluralidade informativa. Sem ela, o ecossistema midiático perde o fio da comunidade.

Esse movimento ganha apoio institucional. Em março, 73 parlamentares norte-americanos, de diferentes partidos, enviaram uma carta semelhante à FCC, pedindo a revisão dos limites de propriedade e controle. No mesmo mês, a poderosa National Association of Broadcasters (NAB) entrou na justiça contra os regulamentos atuais, alegando que eles sufocam a competitividade das emissoras regionais.

Do lado de cá do continente, a situação não é menos complexa − apenas menos visível. O sistema brasileiro de radiodifusão, oficialmente dividido entre emissoras comerciais, educativas, públicas e comunitárias, também enfrenta o cerco de um ambiente digital assimétrico, onde plataformas como YouTube, Spotify e TikTok competem por atenção sem nenhuma das obrigações legais impostas às rádios tradicionais.

As emissoras comerciais, ainda majoritárias no País, enfrentam queda nas receitas publicitárias e têm buscado consolidação: grupos como Jovem Pan, Bandeirantes e Globo centralizam operações, reduzem praças locais e investem em formatos híbridos, como videocasts e transmissões em multiplataformas. Ainda assim, operam sob regras da Lei nº 4.117/1962 (Código Brasileiro de Telecomunicações), que impõe limites de outorgas e obrigações mínimas de conteúdo jornalístico local − obrigações que as big techs não são obrigadas a seguir.

(Crédito: Acaert)

As rádios educativas e públicas, como as vinculadas a universidades ou ao poder legislativo, sofrem com orçamentos reduzidos, falta de pessoal técnico e descontinuidade de políticas públicas. Emissoras como a Rádio MEC, no Rio de Janeiro, ou a Rádio Senado, em Brasília, resistem com qualidade, mas enfrentam dificuldades estruturais crônicas.

Já as rádios comunitárias, que somam mais de 4.800 outorgas no Brasil, operam com potência limitada (no máximo 25 watts) e só podem atingir um raio de 1 km, conforme estabelecido pela Lei nº 9.612/1998. Não podem ter fins lucrativos, recebem escasso apoio técnico e não têm permissão para publicidade comercial − apenas apoios culturais com restrições. Apesar disso, são essenciais em favelas, aldeias indígenas, áreas rurais e periferias, oferecendo programação local, notícias da comunidade e acesso à cultura.

E, como nos EUA, o campo regulatório nacional também é objeto de disputas: o PL 2630/2020, conhecido como “PL das Fake News”, prevê a regulamentação de plataformas digitais, o que, segundo algumas entidades, poderia abrir caminho para equilíbrio competitivo entre mídia tradicional e big techs. A Abert (Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão) defende maior isonomia regulatória, enquanto entidades como a Amarc Brasil (associação de rádios comunitárias) pedem menos burocracia e mais apoio público para a comunicação popular (Abert, 2024).

Voltando aos EUA, a iniciativa dos grupos multiculturais é mais do que um apelo técnico − é uma chamada de socorro por representatividade e permanência. Em tempos de concentração de capital e desinformação galopante, perder as vozes locais é mais do que perder frequência no dial: é perder conexão com a realidade de milhões de cidadãos.

No Brasil, o desafio é semelhante, com o agravante da desigualdade regional, da limitação tecnológica e da ausência de uma política robusta de fortalecimento da mídia local. Entre satélites, apps e IA, o rádio continua pulsando. Mas precisa de espaço justo no espectro e no mercado para seguir sendo aquilo que sempre foi: uma das vozes mais confiáveis do Brasil profundo e do mundo invisível à mídia centralizada.

Fontes consultadas:

FCC – Federal Communications Commission. Media Ownership Rules Review 2025. https://www.fcc.gov/

NAB – National Association of Broadcasters. Press Releases and Legal Actions. https://www.nab.org/

Pew Research Center. Local News in America, 2024. https://www.pewresearch.org

CPB – Corporation for Public Broadcasting. Funding Report, 2024. https://www.cpb.org

Abert. Panorama da Radiodifusão Brasileira. 2024. https://www.abert.org.br

Amarc Brasil. Manifestações sobre o Marco Legal das Rádios Comunitárias. https://www.amarcbrasil.org

Ministério das Comunicações. Painel de Rádios, atualizado em abril de 2025. https://www.gov.br/mcom


Álvaro Bufarah

Você pode ler e ouvir este e outros conteúdos na íntegra no RadioFrequencia, um blog que teve início como uma coluna semanal na newsletter Jornalistas&Cia para tratar sobre temas da rádio e mídia sonora. As entrevistas também podem ser ouvidas em formato de podcast neste link.

(*) Jornalista e professor da Fundação Armando Álvares Penteado (Faap) e do Mackenzie, pesquisador do tema, integra um grupo criado pela Intercom com outros cem professores de várias universidades e regiões do País. Ao longo da carreira, dedicou quase duas décadas ao rádio, em emissoras como CBN, EBC e Globo.

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